31.7.11

Capitalismo?

Quando vemos o esforço das várias esferas de governo para fazer a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 fico pensando: vivemos ou não num país capitalista?
É muito dinheiro público rodando na mão da tal iniciativa privada!
Sábado rolou o primeiro evento da Copa de 2014, o sorteio das eliminatórias. A empresa Geo Eventos – da Rede Globo – embolsou R$ 30 milhões para realizar a festa. A dona da festa e quem mais ganha com a Copa, a FIFA, não soltou um único centavinho para sua festa. A CBF que vive dizendo que está com os cofres cheios, idem.
O dinheiro veio dos “patrocinadores”: governo estadual e municipal do Rio de Janeiro! Absurdo!
Em São Paulo o Fielzão, estádio do Corinthians, será bancado com incentivos fiscais da Prefeitura e com dinheiro do BNDES.
As reformas dos outros estádios recebem dinheiro público, seja do governo federal ou do estadual.
Por quê?
Sendo algo da iniciativa privada e que vai encher uma pequena galera de grana, por que os próprios não fazem tais investimentos?
Infelizmente no nosso país é assim: os grupos empresariais embolsam os lucros e socializam os prejuízos, no caso os lucros vão para os cofrinhos de sempre, da chamada iniciativa privada, mas os investimentos se originam nos cofres públicos – “dim dim” de todos nós.
Não penso que seja razoável, com a quantidade de problemas que temos para resolver – educação, saúde, saneamento básico, transportes públicos etc. –, que se gastem verbas públicas em iniciativas empresariais.
Melhor seria investimento maciço em educação e saúde e usar mais verbas para o esporte de massa, como política educacional.
Estádios, hotéis e centros de treinamento que fiquem para a iniciativa privada, já atendimento à saúde, estradas, aeroportos e sistema viário o governo deve tomar conta.

21.7.11

Narradores do Açu

Espaço marcado pelas mãos dos trabalhadores, que com muito suor dedicaram suas vidas a cuidar do campo é retirado sem dor. Produtores rurais do 5º Distrito de São João da Barra não tiveram tempo de contar suas histórias, só tempo para retirar seus pertences e deixar suas lembranças para trás. Suas terras desapropriadas serão utilizadas para a construção de estaleiros do Porto do Açu, com investimentos avaliados em mais de um bilhão de dólares, valor que não paga uma história de vida. Ana Paula Medeiros

Este webdoc se destina ao registro do que têm a dizer os atingidos pelas desapropriações no 5º Distrito de São Jõa da Barra.RJ.

Foi produzido por alunos do UNIFLU/FAFIC com a supervisão do professor da disciplina Narrativas e Linguagens Jornalísticas, Vitor Menezes.

As imagens contidas no webdoc estão disponíveis no YouTube e/ou foram cedidas.

Campos dos Goytacazes, julho de 2011.

19.7.11

Votei na Dilma, tenho o direito de criticar o governo?

Para alguns companheiros e companheiras de esquerda não! Votar significa passar um cheque em branco e assinar embaixo tudo que o eleito fizer.
Noção tosca essa de democracia representativa, seria por falta de práticas democráticas?
Votei no Lula em 2002 e 2006. Reconheço em seu governo vários avanços, principalmente com relação aos mais pobres, mas muito ficou por fazer, principalmente para quem teve o apoio popular que Lula teve, inigualável na história republicana.
A reforma agrária parece ter virado letra morta. Estranho, pois passamos décadas repetindo que faltava apenas vontade política para fazê-la.
A educação titubeia, embora medidas paliativas valiosas tenham sido tomadas – como o ProUni – por exemplo, ainda estamos rumando para o abismo.
O excesso de conciliação pode levar ao fracasso no médio prazo.
Basta olharmos para o caso chileno. Aumentou a desigualdade, a educação está um caco, embora os indicadores da economia, do ponto de vista neoliberal, continuem bons. Além disso, a direita assumiu a presidência nas últimas eleições, depois de sucessivos governos de centro-esquerda.
O primeiro semestre do governo Dilma assemelha-se aos 8 anos de Lula: muita conciliação e uma pauta predominantemente “empresarial”.
A capacidade do governo de comunicar-se com o público continua uma lástima! Vimos Lula encerrar seu mandato numa grande entrevista para os blogs e a campanha vitoriosa de Dilma apoiar-se na capacidade de mobilização das redes sociais.
Imaginei que começaria aí uma nova era na difusão das informações do governo. Mas que nada, foi só acabar o período eleitoral e os perfis de muitos candidatos foram desativados. Continuam na rede, principalmente no Twitter, alguns poucos, a grande maioria preferiu recolher-se ao gabinete.
A questão é: podemos criticar e discordar das ações de governo, sem que sejamos nomeados quinta coluna, desonestos ou ingênuos?

2.7.11

As fusões, o monopólio e a concorrência

A minha ignorância em assuntos econômicos não me impediu de compreender que a concorrência é essencial para que nós – os consumidores – tenhamos um pouco de vantagem dentro do capitalismo.
Assim, já nos ensinava Adam Smith, cabe ao Estado zelar pelos mecanismos que garantam a existência da dita cuja.
Pois bem, no que as fusões de empresas, como vem ocorrendo ultimamente, contribuem para o ambiente concorrencial?
Numa primeira e rápida leitura, parece-me que o governo quer patrocinar e incentiva a criação de “empresas fortes” – global players no jargão globalizante –, evitando assim que setores importantes e estratégicos repousem nas mãos de grupos estrangeiros.
Foi assim com a BrOi, com a Friboi, com a Brasil Foods (Perdigão + Sadia) etc. e tal.

Mas como garantir que essas fusões não levem ao monopólio?
Fonte: Fonte: http://convergenciadigital.uol.com.br/
Essas empresas gigantescas sufocam a concorrência e passam a dominar largas fatias do mercado, gerando sobre os fornecedores uma pressão absurda e para os consumidores uma enorme ausência de alternativas.
A mais globalizada das empresas brasileiras, segundo maior grupo privado do país e a maior do mundo em proteína animal realiza estudos regulares com a Datastore para avaliar imagem da marca, potencial de mercado e posicionamento da sua linha de produtos. Os estudos recomendam medidas para ampliar ainda mais a participação de mercado e a satisfação dos consumidores de cortes especiais de carne.(...)

Para nós simples mortais – que ignoramos os mistérios dominados pelos iniciados em Economia –, soa muito estranho a posição do governo.
Num dado instante o BNDES – banco de desenvolvimento controlado pelo Estado – incentiva as fusões e participa delas com capital, de modo a viabilizá-las.
Depois vem o CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica – autarquia vinculada ao Ministério da Justiça vetando a tal fusão.
Vai entender...
No caso que agitou a semana – fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour – tratamos de um setor vital para a economia: distribuição de alimentos, além do comércio de eletroeletrônicos.
Quais as consequências para os consumidores que uma fusão de tal porte traria?
E para os trabalhadores destas empresas?
Qual a fatia de mercado abocanharia?
Por que o BNDESPar deve aportar capital nessa fusão?
As três primeiras respostas são fundamentais. A depender delas a quarta poderá ou não ser feita.