12.1.19

O golpe já dava sinais de vida em 2007


Considero o momento pelo qual passamos hoje no Brasil como sendo fruto de um golpe de Estado, com origens ainda no primeiro mandato do presidente Lula.
Não como aqueles dos anos de 1950/1960, com os brucutus nas ruas, tanques e mandatos cassados, mas de outro tipo, com apoio da mídia e financiado pelo país hegemônico na América Latina.
Quando as ditaduras destas bandas definharam, nos anos de 1980, as forças democráticas ganharam fôlego e obtiveram sucesso nas urnas, a ponto de, no início dos anos 2000 ocuparem a cadeira presidencial de vários países da América do Sul.
Parecia que a hegemonia dos EUA nesse pedaço do seu eterno quintal estava ameaçada.
Rapidamente a máquina da geopolítica dos EUA se reinventou.
A meu ver o ensaio foi o Mensalão, processo amplamente manipulado pela Mídia e dominado pelo Judiciário. Lula escapou por pouco, mas o estrago na estrutura do PT foi imenso, sem que se conseguisse sequer arranhar o modus operandi do sistema político que permitiu ao país chegar aquele estado de coisas.
O primeiro caso de sucesso apoiou-se numa estrutura do sistema vigente, que fez de Lugo, no Paraguai, sua primeira vítima, num processo de impeachment em tempo recorde. (clique aqui para saber mais)
O impeachment da presidenta Dilma foi a coroação do processo (clique aqui para ler uma excelente análise do impeachment). Teve sua faceta institucional midiática, mas foi alimentado pelas redes sociais e, obviamente, contando com generoso patrocínio de “ONGs” estadunidenses. 
As grandes manifestações de 2013, que não eram só por conta dos R$ 0,20 do aumento da passagem dos coletivos, mas sim “contra tudo isso que está aí” foi o ponta pé inicial.
Não conseguiu impedir a reeleição da presidenta, mas foi fator determinante em tudo que se seguiu até o seu impedimento em 2016.
Fatos semelhantes, com pequenas variações, ocorreram na Argentina e no Equador.
Em 2007 publiquei nesse blog um texto sobre o tema:
As críticas que devem ser feitas ao governo Lula
São inúmeras as críticas que devem ser dirigidas ao atual governo.
Fisiologismo continua sinônimo de governabilidade.
Os praticantes da “democracia de resultados”, aquela que fornece cargos e acesso as negociatas com o dinheiro público, apossaram-se de boa parte da máquina pública.
O executivo mostra-se indeciso para enfrentar o poder da mídia golpista, dos monopólios e do sistema financeiro.
A distribuição da renda e melhoria do acesso aos bens públicos, como educação e saúde, são de uma timidez brutal ante as necessidades do país.
Ainda assim devemos tomar cuidado ao tecer essas críticas, pois corremos o risco de engrossar o caldo da direita raivosa.
Tenho consciência de equívocos cometidos pelo governo e pelo principal partido da base aliada, o PT, mas não consigo perder o temor do GOLPE!
Para ler o texto completo, acompanhado de uma análise de Marco Aurélio Weissheimer da Agência Carta Maior, é só clicar aqui.

8.1.19

Uma breve análise do período petista

Os governos Lula e Dilma trouxeram inúmeros benefícios ao povo brasileiro, mas pouco alteraram as causas estruturais da desigualdade social no Brasil.
Os rentistas continuaram nadando de braçada, não houve reforma agrária, portanto a concentração fundiária continuou nos mesmos patamares.
O ganho real do salário mínimo foi modesto, a diminuição da pobreza e da pobreza extrema, fato mais notável dos governos petistas, se deu por meio do Bolsa Família, por exemplo.
No campo educacional houve significativa expansão do ensino universitário federal e do acesso das camadas mais pobres da população por meio de inovações como o incremento do FIES, a criação do PROUNI e o ENEM como instrumento de ingresso, principalmente nas instituições federais.
O Nexo Jornal elaborou uma série de gráficos com indicadores do período. Reparem como a partir da reeleição de Dilma a coisa desanda. Clique aqui para ler.
Convém lembrar do papel do candidato derrotado, que não só torceu contra (leia aqui e aqui), mas desdobrou-se para impedir as ações de governo no Congresso e as tais pautas bombas (aqui e aqui) do Cunha e asseclas.
Claro que faltou habilidade política para Dilma contornar tudo isso e pesou sobremaneira a estratégia do PT de colocar-se sempre na defensiva, desde o período do Mensalão.