28.7.22

Uma epidemia chamada feminicídio

O Brasil tem apresentado dados assustadores em relação à violência contra as mulheres. Os casos de feminicídio se avolumam e nos colocam numa triste posição em relação ao panorama mundial.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos ocupamos o 5° lugar nesse vergonhoso indicador e o UOL informa que ocorre um feminicídio a cada 7 horas no país. Vivemos uma verdadeira epidemia.

O que leva um homem a agredir a companheira?

Qualquer causa é injustificável, mas o machismo que estrutura nossa sociedade, seja nas dentro de casa, seja nas empresas, na política e na emissão desvairada de opiniões estapafúrdias de autoridades – como orgulhar-se dos filhos machos e chamar a mulher de fraquejada – estimulam tais violências.

Algumas medidas tomadas nos últimos anos sinalizam para a tentativa do Estado de interferir nessa questão, como a Lei Maria da Penha de 2006. (Clique aqui para ver um vídeo sobre a criação dessa Lei)

Pórtico com a estrutura preambular e com artigo 1º da Lei Maria da Penha - Almanaque Lusofonista

Embora tenha sido um grande avanço e considerada como uma lei a ser seguida por outros países ela não foi suficiente para que os crimes fossem evitados.

É comum que parte das vítimas tenham conseguido medidas protetivas que, na verdade, mostram-se ineficientes para conter os agressores.

Como mudar tal situação é a indagação mais comum quando discutimos esses crimes.

Penso que, em primeiro lugar, precisamos de um processo educacional, começando na idade pré-escolar, antimachista e de incentivo a tolerância.

Exigir a aplicação das leis com rigor, para isso é necessário que se faça um processo de educação das autoridades policiais e judiciais, com foco no combate ao machismo.

Aprimorar todos os mecanismos contidos na Lei Maria da Penha e incentivando sistemas de orientação como os coletivos feministas, buscando incentivar o protagonismo das mulheres.

Combater de forma implacável as manifestações machistas de comunicadores e autoridades.

São medidas iniciais e por isso devemos começar nas escolas, pensando no médio e longo prazo e, no curto prazo, ampliar as Delegacias das Mulheres.

Para ajudar nessa reflexão compensa ler essa matéria de autoria Ireuda Silva, publicado no Nexo Jornal, é só clicar aqui para ter acesso.

27.7.22

Dilma é uma pessoa decente

Nesta semana Dilma tem sido bombardeada pela mídia a respeito de falta de habilidade política no trato com Michel Temer, o grande articulador do golpe do impeachment que a tirou da Presidência da República.


Foto de Valter Campanato/Agência Brasil

Algumas pessoas, que eu respeito, mas divirjo, alegam que lhe faltou “inteligência” para contornar a crise instada pelo Aécio Neves e patrocinada pelo presidente do Congresso deputado Eduardo Cunha.

Vamos por partes:

1 – Ela cometeu alguns erros, a meu ver, na condução da política econômica. Isso aconteceu por muitas concessões feitas ao “Centrão” em nome da governabilidade, essa praga existente no nosso sistema que permite um “presidencialismo de coalizão”.

2 – Chegou a uma situação que fazer concessões desfiguraria completamente o seu governo, no caso o apoio ao Eduardo Cunha. Ela resolver não pagar esse preço.

3 – O Congresso apostou nas “pautas bombas” (caso não lembre é só clicar aqui), o que inviabilizaria o governo.

4 – Faltou uma articulação política mais atuante, como o Lula por exemplo, mas quando se optou por esse recurso o destino da Presidenta já estava traçado.

5 – Michel Temer, vice-presidente na chapa de Dilma, atuou firmemente na traição ao programa de governo que ele havia assinado.

6 – O antipetismo militante da mídia empresarial atuou firme, sem dar um minuto de descanso para Dilma e o PT.

Penso que a descrição acima seja um breve resumo do caminho do impeachment de Dilma Rousseff.

Agora fica aqui um desafio: em que parte da nossa Constituição está previsto a destituição de uma autoridade por falta de habilidade?

Não seria o caso de se esperar o fim do mandato e na eleição mandá-la para casa cuidar do neto?

Outros presidentes cometeram o mesmo alegado crime: “pedaladas fiscais” – clique aqui para refrescar a memória – e nada aconteceu. Terá sido então reflexo do machismo estrutural presente na nossa sociedade.

