29.3.09

Não há mal que sempre dure...

Com a morte de Fiel Filho a Ditadura vê-se numa encruzilhada.
De um lado um bando de bandidos fardados que quer a que a noite caia sobre nossas cabeças, de outro um bando um pouco mais racional, que vê no novo cenário internacional (crise da dívida externa, luta pelos direitos humanos, pressões internacionais por liberdades civis, luta pela anistia, pela constituinte...) e no cenário interno a impossibilidade de uma grande prorrogoção dos desmandos, sem que perdessem importantes aliados.
Assim começam com a história de uma "abertura lenta, gradual e segura".
Os meliantes do aparelho repressivo, inconformados, alimentam o esquadrão da morte no aparelho policial e paramilitares passam a aterrorizar entidades da sociedade civil.
Neste quadro, vejam a dignidade de D.Paulo:
"Recordando a morte do jornalista Wladimir Herzog, eu me menciono sobre três pontos que parecem fundamentais. O primeiro foi a busca. Saber se ele estava preso e, se estava, onde se encontrava. Foram telefonemas a todas as autoridades, desde o governador até o general Golbery (do Couto e Silva, chefe do gabinete civil no governo Geisel) e nada conseguimos fazer Ele estava morto. O segundo momento foi a preparação para o ato ecumênico. Foi um ato judaico dirigido pelos cristãos, todos unidos para dizer: "a revolução estava matando". Depois chegou o terceiro momento, quando um operário da zona leste de São Paulo foi preso e desapareceu. De repente nos chegou a notícia de que ele havia morrido. Era Manoel Fiel Filho. Ele se tornou o símbolo da resistência operária contra a violência. Em todos os lugares de São Paulo houve manifestações religiosas e manifestações patrióticas. Daí para a frente a Igreja e os operários lutavam por uma só causa, assim como o povo, que começou a lutar pela liberdade do Brasil."
D. Paulo Evaristo Arns cardeal-arcebispo de São Paulo
Este depoimento está no Alô Escola da TV Cultura, leia mais um pouco:

Dentro desse contexto, o governo do general Ernesto Geisel deu início a o que chamava de "abertura lenta, gradual e segura". Em 79, já durante o governo do general João Figueiredo, foi aprovada no Congresso a lei de anistia aos presos políticos e aos exilados, e também aos torturadores do regime militar.
Para ler mais clique aqui.

27.3.09

Manoel Fiel Filho: uma homenagem

Felizmente já temos farto material na Internet sobre os desmandos dos ditadores brasileiros.
Infelizmente o governo não ousou confrontar os milicos e abrir a documentação oficial, muito mais farta, sobre esse período sombrio. Enquanto isso não acontece tenho certeza de que muita coisa se perderá.
Dentre as lembranças destes tempos amargos, devemos destacar alguns assassinatos.
Não que uma ou outra morte tenha mais importância do que as demais. Algumas delas marcaram momentos de muita tensão e de sinais de mudança.
A de Vladimir Herzog primeiro e a de Manoel Fiel Filho depois.
Hoje registro a morte de Manoel. Operário, simpatizante do PCB e apenas isso, apanhou até morrer nas celas do DOI-CODI.
Vejam matéria do Vermelho.org em 17/01/2006:


Manoel Fiel Filho cometera em meio à ditadura militar o "crime" de receber das mãos de seu camarada Sebastião de Almeida o jornal "A Voz Operária". Foi preso no dia 16/01/1976 por dois agentes do DOI/Codi para onde foi levado e torturado sob acusação de pertencer ao PCB. No dia seguinte (17/01/1976) foi acareado com Sebastião e nada confessou. Foi novamente torturado, desta vez até a morte.
Nota oficial afirmava que havia se enforcado na cela com as próprias meias. Entretanto, segundo companheiros de trabalho de Manoel, no momento em que foi preso ele estava de chinelos. Posterior análise do corpo identificou hematomas generalizados, principalmente na testa, pulsos e pescoço, sinais evidentes de tortura. Sua morte comoveu e revoltou o país, culminando por obrigar o então presidente nomeado, general Ernesto Geisel, a exonerar o comandante do segundo exército, General Ednardo D’Ávila Melo.
Em ação judicial movida pela família, a União foi responsabilizada por tortura e assassinato.
Leia a seguir breve biografia de Manoel Fiel Filho feita pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, por ocasião do lançamento do livro "Manoel Fiel Filho: quem vai pagar por este crime?", Editora Escrita, encontrado no antigo arquivo do Deops/SP (fonte: Grupo Tortura Nunca Mais):

Clique aqui para ler a matéria na íntegra.

