28.2.09

Profissão: PROFESSOR!

Escolhi essa profissão já maduro, comecei a lecionar aos 30 anos, mas sinto como se nunca tivesse feito outra coisa.
Tenho orgulho dela, quem deve sentir vergonha são os responsáveis pelas condições do sistema educacional do país, a mídia inclusive que, a cada dia que passa, assassina mais os textos e o pensamento crítico.
A cada instante estou pensando no que fazer na sala, novos projetos, trabalhos, textos...
Sempre trabalhei na rede privada, apenas num curto período na rede pública, mas adorei o tempo da Educação de Adultos na USP e o trabalho junto aos professores do Nordeste nos projetos da FE/USP.
Fiz grandes amigos, colegas de trabalho e também ex-alunos.
Alegra-me quando um dos ex-alunos me acha no Orkut ou no blog, é como se as ligações com o passado fossem retomadas.
No entanto tenho minhas tristezas. Quando perdemos algum colega valioso, ou, pior, quando vemos um projeto afundar, isso dói demais.
Por outro lado revolta-me como a grande mídia tem tratado a educação, no atacado e o professor no varejo.
Parece campanha orquestrada contra a autoridade do professor, base para a condução de uma sala de aula.
Claro que essa autoridade só pode ser legitimada pelo conhecimento e pela ética, mas o que faz a imprensa, principalmente a revista Veja e a Folha de S.Paulo, é um enorme desserviço à educação.
Hoje me encontrei, acidentalmente, com um ex-colega de faculdade e colega de profissão.
Ele começou a falar das agruras da profissão. Disse-lhe que isso não pode ser feito. Quando nos tornamos infelizes no nosso trabalho temos que mudar de trabalho.
Quando o desânimo se abate sobre mim, por causa de uma ou outra derrota, tenho um “arquivo” que me faz voltar à vida e a vibração com a profissão, seguem dois trechos de e-mails que recebi de alunas que concluíram o ensino médio ano passado. Claro que o texto deve ser repartido entre todos os professores da escola. Mantive o padrão do e-mail e excluí uma ou outra coisa:

“... esse email deve ser uma total surpresa para os dois, mas terminando agora o ensino médio queria dizer algumas coisas pra vcs...
Crescendo sempre fui uma pessoa de exatas, era apaixonada por minhas aulas de matemática e passava batida totalmente por história, geografia e, claro, português.
Mas vcs dois conseguiram no meu colegial mudar esse cenário totalmente. Gostava das aulas de vocês, me interessava pelos assuntos, vira e mexe quanto fugia da minha preguiça ia atrás de mais informação, e é claro, enchia o saco de vcs depois da aula...
Tá, claro, nunca fui aplicada ou excepcional, o Toni conseguiu me deixar mais de uma vez de recuperação – minhas notas não eram excelentes e nesse último ano meu desempenho em classe ficou longe de ser bom. Mas mesmo assim, me mudaram os gostos.
Meu segundo colegial com vcs foi incrível, comecei a me interessar por humanas e desisti, depois de 10 anos de certeza, de fazer engenharia, não que eu tenha conseguido escolher outra carreira agora, mas ainda vou descobrir, quero algo que me leve mais longe, que eu tenha que pensar, relacionar, refletir e não calcular.
O fórum FAAP me mostrou um caminho que nunca imaginava, tudo bem que me senti a pessoa mais burra da história naquele comitê, porém AMEI. Ainda mais os meses de preparação foram incríveis! como falei depois do fórum, pela primeira vez na minha vida aprendi porque queria, não porque precisava...
Ficava a tarde pros esportes e ADORAVA ficar no colegial depois das aulas, conversar das coisas mais diversas com vcs, em especial nesse final sabendo que o tempo era limitado antes de começar os treinos.
To indo agora passar seis meses fora, não é o momento de vestibular tenho muito que crescer pra entrar numa faculdade. Vou estudar ... e história da arte (tenho certeza que esse ultima curso eu nunca teria escolhido sem as aulas de vcs.).”

“... Aliás, conversei muito com amigos meus que também acabaram agora a escola, e só assim percebi a sorte que eu tive de ter professores como os que eu tive... Percebi a base enorme que eu tenho, como nesses últimos anos eu aprendi a pensar, aprendi a questionar (e como!), aprendi a desenvolver conhecimento! Hoje sou muito grata por ter escolhido ficar aí e ter tido uma educação livre e sensata, sem aquela preocupação sem sentido de escolas do tipo “vestibulantes”. Posso não saber tudo, mas tenho a capacidade de aprender o q. eu quiser.”
Embora não tenha revelado os autores dos textos acima, basta solicitar que eu apago, se assim o desejarem.

