Desde 1 de janeiro de 2023 vivemos momentos de esperança e desejos de mudanças na sociedade brasileira.
O caminho será longo, uma vez que foi interrompido pelo golpismo de 2016, e teve um grande estrago nos quatro anos de governo do inominável.
Esse governo Lula é fruto de um grande
acordo, envolvendo um leque enorme de forças políticas e sociais. Vai do MST, o
maior movimento social de luta pela terra nesse país, até acenos ao
agronegócio, na figura de Simone Tebet ocupando um ministério.
É preciso entender esse contexto para
elaborar uma crítica assertiva, que contribua para o entendimento desse momento
histórico.
São inúmeras frentes de atuação. Podemos
destacar, no âmbito social, o combate às fake News, que tanto mal tem nos
causado, ao preconceito – racial, homofobia, transfobia etc. –, à violência contra
a mulher, enfim, inúmeros desafios de reconstrução de padrões civilizatórios
para o Brasil.
Precisamos ainda de especial atenção às
questões ambientais, sejam elas referentes à preservação e conservação de
recursos e buscar o “desmatamento zero” a todo custo, além de especial atenção às
energias renováveis.
No campo econômico temos que enfrentar
as desigualdades sociais, construídas ao longo de pouco mais de 500 anos de
história. A recuperação do salário-mínimo é urgente, além de mudanças no
sistema tributário, cobrando impostos sobre a propriedade e os rendimentos elevados
e aliviando a carga tributária para os mais pobres, principalmente nos impostos
indiretos.
Mas como fazer isso com um Congresso da
qualidade que foi eleito? Com tantos políticos desonestos e de péssima índole,
conseguiremos chegar numa sociedade justa, tolerante e menos desigual?
Alguns amigos da esquerda precisam
compreender que não se trata de um processo revolucionário, nos moldes da URSS
ou Cuba. Não temos o controle das armas e nem a hegemonia da sociedade para fazer
valer a “justiça revolucionária”.
Para alcançarmos um país melhor precisamos
do Congresso, Judiciário e do Executivo, mas, antes de qualquer outra coisa,
precisamos de consciência de classe, de entender o que é melhor para a maioria
das pessoas.
Nesse contexto se conseguirmos melhorar
substancialmente a saúde e educação pública, construir uma política de melhoria
habitacional e do ambiente e recuperar a renda dos mais pobres, diminuindo a desigualdade
salarial, já poderemos nos considerar razoavelmente felizes.
No entanto o governo Lula poderia ser mais
austero com relação às despesas nas viagens internacionais. Embora em nada pareçam
com as viagens do governo anterior, uma vez que tem se traduzido em investimentos
e importantes acordos de cooperação com os países visitados, ainda assim os
gastos parecem um tanto extravagantes. Uma boa dose de parcimônia nesses gastos
teria um efeito positivo.