O resultado do golpe jurídico-parlamentar está aí, é só abrir a janela e a consciência e observar o que está acontecendo a sua volta.

O golpe de 2016, sacramentado pela eleição de 2018, nos levou de volta ao mapa da fome, recordes de desemprego, falta de vacina e medicamentos etc.

As tais acusações da mídia e de parte dos companheiros progressistas são infundadas. Dilma apenas reagiu a um notório traidor, um indivíduo que terá como destino a lata de lixo da história.

25.7.22

Uma boa notícia nessa segunda-feira

Nesse mar de notícias ruins o campo democrático tem o que comemorar nessa segunda-feira: Olívio Dutra é candidato ao senado pelo PT-RS!


Um grande quadro do Partido do Trabalhadores, aqui você pode ler momentos de grande destaque desse homem brilhante.

Foi prefeito de Porto Alegre, Deputado Constituinte, governador do Rio Grande do Sul e ministro do governo Lula.

Carrega uma história de lutas, desde as greves dos anos de 1970, quando era bancário do Banrisul e foi preso, até as memoráveis campanhas do PT dos anos de 1980 e 1990.

Um grande lutador, teve sua trajetória marcada por vitórias e derrotas eleitorais, mas, como disse Darcy Ribeiro um dia, as derrotas não lhe causam vergonha ou aborrecimento, pior seria se, nessas ocasiões, tivesse vencido.

Desejo sucesso ao Olívio Dutra nessa nova empreitada e ao PT-RS.

24.7.22

As mentiras e contradições do presidente da república

O canal de Youtube Desmentindo Bolsonaro faz um trabalho primoroso para mostrar os crimes do bozopresidente.

Selecionei o vídeo que segue por considerá-lo primoroso. Nele estão demonstradas as mentiras federais, com as provas factuais de cada merda dita.



22.7.22

O Brasil tornou-se um pária no sistema internacional

A cada dia que passa descemos um pouco mais a ladeira nos fóruns internacionais. Nesses últimos dias fomos – como país – protagonistas de cenas lamentáveis.

Primeiro o (des)presidente da república convoca os embaixadores de vários países para falar mal do Brasil e das urnas eletrônicas. Vexame em todos os cantos, protestos de autoridades do Judiciário e do Legislativo, inclusive de algumas que simpatizam com esse sujeito.

Desancou as urnas eletrônicas, como se ele e os filhos nunca tivessem sido eleitos por elas. Acusações sem provas ou uma evidência sequer.

Clique aqui para ler matéria sobre o encontro e aqui um vídeo comentando a repercussão do evento.         

Dando continuidade aos vexames internacionais Marcelo Xavier, presidente da FUNAI, foi expulso da 16ª Assembleia Geral do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e o Caribe (Filac), evento realizado em Madrid.

Clique aqui para ver um vídeo do episódio e aqui para ler uma matéria do G1 sobre a expulsão.                   

Acusado por um ex-servidor da FUNAI, que vive exilado na Europa em razão das ameaças recebidas em terras brazucas, Ricardo Rao não se conteve e botou Marcelo Xavier para fora da reunião acusando-o de cumplicidade no genocídio dos povos indígenas e mais algumas coisas.

E assim a imagem do país, reconstruída nos governos petistas, vai sendo desgastada e enxovalhada dia sim e outro também pelo atual governo e seus asseclas.                         

20.7.22

Estado laico

 Em 26/07/13 publiquei o texto que segue abaixo tratando da importância do estado laico.

Hoje essa discussão é mais do que necessário, não só pelo momento eleitoral, como pelo avanço da intromissão das igrejas nas questões de Estado.

Lutar pela laicidade é obrigação política de todas as pessoas com um mínimo de senso de responsabilidade e respeito pela democracia.

É comum na imprensa vermos notícias de ataques às crenças de matriz africana. Ao mesmo tempo surgem sinais de intolerância com posturas solidárias e acolhedoras.

Parece que vivemos num inferno de vinganças e violências.

Precisamos colocar esse debate adiante e realçar a urgente necessidade da laicidade do Estado.

 

O Estado laico é indispensável para uma socidade justa

Vou aproveitar o final de férias e esse frio congelante aqui de Guarulhos para fazer uma confissão a vocês: eu já fui religioso! Sim, católico apostólico romano!