26.2.09

Para entender o jogo da Folha de S.Paulo

Para entender melhor o jogo da Folha de S.Paulo, recomendo as seguintes leituras (é só clicar nos títulos):


Por que a Folha não publica as cartas de Ivan Seixas? - por Rodrigo Vianna
O golpe de 64, por Otávio Frias Filho - no site Vi o Mundo
De rabo preso com quem? Artigo de Alípio Freire para o jornal Brasil de Fato
A Folha saúda a ditadura - Celso Marcondes para CartaCapital
Protesto contra a "ditabranda" - do Eduardo Guimarães no Cidadania.com, convocando ato público em frente à sede da Folha de S.Paulo
"Ditabranda na Folha" - Direita volver! - por Luiz Antônio Magalhães no Observatório da Imprensa

A Folha de S.Paulo resolveu acompanhar a revista Veja

O jornal Folha de S.Paulo resolveu acompanhar a revista Veja na prática do jornalismo de esgoto.
Não bastassem as suspeitas de jogar o jogo do banqueiro Daniel Dantas, agora mudou o qualificativo da ditadura brasileira: para a Folha foi apenas uma “ditabranda”.
Era de se esperar, afinal a Folha apoiou o golpe no seu início e ainda ofereceu infra-estrutura para as prisões arbitrárias e a prática de tortura.
Sua edição vespertina, Folha da Tarde, tinha o carinhoso apelido de Boletim do SNI, tanto que lhe serviu, dócil e amigavelmente.
Para quem ainda tem dúvidas é só conferir:

Do EDITORIAL DA FOLHA DE S.PAULO de 17.02.2009 contra Chávez
Outra diferença em relação ao referendo de 2007 é que Chávez, agora vitorioso, não está disposto a reapresentar a consulta popular. Agiria desse modo apenas em caso de nova derrota. Tamanha margem de arbítrio para manipular as regras do jogo é típica de regimes autoritários compelidos a satisfazer o público doméstico, e o externo, com certo nível de competição eleitoral.
Mas, se as chamadas "ditabrandas" – caso do Brasil entre 1964 e 1985 – partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça –, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente.


CARTAS DE PROTESTO E RESPOSTAS DA REDAÇÃO
EM 19 e 20.02.2009
"Golpe de Estado dado por militares derrubando um governo eleito democraticamente, cassação de representantes eleitos pelo povo, fechamento do Congresso, cancelamento de eleições, cassação e exílio de professores universitários, suspensão do instituto do habeas corpus, tortura e morte de dezenas, quiçá de centenas, de opositores que não se opunham ao regime pelas armas (Vladimir Herzog, Manuel Fiel Filho, por exemplo) e tantos outros muitos desmandos e violações do Estado de Direito.
Li no editorial da Folha de hoje que isso consta entre "as chamadas ditabrandas – caso do Brasil entre 1964 e 1985" (sic). Termo este que jamais havia visto ser usado.
A partir de que ponto uma "ditabranda", um neologismo detestável e inverídico, vira o que de fato é? Quantos mortos, quantos desaparecidos e quantos expatriados são necessários para uma "ditabranda" ser chamada de ditadura? O que acontece com este jornal?
É a "novilíngua"?
Lamentável, mas profundamente lamentável mesmo, especialmente para quem viveu e enterrou seus mortos naqueles anos de chumbo.
É um tapa na cara da história da nação e uma vergonha para este diário."
SERGIO PINHEIRO LOPES (São Paulo, SP)
Nota da Redação - Na comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional.

"Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de "ditabranda'? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar "importâncias" e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi "doce" se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala – que horror!"
MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES, professora da Faculdade de Educação da USP (São Paulo, SP)

"O leitor Sérgio Pinheiro Lopes tem carradas de razão. O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana."
FÁBIO KONDER COMPARATO, professor universitário aposentado e advogado (São Paulo, SP)

Nota da Redação
A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações acima. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua "indignação" é obviamente cínica e mentirosa.


Eu já assinei a petição abaixo e convido-os a fazer o mesmo:
Repudio e Solidariedade
http://www.ipetitions.com/petition/solidariedadeabenevidesecomparat
obs: depois de assinar abre-se um página pedindo doações para manutenção do sistema, mas não é obrigatório, é só fechar a página.

