31.10.06

Um dia infernal

Hoje é um dia que me irrita bastante, meu humor despenca de forma impressionante, pior do que aquelas crises mensais, de efeito psicológico claro, que afeta as mulheres ao longo de um bom pedaço da vida.
O nome da irritação é raloim, ou halloween para os devidamente colonizados. Essa comemoração tem o efeito de uma crise de gastrite, combinada com trânsito de véspera de feriado e depois de uma derrota do Corinthians para o Palmeiras.
A cada ano o inferno aumenta.
Aqui no Condomínio é um tocar de campainha a cada 5 minutos, minha mulher corre para atender porque se os incautos caírem em minhas mãos, além de não receberem as malditas balas, receberão um sermão sobre a cultura nacional de aproximadamente meia hora.
O que mais me impressiona é a adesão das escolas, justo elas que deveriam ser o centro de resistência a esse processo de aculturação!
Eu quero o saci de volta, junto com o curupira, o boitatá e toda a turma!
Vejam o que achei num site católico:

Cultura e negócio do terror
Uma cultura de consumo que propicia e aproveita as oportunidades para fazer negócios, sem importar como. Hollywood contribuiu à difusão do Halloween com uma série de filmes nos quais a violência gráfica e os assassinatos criam no espectador um estado mórbido de angústia e ansiedade. Estes filmes são vistos por adultos e crianças, criando nestes últimos, medo e uma idéia errônea da realidade. O Halloween hoje é, sobre tudo, um grande negócio. Máscaras, disfarces, doces, maquiagem e demais artigos necessários são um motor mais que suficiente para que alguns empresários fomentem o "consumo do terror". Busca-se, além disso, favorecer a imitação dos costumes norte-americanos por considerar-se que isto está bem porque este país é “superior”.
Fonte: http://www.acidigital.com/controversia/halloween.htm

29.10.06

No RS: Yeda ganhou, mas nem Olívio nem o PT perderam

Yeda está eleita governadora do RS, com vitória numérica irreversível sobre Olívio Dutra.
Convém fazer uma breve análise para perceber que Olívio e o PT não saem derrotados desta eleição.
A primeira pesquisa do Ibope no primeiro turno colocou uma diferença pró Yeda de 34%. E agora, apurados os votos esta vantagem não ultrapassa 9% dos votos válidos, houve então um crescimento e um fortalecimento extraordinário de Olívio Dutra.

Leia o texto completo no blog da Brisa do Sul...

Lula: rumo ao segundo mandato

Nenhuma novidade, embora uns tresloucados tenham lançado uma corrente de e-mails dizendo que havia uma conspiração envolvendo todos os institutos de pesquisas, Rede Globo, SBT, Record, Band, Folha de São Paulo, Estadão etc. em favor do Lula!
Realmente esses romanos, digo tucanos, não têm limites para a sua imaginação.
Esperava ver nos jornais do final de semana algo como os “aloprados do PSDB”, ou “trapalhões tucanos”, com referência aquele moço lá da minha querida Varginha, que de forma kafkaniana ludibriou a PF – por parcas horas é verdade – e assumiu o lugar que o ET ocupa como estrela maior da cidade.
Nada! Só notinhas toscas.
Pensei também que o jornal Nacional fosse dar destaque na sexta-feira a “barriga” que ele levou, mas qual, nem mesmo um “desculpem a nossa falha, também fomos enganados”!
Já a jornalista-dirigente do PSDB de Pouso Alegre diz candidamente que também foi iludida. Oh!
Interessante que a moça mateve a notícia no ar até sexta-feira à noite, mas hoje tem uma nota de esclarecimento sobre o tema (clique aqui, querendo ler a tal nota).
Nestas eleições os blogs se firmaram com fontes confiáveis, dentre os vários posso citar:
Conversa Afiadablog do Paulo Henrique Amorim
Luis Nassif onlinenem precisa apresentar
Vi o mundo – o que você nunca pôde ver na TVjornalista Luis Carlos Azenha
Franklin Martins – conexão políticatambém não carece dizer quem ele é
Estes são os destaques, mas existem muitos outros, alguns linkados aqui mesmo no blog.
O papel da mídia nestas eleições poderá levar a um debate muito sério sobre monopólios e manipulações, assim espero.
Resta-nos o suspense do 2º mandato de Lula. Será melhor? Teremos um pouco do “velho” e bom Lula de volta? Estará um pouco mais para a esquerda?
Creio que logo após o feriadão começaremos a ter algumas respostas.

28.10.06

Grande desafio

Gente, eu gostaria de lançar um desafio a todos vocês: qual a razão de tanto ódio alimentado diariamente por Clóvis Rossi contra Lula?
Algumas críticas são pertinentes e não digo nem pela dureza da mesma, mas sim pela grosseria, descompromisso com a verdade factual e manipulações rasteiras.
Ainda dentro da Folha de S.Paulo existe a crítica mordaz e dura de Jânio de Freitas. Ele não escreve com a bílis tolhendo-lhe o cérebro como o faz Clóvis Rossi.
Sempre saboreei os textos do Clóvis Rossi, colocando-o entre os melhores da imprensa brasileira, mas foi só o Lula tomar posse que ele começou a desancar o petista, o petismo e todos os atos do presidente.
Lembro-me de uma coluna na qual ele afirmou que foi o dedo de Lula que apertou o gatilho da arma para matar aquele moço – Jean Charles de Menezes – lá em Londres, assassinado pela polícia inglesa num contexto obscuro. Ao lê-la percebi um que de insanidade, mas será só isso?
Está lançado o desafio, anseio por respostas.

Impressões finais

O debate, como os outros, não mudou votos, pode ter ajudado aos indecisos e olhe lá!
Continuo achando que Lula faz mais o jeitão do “gente como a gente”, isso impressiona positivamente uma parte do eleitorado, por outro lado distancia aqueles que preferem um discurso mais arrumado, mais duro, professoral, como é o do Alckmin.
Não posso negligenciar nesse texto o meu voto, ele será dado ao Lula, não por achá-lo o melhor, mas por achar o outro muito pior! Aliás, ouvi isso hoje durante o dia...
Conversava há pouco com meu sobrinho, 14 anos. Ele sentiu que o Alckmin não foi muito objetivo ao responder, na sua maneira adolescente (inteligente) de ver “ele enrolava muito”. Isso causa péssima impressão aos mais atentos, mas agrada aqueles que preferem o desfiar de palavras bonitas que nada dizem, impressiona mesmo!
Fico com a avaliação do Luis Nassif: Lula ganhou por pontos!
O formato foi péssimo! Aquele negócio dos candidatos ficarem rodando de um lado para o outro, valha-me! Só seria interessante se houvesse um bloco destinado a pancadaria, como a idéia não é essa ficou tudo muito estranho.
A idéia de sortear perguntas do povo é boa, com as ressalvas que fiz no primeiro texto, pena que alguns temas tornaram-se redundantes.

Último bloco: será que agora o debate acontece?

Alckmin não conseguiu fazer a primeira pergunta. Levantou a bola pra Lula cortar!
Na réplica Alckmin repisa alguns temas. Como ele permitiu ao Lula falar livremente ele volta a insistir nos programas do governo federal.
Neste momento Alckmin reforça a imagem de PAULISTA, creio que isso não seja bom pra quem tá precisando de voto no país todo.
Lula perguntou sobre o PCC e a FEBEM. Alckmin voltou com a história do dossiê, de forma espirituosa, aproveitando-se de uma frase do Lula. Na fala disse que o PCC não é ligado ao seu partido.
Lula aproveita-se do fracasso da segurança pública em São Paulo e leva a FEBEM junto.
Considerações finais, ufa!
Começa o Alckmin. Ele agradeceu todo mundo, todos os “brasis”!
Centra o discurso na ética e no desperdício. E lá vem Martin Luther King: “eu tenho um sonho...”. Realça o preparo, o passo-a-passo da vida pública.
Lula aproveita-se da ótima avaliação que tem junto à população. Reforça a imagem dos programas de governo: Pro-Uni, cotas, educação, ensino fundamental (espeta o governo do FHC nesse tópico), trata da economia da solidária e da luta contra o preconceito.
Acabou tempo candidato!

27.10.06

3º Bloco! Continua na mesma...

Tema inicial: corrupção!
Alckmin já começou exagerando: “nenhum país do mundo foi pra frente sem erradicar a corrupção...”!
Então ta! Que tal lembrarmos alguns casos da “Meca” – EUA – tucana? Enron, WordCom, ou ainda que tal uma olhadinha na França, Itália etc.?
Será que lá não tem corrupção? O nosso problema não é a corrupção, é a impunidade!
O problema não é político, é da sociedade!
E lá vem o tal dossiê! Só falta chamar o laranja lá da turma do ET de Varginha!
Essa conversa me irrita! Não por imaginar que não exista corrupção no governo Lula, mas sim pelos “professores de ética”, Alckmin e sua base impediram 69 CPIs na Assembléia Legislativa de São Paulo.
O debate sobre impostos é interessante. Lula jogou com muita habilidade a história da guerra fiscal, colocando São Paulo x Minas Gerais.
O outro tema é habitação. O Alckmin começa citando o que fez em São Paulo, como governador, agora quando se mostra as melecas que fez por aqui ele é o primeiro a reclamar e pedir para discutir o Brasil...
Parece que estamos diante de dois santos.
Um vai resolver tudo com mais quatro anos de governo, o outro vai tirar dinheiro do orçamento para fazer os metrôs nas capitais, construir moradia para baixa renda, dar remédio de graça, construir e remodelar hospitais, enfim, vai resolver tudo isso, diminuindo impostos e ainda cortando R$ 90 bilhões do Orçamento!
Último momento da tortura do 3º bloco: legislação trabalhista!
Diagnóstico correto do Alckmin: metade dos trabalhadores está na informalidade! Ora, formalizá-los é a resposta para a “crise” da Previdência!
Alckmin está repetitivo no tocante ao crescimento da economia, será tática?
Lula fez a primeira gracinha, ao lembrar que tem uma moçada no poder desde Cabral.
A frase mais ouvida no debate: "tempo esgotado candidato".

2º Bloco - tá muito chato!

As intervenções dos candidatos continuam inconclusas.
O que mais me chamou a atenção foi a questão sobre a Amazônia. Serviu de “escada” para o Alckmin trazer a história da privatização da Amazônia para o cenário.
Lula passou a bola para o Congresso, o que é verdadeiro e mais, é uma lei amadurecida pelo Ministério do Meio Ambiente durante 3 anos. Poucas são as vozes discordantes dessa lei, embora algumas muito importantes, como o geógrafo Aziz AB’Saber.
Apareceu a questão da segurança!
Agora a “escada” serve para o discurso do Lula, sabemos que este é o calcanhar de Aquiles do Alckmin.
Não há clareza, por parte dos eleitores - na verdade penso que de poucas pessoas - de qual seja o papel do executivo em seus diferentes níveis. Algumas perguntas direcionadas aos candidatos à presidência deveriam ser levadas aos governadores, por exemplo.
O melhor do debate é quando o Lula vai para o “olho no olho” com o Alckmin.
Como isso será visto pelo eleitor indeciso? Coragem? Arrogância?

Começou o debate na "poderosa"!

Formato: ringue de luta!
Conteúdo: neste primeiro bloco, nada de novo!
Os candidatos parecem perus de natal!
A idéia das perguntas partirem do público é boa, mas dá pra confiar na lisura da Globo e do Ibope para escolhê-los?
E o tempo? Sinceramente nem o campeão mundial de resumo consegue responder em 1 minuto e vinte segundos!
O Lula parece que está um pouco tenso, tropeçando na pronúncia ou, as vezes, subindo no palanque.
Alckmin mantém a pose OPUS DEI, dono da verdade absoluta, sem possibilidade de contestação ou pensamento diferente.
Vamos aguardar o próximo bloco.

Vejam a "honestidade" de Veja e da grande mídia, Folha de S.Paulo nesse balaio

Amigos e amigas, meu relógio marca 13H05min. Neste instante acabo de copiar uma notícia da Veja On-line:
Sexta-feira, 27 de Outubro de 2006
Dossiê
Testemunha diz ter dado 250 mil reais a petista Lacerda
27 de Outubro de 2006
Uma nova testemunha no escândalo do dossiê complicou a situação de um dos principais petistas envolvidos no caso. Conforme a fonte, ouvida na quinta-feira em Varginha, Minas Gerais, Hamilton Lacerda, que na época do escândalo coordenava a campanha de Aloizio Mercadante em São Paulo, recebeu 250.000 reais. O valor foi entregue a ele pela testemunha a mando de um empresário.
O empresário é Luiz Silvério, patrão da testemunha - que não teve seu nome identificado para não prejudicar as investigações. Silvério também já falou à PF. A testemunha diz ter recebido 80.000 reais por transferência bancária feita pelo empresário e o resto do dinheiro em espécie. O montante total foi levado até São Paulo - onde teria sido entregue pessoalmente a Lacerda.
A PF agora apura as movimentações bancárias da testemunha na tentativa de confirmar as declarações. O advogado do petista diz que não houve recebimento de dinheiro. A PF acredita que Lacerda entregou o dinheiro aos petistas presos durante operação de compra do dossiê. Ele nega, apesar de ter sido flagrado no circuito de segurança do hotel com malas, onde estaria o dinheiro.

Olhem o que encontrei sobre o mesmo tema, nesta mesma hora:
Folha on-line - Brasil
27/10/2006 - 09h07
PF investiga em Minas padeiro que diz ter levado R$ 250 mil a petista
RUBENS VALENTE
enviado especial da Folha de S.Paulo a Pouso Alegre (MG)
A Polícia Federal investiga o teor de uma entrevista gravada em vídeo pelo padeiro Aguinaldo Henrique Delino, 31, na qual ele afirmou ter ajudado a transportar R$ 250 mil de Pouso Alegre (MG) para São Paulo (SP) para entregar a uma pessoa que ele identificou como o petista Hamilton Lacerda, perto do hotel Ibis, em São Paulo, pouco antes da apreensão de R$ 1,7 milhão pela PF....(clique
aqui para ler o resto, se achar que vale a pena).

Já o Estadão e o Correio Braziliense foram mais honestos:
Estadão on-line
27 de outubro de 2006 - 12:35
PF diz que depoimento de Agnaldo é uma farsa
A Polícia Federal investiga se há interesse eleitoral por trás do depoimento
Vannildo Mendes
BRASÍLIA - Agnaldo Henrique Lima mentiu quando disse que levou R$ 250 mil para o então coordenador da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Hamilton Lacerda, para a compra do dossiê Vedoin. A informação é da Polícia Federal.
"A história é inconsistente e não se mostrou verdadeira", disse o superintendente da Polícia Federal, em Cuiabá, Daniel Lorenz. (clique
aqui para ler a matéria toda, se achar necessário).

CorreioWeb
Dossiê: Depoimento sobre R$ 250 mil é uma falso, diz PF
Da Agência Estado
27/10/2006
12h11 - O ex-produtor de eventos Agnaldo Henrique Lima mentiu quando disse que levou R$ 250 mil para o então coordenador da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Hamilton Lacerda, para a compra do dossiê Vedoin contra candidatos tucanos, informou a Polícia Federal.
“A história é inconsistente e não se mostrou verdadeira”, disse o superintendente da PF em Cuiabá, Daniel Lorenz. Segundo ele, a farsa foi descoberta depois que a PF foi ao banco e constatou que não havia os saques alegados por Agnaldo. Ele será indiciado por falso testemunho. A PF investiga se há interesse eleitoral por trás do depoimento.

Eu soube da história pela rádio CBN, que informou isso pela manhã, ouvi por volta das 11H30min.
Quem apresentou a testemunha “laranja”? Uma funcionária do PSDB de Pouso Alegre, que agora alega ter sido enganada pela falsa-testemunha.
Pois bem, vejamos então: eu, professor, trabalhei pela manhã, ao sair da escola ouvi a notícia no rádio do carro. Fui até a oficina para agendar um conserto do carro, depois fui ao caixa eletrônico, cheguei em casa e fiz um lanchinho (quem me conhece sabe da importância desse item).
Liguei então o computador e já estou com essa notinha pronta para o blog, mas empresas jornalísticas que mantêm edições on-line, com estruturas gigantescas, ainda não conseguiram atualizar suas páginas: Revista Veja, Época e Folha de São Paulo, ou mesmo o "blog do Noblat", aquele mesmo que costuma postar notas contra Lula em cima da hora.
Então tá!

26.10.06

ENTREVISTA – MANUELA D’ÁVILA (publicada em 10/10 na Agência Carta Maior)


"Não acredito que a juventude não goste de política"

Recordista de votos no Rio Grande do Sul, Manuela D’Ávila, de 25 anos, foi eleita deputada federal pelo Partido Comunista do Brasil. Em entrevista, ela fala sobre sua trajetória política e defende que a esquerda precisa reciclar sua linguagem.

Marco Aurélio Weissheimer – Carta Maior

PORTO ALEGRE - Manuela D’Ávila, jornalista de 25 anos, vem sendo apontada como um dos fenômenos da campanha eleitoral deste ano. Mas a palavra “fenômeno” talvez não seja a mais adequada para descrever seu desempenho nas urnas. Ao contrário de alguns candidatos que caem de pára-quedas na política em função de sua visibilidade profissional, Manuela, filha de servidores públicos e comunista, tem muita militância nas costas. Após cerca de cinco anos de militância do movimento estudantil, em 2004, foi eleita vereadora em Porto Alegre, pelo Partido Comunista do Brasil, com 9.498 votos, a mulher mais votada no Estado e a vereadora mais jovem da história da capital gaúcha. Agora, em 2006, foi eleita deputada federal pelo PC do B, com 271.939 votos, a deputada mais votada do Rio Grande do Sul.

Em entrevista à Carta Maior, Manuela conta um pouco de sua história, de sua militância no PC do B e de sua preocupação em renovar a linguagem na política. A esquerda precisa aprender a falar de modo mais simples e claro, defende. Integrante da geração da internet, ela incorporou o instrumento em seu trabalho político. Em seu mandato como vereadora em Porto Alegre, Manuela responde pessoalmente os e-mail’s que recebe. Sua comunidade no Orkut saltou de cem integrantes para mais de quatro mil durante a campanha. O próximo terreno que pretende explorar agora é o uso do Youtube.

A nova deputada federal não acredita que a juventude não goste de política. “Ela não gosta desta política que está aí, baseada na lógica de chefes e caciques”. A esquerda, defende, precisa reciclar sua linguagem, aprender a falar de modo mais claro e não reproduzir dentro dela a lógica dos partidos conservadores. “Os partidos brasileiros são espaços de chefes e caciques. Grande parte da política nacional é dirigida por disputa entre esses caciques. É evidente que a posição dos jovens fica fragilizada neste contexto, a não ser que você seja neto do dono, como é o caso do ACM Neto na Bahia, ou filho do dono, como é caso do Rodrigo Maia, no Rio de Janeiro. Um é neto do dono do PFL na Bahia e o outro é filho do dono do PFL no Rio”.

Veja a entrevista na Agência Carta Maior clicando aqui.

Educação na pauta

Interessante como vários jornalistas valorizaram a pregação do Cristovam Buarque com relação à educação.
Mais interessante ainda é perceber que, passados alguns dias do primeiro turno, ninguém toca mais no assunto, exceto por farpas trocadas entre os dois sobreviventes na disputa eleitoral.
Temos que pensar a educação como um movimento de toda a sociedade. Sem o acesso a uma educação pública de qualidade jamais iremos a lugar algum como nação. Estaremos sempre numa posição subalterna, encolhidos, subservientes, esperando pelas migalhas que nos mandam os países que “pensam”. Seremos eternos executores, mão-de-obra braçal.
Ainda penso a educação como atividade libertadora, talvez por isso o desespero quando olho os programas de governo, dos dois candidatos, e vejo ali somente um alinhavado de boas intenções, que desaparecerão no ar passado o dia 29/10.
Uma luz, tênue, diz respeito a proposta do Lula de fazer da educação à distância uma ferramenta para melhor qualificação e aperfeiçoamento docente.
Claro que isso só não basta, mas um professor melhor preparado saberá exigir os seus direitos como profissional e zelará por uma escola de qualidade, pois será parte integrante dela e do processo educacional.
Os governos de plantão culpam sempre os professores “mal preparados” pela péssima qualidade de ensino. Esquecem de mencionar os péssimos salários e as péssimas condições de trabalho reinantes em grande parte da rede pública, com honrosas exceções.

Expectativas

Hoje (amanhã, dia 27) é a derradeira chance do picolé de chuchu! Ou ele tira coelho da cartola ou já era, inclusive não conseguirá sobreviver com o PSDB, não com o mesmo PSDB de José Serra e Aécio Neves, será a volta do cipó de aroeira, voará pena para todos os lados.
A Globo sempre cuida do suspense. Haverá edição? A manipulação será na cara dura ou “suave”?
E a qualidade das questões? Elas oferecerão aos eleitores oportunidade de refletir mais sobriamente sobre as propostas dos candidatos ou servirão apenas como extensão mais rebuscada do horário eleitoral?
Por falar em horário eleitoral, já passa da hora de reformular esse troço. Coisa mais besta, não serve para nada a não ser vitrine de marqueteiro.
Falando em repensar, outra coisa esquisita é esse “trabalho escravo” para o qual os cidadãos são “convocados” durante as eleições. Deveríamos denunciar o Brasil à OIT por isso.
Aguardemos mais à noite – de amanhã é claro, conforme alertou o atento Riccardo – , vamos ver se teremos algo de qualidade ou a mesma pasmaceira de boa parte da campanha.

24.10.06

Matéria excelente no Blog do Nassif

Matéria excelente no Blog do Nassif

Acaba de ler uma matéria no Blog do Nassif, fresquinha, postada hoje:

“... As eleições de 2006 no Brasil terão o mesmo significado no futuro. O episódio em questão foram as fotos do dinheiro que seria utilizado para a compra do “dossiê Vendoin”. A rigor, as fotos não trariam nenhuma informação adicional para elucidar o caso. São tão informativas quanto qualquer foto de dinheiro amontoado. Esperava-se apenas que a exposição das notas de dinheiro tivesse um efeito eleitoral, como teve a foto do dinheiro encontrado no comitê eleitoral de Roseana Sarney em 2002.”
Para ler o artigo completo, clique aqui.
Excelente a analogia com os acontecimentos da eleição espanhola de 2002. Espero que o diagnóstico sobre a mídia, e as conseqüências dos seus atos, sejam corretos.

22.10.06

Lula aumenta a vantagem, segundo pesquisa do DATAFOLHA

Lula aumenta a vantagem, segundo pesquisa do DATAFOLHA

Eu não consigo entender esses romanos, digo, tucanos! O picolé de chuchu transfigurou-se num lutador de rua no debate de domingo. Logo depois a pesquisa mais “queridinha” dos tucanos anuncia o aumento da diferença entre este e o presidente Lula. ...

Leia mais no Reação Cultural

Votar em Lula ou permitir o retrocesso

Alguns alunos e amigos têm me cobrado com insistência a minha opção e declaração de voto em Lula, já no primeiro turno inclusive.
Embora não dê muita importância a mim mesmo, imagino necessário firmar aqui alguns esclarecimentos.
Começando pelo princípio. Continuo firme na defesa do voto livre, essa obrigatoriedade de comparecer às urnas é uma excrescência, um absurdo! Em 2004 não votei nas eleições municipais e gostaria de ter repetido a ação nestas eleições, só não o fiz por causa das armações da mídia e do conservadorismo representado pela candidatura de Geraldo Alckmin.
Sempre fui crítico com relação a esta visão de que exista um “salvador da pátria”, um “pai dos pobres” ou qualquer coisa parecida. Quando militante dentro do Partido dos Trabalhadores – até 1995 – sempre me bati contra essa opção messiânica.
Partilho daquela visão, fartamente ilustrada nas obras do socialismo, de Marx à Hobsbawm, de que somente a participação popular, por meio das suas associações e com muita criatividade, poderá de fato mudar alguma coisa.
Pois bem, quais são as opções colocadas neste segundo turno?
A candidatura do PSDB/PFL representando o que há de mais arcaico em termos de capitalismo, pendurada no coronelismo caboclo, somada a determinada elite econômica, responsáveis pela situação de atraso e miséria do nosso país, uma vez que sempre estiveram no poder, pelo menos uma banda da coligação.
Governaram o país por 8 anos consecutivos, contado apenas o período “puro-sangue”, sem contar as formações partidárias anteriores, aí já vai pra coisa perto de 21 anos!
Em São Paulo estão no poder há 12, também contado o período puro-sangue, se somado o período peemedebista, partido do qual nasceram os tucanos em 1988, são 24 anos!
Durante esse tempo sempre contaram com o benefício de uma mídia simpática às suas ações, fossem políticas, econômicas ou mesmo nos desmandos.
A outra opção é a candidatura de Lula para um segundo mandato. O primeiro recheado de erros no tocante aquilo que imaginei ser a boa política, voltada para o povo. Continuamos a pagar a dívida externa, religiosamente, a educação continua mais ou menos na mesma, embora tenhamos que considerar alguns projetos como o Pro-Uni, a saúde pública melhorou de forma irrisória e a reforma agrária não saiu da timidez conservadora, como ocorre desde a “Nova República”.
Então minha opção por Lula tem duas pontas, uma é impedir o retrocesso ao reinado do tucanato/pefelê, agravado por uma figura muito pior do que a média tucana que é o picolé de chuchu. Outra é o reconhecimento mesmo que tímido, da ocorrência de alguns avanços no setor social durante o governo Lula.
Saliente-se ainda, que ele não transformou os movimentos sociais em caso de polícia, como foi o caso da maioria dos governos deste país nos últimos 40 anos!
Isso implica desconhecer os desmandos petistas e da tal base aliada? Claro que não! Ou negar o deslumbramento ridículo de fatias do governo com o poder? Claro que não! Ou ainda fingir que não há corrupção neste governo? Claro que não!
Agora não posso aceitar que Heráclito Fortes, ACM, FHC, Geraldo Alckmin, Arthur Virgílio, Garotinho etc. venham dar lições de ética na política ou insinuar, junto com 99% da grande mídia, que a corrupção começou ou é a maior de todos os tempos neste governo.
Por isso minha opção por Lula é, na verdade uma opção contra a outra candidatura, conservadora, impregnada de reacionarismo, pregadora de um falso moralismo idiota.
Também é uma opção contra a mídia conservadora e contra aqueles que dizem que quem vota em Lula é analfabeto ou a parte atrasada do país e quem vota em Alckmin é culto ou a parte moderna do país.
Sinto muito, mas não quero pertencer a esta modernidade!

Imprensa, mas imprensa mesmo que a coisa aparece

Ontem me entreguei a estafante tarefa de ler parte da edição semanal da Revista Veja. Na capa estava uma matéria que me interessou, tratando dos negócios do filho mais velho do presidente Lula.
A matéria é rancorosa, com pouca investigação, poucas provas, mas definitiva: “Lulinha” é lobista, representa interesses da iniciativa privada junto ao governo do pai, além da suspeita de ter passado de um simples monitor do Jardim Zoológico, com salário de R$ 600 mensais, para a posição de próspero empresário com salários estratosféricos.
Tripudiam ainda sobre as respostas que o presidente dá quando questionado sobre a vida empresarial do filho.
Leiam a matéria aqui, caso queiram.
Agora pela manhã estava lendo os jornais, mais precisamente o “Estadão”. Na chamada da edição on-line está estampado: Os negócios do primeiro-filho.
Pensei: aí está a derradeira esperança tucana! Isso mesmo, lançar as suspeitas sobre o filho do presidente, aliás, notícia que freqüentou a mídia em diversas ocasiões nos últimos dois anos. Deu-me a impressão de última cartada, uma vez que na questão política o conservadorismo do Alckmin já está derrotado.
Leiam a matéria, se interessar, clicando aqui.
Mas, para minha surpresa a matéria do “Estadão” está equilibrada, levantando suspeitas onde realmente elas existem, apresentando os lados envolvidos e mostrando as possibilidades de que nada de errado tenha acontecido, com as ressalvas necessárias.
Faz uma análise técnica do negócio da Gamecorp. Não manda ninguém para a fogueira santa, nem o presidente, nem o seu filho e menos ainda as empresas envolvidas.
Um jornalismo dessa qualidade informa e ajuda formar, não aquele que julga a priori e depois apresenta os fatos que referendam o julgamento apresentado.
Mais honesto ainda seria cada órgão de imprensa declinar sua preferência eleitoral em editorial, assim deixariam claras as opções, permitindo um melhor julgamento de suas reportagens e análises por parte dos leitores.

19.10.06

Debate no SBT

Passei por uma experiência nova e interessante, assisti o debate entre Lula e Alckmin na redação do jornal O Estado de S. Paulo, acompanhado por dois eleitores do Alckmin, uma eleitora indecisa e uma outra eleitora do Lula, assim como eu.
Durante o debate éramos perguntados pela jornalista Angélica Santa Cruz, sobre os pontos chaves do debate: postura, programas, signos, “marquetagem” etc.
Este debate foi melhor do que o anterior, mais debate de idéias e postura mais política, no bom sentido, de ambos os candidatos.
A meu juízo Lula levou vantagem, considerados aspectos como desenvoltura, respeito às regras, comunicação direta com o eleitor e perguntas pertinentes em razão da espontaneidade, qualidade que lhe parece natural.
Alckmin não fez a bobagem do primeiro debate. Voltou ao estilo frio, calculista, professoral no sentido autoritário e artificial, embora fugindo de algumas questões mais espinhosas respondendo sem responder, a questões como as do corte orçamentário e da política de segurança pública.
Claro que aqueles que já têm o voto definido farão de tudo para mostrar que o seu escolhido foi o vencedor. Duvido que alguém mude de candidato em razão deste debate, mas aqueles que estão no campo da indecisão, creio, penderam para Lula.
A impressão que tenho é que o PSBD/PFL deixará a corrupção num segundo plano e passará a bater pesado na questão da saúde.
Embora Lula tenha razão em dizer que ela melhorou, a situação é tão ruim que uma pequena melhora, como esta registrada no atual governo, é quase imperceptível para a população, com raras exceções.
Assim o candidato tucano tem como materializar parte de suas “teorias”, afinal é muito fácil mostrar a situação calamitosa da saúde pública no Brasil.
O problema é que ao fazer isso, abre o flanco para comparações diretas com o seu governo em São Paulo: saúde não fica nada melhor do que o plano federal e no quesito educação a situação do estado de São Paulo é lastimosa.
Isso para não falar na questão da segurança pública, ponto abordado por Lula, na medida certa. Se insistir muito nisso o Alckmin posará de vítima, dizendo que Lula explora a tragédia da segurança pública, ao mesmo tempo não pode deixar passar em branco a idéia de “federalizar” o PCC.
Senti muita saudade da estrela vermelha na lapela do candidato Lula, assim como sinto saudades dos comícios com o Zé Geraldo, Grupo União e Olho Vivo, Galo de Briga e de inúmeros artistas do povo que iam de graça encantar as reuniões políticas daquele PT dos anos 80.
Sinto falta da militância pulsando nas ruas, das bandeiras sendo agitadas com crença e não por dinheiro.
Ainda assim vou votar no Lula.

15.10.06

Aula de jornalismo

Uma verdadeira aula de jornalismo do "velho" Raimundo Rodrigues Pereira a matéria de capa da Revista Carta Capital desta semana:

Os fatos ocultos - A mídia, em especial a Globo, omitiu informações cruciais na divulgação do dossiê e contribuiu para levar a disputa ao 2º turno

Se por acaso você não é assinante da CartaCapital, nem teve tempo de comprá-la, clique no título acima para ter acesso a matéria na íntegra!

Boa leitura!

Profissão: professor

Em vários momentos da nossa existência profissional encontramos questionamentos e reclamações sobre a deterioração da nossa profissão.
O professor da rede pública não é suficientemente valorizado pelo seu empregador: o Estado!
Na rede privada a cada dia somamos novidades burocráticas ao estressante trabalho do dia-a-dia, quando não novidades pedagógicas, nem mesmo temos tempo de estudarmos uma e já vem outra, voando!
Será isso reflexo da sociedade atual?
Estive em Cuba no ano de 1997 e quando dizia que era professor era reverenciado, aqui, quase sempre, somos motivo de chacotas.
Na relação com nossos alunos somos o centro da ação, mas na verdade tornamos cada um dos nossos “trocentos” alunos o centro de tudo, lidando em sala de aula com todos aqueles problemas que a família moderna se nega a fazê-lo.
Cabe-nos impor os limites, prepará-los para a vida, embora tenhamos com eles, sempre em grupos, o menor tempo de suas existências cotidianas.
Os pobres coitados pensam que só estamos ensinando geografia, matemática, física, português, inglês, história, biologia, química, artes etc.
Mal sabem que nossas intenções são as mais amplas possíveis, utópicas mesmo: queremos vê-los adultos, sábios, cidadãos, as vezes queremos até que eles façam aquilo que nós não fomos capazes de fazer: um mundo melhor!
E quando somos obrigados a julgá-los, como aperta o coração! Notas que podem significar muitas coisas: alegria, dor, frustração...
Eles não fazem idéia como é difícil!
Nossa profissão parece doença! Não conseguimos parar de pensar em como melhorar o aprendizado, como despertar em nossos alunos a curiosidade pelo saber, o prazer de descobrir coisas novas, quase que encantadas!
Aos colegas de labuta o desejo de que persistam, pelos bons caminhos!

14.10.06

O delegado da PF e a divulgação das fotos do dinheiro

De onde veio o dinheiro?
Pergunta repetida várias vezes pelo tucano-opus dei Alckmin no debate da Bandeirantes, incomoda muita gente atualmente, do governo, da oposição, da imprensa e da polícia.
O blog do jornalista Luiz Carlos Azenha (Rede Globo) ajuda a desvendar, se não a origem do dinheiro, pelo menos as verdadeiras intenções da divulgação das fotos do mesmo.
Dois textos do blog são elucidativos (clique nos títulos para ler a matéria completa):
Delegado combinou com jornalistas versão sobre o vazamento de fotos
A conversa mole de Edmilson Bruno para enrolar repórteres sem-foto
A CartaCapital desta semana está prometendo uma matéria sobre esse episódio:
OS FATOS OCULTOS - A mídia, em especial a Globo, omitiu informações cruciais na divulgação do dossiê e contribuiu para levar a disputa ao 2º turno
É só clicar no título acima para ler uma pequena amostra do texto que está na edição imprensa.

Reforma política

Crise! Esse é o termo mais utilizado na imprensa, nas mesas de bares, nas esquinas, enfim todos nós sabemos das crises, principalmente esta que já faz dois anos, tira o sono daqueles que depositaram no governo Lula esperanças de um país melhor.
Sobre crises podemos enumerá-las aos montes. Grandes crises políticas nos atormentaram e atormentam desde o Império.
A da vez é a da corrupção, deflagrada pela reportagem da revista Veja mostrando um moço do terceiro escalão dos Correios, dizendo que agia em nome do deputado Roberto Jefferson – PTB-RJ. A repercussão da denúncia remeteu a bomba para o colo do presidente Lula.
Teve prosseguimento com a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo e culminou com a tal compra do dossiê contra o Serra – a meu ver grossa armação ou armadilha, como queiram, que petistas afoitos usando de métodos truculentos, tentaram ser mais realistas do que o rei.
Vamos aos fatos: a direita conservadora, no controle de importantes órgãos da mídia, está louca para fabricar a "mãe de todas as crises", que levaria ao impedimento do presidente Lula. Mesmo que ele vença este 2º turno, esse objetivo continuará em cena.
Na verdade podemos procurar o endereço do nascedouro desta, assim como de outras crises no nosso sistema político.
Mas o problema maior não é a corrupção. Há uma crise de representatividade, inerente ao próprio sistema. Não podemos contemporizar com deputados eleitos apenas como chacota ou manifestação da irresponsabilidade de eleitoras e eleitores brincalhões.
Os partidos políticos têm demonstrado que ao chegarem ao governo e na prática dos jogos legislativos, se distanciam dos movimentos vivos e de suas bases sociais.
Não bastasse isso, a representação federativa também se encontra distorcida.
Numa conta simples e rápida descobrimos que aproximadamente 246.000 eleitores têm direito a um deputado, basta dividir o total de eleitores, 125.912.656, pelo total de cadeiras da Câmara dos Deputados, 513.
Assim, São Paulo com 28.037.256 eleitores elegeria 114 deputados, hoje elege 70, enquanto o Acre, com 412.840 eleitores elegeria 2 deputados (vamos arredondar aqui), mas hoje elege 8.
Por isso a reforma política é tão urgente e necessária. Temos que dar um basta aos coronéis, antigos e novos e também construir uma federação de fato.
A reforma política, para mudar nossa cultura, tem que enfrentar alguns problemas centrais:

- voto livre: exerce o direito quem quer, assim os partidos teriam que se preocupar com seus eleitores 24 horas por dia, 365 dias por ano! Essa medida poria a educação política à frente dos marqueteiros;
- financiamento de campanhas: não podemos mais ter financiadores privados, esse financiamento tem que ser público;
- listas partidárias: os votos deverão ser carreados para os partidos, ou seja, para um conjunto de idéias e propostas e não para o fulano ou sicrano;
- fidelidade partidária: se o eleito não comunga mais das idéias do partido que o elegeu tem todo o direito de ir embora, mas o mandato tem que ficar com o partido.
- distribuição do número de deputados de acordo com os eleitores de cada unidade federativa, sem máximos e mínimos.
Tais mecanismos poderiam transformar a cultura política do nosso país positivamente.
Resta saber se os políticos atuais toparão cometer haraquiri!

13.10.06

Problema histórico e generalizado

A corrupção no país é sistêmica, atingindo todos os setores da sociedade, dos mais pobres aos mais abastados, pautando-se quase sempre pela oportunidade. Então temos o jovem rico pagando ao segurança para furar a fila da “balada”, o moço pobre furando a fila na bilheteria do estádio, o bancário subornando o guarda para que ele ignore o desrespeito à lei, o empresário pagando propinas ao funcionário público, deputado, juiz ou qualquer outra autoridade do poder público visando engordar seus lucros.
Não podemos ignorar que a corrupção não é uma via de mão única: se tem um corrupto tem também um corruptor, ambos criminosos.
Além disso, ela é sistemática, ou seja, deve ter começado aí por volta de 1500 e não parou mais. Entra governo e saí governo os escândalos se multiplicam e se renovam. As vezes disfarçados de mega-obra, as vezes disfarçados de caixa 2 – ou dinheiro não contabilizado ou ainda de privatização.
Definitivamente a corrupção não foi inventada pelo governo Lula e muito menos é este o governo mais corrupto da história, a grande decepção fica por conta do seu partido, o PT, ter nascido e crescido empunhando a bandeira da ética e da honestidade na política.
Num rápido passeio por um desses sites de busca na internet, do tipo google, encontraremos referências à corrupção nos governos de Getúlio, JK, Jango, nos presidentes da ditadura militar – claro que, neste caso, bem menos, pois o denunciante poderia pagar com a própria vida – Sarney, Collor, FHC e Lula. Em todas as crises a imprensa trombeteia tratar-se da maior da história.
A sucessão de escândalos neste governo, no entanto foi impressionante e a incapacidade do governo e seu principal partido, o PT, responder a eles de forma convincente, optando pela estratégia do silêncio apostando no esquecimento do eleitor, no que parece ter sido bem sucedido.
Temos que considerar o papel da Polícia Federal, muito mais atuante do que no governo anterior é claro.
Independente dessa atuação podemos lembrar o mensalão (ou caixa 2), a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro lá de Brasília e agora a tal compra do dossiê contra o candidato ao governo do estado de São Paulo, José Serra.
Claro que divulgar documentos comprobatórios ou indicativos de atos de corrupção não é crime, o crime está no método usado para tal e principalmente na origem do dinheiro, uma pequena fortuna de quase R$ 2 milhões em dinheiro vivo.
Assim, quando pensamos que o governo e o PT encontraram fácil o caminho da reeleição do presidente Lula ele mesmo cuida de atirar contra si.
Impressionante!

Artigo publicado na Galileu - Vestibular 2007 - p.42

10.10.06

1º Debate

Não tive condições de assistir o debate de domingo último.
Desde ontem procuro leituras que me tragam um pouco de luz sobre o evento, noves fora a origem, tucana ou petista, dos textos.
Acabo de ler a coluna do Jânio de Freitas (Folha de S.Paulo – Caderno Brasil – 10/10/06). Parece-me que ele obteve sucesso ao descrever o debate, destaco duas passagens do texto:
“O novo modelito apresentado por Geraldo Alckmin determinou o rumo do confronto, não incluindo nele nem uma só idéia ou proposta sua para o eventual exercício da Presidência, nem permitindo que o adversário o fizesse, caso o desejasse mesmo.”
“Geraldo Alckmin, à revelia do que até então aparentara, apresentou-se como um misto de Carlos Lacerda e Fernando Collor. O pior de ambos: a agressividade compulsiva de Lacerda e a arrogância de Collor. A agressividade inquisitiva de Alckmin, até para fazer perguntas insossas e que mal conseguia concluir, não parecia de Geraldo Alckmin, o imperturbável. A ostentação de uma superioridade humilhante lembrou muito pouco, se chegou a lembrar, o Geraldo Alckmin até então apresentado aos eleitores, e muito o Collor do debate com Lula.”

Quem desejar conferir o texto na íntegra é só ler a Folha de hoje, está também na internet, clique aqui para ler, mas só para assinantes da Folha ou do UOL.

Diversão

Mesmo para quem, como eu, está irritado com o resultado das eleições, particularmente aqui em São Paulo, a diversão é necessária. Recebi uma indicação e tenho o prazer de repassar a todos vocês:
http://gerentechuchu.blogspot.com/


Imperdível!

7.10.06

O que as semanais nos trazem nesta semana?

Infelizmente nehuma das revistas semanais apresenta uma análise sobre as pesquisas eleitorais, estava ansioso por ver algo sobre os erros e acertos dos badalados institutos de pesquisas.
Vamos ver então um pouco de cada uma delas.



Vou começar pela famigerada. Advinha quem aparece sorridente na capa? Ele mesmo, o picolé de chuchu, Geraldo Alckmin. Vejam que beleza de chamada:
O fenômeno Alckmin
O tucano dispara na reta final, conquista 40 milhões de votos e chega ao segundo turno com chances de vitória
Clique aqui e leia a matéria completa.
Mostrando que está equilibrada reservou para o Lula a seguinte chamada:
Agora é com a máquina
Atordoado com o segundo turno, o candidato Lula engoliu o presidente Lula – e a campanha engoliu o governo
Para ler a matéria você precisa ser assinante, para sua sorte!
Na seção Brasil a Revista Oficial da Tucanagem apresenta o seguinte sumário:
Eleições: Alckmin tem chance de vencer
O segundo turno provoca pânico na campanha petista
Qual é o verdadeiro Lula?
O plano econômico de Alckmin para o Brasil
O PT saiu enfraquecido das urnas
Como ficam as bancadas na Câmara e no Senado
A volta dos mensaleiros e sanguessugas
Aécio Neves fala a VEJA sobre a eleição
Compensações: Pensões milionárias para "perseguidos" da ditadura

E ainda tem gente que diz que eu que sou parcial! Aliás o enfraquecimento do PT é bastante estranho: tinha 81 deputados, elegeu 83! Eu mesmo fiquei surpreso com esses números, esperava menos.


A revista Época também apresenta o picolé na capa, também sorridente é lógico!
A matéria principal (clique aqui para lê-la) tem o seguinte título:
Como seria o Brasil de Alckmin
Ele chegou com força para disputar o segundo turno contra Lula. Se conseguir ganhar, o que muda?

Uma boa matéria é Almanaque eleitoral, com informações resumidas, infográficos, enfim aquelas pequenas notas, mas interessantes. Clique aqui se tiver vontade de ler a matéria.


A revista Istoé resolveu dar capa para a tragédia do vôo 1907. Aposta na falha humana, hipótese mais citada em todas as entrevistas que li sobre o acidente.
Quanto às eleições a cobertura parece ser a mais equilibrada. Clique no título das matérias caso deseje conhecer a íntegra de cada uma delas:
Brasil escolhe caminho
Em busca dos últimos votos
Uma surpresa esperada
Também temos mais matérias sobre as eleições na edição. Parecem-me que bem razoáveis.


A CartaCapital apresenta uma matéria que deveria servir de exemplo para as demais. O título é EM FOGO BRANDO (clique aqui para ler). Equilibrada, ouvindo todos os envolvidos, com dados objetivos, permeada por algumas linhas de análise.
No EDITORIAL,Mino Carta de forma serena e com equilíbrio, reafirma a opção por Lula no segundo turno sem abrir mão das críticas ao governo.
Na seção A SEMANA o destaque é para o aniversário da Unicamp: 40 anos!
Não deixem de ler Linha de Frente, de Walter Fanganiello Maierovitch, além das colunas de Nirlando Beirão, Sócrates e Gianni Carta.
Imperdível as matérias (disponíveis no site): GREVE DE SEXO NA PERIFERIA e NA LANTERNA DOS VOTOS.