Inclusive passei alguns dias recluso num seminário em Uberaba (MG), quando tinha pouco mais de 14 anos, preparando-me para abraçar o sacerdócio, no caso via Maristas.

A curiosidade e a chatice - não sei se repararam, mas sou chato -, evitaram que tomasse tal caminho.

Comecei por questionar o pecado original e depois o celibato. Perante a resposta de que tais princípios pertenciam ao conjunto de dogmas da Igreja e, sendo dogma, não se questiona. Desencanei.

Ao voltar para Varginha (MG) cidade onde morava, passei a observar as igrejas. A nova matriz estava quase pronta, linda, feita em concreto aparente, com ar-condicionado, piso maravilhoso etc. e tal. 

Notei que quando chovia a Igreja era fechada. Quando perguntei ao "zelador" a razão de tal acontecer, ele me explicou que era para evitar que os transeuntes, molhadas, danificassem a Igreja. No frio intenso também estava fechada. 

Percebi então que era um hábito de todos os templos, fosse qual fosse a religião.

A única exceção a essa regra era o centro espírita kardecista, que ficava próximo ao estádio de futebol. Lá funcionava uma escola municipal durante o dia, em algumas noites os médicos atendiam gratuitamente, tinha curso de teatro para comunidade, havia vida e práticas solidárias naquela edificação.

Comecei a questionar as religiões e a necessidade delas para a minha vida.

Ao estudar o socialismo com mais afinco, principalmente quando voltei para São Paulo aos 18 anos, desliguei-me completamente de qualquer tipo de crença, embora tenha muita simpatia pelas religiões de matriz africana.

Digo isso para esclarecer a minha insistência em propagar, via redes sociais, a necessidade do Estado laico.

Existem questões que são de responsabilidade do Estado, chamamos de políticas públicas e que não podem servir a esta ou aquela confissão religiosa, crença ou não crença.

Por exemplo: a educação sexual. Ela tem que ser concebida para a formação dos cidadãos, já o que diz respeito a "moral religiosa" deve ser tratado no âmbito das igrejas e das famílias, sem nenhuma ingerência do poder público, desde que respeitadas as leis vigentes.

Dentro da questão da educação sexual aparecem dois outros temas muito delicados: orientação sexual e aborto.

Ambos dizem respeito ao indivíduo e cabe ao Estado, nas suas políticas públicas, trazer informações que preservem a saúde e os direitos civis. Não cabe ao Estado determinar a orientação sexual de um indivíduo, muito menos proibi-la. Cabe a ele garantir segurança jurídica para a escolha feita pelos indivíduos.

Também não é o Estado que deve dizer à mulher que ele deve abortar ou não. Muito menos cabe às Igrejas determinar o que o Estado deve dizer a essa mulher. Cabe ao Estado garantir que esse direito, respeitadas as convenções médicas e éticas, possa ser exercido por aquela mulher que assim o desejar.

Ao aborto precede uma boa educação sexual, para que o jovem decida o melhor momento para exercitar a sua sexualidade de forma responsável. Disso faz parte o acesso aos métodos contraceptivos modernos e eficientes, que o Estado deve garantir também.

Às igrejas cabe fazer a cabeça dos seus fiéis, expressar publicamente suas opiniões, mas não podem interceder nas políticas do Estado.

Percebam que defender o Estado laico não é defender o Estado ateu, mas sim um Estado que seja tolerante com todas as religiões e crenças, inclusive com a ausência delas.

 

18.7.22

Violência política no RJ

O deputado estadual Rodrigo Amorim, acompanhado de seus asseclas, tumultuaram no último sábado (16/7) uma passeata de Marcelo Freixo e vários pré-candidatos a deputado pelos partidos progressistas no Rio de Janeiro.


Rodrigo Amorim, à direita, ao lado de Daniel Silveira no ato em que teve uma placa com o nome de Marielle Fraco quebrada

Este sujeito é o mesmo que rasgou a placa de rua de Marielle Franco nas últimas eleições e foi o deputado estadual mais votado do Rio de Janeiro, o que mostra o nível de degradação da nossa sociedade.

Leia a excelente matéria, com vídeo, publicada pelo Nexo Jornal, é só clicar aqui.

Participo da política desde meus 14 anos, hoje tenho 60 e nunca vi um cenário tão assustador como o de agora. A violência física, a famosa via de fatos, está presente em todos os cantos do país, como mostrou o assassinato de Marcelo Arruda, liderança petista em Foz do Iguaçu, dentre outras ações de pessoas ou grupos da direita brazuca.

Parece ser objetivo do governo de plantão mergulhar o país no caos e empilhar cadáveres.

17.7.22

Sobre controle da inflação

O debate sobre a inflação é histórico, mas no Brasil adquire um caráter de fla x flu. São poucas as vozes lúcidas entre nossos economistas, por isso compensa ouvir e ler o Paulo Gala, um economista sério e sensato. 

"A impressão de moeda não causa inflação (necessariamente)
Uma das grandes controvérsias entre economistas até hoje diz respeito à chamada questão da neutralidade da moeda. Para economistas de corte mais keynesiano, a moeda tem efeitos reais na economia, ou seja, é capaz de afetar nível de produção, emprego e renda. Para economistas da linha neoclássica a moeda tende a ser neutra, especialmente no longo prazo. Quer dizer, injeções de moeda no sistema apenas causam inflação, não alterando o curso das variáveis reais. Esse, alias, foi o grande ponto da revolução keynesiana. No seu primeiro livro, Treatise on Money, Keynes acreditava ainda na visão quantitativista da moeda MV=PQ, onde M é a quantidade de moeda, V é a sua velocidade de circulação, P nível de preços e Q nível de produção."


Clique aqui para ler o artigo na íntegra

15.7.22

Construir ou reconstruir o país?

Nas redes sociais aparece um debate sobre a reconstrução do país numa eventual eleição de Lula. Alguns afirmam que precisaremos construir, uma vez que reconstruir não significaria avanço real para os menos favorecidos.

Confesso que tenho dúvidas.

Nosso país foi construído, ao longo de sua existência como tal, voltado para os interesses de fora, dos colonizadores de plantão, e de uma elite mesquinha, que nunca se identificou com um projeto de nação.

Então é necessário construir um projeto de nação, justo e inclusivo, que coloquem todos os cidadãos e cidadãs dentro desse projeto.

Mas, com a realidade que nos cerca, onde cresce o fascismo e a ignorância, não seria o caso de pensarmos numa reconstrução de políticas públicas que existiram nas últimas décadas, principalmente com a Constituição de 1988 e a “redemocratização”?

Incêndio na Amazônia. O desmatamento da floresta não está vinculado somente à produção direta de grãos ou de proteína animal — Foto: Brasil2/GettyImages


Parece pouco, mas dado o avanço da miséria e da fome, seria um grande feito!

Ao lado dessa reconstrução as forças progressistas precisarão de um grande esforço para a educação política da população, seja por qual meio for.

Mostrar a importância do voto e, mais do que isso, da participação popular, do acompanhamento e pressão sobre os eleitos, da criação de fóruns diversos que permitam aos silenciados ter voz sobre os problemas que os afetam serão essenciais para a construção/reconstrução do país.

Plenária Nacional do Conselhos de Saúde - 2016

É necessário que as pessoas se engajem nessa tarefa hercúlea, começando por apontar candidaturas comprometidas com essas mudanças, denunciando incessantemente os oportunistas e aproveitadores.

Precisamos, com urgência, deflagar as campanhas das candidaturas proporcionais, mostrar a importância da eleição de deputados, federais e estaduais, e senador, fazer um trabalho de há muito abandonado pelas forças políticas: ensinar a votar participar!

Congresso Nacional do Brasil em noite de lua cheia.- autor Rodolfo Stuckert

Com um Congresso de qualidade (ou com falta de) semelhante a esse de nada adiantará elegermos um presidente comprometido com  mudanças.

13.7.22

Estupros em hospitais: uma triste realidade

No dia 11/07, madrugada de segunda-feira, o anestesista Giovanni Quintella Bezerra estuprou uma mulher que fora submetida a uma cesariana no próprio centro cirúrgico do hospital de São João do Meriti, no estado do Rio de Janeiro.

Segundo a advogada Isabela Del Monde, uma das fundadoras da Rede Feminista de Juristas e coordenadora do movimento MeTooBrasil o que aconteceu no RJ não foi um caso isolado. A afirmativa foi feita durante uma entrevista concedida ao jornal Correio Braziliense, que você pode conferir clicando aqui.

É só mais uma triste realidade do nosso Brasil. Segundo o portal UOL a cada 13 dias ocorre um estupro em unidades de saúde de São Paulo, clique aqui para ver a matéria na íntegra.

É um dado estarrecedor que mostra como a mulher é vitimada pela estrutura machista presente em nossa sociedade. São Paulo não está sozinho nessa mórbida estatística, os números ganharam destaque a partir da denúncia contra o anestesista.

Em 2018 o The Intercept já havia denunciado essas atrocidades, basta ler a matéria Licença Para Estuprar.

O estupro é sempre uma relação de poder, não se relaciona com desejo sexual. Subjugar uma pessoa, obrigando-a a manter relações sexuais, é uma violência inominável. Quando a pessoa se encontra indefesa, sem possibilidade de reação, não há adjetivação possível.

11.7.22

Plantando o ódio

Pensei bastante antes de colocar essas palavras no papel. A sucessão de desgraças causadas pelo ódio nesse país é tão intensa que mal dá tempo da gente se recuperar de uma tristeza que outra cacetada se abate sobre nossas cabeças.



Ontem as manchetes eram ocupadas pelo assassinato do Marcelo Arruda, líder petista de Foz do Iguaçu-PR, por um bolsonaristas raiz, daqueles que babam, tal qual o chefe.

Dizer que o presidente da república – assim mesmo, com letras pequenas – apertou o gatilho é exagero, mas que a mensagem bolsonaristas criou o clima que propiciou o assassinato é a mais pura expressão da verdade.

Basta lembrarmos dessa imagem:


Foram inúmeras declarações, ameaças e presepadas nessa linha.

Esse ser age como se fosse um garoto da 5ª série querendo provar sua macheza a todo instante, com frases e ações violentas e de nível intelectual bastante questionável.

Precisamos de um candidato que una as forças progressistas para derrotar esse atraso que nos consome desde 2016, agravado com a vitória do bolsonarismo em 2018.

Mais do que isso, precisamos derrotar o fascismo que tomou conta do Brasil. Depois de derrotá-lo precisamos reconstruir o país, do zero e lamber as feridas, que vão durar muito tempo até que consigamos atenuar o ódio que tomou conta das nossas vidas.

Nesse momento precisamos de cautela e precauções, mas convém redobrar a segurança para os candidatos do campo progressista e seguir atentos.

 

10.7.22

Sobre Elis Regina

 Hoje resolvi relembrar um texto de novembro de 2011, uma das inúmeras homenagens que fiz para Elis Regina. Suas canções me acompanharam adolescência afora, sempre me emocionando.

Interpretação perfeita! Uma presença de palco raras vezes vista na nossa MPB.

Na minha opinião, que na verdade não vale de nada, a maior intérprete da nossa música, com muita ousadia e inovação.

 

 

Elis Regina

Não gosto do termo “ídolo” para caracterizar as pessoas, atribuo essa qualidade apenas a Che Guevara e Elis Regina, nessa ordem.

O problema da idolatria é que não conseguimos ver os defeitos e equívocos dos nossos ídolos.

Tudo bem, como só tenho dois acho que ainda tenho crédito. Sobre “Che” falarei em outro momento.

Elis me emociona. Suas interpretações fazem-me chorar, quase sempre.

Uma intérprete que nos faz sonhar com suas canções.

Passeando pelo YouTube encontrei algumas raridades.

Fiz uma seleção nos links abaixo, mas tem muito mais.

Vejam as preciosidades do YouTube: 

Me deixas louca 

O Bêbado e o Equilibrista 

Como nossos pais 

Yesterday 

Águas de março 

Romaria 

Aquarela do Brasil O Mestre Sala dos Mares 

Atrás da Porta

Arrastão

8.7.22

Dos tempos do Reação Cultural

Houve um tempo em que colaborei com outros blogs, como o Reação Cultural, importante iniciativa de discussão, levada a cabo pelo Roy Frankiel, é só clicar aqui para acessar.

Naqueles tempos brotavam blogs, muitos excelentes, principalmente no campo da reflexão política, ação cultural e temas sociais relevantes.

Ainda não existiam os tais influenciadores que vivem correndo atrás de curtidas e cliques, e a turma da direita ainda tinha vergonha de expor sua ignorância publicamente. Eles existiam, verdade seja dita, mas eram poucos e muito insignificantes.

Eram ainda tempos de Orkut e MySpace. Foram dois anos de ricas discussões e muita diversão, com conversas muito sérias. Deleitem-se!

 

1º de Maio - quando o sonho desaparece

Por Prof. Toni

Sinto-me traído pelo movimento sindical que hoje adormece nos braços do governo. Não reconheço a CentralÚnica dos Trabalhadores que faz um 1º de Maio com Bruno e Marrone, embora também suba ao palco este ano Leci Brandão e Chico César, bem melhor que o KLB e outros dos anos anteriores. Que a Globo faça dessas figuras suas atrações principais. A CUT é que não pode reproduzi-las, faça-me o favor!
Seguindo esse caminho, logo a CUT irá sortear carros e apartamentos, como faz a ForçaSindical, central comandada pelos pelegos históricos que se apossaram do Sindicato dos Metalúrgicos tendo à frente os famosos Joaquinzão, já falecido, e o neo-Lulista, Luiz Antonio de Medeiros.
E pensar naqueles abnegados que sempre subiram aos palcos da Central em troca de poucos miúdos, mas que se identificavam com o povo trabalhador, que traziam mensagens que poucos tinham oportunidade de ouvir... Quanta saudade! Seria nostalgia da "quase terceira idade"?
Mas nem sempre foi assim. Vejam o artigo escrito em 2001, por um dirigente da CUT 

“No Brasil, a CUT, neste ano de 2001, como sempre fez, chamou os trabalhadores para um 1º de Maio de luta. Ou seja, a continuar a tradição dos trabalhadores do mundo inteiro. Um 1º de Maio comemorado sem governo e sem patrões. Um dia de reafirmação das nossas reivindicações. De defesa do que já conquistamos. Dia de reforçar a união dos trabalhadores enquanto classe explorada que luta para acabar com toda forma de exploração e opressão. Dia de gritar bem alto que o socialismo é a única alternativa à barbárie própria do capitalismo. Esse é o sentido histórico do 1º de Maio.”

As críticas que ele faz às outras centrais podem ser repassadas à CUT, com exceção dos sorteios de carros e apartamentos (não sei por quanto tempo).
Hoje o movimento sindical, outrora chamado de combativo caminha lado a lado com o governo, tendo transformado um dos seus líderes, Luiz Marinho, em ministro de estado.
Parece que a história se repete e assim como foi no governo João Goulart, derrubado pelos golpistas de 64, os movimentos populares tornam-se parte do Estado, deixando-se enredar pela administração e abandonando as lutas à sua própria sorte.
Como se ser governo fosse a eternidade!
Resta-me chorar os mártires do 1º de Maio.

(escrito em 29/4/05 – adaptado anualmente.)

 

6.7.22

Toda vitória contra o coisa ruim merece ser comemorada

Temos um dos piores Congressos da história do nosso país.

Senadores e deputados transformaram Brasília num grande balcão de negócios, tanto faz ser um grande negócio como um pequeno negócio.

Qualquer vitória contra essas pessoas merece ser comemorada, ainda mais num setor tão carente como o da Cultura.

Parabéns para todo que lutaram para derrubar os vetos das Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo!



3.7.22

1983 - Santo Amaro Saqueada


Documentário sobre os saques ocorridos em abril de 1983 em Santo Amaro, bairro da capital de São Paulo.

Com depoimentos de vários militantes busca-se um resgate da memória daquele período.

Trabalho execelente de Daniela Embón e Kátia Portes do Coletivo Memoriedades.

2.7.22

Aprovar ou não aprovar a PEC eleitoreira


Nesta semana um grande desafio foi colocado no cenário político: aprovar ou não o “pacote” de auxílio aos mais pobres – além dos caminhoneiros e taxistas – proposto pelo tenebroso governo.

O tal “mercado” se colocou contra o queridinho dele, parece que acordando, tardiamente, para esse (des)governo, com ideias neoliberais – de merda diga-se de passagem – e ações dignas do coronelismo-assistencialista que sempre comandou as ações políticas do nosso país.

É óbvio e cristalino com água pura, que as medidas de auxílio são meramente eleitoreiras. O auxílio aos mais pobres de R$ 600, duramente combatida pelo “coiso”, Paulo Guedes e demais asseclas, finalmente virou mel para eles.

Querem apenas os votos, não querem ajudar ninguém.

Do mesmo jeito as medidas visando caminhoneiros e taxistas, que simbolizam uma pequena esmola para essas categorias profissionais, que embarcaram na aventura fascista que comando o Planalto e no golpismo inspirado pela mídia em 2016.