25.3.09

Banqueiros e FIESP também financiaram a repressão

Este texto foi retirado da Revista de História da Biblioteca Nacional, de 01/12/2007, disponível aqui.
Os homens do porão
Financiados por empresários e lançando mão de meios brutais como a tortura, agentes da Oban conseguiram aniquilar todos os grupos armados que se opunham ao regime militar

Mariana Joffily

No dia 1° de julho de 1969, em agradável coquetel de drinques e salgadinhos, com a presença de autoridades civis e militares, foi inaugurada em São Paulo a Operação Bandeirante (Oban). Seu objetivo: destruir os grupos de esquerda que atuavam no país. Financiada por empresários ligados à FIESP e banqueiros que sentiam seus interesses ameaçados, a Oban agregou militares e membros de todas as forças policiais em um passo decisivo para o endurecimento do regime militar.
Encerrada a fase das grandes passeatas estudantis e das greves operárias anteriores ao Ato Institucional nº 5 (13 de dezembro de 1968), surgiam novas formas de luta contra o regime, promovidas por organizações clandestinas de esquerda. Algumas delas defendiam as ações armadas; outras não, mas todas tinham em comum a oposição ao governo e a defesa do socialismo como sistema político. Embora o novo órgão repressivo fosse composto por efetivos de origem policial e contasse, em seus quadros, com membros das três forças armadas, eram os oficiais do Exército que o comandavam. A convivência entre essas duas categorias – militares e policiais civis –, dentro da mesma Oban, nem sempre era fácil. Os policiais achavam que os militares eram brutos e inexperientes em investigações. Estes, por sua vez, consideravam os policiais corruptos e incapazes. Por que então reunir em um só órgão indivíduos com estilos de trabalho tão conflitantes? A explicação encontra-se na maneira pela qual o governo militar encarava a oposição naquela época.
O poder constituído lutava, então, contra um novo tipo de adversário: o “inimigo interno”, entidade nascida no âmbito da Guerra Fria, quando o bloco capitalista (liderado pelos EUA) opunha-se ao bloco socialista (liderado pela União Soviética) e uma nova modalidade de guerra, a “guerra revolucionária”, colocava em campos opostos cidadãos de um mesmo país. O "subversivo", ou "terrorista”, era considerado um elemento extremamente perigoso. Na visão do Exército, agia de “forma insidiosa” com o objetivo de desestabilizar, com suas “táticas traiçoeiras”, o regime militar. Tal perspectiva justificava a utilização de variados métodos de tortura nos interrogatórios. Ao capturar um suspeito, era preciso obter dele, o mais rápido possível, informações que levassem a outros militantes, estabelecendo-se a partir daí uma cadeia de prisões sucessivas.
A Oban especializou-se na captura e no interrogatório de suspeitos de subversão. Os agentes que lá trabalhavam seguiam uma orientação muito distinta da estabelecida em suas unidades de origem. Não podiam usar corte de cabelo militar e nem circular fardados. Utilizavam codinomes, para confundir as pessoas e impedir que fossem identificados. Deixavam seus cabelos e barbas crescerem e vestiam-se à paisana para que pudessem infiltrar-se em ambientes freqüentados por militantes de esquerda. Suas atividades eram sigilosas até para os familiares. Circulavam pela cidade em carros de “chapa fria”, isto é, com registro falso, razão pela qual muitas vezes eram detidos pelos próprios colegas, que os confundiam com os suspeitos. Justificava essas medidas o fato de estar diante de um inimigo incomum e, por isso, ter de agir como ele, de forma não convencional.
Ainda que lançando mão de meios irregulares, ilegais e quase sempre brutais, a Oban obteve êxito na sua missão. Em pouco tempo, as organizações de esquerda foram sendo desarticuladas e destruídas uma a uma. Com base na experiência paulista, o Exército decidiu não apenas consolidar sua presença e atuação, mas também, mudando o nome da organização, expandir suas atividades a outras capitais do país. Entre 1970 e 1974, foram instituídos os Destacamentos de Operações de Informação – Centros de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), (que substituíram a Oban), em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Belém, Fortaleza e Porto Alegre. Ao DOI cabia investigar, prender, interrogar e analisar as informações. O CODI, dirigido pelo chefe do Estado-maior do Exército, era incumbido de planejar, controlar e assessorar as medidas de defesa interna, incluindo a "propaganda psicológica" – considerada também como importante arma de combate à guerra revolucionária. Sua principal função consistia em evitar que houvesse duplicidade de esforços, coordenando as ações dos diversos órgãos repressivos.
Os interrogatórios do DOI duravam noite e dia. Três turmas, compostas por seis agentes sob o comando de um oficial, revezavam-se em turnos de 24 horas, com 48 horas de folga. O ritmo de trabalho era intenso, conforme o relato de um ex-agente: "Eu ficava lá todo o tempo, não tinha vida pessoal, tudo o que fazia se relacionava à minha atuação no DOI”. O turno começava às oito horas da manhã, quando se dava a troca das equipes, e só terminava às sete horas do dia seguinte. Quem orientava os interrogatórios era a Sub-seção de Análise de Informações. Seus agentes tinham por missão ler atentamente os depoimentos e cotejá-los com informações recebidas de vários órgãos.
Um general chegou ao cinismo de afirmar, numa entrevista, que o nome do órgão era muito apropriado, porque "DOI" evoca dor. Embora não admitida oficialmente, a tortura era uma prática rotineira dentro do DOI. Os agentes aplicavam os castigos de forma profissional e “científica”. Médicos e enfermeiros avaliavam as condições físicas do interrogado, para saber se podiam sofrer novas sevícias. Os torturadores, por sua vez, tinham de se enquadrar a determinado um determinado perfil psicológico. Tinham de ser necessariamente violentos, mas sempre mantendo certa dose de calma e frieza, pois ao contrário perderiam a "superioridade" em relação ao interrogado. Enquanto os torturadores procuravam arrancar a "verdade" dos presos políticos, os agentes de análise iam avaliando, como se juntassem as peças de um quebra-cabeças, o teor das informações obtidas, para prender outro suspeito ou “estourar” um novo “aparelho”, como eram chamados os locais de moradia ou de encontros utilizados pelos ativistas de esquerda.
Às vezes, um e outro interrogado não resistia aos excessos do torturador e morria. Não podendo admitir que presos políticos perdessem a vida em dependências do Exército, os agentes do DOI apelavam para falsas versões: "morte em tiroteio", "morte por atropelamento", "suicídio" ou "tentativa de fuga" eram as mais comuns. Como esses argumentos foram ficando desgastados e pouco críveis, recorreu-se ao expediente do “desaparecimento”. A passagem do preso pelo DOI era oficialmente negada, e seu corpo enterrado como indigente, numa vala clandestina.
A Ação Libertadora Nacional (ALN), o Partido Comunista Revolucionário Brasileiro (PCBR), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), a Vanguarda Armada Revolucionária (VAR Palmares), o Partido Operário Comunista (POC) e muitas outras entidades de esquerda tiveram militantes assassinados. Mas, à medida que essas organizações eram desmanteladas, outros alvos tinham de ser estabelecidos para justificar a necessidade permanente de um órgão dessa natureza. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) mantivera durante o regime militar uma postura pacífica. A perseguição aos seus integrantes deu-se dentro de uma conjuntura de disputa interna dos militares entre os setores da "linha dura" – defensores do endurecimento do regime – e o governo do general Ernesto Geisel, que defendia uma abertura política "lenta e gradual".
Alguns dirigentes do partido já tinham sido assassinados em centros clandestinos de tortura, mas a opinião pública pouco soube a respeito. Como a conjuntura política mudou, o mesmo não ocorreu com a morte do jornalista da TV Cultura Vladimir Herzog, no dia 25 de outubro de 1975, na sede do DOI, em São Paulo. O episódio provocou grande comoção nos meios intelectuais do país, fazendo eclodir uma crise entre o governo Geisel e os órgãos de repressão. Pouco tempo depois, um operário chamado Manoel Filho foi assassinado nas mesmas circunstâncias, o que levou à deposição, pelo presidente Geisel, do comandante do II Exército, general Ednardo D'Ávila Mello. Tal medida não impediu a ocorrência da chamada "chacina da Lapa”, em dezembro de 1976, quando três dirigentes do Partido Comunista do Brasil (PC do B) foram assassinados durante uma operação conjunta realizada pelo DOI e outros órgãos da repressão.
Após esse episódio, embora seus agentes continuassem interrogando e torturando presos políticos, não se registraram mais vítimas fatais na sede do DOI paulista. Aos poucos, com o processo de redemocratização, o órgão foi sendo esvaziado de suas funções, com seus agentes sendo transferidos para outras unidades policiais ou militares. As atribuições do órgão foram em certa medida incorporadas pela Sub-seção de Operações do II Exército. No final do governo do general João Batista Figueiredo, o DOI foi oficialmente extinto. Alguns dos agentes passaram a promover, a partir daí, de forma clandestina mas muitas vezes com apoio de setores militares, atentados terroristas contra a população civil e entidades afinadas com os princípios da liberdade e dos direitos humanos, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Era uma tentativa desesperada de frear a abertura política, mas não tiveram êxito. Embora tenham vencido a batalha contra as esquerdas, não conseguiram impedir a retomada do projeto democrático, entrando para a história como personagens macabros de um tempo obscuro, cujas feridas ainda hoje não cicatrizaram inteiramente.

Mariana Joffily é doutoranda em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) com a tese No centro da engrenagem: os interrogatórios da Oban e do DOI de São Paulo (1969-1975).

Os arquivos da repressão
Não se conhece a existência de arquivos específicos da Operação Bandeirante ou do DOI-CODI, embora esses órgãos tenham produzido farta documentação. Porém, é possível ter acesso aos documentos enviados pela Oban e pelo DOI ao DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) paulista. A esse organismo, que existia desde 1924, cabia a realização do interrogatório oficial – a partir dos dados já fornecidos pela Oban – e a montagem do inquérito a ser enviado à Justiça Militar. A série Dossiês (1940-1983), que compõe o acervo do DOPS São Paulo, contém, entre outros, o Dossiê 50-Z-9, constituído de 236 pastas. Nestas, encontra-se uma variedade muito grande de documentos, oriundos dos mais diversos órgãos de informação e repressão, arquivados dentro de uma lógica difícil de reconstituir. Essa miscelânea de documentos de toda ordem – "pedidos de busca", "fichas de antecedentes políticos", "boletins do SNI", "informes" (informação bruta), "informações" (informação confirmada), "fichas individuais de identificação de presos", relatórios, interrogatórios preliminares, recortes de jornal e outros – comprova a intensa troca de notícias e dados entre as mais diversas esferas do sistema repressivo.

Saiba mais - Bibliografia:
AQUINO, Maria Aparecida de; MATTOS, Marco Aurélio Vannucchi Lemes de; SWENSSON JR., Walter Cruz (orgs.). A alimentação do Leviatã nos planos regional e nacional: mudanças no DEOPS/SP no pós 1964. São Paulo: Arquivo do Estado de São Paulo/ Imprensa Oficial, 2002.
D’ARAUJO, Maria Celina; SOARES, Gláucio Ary Dillon; CASTRO, Celso (orgs.). Os anos de chumbo: a memória militar sobre a repressão. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.
FICO, Carlos. Como eles agiam. Os subterrâneos da ditadura militar. Espionagem e polícia política. Rio de Janeiro: Record, 2001.
GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

Saiba mais - Filmes:
Pra Frente, Brasil – Roberto Farias – 1983
Que bom te ver viva – Lucia Murat – 1989

Saiba Mais - Sites:
Desaparecidos políticos: www.desaparecidospoliticos.org.br
Ditadura militar: www.gedm.ifcs.ufrj.br
Grupo Tortura Nunca Mais RJ: www.torturanuncamais-rj.org.br
Terrorismo Nunca Mais (site de ex-agentes de repressão): www.ternuma.com.br

24.3.09

A educação durante a Ditadura Militar

Uma das páginas mais intrigantes do período da Ditadura Militar no Brasil é o tal acordo MEC-Usaid.
Até mesmo para os pesquisadores da área o acesso a documentação sempre foi restrita. Alguns defensores da ditadura alegam inclusive que ele é uma de ficção, coisa dos comunistas infiltrados na mídia e nas Universidades.
No entando existe um livro disponível na Internet que trata do tema, servindo ainda como ótimo instrumento de contextualização do período: Beabá dos MEC-Usaid, de autoria de Márcio Moreira Alves - clique aqui para ver o discurso do jovem deputado, usado como desculpa para a decretação do AI-5.
Leia abaixo parte da introdução do livro:

A tentativa de dominação do futuro das gerações brasileiras pela imposição de um sistema de ensino baseado nos interêsses norte-americanos tem sido denunciada nas ruas pela juventude. Mas a denúncia e, sobretudo, o esclarecimento que pode sair dos debates concretos, são prejudicados pela falta de informações objetivas, pelo muro de silêncio que em tôrno de seu
trabalho de entrega da soberania nacional o Govêrno tem erguido. Poucos são os que conhecem os textos dos acôrdos firmados entre a USAID e o Brasil no setor educacional. É possível que nenhum brasileiro, autoridade governamental ou não, tenha uma visão conjunta do sistema que êles começam a consolidar. É certo que ninguém sabe que medidas estão sendo tomadas em decorrência dos planos por êles estabelecidos.
Creio que o intelectual médio no Brasil de hoje tem o dever de ser essencialmente um documentarista. A contribuição mais efetiva que pode dar ao progresso do País é recolher documentos e pronunciamentos oficiais esparsos, classificá-los em uma seqüência lógica,
comentá-los de forma mais ou menos abreviada e colocá-los à disposição do público como material para estudos e debates. Em uma terra onde os meios de comunicação de massa são influenciados, quando não completamente controlados, pelos interêsses estrangeiros e onde o Govêrno, que a êsses interêsses serve, sonega ao povo informações fundamentais, acredito
importante êste tipo de publicação.
Não bastasse o livro, excelente, o prefácio de Lauro de Oliveira Lima é qualquer coisa de fantástico, ainda mais por percebermos que é atual, ainda hoje.
É só cliar aqui para ter acesso ao livro.
Clique aqui e leia uma interessante cronologia das mudanças educacionais ocorridas durante a Ditadura.

22.3.09

AI - 5: a ditadura oficializa o que já praticava

Ontem (13/12) o Ato Institucional nº 5 fez 40 anos.
Em 13 de dezembro de 1968 os bandidos que derrubaram o governo legítimo de João Goulart, puseram no papel aquilo que já praticavam desde o fatídico 1º de abril de 1964: terror de Estado, tortura, censura e tudo o mais que os fardados e os civis boquirrotos ousaram fazer, com apoio de uma parcela da classe média insossa e ignorante e de uma mídia alinhada com os EUA.
Nossa elite de merda temia perder uns poucos anéis com as Reformas de Base propostas pelo governo de João Goulart.
A mídia nativa, tão cretina quanto hoje, com Carlos Lacerda e os Mesquita à frente, compunham editoriais alertando para o perigo “vermelho”, brandindo contra o presidente “comunista” – como se um latifundiário, da estirpe de Jango, pudesse ser comunista!
O Estado de S. Paulo produziu caderno especial sobre o AI-5. Clique aqui para ouvir, ver e ler. O material é, do ponto vista técnico, excelente, pena omitir o papel do próprio jornal no golpe de 64 e, ainda por cima, nos dá a impressão, em muitos momentos, que tudo eram flores entre 64 e 68 e, somente depois do AI-5 a liberdade foi cerceada. Não foi assim. Veja, por exemplo, o texto do AI nº 1 clicando aqui, ele data de 9/4/64.
Clique aqui e leia especial na Agência Brasil. Preste atenção aos links indicados, particularmente neste, que comenta sobre o papel da OAB neste episódio de tão amarga lembrança para os brasileiros.
O melhor texto, que nos dá a exata dimensão desse crime hediondo cometido pelos bandidos, de farda e também pelos sem farda, é o editorial de CartaCapital desta semana assinado por Mino Carta.
Lá pelas tantas Mino diz o seguinte:
“Diz o Estadão no seu suplemento que a sociedade brasileira apoiou o golpe. Que sociedade, caras-pálidas? Agrada-me, entre parênteses, usar o lugar-comum, tão apropriado, no entanto, para acentuar a palidez dos rostos privilegiados. Sim, a sociedade dos clubes faustosos, dos bairros elegantes, das redações abastadas, e do seu time aspirante, sequioso de ascensão. Enfim, dos democratas da democracia sem povo.”
Clique aqui para ler na íntegra, texto imperdível.
O Rodrigo Vianna fez ótima matéria na TV Record sobre o tema, clique aqui para vê-la.
O que mais me deixa triste é notar que tais episódios, essenciais para compreendermos nosso país, estão banidos dos programas de História da escola básica. Parece que não existiram. Costumo brincar com os amigos professores de cursinho que a História do Brasil termina em Getúlio Vargas. Espero que a ousadia de algumas instituições, que têm cobrado o período mais recente da nossa história nos seus exames de ingresso, contribua para uma melhor reflexão sobre esses temas.

Para entender um pouco mais sobre o tema ou personalidade, basta clicar no título:
Atos Institucionais
Reformas de Base
Ditadura Militar no Brasil
Carlos Lacerda
João Goulart

No Youtube
Comício da Central do Brasil
Ditadura Militar no Brasil
Discurso de Márcio Moreira Alves

Este texto foi publicado em 14/12/08.

21.3.09

Não se cala a consciência e um povo!


A nobreza de D.Paulo é contagiante!

Importante observar a ignorância da "autoridade" policial, muito bem representada pelo Cel. Erasmo Dias.