A difícil hora de escolher uma carreira

A difícil hora de escolher uma carreira

Todo ano a história se repete: um monte de jovens prestes a terminar o ensino médio, sem a mínima idéia da carreira que seguirão.
Alguns já fizeram a opção, é certo, em respeito aos desejos e “vocações” familiares e poucos de acordo com seus próprios anseios e desejos.
Lembro-me que quando jovem sonhava com profissões recheadas de idealismo: padre (até os 14 anos); advogado (esse sonho acabou aos 18); jornalismo (gosto da idéia até hoje); ator (ainda sou um pouco) e finalmente professor, não sem antes ter passado por um desvio: gerente de banco.
Com exceção deste desvio pensava que importância tinha a profissão desejada para a sociedade e para minha realização pessoal. Claro que pensava na minha sobrevivência, mas ganhar dinheiro não era o centro da coisa.
Continuo pensando que a importância social do trabalho e da carreira escolhida deve ser acompanhada do desejo de fazer aquilo. Aquilo que chamamos em outras ocasiões de tesão.
Com muito desejo o profissional terá sucesso, conseguindo dignidade na sua sobrevivência, embora não seja suficiente para enriquecer. Mas pergunto: qual o trabalho que, exercido honestamente, enriquece?
Fico triste com a angústia dos meus alunos que estão concluindo o Ensino Médio e sentem-se ansiosos e cobrados por uma decisão. A imaturidade da maioria deles os levará a escolhas complicadas, frustrações e, invariavelmente, alguns se tornarão profundamente infelizes.
Torço muito para que todos eles descubram o caminho da felicidade e da realização pessoal.

6.10.06

Herança Maldita




“_Ah, somos todos irmãos, criaturas inquietas e sofredoras; mas não nos reconhecemos uns aos outros. É preciso outro amor ainda, outro amor...” (Thomas Mann)
As eleições deixam atrás de si o fogo dos interesses, das esperanças e dos sonhos que se transfiguram em euforia e desencanto. Em compensação, chocam-se pela frente, com a maldição herdada do passado colonial, do escravismo e da subalternidade generalizada.
A brecha classe x utopia subsiste. Dos ricos e poderosos, por olharem a realidade como se mandar e explorar fossem um ópio. Dos oprimidos, por não entrelaçarem privações a toda a sua força e revolta.
O “sufrágio universal” suportou distorções chocantes. Mas assustou os primeiros e acordou os últimos. Aqueles, porque descobriram que perdem com rapidez uma tirania secular. Estes, porque a cada volta do tempo sentem aproximar-se o seu momento histórico decisivo.
O “presidente” recebe o impacto dessa maldição, que se dissolve lentamente, de maneira tão sórdida.
Prisioneiro dos de cima, percebe que a “Presidência imperial” também é uma armadilha contra ele. Não fala pela e na nação e se engana com o “somos todos irmãos”.
Sua liberdade de agir fica entre os humilhados aos quais não consegue estender mãos fraternas e solidárias.
Sua autoridade termina onde principia a autocracia da minoria dominante. Ela regula as oscilações de promessas falsas e de opressão real, incrustadas nas instituições quimericamente “constitucionais”.
A maioria composta por assalariados e milhões de destituídos, recorre à submissão ou ao confronto.
Por sua massa poderia pulverizar o sistema que rouba, mente, divide e esmaga. Falta-lhe penetrar no enigma de suas contradições – seu poder de classe e a necessidade de assimilação com os sem-classe, batendo-se com eles por reforma ou revolução.
Ou seja, repudiar a ordem imposta como se fosse “democrática” e todas as falácias nela contidas. A seu favor conta com utopias, que carecem de expurgos e unificação. O econômico, social, cultural e político são interdependentes e instrumentais para converter a luta de classes em fator de desalienação e desemburguesamento.
O “presidente” não está acima dessa pugna redentora. Se pretender-se “neutro”, estará perdido, sem poder para governar. Se ousar “decidir o sentido da história”, acabará tragado pelos que o usam como refém.
Aparecerá, quando muito, como “condottieri” simulado de uma sociedade montada sobre iniqüidades abissais. E facilitará as posições dos homens-lobos, que devoram seus desafetos e impedem sua humanização.
Esse dilema não apresenta saídas. A menos que o “presidente” aprenda que servir à nação implica reconstruir a sociedade civil e o Estado.
Não basta que ele discurse sobre desemprego, fome, ignorância, doença, etc. Urge resolver tais problemas pela transformação do homem, da sociedade e da civilização.
É imperativo vincular os de baixo a batalha política que redima o Brasil da multiplicação da barbárie, liberando-se a si mesmo junto com o povo.

In memoriam
por FLORESTAN FERNADES
Fonte: Folha de S. Paulo – 10-09-1994. p. 1-2
Publicado no site www.espacoacademico.com.br

5.10.06

O cinismo tucano não tem limite

Alertado pelo amigo Marco Antônio fui dar uma bisbilhotada no blog Conversa Afiada do Paulo Henrique Amorim, leiam um trecho da entrevista do Garotinho concedida ao jornalista:
Anthony Garotinho: Eu queria até deixar um outro ponto claro: eu não ofereci apoio, o apoio me foi pedido. Eu recebi um telefone do deputado Michel Temer, perguntando se eu estava disposto a apoiar no segundo turno Geraldo Alckmin, já que no primeiro turno eu apenas declarei o meu voto para Heloísa Helena, mas não apoiei nem fiz campanha para ninguém. Então ele disse: ‘E se o Geraldo te ligar e pedir o apoio?’. Eu disse, ‘eu atendo’. E foi o que aconteceu. Me ligou, me pediu apoio, marcou comigo em São Paulo e eu fui e apoiei, declarei o meu apoio. Agora, o meu Estado aqui, eu acho a estrutura do PMDB muito forte, Paulo Henrique. Eu creio que nós vamos acrescentar aqui um bom número de votos porque o desempenho dele aqui no Rio de Janeiro foi o pior da região Sudeste. Em toda a região Sudeste, ele teve no Rio de Janeiro um desempenho comparado à região Nordeste. Eu creio agora que com a entrada do nosso grupo político, que é um grupo político forte em todo o Estado, inclusive na região metropolitana, essa tendência, diminuir a diferença de votos no Rio de Janeiro e quem sabe até ganhar. Embora o tempo seja muito curto e a diferença foi muito grande, com uma diferença de mais de um milhão e 700 mil votos a favor do Lula, vamos agora conversar com o eleitor, explicar as razões pela qual o eleitor do Rio não pode votar no Lula. Porque o Lula discriminou o Rio de Janeiro.
Ué, mas o picolé jurou que o apoio veio assim, de graça, disse ainda que apoio apenas se agradece... Como é isso? Quem está mentindo, Alckmin ou Garotinho?

Propostas do Alckmin

“Atordoado permaneço atento
Na arquibancada para a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa” ...