19.2.09


Faz poucos dias divulguei aqui a manifestação de uma aluna do curso de História da UNIESP.
A instituição mandava e desmandava!
Proposta de unificação de semestres (!), encerramento de curso e demissão de professores.
Toda a comunidade da UNIESP mobilizou-se. Eles foram para rua, para a associação de estudantes, sindicato e, todos juntos, chamaram a instituição às falas!
Saíram vitoriosos. Os professores demitidos foram readmitidos, os cursos não serão encerrados e os semestres não serão unificados.
Tenho certeza de que deste ninho sairão professores de ótima qualidade.



Amigos,

Tivemos boas notícias ontem.
Depois de nossa manifestação e de algumas reuniões com alunos, UEE, Sindicato dos Professores e a própria Instituição, foi decidido que não haverá unificação das turmas de História tampouco de Geografia; inclusive, as turmas de Geografia não serão ameaçadas e tem seu curso natural garantido através de alguns remanejamentos de alunos/turnos.
Os professores demitidos na segunda-feira – primeiro dia da manifestação dos alunos – foram readmitidos pela instituição.
Estas conquistas são fruto da coletividade e estes problemas fizeram ascender a construção de um grupo sólido de estudantes mais conscientes de seu papel na sociedade, de seus direitos e também de suas obrigações. Conscientes também do valor e da autenticidade que tem todo e qualquer tipo de manifestação que defenda direitos e exija deveres cumpridos. Tudo isso de forma pacífica, exatamente como se deu a manifestação de segunda-feira.
Agora temos mesmo é que consolidar e cultivar um grupo estudantil dentro do espaço acadêmico para dar continuidade a essa movimento, dando voz à classe estudantil.
Essas decisões tomadas e já comunicadas ao corpo estudantil têm de ser preservadas. Devemos cuidar, portanto, que nenhuma outra decisão de última hora, sem participação dos alunos, faça voltar a mesma cena que vimos diante de nós há poucos dias.
Obrigada aos que colaboraram de alguma forma, lendo e divulgando as mensagens!
E um forte abraço!

Kátia Portes Leão

Isso me faz lembrar o saudoso Gonzaguinha!

17.2.09

Sobre a Venezuela

Recomendo a cobertura da RecordNews, com correspondente fazendo entradas ao vivo, correspondente este que também nos oferece relatos no próprio blog - do Rodrigo Vianna -, linkado aí ao lado.

Governo Serra também tira nota zero na Educação

E depois ainda dizem que a culpa é do professor...

O governo Serra divulgou o absurdo da quantidade de zeros que os professores eventuais receberam numa prova feita pela Secretaria da Educação.
O que o tal (des)governo não mostra são os absurdos da educação em São Paulo: a existência desse enorme contingente de professores temporários, por exemplo, eles não são funcionários públicos, mas também não são “celetistas”. Ausência de condições de trabalho adequadas, salários desestimulantes etc.
Claro que machuca a idéia de que um número tão grande de professores, habilitados, não consiga acertar uma única questão em 25.
Perguntinhas básicas: onde foram formados esses professores? Quem autorizou que tais arapucas funcionassem como faculdades? Quem as fiscaliza e como são fiscalizadas?
A mídia se ausenta dessa discussão, essencial para a construção de um país preocupado com os seus cidadãos.
Além disso, a grande mídia se omite em momentos cruciais. Cadê os jornais quando os estudantes pedem MAIS QUALIDADE nos seus cursos, como é o caso daqueles da UNIESP?
Hoje a Folha de S. Paulo, em texto excelente de Laura Caprioglione, nos mostrou, de maneira surpreendente, uma faceta da incompetência tucana na educação, leiam abaixo.

Estado põe aluno em puxadinho de madeira

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os alunos da Escola Estadual Professora Eulália Silva, no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, começaram as aulas com uma novidade. Onde havia a quadra de esportes, coberta há cerca de dois anos, os gols e as tabelas de basquete, a gestão José Serra (PSDB) improvisou seis salas de aula feitas de madeirite, aquelas folhas de madeira usadas para cercar obras.
As aulas de educação física, a partir de agora, serão ministradas em um pátio interno da escola, inadequado à prática de esportes de quadra -o pé direito é baixo e a área é pequena.
Ontem, as salas de madeirite não estavam prontas. Operários pintavam as paredes e fixavam as telhas de brasilite. O mobiliário escolar continuava empilhado. Não havia lousas.
Segundo a diretora Tânia Lucia dos Santos Escaler, 44, tudo deverá estar pronto hoje, quando devem começar as aulas dos 504 alunos de 1ª a 4ª séries, que serão alojados no "puxadinho".
A construção de alvenaria da escola tem 30 anos. Dispõe de 12 salas de aula. Mas o número é insuficiente para os 2.000 alunos dos ensinos fundamental e médio (há ainda uma classe para deficientes auditivos).