Já a oposição viu-se numa armadilha, pois é claro que é necessário ajudar as pessoas que estão comendo osso, sem poder comprar alimentação básica e morando precariamente. Mas, por outro lado, também é claro o conjunto de péssimas intenções do governo.

Já o “mercado” sinaliza para o descumprimento do teto de gastos. Ora, é importante deixar claro que esse teto não se aplica às benesses distribuídas aos banqueiros, aos grandes empresários e latifundiários.

Evidente que precisamos de uma ampla reforma fiscal, cobrando mais dos mais ricos e diminuindo a carga tributária que incide sobre os pobres.

Evidente também que precisamos de uma ousada reforma política.

Mas antes das reformas precisamos fazer cumprir o que diz a Constituição Federal:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Se aqueles que detêm o poder político fizessem do artigo 3° sua missão teríamos um país mais decente.

Cabe a oposição aprovar os auxílios propostos pela PEC, evitando assim que as pessoas padeçam de fome, mas continuar a denunciar a política genocida do atual governo.

E cabe aos progressistas lutarmos para um Congresso decente, que dê conta de cumprir a Constituição Federal de 1988 e faça as reformas cabíveis, de interesse do povo e não dos ricos e poderosos.

1.7.22

Estreia domingo!

 




Sobre um dia inesquecível

 Já escrevi aqui sobre fazer 60 anos e isso me fez lembrar do texto que segue abaixo, relembrando dos meus almejados 18 anos.

Como faz tempo, convém lembrar um pouco. É uma das memórias mais deliciosas que tenho.

 

Um dia inesquecível

Sempre guardamos alguns acontecimentos de maneira especial.

A minha maior emoção foi o nascimento do meu filho. Indescritível!

Agora tem uma outra data que ficará na memória para sempre: 22/03/1980. Neste dia alguns amigos organizaram uma festa surpresa para comemorar os meus 18 anos, daquelas de não se esquecer para o resto da vida.

Morava em Varginha (pré-ET) e tinha um enorme grupo de amigos de escola, trabalho, teatro e tantas andanças por aquela cidade.

Passei o meu aniversário em São Paulo, com meus pais e meus avós e logo depois retornei a Varginha.

Estranhei, pois ninguém me cumprimentou ou fez festa ao me ver. Parecia que todos tinham esquecido da data.

Isso era imperdoável para alguém como eu, sempre tão zeloso em distribuir alegria e tão presente na vida dos amigos.

Fiquei muito triste, decepcionado mesmo! Era uma carência só. Paulo, meu grande amigo, convidou-me então para o aniversário de sua irmã, como se o meu não tivesse existido! Que afronta.

Tive vontade de dizer não, mas a possibilidade de “encher a cara” e posar de coitado me convenceu a ir.

Ele armou toda uma encenação, dizendo que algumas amigas de colégio também foram convidadas, e que nós iríamos buscá-las, etc. e tal.

Muito a contragosto fui com ele à casa de Delba, uma amiga muito querida. Quando chegamos a casa, ela já estava à porta, pronta para sair.

Veio com uma desculpa esfarrapada, que não poderia ir conosco, pois tinha o aniversário de um amigo muito importante e querido.

Vejam minha situação: relegado às traças, indo até a casa dela para encontrá-la e aí me vem com essa justificativa tola! Tive um chilique!

Ela então nos convidou para entrar, tomar uma água ou uma cerveja.

Quando entrei na casa da Delba e ela acendeu a luz, lá estavam todos, um montão de amigos, festejando-me. Fui às lágrimas como de hábito.

O melhor ainda estava por vir. Como só acontece em festas de colegiais, alguns amigos armaram toda uma situação para que eu vencesse a timidez e conseguisse me aproximar do meu primeiro amor.

Já havia me apaixonado antes, mas nunca como daquela vez. Era uma mulher altiva, forte, de muita coragem, que sempre admirei, uma amiga de todas as horas.

Não era a menina mais bonita, mas quando ela sorria eu perdia completamente os sentidos.

Terminamos aquela noite um nos braços do outro, contando estrelas e roubando beijos, marcando o início de uma das melhores fases de minha vida, que mais tarde, como acontece com quase todos os seres do sexo masculino, atirei pela janela, mas aí já é outra história. Abraços

Esse texto foi publicado em 10/08/06.