Estava lendo Marco Aurélio Weissheimer na Carta Maior e duas passagens do seu texto, Agenda de Alckmin prevê retomada da ALCA e privatizações (clique aqui para ler) chamaram-me a atenção.
A primeira diz respeito às privatizações, vejam:
Outra proposta da agenda tucana para o país que caminha nesta direção diz respeito às privatizações. Em entrevista concedida ao jornal "O Globo" (15 de janeiro de 2006), ao ser indagado se pretendia retomar a política de privatizações implementada pelo governo FHC, Alckmin respondeu positivamente e citou os bancos estaduais entre suas prioridades. “A maioria já foi privatizada, mas deveriam ser todos. Tem muita coisa que se pode avançar. Susep, sistema de seguros, tem muita coisa que se pode privatizar”, respondeu. Perguntado se os Correios estariam nesta lista de empresas privatizáveis, o governador paulista foi mais cauteloso, mas não descartou a possibilidade. “Correios acho que teria que amadurecer um pouco. Tem muita coisa que não precisa privatizar”, afirmou sem especificar quais. E, além das privatizações, acrescentou que pretende valorizar as parcerias público-privadas em um eventual governo tucano.
Interessante que o próprio José Serra, governador eleito em São Paulo, representante da alta tucanagem, não parece concordar integralmente com o seu colega de penas. Por intervenção dele, pelo que tudo indica, o governador Lembo sustou a venda de 20% das ações da Nossa Caixa (banco estadual paulista).
Noutra, mais preocupante ainda, trata da política externa. Leiam o trecho:
Mas uma das principais diferenças em relação ao governo Lula aparece mesmo é no plano da política externa, onde os tucanos criticam a proximidade com o governo de Hugo Chávez, da Venezuela, e defendem a retomada das negociações da Alca com os EUA. Após a palestra realizada pelo presidente George W. Bush, durante sua visita a Brasília, no início de novembro, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM) elogiou a fala do líder norte-americano, destacando a questão da Alca.
Na avaliação do senador tucano, essa aliança comercial é de interesse do Brasil e “deve ser buscada e perseguida e não suportada ou adiada”. Para Virgílio, a Alca surgirá com ou sem o Brasil. “Sem o Brasil, fará a alegria do México”, comentou, defendendo que a prioridade da política externa brasileira deveria fazer um pacto político com os EUA em troca de vantagens comerciais claras, incluindo aí a queda de barreiras alfandegárias.

Assustador. Embora continue achando as propostas do PT e do PSDB muito parecidas no atacado é bom verificarmos algumas no varejo.

4.10.06

Ainda surpreso com as urnas

Ainda surpreso com as urnas

Conforme o temor que me assaltou no sábado, vamos ao segundo turno!
Hoje têm duas entrevistas no Terra Magazine (clique aqui para ler), que matam a pau: PSDB e PT estão muito parecidos!
Para mim a maior diferença ainda é um certo respeito pelos movimentos sociais, espero que Lula conserve esse traço, por parte do PT, enquanto do outro lado os movimentos são tratados como caso de polícia. Além disso, temo pelo conservadorismo reacionário de Alckmin e sua turma da OPUS DEI.
O PT foi forçado, por motivos óbvios, a abandonar o discurso da ética, mas esse discurso na boca dos políticos do PSDB/PFL parece piada.
O que dizer então da história de “gerente”? Primeiro que esse papo não é tão moderno como querem fazer parecer, o velho Adhemar de Barros já usava esse termo. Depois que, gerente como esse, leva qualquer estabelecimento comercial à falência, quanto mais um país.
Continuo enfurecido com a mídia!
Seria muito melhor e honesto se assumissem, nos respectivos editoriais, suas preferências eleitorais. Isso seria justo! Mas a trambicagem que fazem é de arrepiar.
A questão do dossiê é exemplar. Existe um crime cometido por um grupo de petistas: andar com dinheiro por aí, uma bolada das boas, sem justificativas de sua origem. E o crime que está denunciado no dossiê? E as evidências colhidas pela PF sobre a máfia das ambulâncias no governo do PSDB? Isso nos autoriza a suspeitar de Serra? Claro que não! Então por que a imprensa tem autoridade para acusar Humberto Costa?
A suspeita sobre a participação de Mercadante foi para a capa da Folha de S.Paulo e Estadão, mas quando o seu assessor disse na PF que ele era inocente, não deu manchete.
Vocês poderão me dizer, mas claro que o assessor iria defendê-lo! Então vamos ver um caso análogo: o tal Vedoin acusou Serra por meio da entrevista à Istoé, quando ele depôs na PF e retirou as acusações a Folha deu isso em manchete!
Dois pesos e duas medidas. Ou alguém ainda duvida disso!

1.10.06

Querido ex-aluno Anônimo

No início de sua mensagem pensei que você fosse me criticar de forma lógica e consistente, mostrando minha incoerência, afinal escrevi várias vezes que não votaria nesta eleição, assim como não votei em 2004, e agora digo que vou votar no Lula. Mas bastou ler o segundo parágrafo para ver frustrada minha expectativa.
Sua argumentação quanto ao quarto poder merece considerações, é pertinente, embora carregada com um tom de fatalismo um pouco assustador. Poderíamos recordar aqui alguns momentos que esse tal poder teve que se render ao poder do povo. Campanha pela Anistia, Diretas Já... Claro que os exemplos contrários existem em maior quantidade, pelo poder de ressonância dela em alguns setores da sociedade.
Ainda assim você estava indo bem Anônimo, quando de repente, meio assim do nada, resolve desancar a ideologia. Só faltou falar que ideologia era coisa de jurássicos, neo-bobos e fracassomaníacos, como disse aquele Príncipe que nos governou por 8 anos e enterrou nossas possibilidades de chegarmos ao mundo desenvolvido (economicamente falando), pelo menos por algumas décadas.
Para não perturbar muito você e os poucos leitores deste blog fui ao Houaiss e apanhei lá dois significados para o termo:

Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: sociologia.
sistema de idéias (crenças, tradições, princípios e mitos) interdependentes, sustentadas por um grupo social de qualquer natureza ou dimensão, as quais refletem, racionalizam e defendem os próprios interesses e compromissos institucionais, sejam estes morais, religiosos, políticos ou econômicos
Ex.: i. conservadora, cristã, nacionalista
Derivação: por extensão de sentido.
conjunto de convicções filosóficas, sociais, políticas etc. de um indivíduo ou grupo de indivíduos
Ex.: sua i. identifica-se com a dos republicanos

Penso que ela seja importante e você também pensa, pois embora você a coloque na berlinda quando menciona este humilde professor que te responde (mesmo sem saber quem é você), mais adiante você glorifica a sua ideologia: “Como já pude deixar subentendido, minha ideologia é tirar este governo corrupto e que TINHA uma ideologia!”.
Se me permitir, gostaria de corrigir uma referência sua. Fala em “vosso presidente”, mas deveria falar nosso presidente, ele foi eleito pela maioria e pelas regras vigentes do jogo democrático ele é o presidente de todos os brasileiros, inclusive daqueles que não votaram nele.
Quanto aos partidos temo que tenha razão. Por isso não votarei no PT ou PSOL, por concordar contigo no tocante à questão ideológica, mas sem considerá-la um luxo.
Votarei no Lula somente, nem mesmo aqueles candidatos por quem nutro apreço e respeito, como Plínio de Arruda Sampaio, Suplicy, José Eduardo Cardozo e Carlos Neder, só para citar uma “chapa completa”, receberão meu voto.
Também não pergunte qual é o caminho ou solução, não tenho resposta para te dar (mesmo se tivesse não saberia a quem escrever).
Só sei que OPUS DEI não é caminho, repetir 8 anos de desgoverno tucano não é o caminho, destilar preconceito de classe não é o caminho... Repito, para o caso de você não ter entendido: não sei qual o caminho e penso que na atual conjuntura ninguém saiba.
Uma penúltima observação: não sou filiado a nenhum partido político!
Uma última observação: quanto a “ter vergonha” eu poderia concluir esta resposta com a mesma deselegância que você e dizer, por exemplo: tenha dignidade e assine o seu nome naquilo que você escreve; não o farei, em respeito a sua tenra idade, mas não lhe dou o direito de me recomendar “vergonha” e, da próxima vez que postar como anônimo receberá o destino que atribuo normalmente aos covardes: a lata do lixo (no caso virtual).