22.10.19

O óleo nas praias do Nordeste e o fogo na mata


O atual governo, em diversos pronunciamentos, autorizou a ampliação dos crimes ambientais no país.
Quando ele ataca os órgãos fiscalizadores, chamando-os de “indústria de multas”, quando ele trata o movimento ambiental com desprezo e desdém, ele autoriza a ampliação da ação criminosa do grande capital.
Há, inclusive, cumplicidade dos governos estaduais, alinhados com esse pensamento tosco, que nega apoio aos fiscais (clique aqui e veja o que aconteceu no Pará).
No primeiro semestre saltou aos olhos do mundo as queimadas na Amazônia. Com menor destaque, mas com a mesma gravidade, o Pantanal e o Cerrado também foram atingidos. Normalmente áreas de cultivo de pastagens e monoculturas.
Agora a Chapada Diamantina também está ardendo em chamas (veja matéria aqui).
Mais recentemente, a coisa de dois meses, veio o óleo nas praias do Nordeste, com um ensurdecedor silêncio da mídia sobre o tema nos primeiros dias.
O governo fascista acusou, sem provas ou indícios, a Venezuela e permaneceu inerte, sem nenhuma ação de contenção ou limpeza.
Com o tempo o logotipo da poderosa Shell apareceu nos barris encontrados e o desastre atingiu todo o litoral nordestino, atingindo sua economia e a vida marinha.
Não se sabe ainda a origem do óleo, mas o que  chama a atenção é a inércia e imbecilidade reinante na área do Meio Ambiente do governo federal, que tem como Ministro um condenado por crimes ambientais. Clicando aqui você lê matéria abrangente sobre oq eu o governo deveria ter feito e não fez.
Possuímos tecnologia e expertise suficientes para mitigar tais danos. Poderíamos ainda solicitar ajuda de outros países para o fornecimento de imagens de satélites, fundamentais para montar estratégia de defesa e ainda localizar a origem da ação criminosa.
Mas só ouvimos e lemos bobagens e mentiras do governo federal, o que não nos surpreende, pois a mentira e o diversionismo, além da ignorância e do desprezo pela ciência e pela técnica, está no DNA desse grupo que no poder.
Aqui Yara Schaeffer Novelli, doutora e professora sênior da Universidade de São Paulo (USP), oferece esclarecimentos, além da alimentar nossa indignação, sobre esse recente crime na costa brasileira, em excelente matéria para o blog Vi o Mundo.
Não é preciso “torcer contra”, mas sim torcer para que ainda tenhamos um país se esse governo for até 2022.

15.10.19

Mais um dia do professor


Hoje comemoramos mais um dia dos professores e, como presente, recebemos a notícia da aprovação do projeto “Escola sem Partido” pelos vereadores de Belo Horizonte (clique aqui e leia a matéria sobre a aprovação).
Também soubemos que 66% dos professores e professoras já precisaram se afastar da sala de aula por problemas de saúde (clique aqui e saiba mais).
Ao mesmo tempo as cruéis reformas trabalhista e da previdência social impactam nossa carreira de modo assustador, embora atinja também todos os trabalhadores, sobretudo os mais pobres.
A ignorância é motivo de orgulho para muitos cidadãos e cidadãs, que “aprendem” no grupo de WhatsApp da família e no Youtube.
O preconceito, de todos os tipos, são expressos em praça pública por autoridades e pessoas comuns como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Em 1993 assumi minhas primeiras turmas de ensino fundamental, médio e de magistério. Já tinha passado por várias experiências profissionais e abracei o magistério já com 30 anos.
As aulas eram um sopro de renovação constante. Os problemas eram imensos, os desafios também, mas a alegria de estar com os adolescentes no dia a dia era muito renovador em inspirados. Também divertido.
A sociedade mudou rapidamente. A sala de aula também. Fui me adaptando e, como nos ensinou o mestre Paulo Freire, fui aprendendo. Às vezes com os os jovens, outras vezes com os colegas e outras ainda por mim mesmo.
Aprendi muito com meus alunos e minhas alunas. Nesse percurso me tornei uma pessoa melhor graças a convivência com esses jovens. Tenho recordações que guardarei para sempre.
Sinto que nos últimos anos e principalmente com o crescimento das redes sociais tudo ficou mais difícil.
De 2014 para cá a deterioração do ambiente escolar foi muito rápido, assim como da sociedade.
Os grupos de whatsapp viraram armas de propagação de fakenews. Na escola pública, destruída paulatinamente pelos governos que se sucedem aumentaram os casos de violência.
Nas escolas privadas a pressão do mercado fez com que o trabalho fora da sala de aula aumentasse bastante, principalmente por conta dos recursos de EAD e das novidades pedagógicas. Nem bem aprendemos a novidade de janeiro e já temos outra em fevereiro.
Enquanto isso nos acusam de doutrinadores, manipuladores e agentes do mal.
Tenho a sorte de, nesse final de carreira, estar numa escola na qual a relação com a grande maioria dos alunos é carinhosa e afetuosa.
Mas reconheço que está difícil...