As
especulações sobre a composição do Ministério do novo governo Dilma, a ser
instalado em 1/1/2015, causa estragos à esquerda, além de certa frustração para
parte do eleitorado que optou pelo projeto capitaneado por Dilma na última
eleição.
Alguns
amigos, reais e virtuais, desfilam análises bem interessantes, sejam elas
críticas ou de apoio aos nomes especulados pela mídia.
Uma
coisa é certa: Dilma caminhará nesse segundo mandato no fio da navalha. Não tem
o estrondoso apoio que Lula obteve no seu primeiro mandato, nem a clamorosa
aprovação que o mesmo obteve ao final do seu 2º mandato.
A
eleição de Dilma foi dramática, por margem estreita de votos. A militância
petista, outrora aguerrida nas ruas, mostrou sua força nas redes sociais,
divulgando as realizações e propostas dos governistas e combatendo,
incessantemente as mentiras atiradas pela mídia comercial.
Imaginava-se
uma enorme guinada à esquerda no próximo mandato, mas esquecemos de combinar
com os eleitores. Sim, para que isso acontecesse precisaríamos de uma enorme
bancada de senadores e deputados progressistas. Isso não aconteceu. A chamada
centro-esquerda perdeu assentos no parlamento.
Sem
o parlamento não se governa no sistema presidencialista brasileiro, por mais
incoerente que isso possa parecer. Então se faz necessário produzir uma
coalizão de forças para garantir maioria, mesmo que ocasional e oscilante ao
sabor dos ventos, ao governo.
Essa
coalizão pode se dar de duas maneiras. Uma, construindo-se um novo programa de
governo; outra, negociando-se cargos com os partidos que desejarem compor a
base governista. Essa negociação pode ser transparente e sujeita às críticas
dos opositores desse jogo, ou pode-se fazê-la a meia luz, de forma pouco clara.
Com
certeza Dilma ficará com a possibilidade da negociação de cargos e, imagino eu, o
fará de forma transparente, sem subterfúgios.
Na
área econômica ela precisará aplacar a ira dos conservadores e estimular a
atividade empresarial, por isso é óbvio que teremos gente do mercado atuando
nesses ministérios, assim como no Banco Central.
A
correlação de forças no Congresso pende mais para a direita, por isso a
presidenta pisará em ovos para compor o Ministério. Deverá contemplar o PMDB (o
partido está sempre com o governo, não importando quem seja governo), o PSD (do
Kassab), além dos outros que integraram a campanha: PDT, PC do B, PP, PR, PROS
e PRB.
Mesmo
dentro dessa salada os partidos não são monolíticos, prova maior é o
posicionamento do PMDB.
Em
nome da governabilidade vários ministérios serão entregues aos grupos de
centro-direita, mais afinados com o mercado. É a tal da realpolitik.
Espero
apenas que isso não seja exagerado. Alguns símbolos do que há de pior no
conservadorismo nativo não podem fazer parte do governo, tais como: grileiros,
assassinos de trabalhadores, exploradores do trabalho escravo, homofóbicos e
sexistas, fundamentalistas e viúvas da ditadura militar etc.
Aguardemos,
no entanto, as indicações/nomeações por parte da presidenta para que possamos
fazer uma avaliação correta, sem precipitações e sem seguir apenas o embalo da
mídia comercial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário