31.10.08

Eu odeio esse tal de halloween

Não suporto os sinais de submissão cultural que externamos vez ou outra. Dentre minhas irritações uma se destaque: essa imbecilidade que chamam de “dias das bruxas”.
No meu tempo a gente comemorava o “dia das bruxas” no aniversário da sogra e só.
Agora as escolas se enfeitam e as crianças saem às ruas e condomínios com essa babaquice de “gostosura ou travessura”.
No meu endereço anterior submeti um grupo de crianças, entre 5 e 12 anos, a uma hora de aula sobre a importância do Saci Pererê.
E os adultos então? Parecem seres extraterrestres vestidos de imbecis, ou seriam imbecis vestidos de extraterrestres?
O pior é a pressão que as crianças recebem. Hoje meu filho de apenas 9 anos – incompletos – veio com a história de que sairia com os amigos para visitar os vizinhos. Não tive dúvidas: escondi todas as chaves! Não vai mesmo!
Prefiro um filho palmeirense a um que saia no dia das bruxas com essas fantasias de abóboras ridículas pedindo balas e doces.
Ano que vem vou preparar balas de pimenta malagueta!
Para quem não conhece a história dessa violação cultural veja aqui a origem da festa. Aqui uma versão diferente.
A cidade de São Luiz do Paraitinga, em São Paulo, reagiu de maneira bem humorada a esta palhaçada. Veja aqui o que eles fizeram.

30.10.08

Ferréz

Esse moço é fera! Vem lá do Capão Redondo e faz um trabalho que dá gosto de se ver!
Já comprou briga com Luciano Huck – clique aqui para lembrar da treta – e por isso está sendo processado: “apologia ao crime”.
Está na TV (Programa Manos e Minas – TV Cultura), escreve na Caros Amigos, de vez em quando na Folha de S. Paulo, publica uma coletânea – Literatura Marginal – de vez em quando que dá voz aos poetas da periferia, tem uma grife, a 1 Da Sul, lojas, selo de Rap, canta e compõe... Como dá tempo para tudo isso?
O cabra em questão é Ferréz, lá do Capão Redondo, periferia de São Paulo.
Querem conhecê-lo? Visitem sua casa virtual clicando aqui.
Leiam o texto que o mano colou no blog (tem um trecho abaixo).

Voltei e estou armado

Estou armado, talvez seja preso por porte ilegal de inteligência, e passe a vida inteira em prisão aberta, pagando uma grande pena e vendo um país ir pro buraco.
Minha pena seria notar a empresária que gasta vários salários mínimos com seu lindo cachorro, mas quando a diarista quer subir 10 reais na faxina, reclama, fala da situação do país, que se ela não quiser ficar, vai ter fila pra substituir.
Talvez eu tenha que fazer comparação, como pensar que no Egito acharam indícios que pra construir as pirâmides, os construtores ganhavam cerveja como pagamento, o que mudou vendo os trabalhadores lotando os bares depois que chegam do serviço?
Bispa esconde dinheiro dentro da bíblia mas pro fiel cego e louco por alguma salvação tudo passa batido e é explicado, ela é inocente, quem acusa é o diabo.
Carnaval tem como tema a cultura portuguesa, os descendentes de índios se vestem para homenagear o seu algoz.


Para ler a íntegra é só clicar aqui.

27.10.08

Luiz Gonzaga Belluzzo no Roda Viva - TV Cultura

Hoje - 22H10min

Segue a incerteza na economia mundial, com bolsas em queda e governos buscando alternativas para contornar a instabilidade financeira.No Brasil, a oferta de emprego e a inflação ainda não deram sinais de abalo, mas os reflexos da crise financeira já são percebidos pelo mercado, principalmente com queda nos investimentos, o setor produtivo em compasso de espera, o crédito reduzido e com o câmbio volátil. A Bolsa de Valores de São Paulo registra o pior resultado dos últimos três anos. No caminho inverso, o dólar se valoriza e obriga o governo a negociar as suas reservas cambiais.O Banco Central toma medidas para reduzir o impacto na economia brasileira e o Governo acena com a possibilidade de adquirir bancos e ajudar empresas exportadoras e construtoras para manter o crescimento da economia do país.Formado em Direito, Luiz Gonzaga Belluzzo destacou-se com seus conhecimentos e atuação na área econômica. Ele foi secretário de assuntos econômicos do Ministério da Fazenda na década de 80 e tornou-se um dos pais do Plano Cruzado, em 1986. Atualmente, além de diretor de planejamento do Palmeiras e professor da Universidade de Campinas e Faculdade de Campinas, Belluzzo é também presidente do Conselho Curador da TV Brasil, canal público recém lançado pelo Governo Federal.

Entrevistadores: Luís Nassif, diretor da Agência Dinheiro Vivo, blogueiro e comentarista do Jornal da Cultura; Sergio Malbergier, editor do caderno Dinheiro do jornal Folha de S. Paulo; Leandro Modé, editor-assistente do caderno de economia do jornal O Estado de S. Paulo, Raquel Balarin, editora especial do jornal Valor Econômico.

Perguntas dos telespectadores: Carmen Amorim.Twitter no estúdio: Tiago Dória, blogueiro (http://twitter.com/tdoria), Leandro Gabriel, consultor em finanças (http://twitter.com/trecker), Thiane Loureiro, gerente de comunicação digital e corporativa (http://twitter.com/thiane).

Fotógrafo convidado: Adriano Lima, designer (www.flickr.com/photos/adrianolima)

24.10.08

Capitalismo em crise

Esse é o título de uma página especial criada pela Agência Carta Maior. Nela grandes nomes da economia e da política analisam a crise atual do capitalismo e suas perspectivas.
Leitura alentadora no meio de tantos tiros a esmo e tantos interesses subliminares.
Clique no banner abaixo para acessá-la:

23.10.08

O sujeito do conhecimento

O amigo Guilherme Santinho Jacobik manda para o blog uma reflexão sobre tema amplamente discutido na atualidade: educação.
Mestre em educação pela Universidade de São Paulo e professor da UNIBAN, com grande atuação na escola básica, Guilherme não fala apenas de questões teóricas.
Suas reflexões resultam da sua convivência cotidiana, como pesquisador e profissional, com a educação e com a formação de professores.
Abaixo segue a parte introdutória do artigo:


