25.11.14

O novo governo Dilma


As especulações sobre a composição do Ministério do novo governo Dilma, a ser instalado em 1/1/2015, causa estragos à esquerda, além de certa frustração para parte do eleitorado que optou pelo projeto capitaneado por Dilma na última eleição.
Alguns amigos, reais e virtuais, desfilam análises bem interessantes, sejam elas críticas ou de apoio aos nomes especulados pela mídia.
Uma coisa é certa: Dilma caminhará nesse segundo mandato no fio da navalha. Não tem o estrondoso apoio que Lula obteve no seu primeiro mandato, nem a clamorosa aprovação que o mesmo obteve ao final do seu 2º mandato.
A eleição de Dilma foi dramática, por margem estreita de votos. A militância petista, outrora aguerrida nas ruas, mostrou sua força nas redes sociais, divulgando as realizações e propostas dos governistas e combatendo, incessantemente as mentiras atiradas pela mídia comercial.
Imaginava-se uma enorme guinada à esquerda no próximo mandato, mas esquecemos de combinar com os eleitores. Sim, para que isso acontecesse precisaríamos de uma enorme bancada de senadores e deputados progressistas. Isso não aconteceu. A chamada centro-esquerda perdeu assentos no parlamento.
Sem o parlamento não se governa no sistema presidencialista brasileiro, por mais incoerente que isso possa parecer. Então se faz necessário produzir uma coalizão de forças para garantir maioria, mesmo que ocasional e oscilante ao sabor dos ventos, ao governo.
Essa coalizão pode se dar de duas maneiras. Uma, construindo-se um novo programa de governo; outra, negociando-se cargos com os partidos que desejarem compor a base governista. Essa negociação pode ser transparente e sujeita às críticas dos opositores desse jogo, ou pode-se fazê-la a meia luz, de forma pouco clara.
Com certeza Dilma ficará com a possibilidade da negociação de cargos e, imagino eu, o fará de forma transparente, sem subterfúgios.
Na área econômica ela precisará aplacar a ira dos conservadores e estimular a atividade empresarial, por isso é óbvio que teremos gente do mercado atuando nesses ministérios, assim como no Banco Central.
A correlação de forças no Congresso pende mais para a direita, por isso a presidenta pisará em ovos para compor o Ministério. Deverá contemplar o PMDB (o partido está sempre com o governo, não importando quem seja governo), o PSD (do Kassab), além dos outros que integraram a campanha: PDT, PC do B, PP, PR, PROS e PRB.
Mesmo dentro dessa salada os partidos não são monolíticos, prova maior é o posicionamento do PMDB.
Em nome da governabilidade vários ministérios serão entregues aos grupos de centro-direita, mais afinados com o mercado. É a tal da realpolitik.
Espero apenas que isso não seja exagerado. Alguns símbolos do que há de pior no conservadorismo nativo não podem fazer parte do governo, tais como: grileiros, assassinos de trabalhadores, exploradores do trabalho escravo, homofóbicos e sexistas, fundamentalistas e viúvas da ditadura militar etc.
Aguardemos, no entanto, as indicações/nomeações por parte da presidenta para que possamos fazer uma avaliação correta, sem precipitações e sem seguir apenas o embalo da mídia comercial.

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