Seis por meia dúzia
Para acomodar todo mundo, o Eulália sempre teve três turnos diurnos (7h-11h, 11h-15h, 15h-19h), em vez dos clássicos turnos da manhã e da tarde.
Como o tempo de permanência dos estudantes na escola fosse pequeno durante a semana, obrigavam-se professores e alunos a também ter aulas aos sábados. "Nós não estamos trocando seis por meia dúzia", diz a diretora. De fato. Troca-se meia dúzia de dias de aula por cinco, com duração maior (7h-12h e 13h-18h). Com isso, acaba o chamado "turno da fome" -das 11h às 15h.
Segundo a diretora, as novas classes permitirão atender à reivindicação dos professores, que assim economizarão tempo e dinheiro de transporte.
Pais e alunos não ficaram tão animados. No auge do programa Escola da Família, ao qual o Eulália aderiu com entusiasmo em 2003, abrindo suas instalações para atividades extra-classe nos finais de semana, um dos pontos fortes, dizia-se, era o "efeito psicológico" de franquear a quadra a alunos que antes eram obrigados a pular o muro às escondidas para bater uma bolinha.
E agora? "A comunidade tem uma enorme capacidade de adaptação. Encontrará outros lugares para a prática desportiva", diz a diretora, para a qual as aulas de educação física também não serão afetadas. "É só mudar as atividades."
A engenheira Maria Célia Ribeiro Sapucaí, 58, diretora do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, diz que um ponto crítico das novas salas pode ser o isolamento acústico, já que os ambientes serão usados por turmas em geral barulhentas (cerca de 30 meninos com idades entre 7 e 10 anos).
No governo Luiz Antonio Fleury Filho (1991-1995), na zona leste de São Paulo, construiu-se a Escola Estadual Cohab Carrãozinho com placas de madeira. Era para ser provisório. Durou 10 anos. Na época, um garoto dizia: "Gosto das aulas de português. Só que, quando a professora faz as leituras, a gente não consegue ouvir tudo nem consegue fazer as lições. O barulho é muito grande".
A diretora do Eulália não se intimida com o precedente: "Eu não crio problema antes de ele existir".
Folha de S. Paulo – 17/02/09.

14.2.09

Imprensa oba oba!

Boa parte da grande imprensa brasileira passou da conta de novo!
A falta de massa crítica e a onda do tipo “Galvão Bueno” no episódio da brasileira que alega ter sido agredida na Suíça, levou o governo brasileiro ao exagero.
Antes dos fatos apurados e antes de ouvir as autoridades locais, já havia por aqui certezas, convicções e condenações.
No Jornal da Band de quinta-feira o âncora Ricardo Boechat ficou indignado com a falta de firmeza do governo brasileiro no episódio.
E agora? Vai falar o quê?
O site da BBCBrasil oferece uma visão mais equilibrada, clique aqui.
O Estadão de hoje recobra o equilíbrio, depois de começar chutando o pau da barraca, embora, reconheçamos, o episódio, se verdadeiro, justificará esse sentimento de repulsa e horror. Clique aqui para acompanhar a cobertura do Estadão.
A Folha Online - clique aqui para ler - reproduz a BBC e acrescenta algumas matérias novas, também equilibradas, mas na edição impressa a Folha capricha, até com um enviado especial a Zurique. Na primeira matéria de 12/2, a Folha dizia que:
“Uma advogada brasileira de 26 anos foi espancada e teve boa parte do corpo retalhado por estilete na Suíça por três homens brancos e carecas que pareciam skinheads, na noite de segunda-feira.
Grávida de três meses de gêmeas, Paula Oliveira sofreu aborto na mesma noite, quando foi socorrida e internada em hospital universitário de Zurique. Ela continua em repouso, mas já não corre mais risco de morte.
De acordo com informações do Itamaraty, Paula é funcionária do grupo controlador dinamarquês A. P. Moller - Maersk. O ataque aconteceu quando ela estava na estação de trem de Dubendorf, pequena cidade a cerca de cinco quilômetros de Zurique, onde trabalha.
A brasileira foi arrastada pelo grupo até uma área cercada por árvores e atacada pelos homens por cerca de 10 minutos.
Quando foi abordada, a advogada, que é branca, falava ao celular em português com a mãe, que mora no Brasil, o que faz aumentar a suspeita de que o grupo que a atacou é composto por simpatizantes nazistas. Um dos agressores tinha uma suástica na cabeça.”