Que grande dilema vive a escola contemporânea, campo de nossa atuação como educadores, imersa na chamada “sociedade da informação” e perdida nas inúmeras rotulações que lhe são impostas: tradicionalista, atrasada, arcaica, chata etc.
Um grande número de “especialistas” e articulistas de jornais, revistas, rádios e canais de televisão, enfim, da mídia, apontam seus dedos críticos à instituição Escola e, por conseguinte, ao seu maior representante, o professor. Acusam tanto os que atuam quanto os em formação inicial pelo estado precário em que se encontra o ensino no país. De tempos em tempos listas e dados estatísticos, ora do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ora da UNESCO (Órgão da Organização das Nações Unidas ligado às questões educacionais), entre outros, alimentam as críticas e, sem analisar a macro-conjuntura política, econômica e social, encontram facilmente o “bode expiatório” ideal: o professor. E surgem expressões que, de tão repetidas, já ecoam entre nossos próprios pares, entre os próprios educadores: “Os professores pararam no tempo”; “Os professores não querem inovar”; “Sua formação é péssima”; “O professor perdeu sua vocação”, entre tantas outras.
Este é um registro sintomático, não da condição da Escola e de seus Educadores, mas de uma histórica falta de reflexão conjuntural daqueles que analisam o ensino formalizado.
É fato que em termos quantitativos de informação e tecnologia, muito se mudou socialmente. A quantidade de meios de exposição à informação é imensa: internet, T.V., rádio, periódicos, livros etc. Mas será que todo esse contato permitiu a formação de sujeitos com opiniões críticas sustentadas? Terão estes estímulos tornado-se conhecimento a serviço da melhoria social, seja ela individual ou coletiva? Obviamente que não, é o que a realidade nos mostra e a culpa não é somente da Escola
Hoje é lugar comum apontar a defasagem tecnológica de nossas escolas como ponto forte do fracasso da formação do aluno. Pergunto: abastecer a escola (essa mesma criticada) de computadores resolverá essa defasagem? A mudança necessária às escolas, para que estas formem alunos capacitados à vida social, passa apenas pela substituição material?
Não pretendo neste artigo defender ou refutar as inovações materiais na escola, mas sim, levantar mais questões do que as pretensiosas certezas daqueles que criticam o professor, entre elas, duas iniciais: A formação do aluno, tão duramente questionada, deve servir a quê e a quem? Em que outro espaço social há a possibilidade de reflexão sobre o papel dos sujeitos na sociedade, do que a escola?
(...)
Gostaria de finalizar registrando, talvez até de forma defensiva, pois sou também educador, que a Escola tem sido responsabilizada por uma série de absurdos, no entanto, estou convicto ainda, apesar dos tantos anos de luta, que é dela que partem as idéias mais avançadas de mudança social. A rede de relações possíveis numa escola não deve refletir a selvagem relação do mercado, a instituição escola é ainda o campo fértil da reflexão e da ação para a mudança, para o melhor que há na natureza humana. Num momento em que a sociedade não crê mais na Educação como possibilidade de ascensão social, o que se tratava de mais um dos mitos em torno da escola, é ainda nela que se proporciona o convívio da diferença em níveis saudáveis, as trocas de pontos de vistas e a instrumentalização necessária para enfrentar a realidade.

Para ler a íntegra do texto O sujeito do conhecimento, clique aqui.

22.10.08

Dicas para a UNICAMP

Esta postagem é especial para os meus alunos da 3ª Série do Ensino Médio.
O UOL publicou excelentes dicas para o vestibular da UNICAMP, uma das melhores instituições de ensino e pesquisa do Brasil.

Clique na figura abaixo:

21.10.08

Sobre professores e professoras

Dia 15 último comemoramos o dia do professor. Nosso dia! Os professores e professoras do Ensino Fundamental ainda ganham presentes dos guris e gurias. Os do ensino médio são lembrados pelos dirigentes das escolas, por políticos – principalmente em época de eleições – e por alguns alunos.
Com exceção deste dia vivemos sob ataque constante.
Parte da mídia grande resolveu que todos os problemas do sistema educacional brasileiro recaem sob os ombros dos trabalhadores da educação.
Ora por serem mal formados, ora por serem descompromissados.
A grande mídia, principalmente em São Paulo, fez um esforço danado para quantificar as faltas dos professores da rede pública, além de desqualificar, sem nenhum senso crítico apurado, o material didático escolhido pelos mesmos.
Alguns outros nos olham como se fossemos sacerdotes. Não somos. Somos profissionais e como tal, precisamos ser respeitados e nos fazer respeitar.
A forma míope de ver da mídia esquece que o professor não é onipotente e onipresente no processo educacional. Embora seja fundamental, ele se submete a uma relação política muito mais profunda, que envolve inclusive o pensamento estratégico e geopolítico daqueles que ocupam o poder de Estado.
Também operam a partir do contexto social e cultural de cada época e lugar.
A educação pública tem caminhado para a construção de uma sociedade subserviente, tecnológica e economicamente falando, produto do pensamento neoliberal que tomou conta dos últimos governos, deixando de lado a pesquisa e as inovações tecnológicas.
Por outro lado o professor, ao contrário do que preconiza a revista Veja, não constitui um ser político atuante. Prova disso é a fragilidade do movimento sindical, fato amplamente demonstrado na sequência de derrotas dos movimentos grevistas, não só em São Paulo, mas também em outros estados da Federação. Também encontra sérias dificuldades para conseguir expressar suas necessidades nos diversos partidos políticos com representação no Congresso Nacional.
A educação pública do nosso país precisa de uma linha mestra que indique a construção de um país produtor de tecnologia, inovador – com verbas e estímulos à pesquisa – e com capacidade para absorver cidadãos qualificados.
Para isso a valorização do professor, com melhores salários, condições de trabalho dignas e incentivo ao seu constante aprimoramento é urgente.
Isso só será possível quando a sociedade conseguir construir uma política educacional de Estado e não sujeita aos humores de poderes transitórios, mesmo que garantidos por 16 anos, como parece ser o caso da experiência tucana no estado de São Paulo.
Meus parabéns àqueles e àquelas que continuam na labuta cotidiana da educação, comprometidos e comprometidas com um país mais justo, que garanta, pelo menos em dado momento da vida, condições de igualdade a todos os seus filhos e filhas.

18.10.08

A semana não foi fácil

Primeiro para minha pessoa: a recuperação da cirurgia da catarata que estava indo muito bem, danou-se! Pintou uma pequena inflamação e fiquei um tanto quanto assustado, pois parecia que o olho vertia sangue. Minha esposa disse que eu estava exagerando, em todo caso tive que retomar o repouso e voltar com os colírios do pós-operatório e ainda somar um antiinflamatório.
Isso, de certa forma, prejudicou minhas leituras nesta semana de recesso pedagógico, ou do saco cheio como gostam os alunos.
Mas é impossível não comentar alguns acontecimentos:

Campanha eleitoral em São Paulo
O marquetingue da Marta escorregou feio. Ao fazer insinuações, mesmo que sutilmente, sobre a orientação sexual do Kassab, atentou contra a história do Partido dos Trabalhadores e a da própria candidata, que tanto sofre com as picuinhas da imprensa e com o preconceito por defender a união civil entre homossexuais, por exemplo.
Lembro-me como se fosse hoje dos acontecimentos da campanha de 1989. Lula impediu que a campanha fosse levada para o mesmo fosso que Collor e o Grupo Globo a remeteu. E olha que material não faltava!

Polícia x Polícia
Mais uma demonstração da “capacidade de gerenciamento” do PSDB. Governam o estado de São Paulo desde 1995, sem interrupções, conseguiram afundar a educação, saúde e a segurança pública. Por estes temos lido que São Paulo, quando comparado aos outros estados da federação, paga muito mal aos seus professores e aos seus policiais.
O conflito, armado, entre policiais civis e militares trouxe ao público o autoritarismo do Serra e a incapacidade de lidar com extremos e de negociar.

Seqüestro em Santo André
Uma situação limite vivida pelos policiais, reféns e familiares.
Causam-me estranheza: a) o caso de uma refém libertada ter voltado para o cativeiro, penso que seja um caso único no mundo, que sirva de lição para que nunca mais aconteça; b) o acesso que a mídia teve ao seqüestrador. Não tem cabimento entrevistas ao vivo e a condição de estrelato que ele assumiu, mesmo sem ter pedido; c) o desfecho trágico, até agora sem uma explicação plausível por parte das autoridades estaduais, inclusive o governador.

A crise econômica dos EUA
O Brasil resiste à hecatombe, embora contra a vontade da mídia.
Se dependesse dos jornais e TVs nós já estaríamos de pires na mão batendo nas portas do FMI e seus asseclas.
Ela é séria e deve afetar o Brasil sim! Parece-me que muito mais na questão do crédito, que já escasseou para o cidadão comum e também para os investimentos privados.
Também devem sofrer aquelas empresas que se desviaram de sua atividade principal para ganhar dinheiro com operações especulativas.

O papel da nossa mídia nisso tudo
Lamentável!
Esforçaram-se para super-dimensionar a peça publicitária imbecil da campanha de Marta, sem fazer uma auto-crítica de episódios passados, inclusive de ataques à própria candidata no tocante às suas relações conjugais.
A Folha de S. Paulo protege o Serra de maneira descarada. Se tomarmos por base o noticiário da crise área, de responsabilidade federal, já deveríamos ter notícias do “Caos na segurança pública” na esfera estadual. Mas nada, apenas notícias assépticas, sem análises consistentes, amenizando as responsabilidades dos tucanos.
Já pensaram se tal crise acontece num estado governado pelo PT, PSB ou PC do B?
Aliás, Eduardo Guimarães, Luiz Carlos Azenha e Luis Nassif têm nos mostrado como a indignação da mídia nativa é altamente seletiva. Compensa lê-los com freqüência. Sem esquecer das leituras da CartaCapital e do Blog do Mino, é claro!
Quanto ao caso de Santo André, mais uma vez a tragédia é colocada no ar de olho no Ibope. O sensacionalismo barato toma a TV, principalmente a aberta, mas ecoa também no noticiário da TV paga. É óbvio que é um acontecimento extraordinário e como tal deve receber atenção da mídia, mas não seria o caso de submeter o noticiário a um interesse maior: a vida dos reféns?
Essa mania de transformar tudo em Big Brother é revoltante. Agora temos uma novidade copiada – argh! – dos estadunidenses: cada canal de TV leva para os seus estúdios uma infinidade de psicólogos, psiquiatras, especialistas dos mais diversos calibres. De maneira insana, traçam perfis, diagnósticos e apontam soluções a partir do conforto do estúdio e da distância dos fatos, como se fossem os donos de toda a verdade do mundo!
Finalmente a tal crise. Criticam a “aparente calma” do presidente Lula. Queriam o quê? Por acaso deveria ele alardear o pânico? Esconder-se embaixo da cama na Granja do Torto?
Ele cumpre o papel de estadista, que deve transmitir calma numa situação como essa, ao mesmo tempo em que toma medidas para diminuir os impactos negativos do episódio.
Caso a mídia fosse correta poderia tecer críticas quanto às medidas tomadas ou a velocidade das decisões, nunca a aparente calma do presidente.

Polícia x Polícia

A blogosfera continua nos brindando com ótimas surpresas! Rodrigo Vianna agora está blogando também.
Outro dia falei da volta do Blog do Mino, na sequência li o Balaio do Kotscho.
Hoje destaco um texto que retirei do Blog do Rodrigo Vianna, leiam:


"CAOS NA POLÍCIA"! "ESTADO SEM LEI"!IMAGINE AS MANCHETES SE O GOVERNADOR FOSSEBRIZOLA OU ALGUÉM DO PT?

Tenho 20 anos de Jornalismo. Quase todos na rua, como repórter. E nunca vi algo parecido com o que se passou ontem, a poucos metros do Palácio dos Bandeirantes.
Estava na redação da TV Record quando as primeiras imagens apareceram na TV. Chefes de Reportagem (alguns com ainda mais experiência que eu no Jornalismo) pareciam catatônicos: o que é isso? No Estado mais rico (?) do país, a barbárie fardada!
Que nome você, leitor, daria para um confronto armado entre Polícia Civil e Polícia Militar?
"Caos na segurança" seria o mínimo, não?
Ou, ao menos, "crise na polícia".
Os jornalistas dão o nome de "chapéu" àqueles títulos colocados no alto da página, e que em coberturas especiais se repetem, pra marcar o noticiário. Você já deve ter visto nos jornais... Dois anos atrás, durante meses, fomos bombardeados com páginas e mais páginas na imprensa sobre o "caos aéreo". O "chapéu" estava ali, a marcar e editorializar a cobertura sobre as falhas no sistema aéreo brasileiro
Pergunto: o que é mais grave: atraso em vôos ou polícia em greve?
Mas, abro a "Folha" hoje e não encontro o "chapéu" para o noticiário sobre o "caos na segurança".
As informações estão ali - com mapas, fotos, declarações.
Mas, é evidente o tratamento vip dado ao governo tucano por nossa imprensa.
Imagine se algo parecido tivesse acontecido num governo do PT, PCdoB, ou nos bons tempos de Brizola/PDT no Rio?
Qual seria a manchete? Quais seriam os "chapéus" estampados no alto das páginas?
"Estado sem lei", "Barbárie armada"...
(eu poderia inventar vários, porque durante um ano esse foi meu serviço, como redator do caderno "Cotidiano" da "Folha", o início dos anos 90)!
Essa falta de "combatividade" (!) da imprensa escrita com o governo tucano talvez explique porque o tom político na cobertura tenha partido de onde menos se esperava: ontem, era Datena, na "Band", quem cobrava uma palavra do governador!
Cobrava daquele jeito dele, mas cobrava. É o que se espera dos jornalistas numa hora dessas.
Por que Datena pode cobrar e a "Folha" não pode?
O maior jornal do país trata José Serra como se ele anda fosse o editorialista levado para trabalhar na Barão de Limeira pelo seu Frias, nos anos 80.
Serra é da casa, né?
Serra não pode ser cobrado.
Ninguém bota "chapéu" no Serra!

16.10.08

Eleição nos EUA

O bicho está pegando num pedaço importante do Norte da América. Não bastasse a crise econômica, patrocinada pelo DEUS MERCADO, temos eleições na matriz.
Já recomendei para vocês a leitura do “A Escolha do Próximo Porteiro”, relacionado aí ao lado. O texto de hoje está esclarecedor, pois além da cultura política dos estadunidenses, aborda também o último debate entre Obama e MacCain.
Leiam a introdução:

Nosso Maior Problema
“Mr. McCain said, ‘The whole premise behind Senator Obama’s plans are class warfare — let’s spread the wealth around’.” (The New York Times)

O terceiro e último debate presidencial foi o melhor, segundo analistas. Eu não o vi, confesso. Ao invés disso, assistia a Canarinho caminhando de um lado para outro em um campo grande e esverdeado, aparentemente acompanhando o jogo dos colombianos uns contra os outros, especialmente quando jogadores do mesmo time se cabeceiam ao alto.

Porém, assisti alguns argumentos, logo a reprise de grande parte da discussão entre os candidatos republicano e democrata, e as análises da MSNBC e CNN, além do artigo recente no The New York Times.


Para ler o texto na íntegra é só clicar aqui.

13.10.08

Homenagem a Che Guevara

As idéias defendidas por Che parecem vivas e necessárias ainda hoje. Ele tratou muito da ética revolucionária, abordando em vários dos seus escritos a necessidade de construção do “homem novo”. Não transigia com os desvios éticos, não era adepto da tese de que “os fins justificam os meios”.
Recebo sempre comentários de um idiota profissional, que não assina o que escreve e se esforça por parecer um Diogo Mainardi. Além de ataques pessoais, Che é um dos seus alvos. Penso que além de não escrever bem o pobre coitado também não sabe ler.
Abaixo publico um texto que está no Fazendo Média.
Comandante Che Guevara (clique no título para ouvi-la com Silvio Rodriguez)
A VIGOROSA ATUALIDADE DAS IDÉIAS DE CHE GUEVARA, 41 ANOS DEPOIS

Por Beto Almeida (*)

Há 41 anos, num 8 de outubro como hoje (*), a humanidade recebia a notícia da covarde execução de Ernesto Guevara por um agente da CIA na Bolívia, horas após ter sido aprisionado por uma patrulha do exército boliviano controlado pelo exército dos EUA. A troca rápida de telefonemas entre os comandos militares de La Paz e Washington deixou antever a pressa em eliminar a presa, antes que todo um mundo de manifestações gigantescas se levantassem mundo afora para exigir a libertação de Che. Já era prova do temor às suas idéias, ao seu exemplo, à sua função na história.
Hoje, toneladas de papel continuam sendo escritas sobre ele, o debate segue com vigor. O aparato ideológico capitalista é obrigado a dar continuidade ao trabalho de demolição da imagem histórica de Che, comprovando, contra a sua vontade, que seu exemplo e suas idéias seguem amedrontando os donos do capital e do poder. Os publicitários capitalistas apenas superam-se na capacidade de insultos e ofensas à personalidade do Che, revelando, involuntariamente, sua incapacidade de apagar da história este personagem, que, ao contrário, se agiganta.
Especialmente agora quando os fantasmas de uma nova crise do capitalismo especulativo, baseado em moeda falsa desequilibra a mais potente economia capitalista do mundo, ramificando a crise por todos os lados, dada a extraordinária dependência que a economia mundial construiu em torno de alguns destes pólos capitalistas, hoje em crise.
O fantasma de Che tira o sono dos capitalistas, ele mesmo que deu continuidade à abordagem teórica de Marx e Lênin sobre a inevitabilidade da crise do sistema do capital, e, ao mesmo tempo, também desenvolveu importantes aspectos da crítica que Trotsky fazia à burocratização da União Soviética, que, tal como fanáticos religiosos, muitos partidos comunistas, entre eles um que traiu criminosamente ao Che, o boliviano, classificavam incorretamente como socialismo.
A previsão de Trotsky, feita lá em 1936, de que a URSS se desmoronaria não pela invasão militar externa, mas pela não realização da revolução política interna que retomasse a democracia soviética vivida em plenitude nos sete primeiros anos revolucionários, - a única forma de democracia livre da tirania do capital - só veio a ser cumprida, dramaticamente, em 1990, com a sua dissolução. Quarenta anos depois, as críticas de Che àquela estrutura burocratizada, distante dos ideais socialistas, degenerada na sua forma de funcionamento interno, também adquirem vigor e atualidade, como a crítica de Trotsky; para desespero dos catálogos publicitários a soldo do capital, como a Revista Veja aqui no Brasil.
Estes, diante da monumental comprovação de toda uma análise histórica e um desenvolvimento teórico magistral rigorosamente confirmado pelos acontecimentos, contra-atacam apenas com falsificações históricas e insultos, chegando a ponto de usar como “argumento” contra Che “que ele cheirava mal”, numa confissão de sua desqualificada estatura intelectual. Esta crítica de Che à economia soviética burocratizada ganhou ampla divulgação recentemente - 40 anos depois de elaborada - por meio da publicação do indispensável livro “Apontamentos críticos à economia política”, infelizmente, ainda não publicado no Brasil até hoje, desafiando o mundo editorial e em particular aos partidos de esquerda, inclusive alguns que elogiam religiosamente a Che, mas não o publicam. Por quê?
De sua personalidade enriquecida pela inteligência, pelo estudo persistente, pela bravura desprendida e infinita e pela ética revolucionária haveria muito sobre o que escrever, estudar, aprender, desenvolver, e, sobretudo, aplicar dialeticamente para as contradições da luta de classes atual. Mas, num artigo limitado no espaço e no tempo, mencionemos apenas algumas destas características que confirmam aquela vigorosa atualidade reivindicada ao início: o Che comunicador revolucionário, o Che médico-revolucionário e o Che ministro-revolucionário.

O comunicador Che Guevara
Uma das facetas desta extraordinária personalidade é o jornalista Che Guevara. Não é o caso de detalhar aqui sobre suas atividades como fotojornalista e seus escritos denunciando as injustiças das veias hemorragicamente abertas da América Latina antes mesmo de vincular-se ao movimento revolucionário cubano no México, após escapar da invasão ianque à Guatemala rebelde do coronel Jacob Arbenz; Mas, o organizador revolucionário também na área da comunicação logo se expressou quando, ainda durante os combates em Sierra Maestra, Che organizou a fundação de um periódico, cuja impressão foi possível em gráfica montada com equipamentos levados a lombo de burro e em várias viagens clandestinas para o quartel-general da guerrilha comandada por Fidel.
Logo depois, um passo ainda mais audaz: a fundação da Rádio Rebelde, também em território liberado de Sierra Maestra. Os transmissores foram igualmente para lá conduzidos em lombo de burro e as emissões puderam ser captadas por rádios venezuelanas que, por sua vez, retransmitiam muitas dessas alocuções de Fidel e de Che, possíveis de serem captadas por rádios da Argentina. A Revolução Cubana começava a construir seu sistema de comunicação social revolucionário.
A Rádio Rebelde desceu da Sierra Maestra na ponta do fuzil e existe atualmente, continua coerentemente fazendo jornalismo revolucionário. Após a tomada do poder, Che continuou tomando iniciativas como comunicador, era extraordinariamente consciente da imperiosa necessidade de travar a batalha das idéias contra o dilúvio de manipulação e mentiras que até hoje se lançam contra Cuba Socialista. Baseado numa iniciativa de um seu conterrâneo, o general Juan Domingos Perón, outro dirigente igualmente atento para a necessidade de enfrentar o sistema imperialista de desinformação, razão pela qual criou na Argentina uma Agência Latina de Notícias, Che Guevara foi um dos principais responsáveis pela criação da Agência Prensa Latina, ainda hoje desempenhando imprescindível papel nesta luta de classes ideológica e informativa, especialmente revelando as maquinações do terrorismo midiático incessante contra Cuba e contra todos os governos e povos que adotam posições de transformação social, soberania e independência ante o império.
Che, sempre organizador, foi ainda o criador da Verde Olivo, revista das Forças Armadas Revolucionárias de Cuba, no que se revela a importância da questão militar e da nova função revolucionária atribuída aos militares. Um detalhe: na sua primeira edição, a Verde Olivo trazia na capa o próprio Che. Informado, enfureceu-se, foi até a gráfica e determinou a inutilização de todas aquelas capas e a reimpressão de outra capa, sem qualquer possibilidade de que se alguém insinuasse culto à personalidade.
Hoje, seguindo o rastro de iniciativas organizativas revolucionárias de Che no campo da comunicação libertadora e confirmando a atualidade de seu pensamento em torno de uma informação anti-hegemônica temos a Telesur. A emissora televisiva multiestatal demonstra a possibilidade de integração e cooperação em várias áreas, inclusive na informação e na cultura, e vai consolidando-se a passos largos permitindo que se tenha nas telas o protagonismo dos povos do sul, divulgando amplamente o processo de transformação da Bolívia, no Equador, Nicarágua, Venezuela, nacionalizando suas riquezas, derrotando o analfabetismo, realizando a integração social e energética, comunicando aos quatro ventos que a ALBA é uma realidade.
Nas telas de Telesur pela primeira vez se mostrou o bombardeio da direita contra a Casa Rosada em 1955, se contou a verdadeira história do que foi o processo de transformação social na era peronista, assim como se contam histórias dos processos revolucionários dirigidos por Pancho Villa e Zapata, retira do ostracismo com toda força a personalidade de Eliecer Gaitan, se divulgam os filmes latino-americanos, inacessíveis nas telas gringas e colonizadas. Trata-se de vigorosa atualidade do pensamento de Che. Que deveria servir de reflexão e estímulo, por exemplo, ao PT que, até hoje, com vários anos de governo, ainda não tem imprensa própria de circulação nacional, embora prometida na última eleição de sua direção nacional.

Medicina e revolução
O Che médico já atendia aos camponeses nas zonas liberadas de Sierra Maestra. A consulta gratuita era acompanhada de fervorosa e apaixonada argumentação em defesa da revolução cubana, na qual, também se explicava o peso das condições sócio-econômicas na causa e determinação das enfermidades. A tal ponto que um menino camponês que observava atentamente as consultas de Che disse a sua mãe: não leve a sério este médico, ele diz para todos que a culpa dos problemas é do capitalismo...
Seguindo aquele exemplo do médico revolucionário, milhares de médicos cubanos estão espalhados hoje por 77 países dos vários continentes prestando serviço médico solidário, levando o exemplo revolucionário humanista do povo cubano, alcançando as zonas mais inóspitas, nas quais a medicina capitalista não chega, demonstrando assim todo o seu desprezo pelas camadas mais pobres da população.
Para ilustrar a presença do exemplo do médico Che no profissionalismo solidário dos médicos de Cuba, conto que em visita recente ao Timor Leste, rigorosamente do outro lado do mundo, deparei-me com a presença de 350 médicos cubanos. Inclusive, foram os médicos cubanos os que ofereceram os primeiros socorros ao presidente timorense Ramos-Horta, vítima de atentado terrorista em fevereiro deste ano, episódio ainda envolto em dramáticas interrogações, sobretudo a partir das inevitáveis ramificações que pode ter com a imensa e cobiçada riqueza petroleira que aquela jovem nação oceânica é possuidora.
O presidente Ramos-Horta me contou que quando se anunciou a chegada dos 350 médicos cubanos àquela ilha, o embaixador dos EUA ali não teve vergonha em manifestar sua insatisfação, pressionando para que os cubanos não fossem aceitos. Em resposta, Ramos-Horta perguntou ao embaixador quando médicos dos EUA atuavam no Timor. Diante da resposta “nenhum” - reveladora do mais alto grau de desprezo social - Ramos-Horta lhe disse: Cuba nos oferece uma ajuda desinteressada, além de oferecer bolsas para 600 timorenses estudarem medicina na Escola Latino-Americana de Medicina. Gratuitamente, tal como estudam lá aproximadamente 500 jovens pobres norte-americanos, em sua maioria negros, oriundos dos bairros proletários do Harlem e do Brooklin. Um deles me contou que se tivesse ficado nos EUA jamais teria a possibilidade de tornar-se um médico, e que, muito provavelmente, estaria com vínculos ao tráfico de drogas, como muitos de seus amigos que lá ficaram...
Esta vigorosa atualidade do pensamento de Che, encarnado em política do Estado Socialista de Cuba, é uma consciência que se espalha pelo mundo, fruto da generosidade de uma revolução que, apesar dos limitados recursos de que dispõe, faz da partilha de seus recursos humanos com outros povos uma razão de estado, uma ética de nação, transformando em realidade concreta um pensamento infinitas vezes repetido pelo próprio Guevara: tremeremos de indignação por qualquer ser humano oprimido, onde quer que ele esteja.
Materializando este pensamento revolucionário, Cuba desenvolveu um método de alfabetização para indígenas da Nova Zelândia, e outro, para ser operado por meio do rádio, para alfabetizar em dialeto creolo, que nem escrita possui, ponderáveis parcelas da população da Haiti. Isto desenvolvido por pedagogos de uma Ilha que já vendeu o analfabetismo há décadas! Estão vivas ou não as idéias de Che?

O Ministro revolucionário e visionário
Os 350 mil homens e mulheres cubanos que foram a Angola para lutar em defesa do bravo povo de Agostinho Neto, agredido pelo exército nazista do apartheid sul-africano, era um prolongamento lógico e inevitável do pensamento internacionalista de Che Guevara, alma da consciência internacionalista proletário do povo cubano e uma decisão de estado, comandada diretamente por Fidel Castro. Como disse Mandela, foi na Batalha de Cuito Cuanavale, no sul de Angola, em 1988, “o começo do fim do apartheid”, abrindo uma nova era para o sul do continente africano, cujo mapa político registra governos progressistas e antiimperialistas que desenvolvem a cooperação para enfrentar a herança nefasta do colonialismo.
O internacionalismo proletário, a solidariedade internacionalista, são políticas do estado socialista cubano, em cuja fase inicial tinha um Che como ministro, infatigável na luta contra a falta de especialistas, agravada pela fuga de cérebros, o terrorismo lançado contra Cuba, as limitações tecnológicas, a herança colonial e, a seguir, o bloqueio. Ali estava um exemplo vivo de administrador socialista, sempre incorporando a participação coletiva, considerando respeitosamente a diferença de opiniões, mas, intransigente na defesa da estatização, do monopólio do comércio exterior, da planificação estatal. Não é que Che fosse um romântico que desprezasse o poder, ao contrário, desprezava sim o poder pessoal, era atento as perigos profissionais do poder, mas era, sobretudo, um intransigente construtor do poder proletário, lutou incansavelmente pela tomada do poder das mãos dos capitalistas, pela destruição de todo poder do capital.
Todos estes exemplos estão cada vez mais vivos na história revolucionária mundial e encontram ressonância em muitos lados, como por exemplo, nas diretrizes adotadas pela Revolução Bolivariana, comandada por Chávez, uma delas na preocupação pela diversificação produtiva, pela industrialização, pela crescente intervenção do estado, pelo desenvolvimento de laços de cooperação estratégica com países que afirmem a integração latino-americana, com o sentido de reduzir a dependência da economia capitalista mundial, hoje afetada por uma crise ainda sem controle.
Estes foram temas tratados à exaustão pelo Ministro da Indústria Che Guevara. E agora, diante desta crise financeira capitalista, da falência sucessiva de bancos, da nacionalização de bancos que se procedeu, por exemplo, na Inglaterra, não vemos mais do que outra vez confirmar a vigência das idéias de Che Guevara, intransigente defensor da estatização, da economia real produtiva, crítico severo e mordaz dos arranjos criados pelos países imperialistas para seguir com sua rapina e sua acumulação usurpadora, em nome de uma financeirização virtual e artificial, às custas da economia produtiva e dos que produzem, os trabalhadores, sempre atirados nos abismos mais profundos da miséria e da opressão.
O Che ministro era também exemplo de criatividade: fundou o Instituto de Investigações dos Derivados da Cana-de-açúcar, e, no discurso no dia inauguração, fez uma previsão visionária que além de indicar sua insaciável curiosidade científica e tecnológica, encontra hoje ampla confirmação. Disse o Che: chegará o dia em que o açúcar será apenas um dos derivados da cana e não o mais importante. Atualmente, da cana já é possível produzir medicamentos, o etanol, a álcool-química, com seus plásticos biodegradáveis e fertilizantes orgânicos que tornarão possível a libertação da agricultura de petro-dependência atual, cara, insustentável ambientalmente e também para a saúde dos povos.
Relativizando a importância do açúcar ao longo do tempo, inclusive em razão de seus complexos vínculos com um sistema de comércio internacional no qual Cuba não tinha e ainda não tem controle dos preços, Che nada mais fez que antecipar-se a uma situação que de fato tornou-se realidade. Hoje Cuba desmantelou praticamente metade de sua produção açucareira e, segundo informa o Granma, dá início à implantação de 11 centros de produção de etanol em território venezuelano, num projeto binacional que confirma, uma vez mais, a importância das iniciativas em curso para a integração latino-americana.
Combinada com a cooperação agrícola em curso entre Brasil, Venezuela, e Cuba, iniciativas como esta, impulsionadora do desenvolvimento de energia renovável num mundo com restrição de energia fóssil, viabilizam novas opções produtivas, colaborando com esforço já em curso para a transformação da agricultura dos dois países, e, fundamentalmente, revelando, novamente, a vigorosa atualidade das idéias de Che Guevara.

(*) Beto Almeida é presidente da TV Cidade Livre de Brasília, âncora da TV Paraná Educativa, membro da junta diretiva da Televisión del Sur (Telesur) e membro do conselho editorial da agência Brasil de Fato. Artigo escrito no dia 08 de outubro de 2008.
Fonte: Fazendo Média – 10/10/08.

10.10.08

IBGE mostra a nova dinâmica da rede urbana brasileira

O IBGE publicou hoje excelente texto sobre a rede urbana brasileira.
Abaixo um pequeno trecho:

Existem no país doze grandes redes de influência, que interligam até mesmo municípios situados em diferentes estados. A rede centralizada por São Paulo, por exemplo, também abrange parte de Minas Gerais, do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre. O Rio de Janeiro tem projeção no próprio estado, no Espírito Santo, no sul da Bahia, e na Zona da Mata mineira.

A rede de Brasília influi no oeste da Bahia, em alguns municípios de Goiás e no noroeste de Minas Gerais. As outras nove redes de influência são centralizadas por Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Goiânia, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.

Foram analisadas informações fornecidas pela rede de agências do IBGE sobre 4.625 municípios, e registros administrativos do próprio instituto, de órgãos estatais e empresas. A atual configuração da rede urbana brasileira é comparada com estudos feitos pelo IBGE em 1972, 1987 e 2000.

Entre os diversos dados comparativos coletados a respeito das 12 redes de influência, nota-se que, para fazer compras, a população brasileira se desloca cerca de 49 km, em média. Na rede de influência de Manaus, no entanto, essa distância é de 218 Km. Para freqüentar uma universidade, o deslocamento médio, em Mato Grosso é de 112 Km, contra 41 Km na rede de influência do Rio de Janeiro. Pacientes percorrem, em média no país, 108 km em busca de atendimento médico.

Leia aqui a íntegra da publicação do IBGE.

9.10.08

Petróleo no Brasil

Ótima matéria do Clarín, de Buenos Aires, sobre petróleo.
Mostram o desempenho do Brasil na prospecção, falam da distribuição da renda e, por fim, comparam a situação do país com a Argentina no tocante à questõa energética.

http://www.clarin.com/diario/2008/07/10/conexiones/home.html

8.10.08

Graças a Deus o Brasil não é São Paulo!

A "Onda” Kassab e a classe média paulistana.
Uma Nova Velha História.

"(...) O indivíduo completo é aquele que tem capacidade de entender o mundo, sua situação no mundo e que, se ainda não é cidadão, sabe o que poderiam ser os seus direitos.
É neste sentido que me pergunto se a classe média é formada de cidadãos. Eu digo que não. Em todo caso, no Brasil não o é, porque não é preocupada com direitos, mas com privilégios. O processo de desnaturação da democracia amplia a prerrogativa da classe média, ao preço de impedir a difusão de direitos fundamentais para a totalidade da população. E o fato da classe média gozar de privilégios, não de direitos, que impede aos outros brasileiros ter direitos. É por isso que no Brasil não há cidadãos. Há os que não querem ser cidadãos, que são as classes médias, e há os que não podem ser cidadãos, que são todos os demais, a começar pelos negros que não são cidadãos. Digo-o por ciência própria. (...) "
Milton Santos

De novo a cidade de São Paulo nos presenteia com sua tradição política conservadora.
No momento em que qualquer pessoa minimamente informada e bem intencionada comemora o 'funeral' nacional do PFL, agora disfarçado ou travestido de DEM (Democratas, belo nome pra justamente eles que foram a base de sustentação da Ditadura Fascista de 64) derrotado até na Bahia terra de seu ícone ACM – justamente em São Paulo a maior cidade do Hemisfério Sul vergonhosamente representa a grande esperança de sobrevivência do partido que é a cara do Coronelismo do Sertão, do atraso, dos Generais, da antiga UDN, etc.
Especialmente na cidade de São Paulo esse 'ideal' se é que podemos chamá-lo assim, importado de Portugal Medieval, aqui 'adaptado' pelos Bandeirantes (Bandoleiros e Assassinos fundadores da sociedade mais violenta do planeta) e "aperfeiçoado" pelos Barões do café – (Jecas Aristocráticos metidos a Europeus que enriqueceram esfolando escravos e imigrantes e condenando o país a um atraso secular)
Este mesmo 'ideal' ressurge e sobrevive sistematicamente na cidade de São Paulo, por vezes de forma inacreditável em jovens e em pobres – que se pensam classe média e reproduzem sem saber ou mesmo com convicção – argumentos reeditados de seus avós ou bisavós que outrora votaram em Carlos Lacerda, Jânio, Ademar de Barros e saíram às ruas com "Deus, a Família e etc.". Renasce novamente e de novo se afirma "orgulhosamente’: avesso à política. Mas são os mesmos de sempre que não perdem uma oportunidade de elegerem Maluf, Collor, Pitta e agora Kassab.
Esta História (ou farsa?) é monótona em sua estranha fixação de sempre andar para trás.
Como também é monótona a 'ladainha' de seus argumentos propagados por pólos de excelência: tipo Revista Veja, Caras, e por aí vai.
Argumentos que sempre objetivam uma única e sagrada garantia: que no final das contas nada mude nem um milímetro!
E talvez aí resida a alma desta herança maldita: o medo!
No fundo parece que esta 'tacanhice' crônica nasce mesmo do medo daquilo que não conhecemos ou por profunda ignorância não queremos conhecer. E se há uma coisa que praticamente nunca existiu no Brasil – o país onde a escravidão foi (ou é?) a instituição mais importante de toda a sua história – essa “coisa” assustadora se chama solidariedade. Daí esse modelo de “civilidade” anti-social onde nossa classe média é especialista e o maior objetivo de votar em Kassab assim como votou em Serra: manter a periferia como sempre esteve (EXCLUÍDA).
Num mundo que cada vez mais se torna analfabeto, o analfabetismo “espiritual” desta cidade chega a impressionar.
A história também mostra o que uma classe média tacanha é capaz.
É claro que exemplo maior é o Nazismo Alemão, onde uma classe média egoísta, ambiciosa, assustada, medrosa e ignorante foi a principal responsável pela ascensão de Hitler e seu "ideal" também conservador.
Nossa classe média, penso, é de fato muito parecida. Vemos o preconceito como seu traço principal. Mas, muito mais forte que isso é o seu desejo de receber ordens. (Atualmente Universidades, que já foram centros de excelência, recorrem a reuniões de pais e pedagogia infantil para educar jovens de classe média “geração Malhação ou pós Xuxa”) Este grupo parece desejar ardentemente ordens: seja de um deus, de um patrão, de um governo, ou especialmente daquele que ela mais respeita e teme: a mídia.
Como uma criança que não quer crescer, tudo que ela sonha é com um "pai” autoritário que lhe diga o que é certo e retire o insuportável peso de ter de assumir responsabilidades assim como fazem as marcas, as “tendências" da moda, as “grifes” que tanto são obedecidas.
Essa mesma classe média que cotidianamente nos brinda com exemplos de sua “civilidade” em reuniões de condomínio, clubes, escolas, universidades e no espaço público em geral, é a mesma que se exprime politicamente agora.
Adestrada em sua profunda despolitização pelos novos sábios do mundo corporativo com os maravilhosos 'ideais' arrivistas, egoístas e narcisistas, sacralizados pela sua nova religião individualista: a propaganda.
É ela que agora reafirma seu jeito de ser.
Como uma nova tecnologia de celular ou computador, ela agora "embarca" de cabeça na "onda" Kassab.
Assim como, por medo que alguma coisa mudasse, em segundos escolheu e entregou o país nas mãos do Collor em 89 e depois não assumiu sua irresponsabilidade e leviandade. Assim como não satisfeita com Maluf elegeu Pitta e nós todos pagamos esta conta. Assim como daqui alguns dias fará com seu celular. É esta mesmo que, outra vez rapidamente irá negar ter votado em Kassab, inflar o peito e repetir orgulhosa: "Eu odeio política!”
Hoje, nossa classe média, eternamente ávida por salvadores da pátria (um novo D Sebastião!) engole, assim como faz com seus fast-foods, sem mastigar o novo lançamento do mercado: Kassab!
É impressionante a forma semelhante com isso se dá.
Kassab em menos de um mês ultrapassou Maluf, Alckmin e Marta e desponta como favorito.
Não lembra o Collor? Que saiu do esgoto, como um rato, aparentemente sem apoio e de uma hora pra outra virou um fenômeno eleitoral especialmente em SP? Estranho né?
Não lembra o Pitta? Um candidato fabricado na Eucatex. Que era um ninguém e num instante virou também prefeito de São Paulo.
Coincidência?
Aliás, Pitta a quem Kassab serviu!
Seria engraçado se não fosse trágico.
Os argumentos parecem ser sempre os mesmos. Quer ver:
1º "Ele" é uma pessoa nova! Representa mudança!
(seu currículo já era!)
2º "Ele" não atacou ninguém!
(apesar de não ser a verdade, já está santificado)
3º “Ele” está fazendo coisas que outros não fizeram!
(Dá-lhe mentiras e marketing!)
Aliás, deve ser fácil ser marqueteiro em SP. É só reproduzir o mesmo discurso e pronto. Assim com nas novelas, no Faustão, na Malhação, no programa da Hebe, no cinema norte-americano que a classe média tanto gosta. Tudo sempre igual! Haja monotonia!
Ah, mas tem de disfarçar um pouco, como fez o PFL: mudar o nome, o número e a cor do partido e pronto Então, você, assim como prometem os maravilhosos e qualificados programas femininos da TV - se transformará em uma nova pessoa! Não é fantástico?
A psicanálise há muito conhece bem estes “mecanismos de defesa”, mas para que qualquer neurose seja superada é necessário que o paciente reconheça sua condição. Exatamente o mais difícil pra essa gente, pois exige aquilo que mais lhe falta: personalidade.
Ah, por falar em personalidade. Cadê os eleitores do PSDB? Hein?
O que aconteceu com o Alckmin? Até agora pouco ele não era o frisson de nossa classe média? O candidato mais maravilhoso. O anti-Lula! O próximo presidente?
Se com seus “aliados”, já na campanha eles fazem assim, imagine com a cidade.

Boa Sorte São Paulo!

Milton Fernandes
Professor de História

7.10.08

Mais inteligência na blogosfera

É com alegria e muito prazer que comunico a volta do Blog do Mino. Ele havia fechado o blog quando do episódio envolvendo o IG e o Paulo Henrique Amorim (clique aqui para ler sobre esse episódio).
Parece-me que o Luiz Carlos Azenha conseguiu trazê-lo de volta ao mundo virtual.
Clique aqui para acessar o Blog do Mino e adicione-o aos seus favoritos!

O resultado na cidade de São Paulo, por zonas eleitorais

Está no site do Estadão o desempenho dos candidatos à Prefeitura por Zona Eleitoral. Clique aqui para ver.
A vitória de Marta ocorreu nas regiões mais carentes da cidade: extremos da zona Oeste, Leste e Sul.
As regiões Central e Norte optaram por Kassab, sendo que em algumas zonas eleitorais, como na Bela Vista, Marta ocupa o 3º lugar, atrás de Alckmin.
Interessante observar zonas eleitorais nas quais o PT sempre obteve boas votações, como a do Rio Pequeno, por exemplo, na Zona Oeste. Nesta zona Soninha (PPS) tem 5,25% dos votos e Ivan Valente (PSOL) conseguiu 1,04%, considerando os eleitores destes candidatos como potenciais eleitores do PT, Marta teria votos suficientes para superar Kassab nesta área. Aliás, caso não houvesse tais defecções no PT, o partido somaria 37,65%.
Conheça o site de campanha da Marta, clicando aqui e o site do Kassab clicando aqui.

5.10.08

Eleições muncipais, ensaio para 2010?

Clique na capa do livro para obter mais informações sobre ele.


Embora eu não tenha nenhuma confiança nelas (clique aqui e veja a razão), graças ao desempenho das urnas eletrônicas já temos os resultados das eleições municipais na grande maioria das cidades brasileiras.
Num primeiro olhar o PT aparece bem na foto, com destaque nas grandes cidades e nas capitais, ganhando numas e indo para o segundo turno noutras.
Não sei se é rabugice de minha parte, mas parece que as eleições perderam a graça.
Cadê as bandeiras, camisetas, militantes – sem remuneração – e os grandes comícios?
Interessante que as autoridades conseguiram barrar a festa, o que tinha de mais bonito no processo, mas não estacaram a sangria do tal caixa 2, que se tornará caixa 1 de alguns após a posse. É só observar a grana torrada nas campanhas, pelo menos aqui em Sampa!
Nos três maiores colégios eleitorais do país, surpresas.
No Rio de Janeiro a disputa de Eduardo Paes (PMDS, mas até há pouco tempo figura de proa do PSDB) e Fernando Gabeira (o moço candidato da Rede Globo) trouxe alguma surpresa, pois se acreditava numa disputa entre Paes e Marcelo Crivela (PR).
Ponto para o governador Sérgio Cabral. Mais uma estaca no peito da esquerda carioca, com o frágil desempenho do PT, que, de certa forma, receberá a culpa pelo desempenho mediano de Jandira Feghali do PC do B.
Belo Horizonte também terá 2º turno. De um lado o Márcio Lacerda (PSB), apoiado por Aécio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT), tido até alguns dias como imbatível no primeiro turno, e do outro lado Leonardo Quintão (PMDB), que contou com apoio do ministro das comunicações, Hélio Costa.
Já São Paulo Gilberto Kassab (DEM) largar na frente de Marta Suplicy (PT), rumo ao 2º turno.
Expressiva vitória de José Serra e da mídia conservadora e fim de feira para o
picolé de chuchu, Geraldo Alckmin. Como consolo ele conseguiu fazer de seu ex-secretário de educação, Gabriel Chalita, o vereador mais votado de São Paulo.
Embora com um bom tempo de campanha até o 2º turno, Marta começa em desvantagem, pois largou na frente, com uma vantagem considerável – de acordo com todas as pesquisas – e foi perdendo fôlego, enquanto seu adversário, Gilberto Kassab, político com a expressão de um “poste”, só cresceu durante a maior exposição do horário eleitoral.
E estas eleições com a sucessão de Lula em 2010? O tabuleiro está posto e os contendores começam a arrumar as peças.
Com a vitória de Kassab, Serra torna-se o grande nome do PSDB, mas resta saber se isso significará alguma coisa.
Aécio Neves (PSDB-MG) deverá procurar outro ninho, talvez o mesmo de Ciro Gomes (PSB-CE). Será?
Lula continuará apostando suas fichas em Dilma para sucedê-lo? Primeiro temos que esperar o resultado de Porto Alegre, terra da super-ministra do PAC.
E o DEM? Perdeu seu principal nome “jovem”, afinal o ACMinho foi abatido, contra todos os prognósticos, na disputa pela prefeitura de Salvador, lá deu João Henrique (PMDB) e Walter Pinheiro (PT) praticamente empatados no primeiro turno.
O país ficará de olho no 2º turno em importantes capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, pois os resultados nelas indicarão a rota que os partidos e as lideranças políticas traçarão para a sucessão – presidente e governadores – em 2010.