20.3.09

A resistência pela arte

Um ponto forte da resistência à ditadura militar foi a produção artística.
Música, teatro, literatura e até mesmo a TV serviram de palco para o protesto dos artistas contras as arbitrariedades cometidas pelos generais e seus asseclas.
Vejam abaixo:




19.3.09

Operação Condor

Operação Condor eliminou fronteiras da repressão política

Condor é uma ave típica dos Andes e símbolo do Chile. Mas é também a ave com a arte da astúcia na caça às suas presas. Foi este o nome que se tornou a marca da unidade sanguinária dos serviços de segurança das ditaduras do Cone Sul na década de 70. A Operação Condor teve no ditador chileno, general Augusto Pinochet, seu grande articulador - e o chefe do seu serviço secreto, a Dina, o coronel Manuel Contreras, o executor. Era um acordo operacional onde as fronteiras entre, inicialmente, Chile, Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil deixaram de existir para operações de caça, captura, tortura e assassinatos de adversários políticos dos regimes daqueles países. A reportagem é de Maria Inês Nassif e publicada no jornal Valor, 11-12-2006.
O Brasil, que iniciou em 1964 seu último período de treva totalitária - que se estenderia até 1985 -, deu os primeiros passos para a articulação anticomunista na região. Em 1970, com medo de "sovietização" da Bolívia, ofereceu aos adversários do presidente Juan José Torres dinheiro, aviões, armas e até mercenários e permissão para instalar áreas de treinamento em território brasileiro perto da fronteira. O golpe de Estado preparado pelo general Hugo Banzer teve apoio logístico do Brasil.

Clique aqui para ler o texto na íntegra.

18.3.09

A grande mídia e o golpe de 64

Texto da Agência Carta Maior:


A grande mídia e o golpe de 64

Ao se aproximar os 45 anos do 1º de abril de 1964 e diante de tentativas recentes de revisar a história da ditadura e reconstruir o seu significado através, inclusive, da criação de um vocabulário novo, é necessário relembrar o papel – para alguns, decisivo – que a grande mídia desempenhou na preparação e sustentação do golpe militar. A análise é de Venício A. de Lima.

Venício A. de Lima

No debate contemporâneo sobre a relação entre história e memória, argumenta-se com propriedade que a história não só é construída pela ação de seres humanos em situações específicas como também por aqueles que escrevem sobre essas ações e dão significado a elas. Sabemos bem disso no Brasil.
Ao se aproximar os 45 anos do 1º de abril de 1964 e diante de tentativas recentes de revisar a história da ditadura e reconstruir o seu significado através, inclusive, da criação de um vocabulário novo, é necessário relembrar o papel – para alguns, decisivo – que a grande mídia desempenhou na preparação e sustentação do golpe militar.

Referência clássica
A participação ativa dos grandes grupos de mídia na derrubada do presidente João Goulart é fato histórico fartamente documentado. Creio que a referência clássica continua sendo a tese de doutorado de René A. Dreifuss (infelizmente, já falecido), defendida no Institute of Latin American Studies da University of Glasgow, na Escócia, em 1980 e publicada pela Editora Vozes sob o título “1964: A Conquista do Estado” (7ª. edição, 2008).
Através das centenas de páginas do livro de Dreifuss o leitor interessado poderá conhecer quem foram os conspiradores e reconstruir detalhadamente suas atividades, articuladas e coordenadas por duas instituições, fartamente financiadas por interesses empresariais nacionais e estrangeiros (“o bloco multinacional e associado”): o IBAD, Instituto Brasileiro de Ação Democrática e o IPES, Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais.

Clique aqui para ler o texto na íntegra e na fonte original.

17.3.09

Porque lutamos! Resistência à Ditadura Militar"

O Documentário "Porque Lutamos! Resistência à Ditadura Militar" traz a história do estudante Alexandre Vannucchi Leme, que foi preso, torturado e assassinado pela ditadura militar do governo do general Emílio Garrastazu Médici, em 1973.
São sete pessoas que contam suas trajetórias de luta, de como atuaram pelo fim da ditadura militar e o que representou, para os movimentos e as organizações de esquerda, a morte de Alexandre.

Direção: Fernanda Ikedo
Contato: fernanda.ikedo@gmail.com

Clique aqui para acessar as outras partes do documentário.