Somente a partir do dia 14, com a presença do enviado especial, a cobertura recebeu um tom mais crítico.
Não se trata de condenar a advogada brasileira, mesmo por que não tenho elementos para tal, mas sim de desejar que a imprensa tenha compromisso com os fatos e com a apuração dos mesmos. Nossa mídia está mal acostumada, apenas reproduz as declarações que recebe, claro, as que lhes são convenientes.

13.2.09

Hier encore

Recebi a dica do mestre Paim.
Linda interpretação, daquelas de arrepiar!


Trecho de concurso de jovens cantoras com a participação de Charles Aznavour. Tradução e legendas: Sérgio Pereira - slagp@uol.com.br

Enterprise

Vejam no vídeo abaixo a canção "Enterprise", letra do amigo Rogério Sanots e música de Tony Pituco Freitas.
Rogerio Santos: Vocal
Floriano Villaça: Violão
Caio Góes: Baixo
André Kurchal: Percussão


Esse vídeo foi gravado em julho/08 no Café Piu Piu e também fez parte do recital "Geopoemas e Canções do Espaço Paulistano", apresentado em outubro/08 no Congresso Brasileiro de Poesia, de Bento Gonçalves.

Oportunistas estão sobrando no ensino superior privado

Recebi a correnspondência abaixo de uma ex-aluna do Cursinho da Poli. Percebe-se a diluição do encanto com o curso escolhido em razão da picaretagem protagonizada pelos mantenedores da instituição.
É um pena!
O que faz o MEC com relação a esse descalabro?
Olá, Toni.
Talvez eu não tenha lhe contado a novidade: acabo de entrar nas faculdades integradas Teresa Martin – atual UNIESP, no primeiro semestre do curso de licenciatura em História.
Encontrei por lá um corpo docente de muita qualidade. São competentes professores que, como descobri sem muita surpresa, têm de lecionar da melhor forma possível em uma instituição que se mostra puramente privada e de uma administração desrespeitosa para com todos os alunos.
A instituição está prestes a tomar decisões que afetam negativamente os cursos de História e Geografia em especial, mas também outros cursos como Biologia e Pedagogia.
Uma destas decisões é a unificação de semestres que, se implementada, reduzirá a qualidade e colocará em jogo todo um projeto pedagógico construído já em 2006.
Os professores que adotarem a tarefa de dar aulas a turmas unificadas terão de escolher entre não repetir os conteúdos para alguns e deixar que outros percam o fio da meada em disciplinas fundamentais no curso.
Como já disse, estou no curso de licenciatura.
Honestamente, não sei se um dia darei aulas de fato – decisão que só cabe a mim.
Por outro lado, um curso que pretende formar futuros professores não pode oferecer um ensino confuso por conta de interesses administrativos e, justificando-se através de "crises econômicas".
O que a instituição UNIESP pretende fazer é de uma tamanha IRRESPONSABILIDADE SOCIAL, sem qualquer sensibilidade e espaço de participação-comunicação-discussão entre diretoria/aluno na tomada de decisões disciplinares que afetam completamente os próprios alunos e o futuro da educação.
Profissionais da educação mal formados SÓ perpetuarão o ensino de baixa qualidade das escolas.
Outra decisão é a inclusão de 20% dos cursos em EAD, o que já seria ruim o bastante caso uma das disciplinas inclusas no ensino à distância não fosse História da África que, dentro da realidade em que vivemos, é de extrema importância em qualquer nível da nossa sociedade.
Por conta desta situação, os alunos da instiuição UNIESP se manifestarão nesta segunda-feira, 16/02, em frente ao prédio da UNIESP (Conselheiro Crispiniano – Centro de São Paulo), defendendo também a manutenção do corpo docente e a manutenção do quadro do curso sequencial para o qual fomos matriculados, preservando um ensino claro e de futuras intervenções positivas na sociedade através de profissionais da educação.
Esta mensagem é para você, enquanto professor que tem meu profundo respeito, ser informado sobre esta manifestação e descontentamento dos estudantes – dentre eles, eu mesma.
Se puder, compareça na segunda-feira – desde às sete e meia da manhã estaremos lá – ou divulgue.
Grande abraço!

