26.7.13

O Estado laico é indispensável para uma sociedade justa.

Vou aproveitar o final de férias e esse frio congelante aqui de Guarulhos para fazer uma confissão a vocês: eu já fui religioso! Sim, católico apostólico romano! Inclusive passei alguns dias recluso num seminário em Uberaba (MG), quando tinha pouco mais de 14 anos, preparando-me para abraçar o sacerdócio, no caso via Maristas.
A curiosidade e a chatice - não sei se repararam mas sou chato -, evitaram que tomasse tal caminho.
Comecei por questionar o pecado original e depois o celibato. Perante a resposta de que tais princípios pertenciam ao conjunto de dogmas da Igreja e, sendo dogma, não se questiona, desencanei.
Ao voltar para Varginha (MG) cidade onde morava, passei a observar as Igrejas. A nova matriz estava quase pronta, linda, feita em concreto aparente, com ar condicionado, piso maravilhoso etc. e tal. 
Notei que quando chovia a Igreja era fechada. Quando perguntei ao "zelador" a razão de tal acontecer, ele me explicou que era para evitar que os transeuntes, molhadas, danificassem a Igreja. No frio intenso também estava fechada. 
Percebi então que era um hábito de todos os templos, fosse qual fosse a religião.
A única exceção a essa regra era o centro espírita kardecista, que ficava próximo ao estádio de futebol. Lá funcionava uma escola municipal durante o dia, em algumas noites os médicos atendiam gratuitamente, tinha curso de teatro para comunidade, havia vida e práticas solidárias naquela edificação.
Comecei a questionar as religiões e a necessidade delas para a minha vida.
Ao estudar o socialismo com mais afinco, principalmente quando voltei para São Paulo aos 18 anos, desliguei-me completamente de qualquer tipo de crença, embora tenha muita simpatia pelas religiões de matriz africana.
Digo isso para esclarecer a minha insistência em propagar via redes sociais a necessidade do Estado laico.
Existem questões que são de responsabilidade do Estado, chamamos de políticas públicas e que não podem servir a esta ou aquela confissão religiosa, crença ou não crença.
Por exemplo: a educação sexual. Ela tem que ser concebida para a formação dos cidadãos, já o que diz respeito a "moral religiosa" deve ser tratado no âmbito da Igreja e da família, sem nenhuma ingerência do poder público, desde que respeitadas as leis vigentes.
Dentro da questão da educação sexual aparecem dois outros temas muito delicados: orientação sexual e aborto.
Ambos dizem respeito ao indivíduo e cabe ao Estado, nas suas políticas públicas, trazer informações que preservem a saúde e os direitos civis. Não cabe ao Estado determinar a orientação sexual de um indivíduo, muito menos proibi-la. Cabe a ele garantir segurança jurídica para a escolha feita pelos indivíduos.
Também não é o Estado que deve dizer à mulher que ele deve abortar ou não. Muito menos cabe às Igrejas determinar o que o Estado deve dizer a essa mulher. Cabe ao Estado garantir que esse direito, respeitadas as convenções médicas e éticas, possa ser exercido por aquela mulher que assim o desejar.
Ao aborto precede uma boa educação sexual, para que o jovem decida o melhor momento para exercitar a sua sexualidade de forma responsável. Disso faz parte o acesso aos métodos contraceptivos modernos e eficientes, que o Estado deve garantir também.
Às igrejas cabe fazer a cabeça dos seus fiéis, expressar publicamente suas opiniões, mas não podem interceder nas políticas do Estado.
Percebam que defender o Estado laico não é defender o Estado ateu, mas sim um Estado que seja tolerante com todas as religiões e crenças, inclusive com a ausência delas.


18.7.13

Espionagem dos EUA no Brasil

Outro dia escrevi no Facebook que essa história de espionagem dos EUA no Brasil só era novidade para os leitores de Veja e congêneres. Os leitores da CartaCapital já sabiam disso desde os anos de 1990, ou seja, desde o século passado.
Uma série de matérias de autoria do jornalista Bob Fernandes tratou das estripulias do tio sam por aqui por longo espaço de tempo, além de contar com ótima documentação e registros fotográficos.
Hoje o jornalista - o melhor texto do país na minha modesta e insignificante opinião - publicou no seu blog, matéria tratando do tema e, mais importante, com a capa das edições e links para as matérias.
Sensacional! Tanto para quem leu à época e quer recordar, quanto para aqueles que teimam em navegar nas trevas da grande mídia comercial brasileira.
Deleitem-se:
Como os EUA espionaram o Brasil