16.3.09

Movimento de combate à corrupção eleitoral

No final de semana estive com os meus pais.
Eles participam das atividades da paróquia dos Santos Mártires, igreja atuante no Jardim Ângela sob a liderança do Pe. Jaime Crowe.
Estão engajados na coleta de assinaturas para apresentar um projeto de lei de inciativa popular para aprimorar mecanismos de combate à corrupção.
Compensa dar uma olhada no site:
Nele você encontra inclusive o formulário para coletar assinaturas e somá-las ao projeto.

13.3.09

13 de março de 1964

Comício das Reformas
Concentração popular, também conhecida como Comício da Central do Brasil, realizada no Rio de Janeiro no dia 13 de março de 1964, em frente à estação ferroviária Dom Pedro II, também chamada Central do Brasil, na praça da República. Organizada por líderes do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), congregou cerca de 150 mil pessoas, incluindo membros de entidades sindicais e outras organizações de trabalhadores da cidade e do campo, servidores públicos civis e militares, estudantes e demais camadas populares. Tendo por finalidade demonstrar a decisão do governo federal de implementar as chamadas reformas de base e defender as liberdades democráticas e sindicais, o comício teve como principal orador o presidente da República, João Goulart.
Leia íntegra do texto clicando aqui.

8.3.09

Só mesmo o futebol...

Acompanhei o jogo do Timão contra o Palmeiras.
Cenário bonito o de Presidente Prudente, pena que o gramado não tenha recebido o mesmo cuidado que o cerimonial.
Não vi as estatísticas, mas me pareceu um jogo sem o excesso de faltas que caracteriza algumas partidas do Paulistão.
O primeiro tempo foi díficil... de assistir. Horrível! Os jogadores se arrastavam em campo e ninguém arriscava.
Já o segundo tempo começa com uma falha do goleiro Felipe que propicia a vantagem do Palmeiras.
As substituições, que demoram para acontecer, e o "não-esquema" tático do Corinthians demonstram a mentalidade defensiva de Mano Menezes.
Até que entra em campo Ronaldo, o Gordo.
E aí muda tudo. O cara vai para cima do marcador. Na primeira bola que domina já aplica um drible desconcertante. Não chegou a vingar o belo chapéu aplicado pelo palmeirense Sandro Silva num corintiano ainda no primeiro tempo. Mas foi bonito o drible.
Logo em seguida domina a bola próximo a intermediária e manda um canudo no travessão.
Já próximo do final do jogo, Ronaldo, o Gordo, aplica um drible sensacional no marcador e cruza na cabeça de André Santos. Ótima defesa do goleiro Bruno.
O jogo ultrapassa os 45 minutos. O juiz determina 4 minutos de acréscimo.
Ronaldo, o Gordo, está ofegante.
Douglas, já nos acréscimos, acerta o primeiro escanteio correto na partida. Ele, que não fez nada o jogo inteiro.
Bola na cabeça de Ronaldo, o Gordo, que não perdoa e marca o seu primeiro gol pelo Timão.
Parece texto de teatro ou roteiro de cinema.
O cara faz o 3º retorno para o futebol, no clube que tem uma fanática e apaixonada torcida. No primeiro jogo pelo campeonato estadual enfrenta o maior rival - vejam, eu disse rival e não inimigo - e nos acréscimos impede a derrota!
Coisa de cinema.
Viva o Gordo!


Fonte: UOL

7.3.09

Mais de 7.000 já assinaram manifesto

REPUDIO E SOLIDARIEDADE
Ante a viva lembranca da dura e permanente violencia desencadeada pelo regime militar de 1964, os abaixo-assinados manifestam seu mais firme e veemente repudio a arbitraria e inveridica revisao historica contida no editorial da Folha de S. Paulo do dia 17 de fevereiro de 2009. Ao denominar ditabranda o regime politico vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direcao editorial do jornal insulta e avilta a memoria dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratizacao do pais. Perseguicoes, prisoes iniquas, torturas, assassinatos, suicidios forjados e execucoes sumarias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no periodo mais longo e sombrio da historia política brasileira. O estelionato semantico manifesto pelo neologismo ditabranda e, a rigor, uma fraudulenta revisao historica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensao das liberdades e direitos democraticos no pos-1964.
Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a Nota de redacao, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro (p. 3) em resposta as cartas enviadas a Painel do Leitor pelos professores Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fabio Konder Comparato. Sem razoes ou argumentos, a Folha de S. Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrarios e irresponsaveis a atuacao desses dois combativos academicos e intelectuais brasileiros. Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante as insolitas criticas pessoais e politicas contidas na infamante nota da direcao editorial do jornal. Pela luta pertinaz e consequente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fabio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro.