11.2.09

Nação Palmares

O documentário Nação Palmares é uma obra interativa. Está disponível no portal de "Grandes Reportagens" da Agência Brasil.
Vídeos e textos que, juntos, compõem uma obra, assistindo ao vídeo, ícones irão surgir. Ao clicar neles, outros vídeos e textos irão se abrir.
Caso queira chegar até uma informação específica, opte por acionar os vídeos e textos sob demanda.
Ótimo material para pesquisa sobre a questão dos quilombolas.
Para ter acesso ao documentário, clique aqui.

10.2.09

Adão Pretto (1945-2009)




Estava pronto para publicar uma homenagem a este grande líder que veio lá do sul. Hoje, lendo os links aí do lado, encontrei essa maravilha de texto, publicado no Diário Gauche.
Brilhante!
Por isso reproduzo abaixo:
Um forte que fez forte os seus irmãos
Semana passada, quando morreu o lutador Adão Pretto eu não estava em Porto Alegre e não pude comparecer ao seu velório e enterro no cemitério Jardim da Paz. Sempre admirei o Adão à distância, votei nele sempre, acho que ele nem sabia disso, porque também não é muito importante, afinal.
Hoje à tarde, quando a Assembléia estadual fez uma homenagem à sua memória e não podendo comparecer, fiz um esforço para assistir na TV Assembléia a sessão especial dedicada ao eterno pequeno agricultor de Miraguaí e líder político de primeira grandeza.
Vários deputados de todas as bancadas com representação no legislativo estadual se manifestaram. Disseram aquelas coisas de praxe que se diz nestas ocasiões, o básico do básico que se pode dizer de alguém inatacável e que foi um bravo na luta pela emancipação do pequeno agricultor e pela dignidade cidadã dos sem-terras. Concluí que é fácil falar de Adão Pretto, o difícil é medir com a régua justa o tamanho da sua grandeza.
Finalmente, quero protestar contra alguns deputados, inclusive um do PT, vejam só, que referiu-se a ele como um “humilde”.
O senso comum acha que é bonito ser humilde, ter humildade. A ideologia criou e estimulou esse mito moral para assegurar a obediência passiva e o bom comportamento individual à ordem hegemônica.
O dicionário nos assegura, porém, que humilde é aquele que “manifesta sentimento de fraqueza”. Adão Pretto nunca foi um fraco, foi um forte e fez forte os seus irmãos de luta. O dicionário aponta, entretanto, que humilde é aquele que está “inferiormente situado em uma hierarquia ou escala”. Adão Pretto nunca esteve paralisado de maneira inferior ou submissa a nenhuma hierarquia. O dicionário ensina, contudo, que humilde é aquele indivíduo que “expressa ou reflete deferência ou submissão”. Adão Pretto nunca se submeteu a nada ou a ninguém, apenas e exclusivamente ao que ditava sua consciência cidadã sobre ideais de autonomia e liberdade.

9.2.09

CartaCapital: uma no cravo, outra na ferradura

A CartaCapital desta semana apresenta uma verdadeira aula de bom jornalismo: Reprovar não resolve.
Escrita por Rodrigo Martins assume uma posição, favorável ao sistema de ciclos na educação básica, mas da voz aos discordantes, permitindo ao leitor formar seu próprio juízo.
É uma pena que não esteja online no site da revista.
O jornalista ouve especialistas das Universidades, técnicos dos governos, professores universitários e professores e diretores de escola.
Ao contrário de outra revista, não se lê um palpite de economista.
Realmente brilhante matéria sobre essa questão tão delicada no ensino: reprovação e evasão escolar.
Por outro lado continua cerrando fileiras na campanha contra o asilo político concedido ao italiano Cesare Battisti.
Confesso que não formei opinião sobre o caso, mas o martelar freqüente da revista, sem dar voz ao outro lado, causa-me enorme estranheza.
Numa das matérias, li que não se levanta uma única voz da esquerda italiana favorável ao tal Battisti. Não é verdade! O portal Agência Carta Maior publicou entrevista com o ex-senador italiano (nascido no Brasil), José Luis Del Roio. A entrevista é francamente favorável ao Battisti – clique aqui para ler.
Na revista, em 2009, creio que já chega a uma dezena o número de artigos com o caso, é de causar estranhamento.

