31.5.11

SBT Brasil, mais um telejornal conservador e requenguela

Faz algum tempo prometi a mim mesmo não dar ouvidos ao noticiário da TV, mas, confesso, me deixei seduzir pela vistosa propaganda de mais uma investida do SBT pelo jornalismo. Realmente sou reincidente, também acreditei que eles fariam um bom jornalismo quando contrataram a Ana Paula Padrão.
Pois bem, enquanto preparava a janta sintonizei a TV da cozinha no SBT.
Lá estavam Joseval Peixoto e Rachel Sheherazade. Na página de apresentação do telejornal está escrito: “Liberdade editorial e credibilidade, fatores para o exercício de um jornalismo claro e transparente, são os alicerces que formam o compromisso do SBT com a notícia e a análise profunda dos fatos.”. Não é animador?
Pois é! A primeira notícia que assisti dizia respeito ao livro de Português que ensina “a falar errado”. A Globo deitou e rolou sobre o tema. Na tentativa de linchamento do ministro Haddad valeu até o Zorra Total, aquele humorístico que não faz ninguém rir.
A matéria até que foi honesta. Deu a palavra ao ministro no bate boca com o senador Álvaro Dias.
Um repórter explicou didaticamente o que o livro apresenta, entrevistou uma professora, daquelas que está na sala de aula trabalhando com educação de adultos, que demonstrou a validade da teoria que o tal livro apresenta.
Aliás, leia aqui o texto que escrevi sobre o tema.
A coisa foi bem, até o momento que a loirinha Rachel Sheherazade comentou a matéria. Aí a coisa desandou completamente.
Disse que o MEC distribuiu livros com doutrinação ideológica, que ensinam a falar errado e ainda distribuí um kit-gay de quebra!
Não é possível! Os caras requentam notícias de alguns anos atrás – o caso da doutrinação ideológica – e manipulam descaradamente!
Melhoria seria uma novelinha mexicana nesse horário.
Clique na imagem e veja a matéria:

28.5.11

Kraftwerk

Anos Rebeldes: a ditadura na telinha da TV

Anos Rebeldes: a ditadura na TV a cabo

Leio agora no IG que a minissérie Anos Rebeldes será apresentada no canal Viva. Ótimo! Bom ver a ditadura nas telas (clique aqui para ler a matéria todinha).
Gostei muito desta minissérie, embora o “romance” tenha prevalecido na trama, e, às vezes dava a ideia que tudo era uma fantasia.
A qualidade técnica e dramática da série global salta aos olhos, principalmente se comparada com a produção do SBT – Amor e Revolução – atualmente no ar que trata do mesmo tempo.
O time de atores da Globo é espetacular. A estréia da Bety Lago foi sensacional e a Cláudia Abreu interpretando Heloísa foi espetacular.
Na época fiquei incomodado com a suavidade do tratamento aos temas que tanto nos marcaram: censura, papel da Igreja e, principalmente, a tortura e a morte de ativistas de esquerda.
A trama do Thiago Santiago – do SBT – leva vantagem ao expor de forma clara e inequívoca a selvageria dos gorilas fardados, mas perde para a trama global tanto em qualidade “técnica”, quanto dramática.
Naquele período me perguntava quais eram os interesses da Globo em apresentar tal minissérie. Nunca descobri. Talvez fosse para posar de democrática ou qualificar-se junto ao público mais intelectualizado.
Abaixo algumas cenas para recordar:

15.5.11

Curta a norma culta, mas com parcimônia!

Neste final de semana estive com alguns amigos, comemorando o aniversário de duas belas mocinhas: Letícia e Mariana.
Mas, como acontece com todos aqueles que abraçam o magistério com paixão, lá pelas tantas embarcamos, alguns dos convivas, numa animada discussão sobre tema educacional. O ponto de partida foi uma matéria que saiu no Jornal Nacional sobre um livro didático de Português.
Segundo uma das convivas do animado churrasco, o JN mostrou que o MEC aprovou um livro que ensina nossas crianças a falar errado.
Como não havia assistido a dita matéria, manifestei-me da seguinte forma: “prefiro ler a obra, não acredito nas notícias veiculadas pela grande mídia e muito menos acho possível formar juízo sobre as coisas a partir de textos de alguns minutos”.
Aproveitei este final de domingo para pesquisar sobre o tema.
O vídeo da matéria está aqui.
O portal IG tem algumas notícias sobre o tema. Leia aqui uma matéria com uma das autoras, aqui outra acompanhada pela nota oficial do MEC e aqui um blog hospedado no IG, mas com viés condenatório à obra.

Meu entendimento do que li até agora: um livro dedicado ao ensino de jovens e adultos (e não crianças) dedica um capítulo a língua falada nas ruas, fábricas, lojas, escolas etc. Tem como objetivo acolher os alunos que perderam o passo da escolarização formal, mostrando que a maneira de se fazer é válida no ambiente escolar, mas não naqueles de exames formais, busca de emprego etc. Não se trata, portanto de ensinar crianças a falar errado, mas sim de dizer a jovens e adultos que eles não precisam se envergonhar da forma como se expressam, isso não lhes pode cassar a cidadania e o direito à livre expressão das suas opiniões.
A edição do Jornal Nacional é de má fé, não diz claramente que o livro destina-se a educação de jovens e adultos. Também não diz que o tema é tratado em um único capítulo do livro e que tem por objetivo acolher os jovens e adultos que perderam o “tempo certo” de escolaridade.
Os autores do livro recomendem que não sejam usados os termos “certo” ou “errado” para qualificar o texto dos alunos, mas sim “adequado” ou “inadequado”. Qual o problema?
Para não ser acusado de estar jogando fora da minha posição – afinal sou professor de Geografia e não de Língua Portuguesa – recomendo a leitura dos textos do Sírio Possenti, particularmente Implicâncias, no Terra Magazine.
Da minha parte fico incomodado quando leio um texto jornalístico – ou ouço um profissional com formação universitária – escrevendo com erros grosseiros. Defendo ainda o ensino da Língua Portuguesa até o último ano da Universidade.
Mas não podemos transformar o domínio da norma culta em mais um instrumento de dominação e opressão!