25.8.06

A "grande" imprensa não vale o que escreve

Li no editorial da Folha de São Paulo do dia 3/12/05, sobre a crise Venezuelana, uma frase que reproduzo a seguir: “Sob a justa alegação de que o sistema de votação favorece o governo, três partidos de oposição desistiram de participar das eleições parlamentares na Venezuela, marcadas para amanhã.”
Fiquei muito intrigado. Tentei encontrar no texto informação que justificasse a opinião da Folha. Não encontrei. Até aí tudo bem, afinal o editorial não é lugar de informação, mas sim de opinião.
Resolvi então pesquisar nas edições anteriores um motivo que permitisse compreender o posicionamento da Folha.
Nem uma linha sequer de esclarecimentos, reportagens ou mesmo reprodução de matérias das agências noticiosas. Até que, no dia 30/11, no caderno Mundo, encontrei a seguinte manchete: “Oposicionistas têm vitória em órgão eleitoral”. Na curta matéria, assinada como “Da Redação” com colaboração das agências internacionais, informa-se que a oposição teve atendida por parte do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), sua principal reivindicação, que era a suspensão das máquinas de identificação digital.
Reproduzo a seguir parte do texto da reportagem:
“"Hoje foi uma vitória, o segredo do voto está garantido", disse o deputado oposicionista Gerardo Blyde, após sair de reunião no CNE. Ele também anunciou que o seu partido, o Primeiro Justiça, continua na disputa.”
Então voltemos ao início. Será que a Folha poderia responder aos seus leitores porque a tal alegação da oposição é justa?
O próprio editorial está eivado de posicionamentos ideológicos do jornal, o que considero legítimo, pois editorial serve pra isso mesmo. O que não posso aceitar é a sonegação da informação. Caso o leitor não queira compactuar da opinião da Folha, terá que, obrigatoriamente, buscar informação em outro lugar.
Assim, não dá pra continuar a ler o Folhão!

texto publicado em 24/12/2005.

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