8.2.09

Alguns prazeres da vida

Em 2009 reorganizei minha vida.
Pretendo colocar uma série de coisas em dia, antes que seja tarde.
Nesta reorganização reservei os finais de semana para coisas prosaicas, como ir ao supermercado – odeio –, sacolão (adoro), açougue, conversar e curtir minha família.
Uma das habilidades que tento desenvolver já faz um tempo é a culinária.
Nem me aproximo dos queridos primos lá de Bauru e Marília, respectivamente Jorge e Toninho, mas vou tentando.
Segue abaixo uma receita, muita fácil que executei hoje:

Maminha ao molho de cebolas
Ingredientes:
1 peça de maminha (aproximadamente 1,2kg)
8 cebolas grandes em anéis
2 tabletes de caldo de carne

Preparo
Retire a gordura da maminha
Descasque e corte a cebola em fatias bem finas.
Coloque a carne na panela de pressão, cubra com metade das cebolas e depois coloque os tabletes de caldo de carne. Agora é só colocar o restante da cebola, tampe e leve ao fogo.
Após pegar pressão conte mais 50 minutos. Pronto, é só esperar sair a pressão e deixar apurar o molho.
Se você tiver boa memória e tempo, arrume os ingredientes na panela no dia anterior, vai ficar bem mais saboroso.


Fonte: Cozinha Clássica para o diabético, nº 1, Fundação Zerbini/Incor.

7.2.09

Greve do ABC de 1980

Inspirado pelo Diário Gauche estou procurando por um grande líder sindical que pontificou nesse país nas décadas de 70/80 e tornou-se símbolo da esperança de um novo tempo para a maioria dos brasileiros.
Ele aparece na cena final do vídeo abaixo, se alguém souber de seu paradeiro, favor avisar neste blog.

A Veja erra até quando acerta

No ano de 2007 tive o prazer de participar da implantação de um curso de ensino médio na favela de Paraisópolis, juntamente com vários colegas, todos professores do Colégio Pueri Domus.
Não foi serviço voluntário, ele foi bem remunerado, mas nos entregamos de corpo e alma para que o objetivo da empresa que nos escolher fosse atingido: preparar alguns garotos e garotas da favela de Paraisópolis para o ingresso nas universidades públicas e qualificá-los para o mundo do trabalho.
Infelizmente, por motivos de ordem pessoal, tive de me afastar do projeto, não deixei lá ex-alunos, mas sim novos amigos.
Nesse curto período de permanência relembrei minha infância, na periferia de São Paulo, claro que num outro tempo.
Muitos dos meus amigos da 6ª série do fundamental cursada em 1974, no bairro do Jardim Ângela, estão mortos. Alguns pelas mãos de bandidos, outros pelas mãos da polícia.
Poucos sobreviveram e “venceram”. Entendido o “vencer” como ter uma profissão, constituir família e permanecer vivo.
Hoje a situação na periferia é bem pior e, em 1974, o índice de favelamento na capital era bem menor.
Nesta semana que agora termina houve uma explosão de violência em Paraisópolis.
As pessoas com as quais convivo, a classe média branca, formaram uma imagem a partir dos instantâneos que a grande mídia mostrou.
Paraisópolis passou a ser no imaginário destas pessoas um lugar de bandidos e vendedores de drogas.
A esse respeito leiam abaixo o primor da apresentação da Veja São Paulo, esta obra-prima do jornalismo de esgoto como diz Luis Nassif, da reportagem sobre os acontecimentos:
“Uma cidade chamada Paraisópolis
Incrustada no Morumbi, a segunda maior favela da cidade tem 80 000 moradores, uma loja das Casas Bahia que fatura 1 milhão de reais por mês, assistência de 54 ONGs e uma rotina de venda de drogas. Na semana passada, desordens, vandalismos e cenas de violência chocaram a vizinhança e os paulistanos que acompanharam os episódios pela TV”
Quer dizer que as CB faturam um R$ 1 milhão, vendendo o quê e para quem? A rotina da favela é de venda de drogas? Quem são os compradores? Os próprios moradores ou os vizinhos abastados?
Quer dizer então que a vizinhança ficou chocada? Mas não é esta vizinhança que usa a mão-de-obra barata e abundante da favela? Os paulistanos não se chocam com o que acontece no dia-a-dia simplesmente por que não conhecem de perto aquela realidade.
O “ladeirão” – epicentro das cenas de violência da segunda-feira – é apenas a ligação da av. Giovane Gronchi com a Morumbi e por lá, nós paulistanos de classe média, passamos com os vidros dos automóveis fechados.
Estou pensando se reproduzo a matéria toda e comento parágrafo a parágrafo ou se essa amostra aí de cima basta.
Os repórteres Filipe Vilicic, Giuliana Bergamo, Maria Paola de Salvo e Sara Duarte fizeram uma longa matéria, muito bem ilustrada com muitas fotos, inclusive das cenas de guerra.
No desenvolvimento do texto as entrevistas desmentem a chamada da capa e a abertura da matéria.
Serão esses autores da matéria esquizofrênicos?
Para a classe média típica paulistana vale o que esta na capa e na chamada da matéria. Quem viu isso tem uma idéia. Quem lê a reportagem com atenção se surpreende com a quantidade de dados positivos da favela e sem muito esforço tem uma idéia oposta à primeira.
Claro que estes dados não merecem capa ou chamada especial. Só aquilo que faz aumentar o preconceito é que vale.
Caso desejem e tenham paciência a íntegra da matéria está aqui.

4.2.09

Só as "otoridades" conseguem superar a burocracia

Graças a intervenção do governador do Piauí, Welligton Dias (PT), o vestibulando Geovan de Souza Araújo conseguiu matricular-se no curso de Matemática da UFRGS.
Vejam a notícia completa cliando aqui.

3.2.09

Resumo das reuniões do Fórum Social Mundial

O Fórum Social Mundial reuniu centenas de milhares de pessoas em Belém por estes dias.
Vejam abaixo um resumo das discussões:



Fonte: Agência Carta Maior

A mídia transforma em verdade a versão de um dos lados do conflito

Ontem fui surpreendido pelo Record News com a cobertura sobre os conflitos na favela de Paraisópolis.
Cenas que lembravam a asquerosa invasão que Israel promoveu em Gaza recentemente.
Bombas explodindo, tiros, barricadas, muita fumaça e notícias de mortos e feridos.
UOL, Terra, G1 e demais portais soltaram a informação de que a reação da população era por conta do assassinato, em confronto com os policiais, de um morador fugitivo do sistema prisional.
A Folha de S. Paulo de hoje apresenta uma matéria equilibrada, redigida por três bons jornalistas, mas que não apresenta nenhuma novidade e muito menos um “outro lado”.
Já no Estado de S. Paulo o “outro lado” é apresentado, também de forma equilibrada (clique aqui para ler).
Segundo informações que circulam na favela o confronto foi uma reação a EXECUÇÃO de três pessoas, uma delas o indivíduo apontado pela polícia, que estavam ao lado de um carro roubado.
Os executores eram policiais.
É muito comum entre a população pobre e/ou negra da periferia de São Paulo o sentimento de ódio despertado pelas forças policiais. Ou medo. O que dá no mesmo, pois o primeiro sentimento é fruto do segundo.
Basta verificar o grau de violência das forças policiais e contra quem, preferencialmente, essa violência é praticada, de forma indiscriminada.
Falta a nossa imprensa esse saudável hábito, como fez o Estadão no caso, de ouvir e publicar o outro lado.
Falta ainda mais investigação e também jornalistas competentes para escrever textos claros e corajosos, que não se limitem a replicar o que dizem as autoridades ou vender proteção para criminosos da patota.

Morador de rua passa no vestibular mas não consegue se matricular

É isso. O cabra é ex-morador de rua, negro e nordestino.
Aos 38 anos foi aprovado no curso de Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por meio das cotas de reparação, mas não conseguiu efetivar a matrícula.
Culpa de quem?
Da burocracia!
Ele não possuía o histórico escolar original (ou cópia autenticada do mesmo) e a Secretaria de Educação do Piauí - estado onde cursou o ensino médio - demoraria um mês para emitir uma 2ª via.
É este o nosso país!
E olhem que já tivemos até um Ministério da Desburocratização!
Leia matéria do UOL Vestibulares clicando aqui.

2.2.09

Gaza? Não, zona sul de São Paulo!

As imagens são chocantes! As notícias tomaram conta dos jornais televisivos agora à noite e ganharam as páginas de abertura dos principais sites da Internet. Vejam a foto que está na capa do Terra (22 horas):


Clique aqui para ler no UOL e aqui para ler no Terra.
Estou esperando contato com moradores de Paraisópolis para saber a versão deles.