Ainda esperanças no eleito - editorial da CartaCapital

Todos que me conhecem sabem da minha admiração por Mino Carta. Na CartaCapital desta semana ele escreveu texto que, sinceramente, eu gostaria de ter tido a competência de escrever. Fiz algo parecido outro dia (clique aqui para ler) quando tentei explicar para alguns amigos as razões do meu desencanto com o governo Lula, embora ainda o considere o melhor governo da minha existência como ser político.
Seria muito interessante que Lula ouvisse, ou pelo menos lesse o que escreve o jornalista que, afinal, o acompanha desde as jornadas grevistas do ABC, nos distantes anos 70. Mino Carta é muito melhor conselheiro do que muitos que cercam Lula nas reuniões ministeriais.



Ainda esperanças no eleito
Mino Carta

A crise econômica e financeira que abala o mundo não somente desnuda a falácia da religião do deus mercado, mas também oferece uma lição do Congresso americano, capaz de portar-se como convém à democracia dos três poderes iguais e independentes. A despeito do fracasso de Bush júnior, o regime de governo herdado pelos Estados Unidos dos “pais fundadores” às vezes dá sinais de vitalidade.
Comparações com o Brasil não se recomendam, e tampouco seriam justas. A rigor, carecemos de pais fundadores e da experiência determinante da Revolução Francesa. Poucos países são tão desiguais. Quanto à liberdade, é para a minoria, e os três poderes giram por conta própria e com propósitos distintos, como partes de um mecanismo incoerente antes que ineficaz.
Clareza há em um ponto, indiscutivelmente. Se é verdade que o presidencialismo projeta de forma peremptória a figura presidencial, está claro que Luiz Inácio Lula da Silva atingiu um patamar de popularidade nunca dantes navegado. Na semana passada, neste mesmo espaço, destacava seus 70% de aprovação, conforme as pesquisas de opinião. Escassos dias depois atingimos 80%.
Não é arriscado prever que a influência de Lula pesará sobre os resultados das eleições municipais, sem exclusão de uma ou outra surpresa, decerto rara. Esta profunda, transcendente afinação com o povo brasileiro, que também é afinidade, teria de ser aproveitada muito além dos efeitos de um apoio popular destinado à extinção ao cabo do segundo mandato. Nada impede que o sucessor de Lula faça um governo excelente, mas a aprovação das pesquisas não terá os mesmos alcances. Antes de mais nada, porque o futuro eleito não será um ex-metalúrgico que manteve intacta a fé em si mesmo depois de três derrotas seguidas.
Agora, vejamos: quem é Luiz Inácio Lula da Silva? Pouparei os pacientes leitores de lucubrações psicológicas, sem deixar de acentuar o que é evidente na personalidade do presidente, do cidadão e do indivíduo. Lula é um conciliador. Um negociador. São características largamente exibidas tanto nos tempos de liderança sindical quanto na criação do Partido dos Trabalhadores.
Tal foi, aliás, um dos argumentos de CartaCapital, ao optar pela candidatura dele em 2002 e 2006. A contradizer os pavores empresariais que, em 1989, levaram o presidente da Fiesp, Mario Amato, a anunciar o êxodo de centenas de milhares de brasileiros, na expectativa de razias vermelhas caso Lula chegasse ao poder. Lula alimenta a convicção de que inexiste problema passível de não ser resolvido na conversa, e inúmeras vezes provou ter razões para tanto. Resta ver a que preço, pois há conversas e conversas. De todo modo, outro aspecto é transparente na personalidade do presidente: a sua capacidade de resistir. De insistir com tenacidade incansável. De voltar à carga. No Brasil de hoje, sem descurar das conseqüências da crise americana, muitas são as questões que merecem a aplicação deste Lula negociador tenaz. Sobram-lhe dois anos, e é o espaço à disposição para fazer o que não fez até agora, de sorte a apontar o caminho para o sucessor.
Há reformas a serem realizadas para combater o problema mais grave entre aqueles que assoberbam e tolhem o Brasil, a gritante desigualdade. Rui o cassino global criado pelo neoliberalismo, a bem da compreensão de que o dinheiro tem o valor do puro ar se não for alicerçado pela produção, em proveito do desenvolvimento e da distribuição da riqueza. Do ex-operário apoiado por quatro quintos da nação esperam-se passos decisivos neste terreno.
Muito além do Bolsa Família, recurso medíocre e símbolo de uma situação dolorosa. Não pelas razões de quem clama contra as precariedades do assistencialismo, e sim por causa daquilo que de fato representa. Vejo o povo que mergulha debaixo da mesa dos poderosos para colher as migalhas. E é trágico que estas bastem para seduzi-lo. Dois anos é tempo suficiente para grandes empreitadas.


Fonte: CartaCapital – 03/10/2008.

4.10.08

1 dólar




Não sei quem é o autor, mas ficou legal!

Lula chama Sadia e Aracruz pelo nome: especuladores!

Esse é o Lula que mereceu meu voto! Esperava essa coragem dele no enfrentamento com as forças reacionárias que dominam este país, escoradas em velhas estruturas partidárias carcomidas, somadas a outras travestidas de portadores da modernidade e da sabedoria erudita.
Tomara que isso não seja uma fase passageira e, na esteira desse discurso, enfrente Gilmar Mendes, defenestre Jobim e mantenha a Polícia Federal e o aparato repressivo do Estado na linha de frente do combate à corrupção!


Lula diz que não haverá pacote e critica Aracruz e Sadia por "ganância"

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse hoje (4), em São Bernardo do Campo, que as empresas Aracruz e Sadia estavam especulando e por isso tiveram perdas com a valorização do dólar no mercado financeiro brasileiro. Lula negou a adoção de um pacote de medidas para fazer frente à crise financeira internacional e disse que os efeitos serão combatidos com medidas pontuais, quando necessárias.
“Essas empresas, no fundo, no fundo, estavam especulando contra a moeda brasileira. Portanto, não tiveram prejuízo. Elas praticaram, por conta própria, por ganância, esse prejuízo. Portanto, não coloque isso na crise não. Isso é problema delas, que tentaram especular de forma pouco recomendada”, afirmou o presidente.
As duas empresas apostaram na cotação baixa do dólar e realizaram contratos futuros na expectativa da não valorização da moeda norte-americana. Se o dólar caísse abaixo do que foi contratado, as empresas obteriam lucro. A manobra é conhecida como hedge. Mas com a valorização do dólar diante do real, tiveram perdas nas operações, o que motivou a queda de suas ações.
A assessoria de imprensa da Aracruz disse que não iria responder os comentários do presidente Lula. A Agência Brasil não conseguiu, até o momento, falar com a assessoria da Sadia.

Clique aqui para ler a matéria na íntegra.

Brilhante!

Indicação de algumas boas leituras

Final de semana com a obrigação de votar, mesmo que você não se sinta representado por nenhum candidato!
Uma leitura que me chamou a atenção está no site Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha. Uma série de reportagens da Conceição Lemes denuncia o O LOBBY DO AMIANTO EM VISITA A GILMAR MENDES (clique no título para ler). Além desta, existem no site outras sobre o mesmo tema, imperdíveis.
Para quem gosta de cinema recomendo uma navegada no blog Sombras Elétricas (clique no título para acessá-lo).
Pouco se diz do “mar de lama” (já que a grande mídia gosta da expressão...) vigente no Rio Grande do Sul. É um escândalo se sobrepondo ao outro. Mas qual a razão de não lermos nada sobre isso nos grandes jornais do país? Será que é porque o governo do RS é do PSDB? Por isso é bom dar uma passadinha no RS Urgente para saber dos podres dos tucanos do Sul. Clique aqui para lê-lo.
O ótimo Ferréz solta a pena no texto Sobre políticos e Porcos.
No Blog do Rovai uma boa análise sobre a campanha eleitoral municipal e seus possíveis reflexos na campanha de 2010. Clique aqui para ler.
Para ler sobre a campanha que mobiliza a atenção da mídia no mundo, recomendo o blog A Escolha do Próximo Porteiro.