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Sou contra o aborto, mas as mulheres tem o direito de fazê-lo

Se me perguntarem digo de pronto: eu sou contra o aborto.
Colocado dessa maneira, cabe a ressalva: o corpo é da mulher e as maiores conseqüências sociais sobrarão para ela, portanto a decisão que ela tomar deve ser respeitada.
Temos um problema grave de saúde pública no país: os abortos clandestinos.
Eles são realidade e matam muitas mulheres, ou deixam sequelas físicas, além das mentais. A conta sempre acaba no sistema público de saúde.
Claro que estou falando das mulheres pobres, pois as mulheres ricas, que também abortam, o fazem em segurança com toda a proteção que o dinheiro pode pagar.
Phydia de Athayde fez uma matéria exemplar para a CartaCapital sobre o tema. Abaixo um pequeno trecho:

Cuidado ou cadeia?
Ninguém gosta, ninguém planeja. Ainda assim, todos os anos, cerca de 240 mil brasileiras são internadas nos hospitais do SUS em decorrência de abortos inseguros. Elas chegam com hemorragia, infecções e não raro são destratadas por médicos e enfermeiras. O aborto é crime no Brasil e, se isso não diminui as ocorrências, como mostram pesquisas no mundo todo, enche de medo, vergonha e fragilidade as mulheres que o praticam.
Enquanto o Ministério da Saúde trabalha para que o assunto seja tratado como questão de saúde pública, a Câmara dos Deputados caminha para o lado oposto. Na terça-feira 9 de dezembro, aprovou a criação da CPI do Aborto para “investigar profundamente as denúncias e fazer valer a aplicação da lei, atinja a quem atingir”, conforme o pedido de abertura.
Entre os atingidos estaria gente como a baiana Olívia (nome fictício), chefe de família, negra, de 39 anos e um filho de 5. Doméstica, estudou até o segundo grau. “Fiz o aborto quando tinha 29 anos. Decidi porque não tinha condições de assumir. Foi desesperador, eu tinha terminado um namoro de oito anos antes de saber da gravidez. Tomei inúmeros chás, achava que ia sangrar imediatamente, de raízes, de malmequer, gengibre, boldo, espinho-cheiroso. Passou uma semana, resolvi procurar o ex-namorado e ele providenciou os comprimidos, né? O Cytotec. Tive hemorragia, muita cólica e a dor não passava, minha patroa desconfiou, me colocou contra a parede e confessei. Ela me levou ao hospital e ajudou a me internar. Foi horrível, porque era véspera do Dia das Mães.”

Leia a matéria na íntegra clicando aqui.

Gravidez na adolescência: problema de saúde pública e de educação

A falta de educação pública de boa qualidade prejudica o país em diversos setores.
Perdemos o capital humano potencial aos caminhões, para pensarmos dentro dos marcos econômicos vigentes. Isso no atacado.
No varejo nossa estrutura educacional deixa milhares de jovens expostos ao risco da criminalidade e dos caminhos desajustados.
Por vezes a hipocrisia reinante deixa “buracos” espantosos.
Convivemos com uma verdadeira epidemia de gravidez na adolescência.
Crianças já emancipadas sexualmente, mas sem a maturidade suficiente para cuidar de outra criança.
A gravidez nestas jovens acarreta uma série de prejuízos, o maior deles é afastá-las da escolarização, embora de qualidade duvidosa, ainda representa saída e esperança dos muito pobres para alcançar coisa melhor na vida.
Não sei dizer com certeza de quem é a culpa. Podemos arriscar palpites: erotização precoce, ausência da família e falta de educação sexual.
A educação sexual e reprodutiva deveria ser uma disciplina à parte, com privilégios na grade curricular.
Não se trata de importar aqueles programas odiosos do Bush, o júnior, do tipo “mantenha-se virgem até o casamento”. Não estou falando de idiotices e nem da ilha da fantasia.
Devemos encarar esse problema e buscar soluções.
Se o problema é social ele deve pertencer a toda sociedade.
Só distribuir camisinha e contraceptivos é pouco, não resolveu o problema.
Precisamos de intervenção urgente, afinal é problema educacional e de saúde pública!
Vejam a matéria abaixo, do portal da Agência Brasil:

Gravidez na adolescência afasta jovens das salas de aula

Amanda Cieglinski - Repórter da Agência Brasil

Brasília - Nem a metade dos adolescentes de 15 a 17 anos está matriculada no ensino médio, etapa escolar indicada para essa faixa etária, e 18% estão fora da escola. O quadro pode ser ainda mais pessimista para as jovens. Quando cadernos e livros dão lugar às fraldas e mamadeira, boa parte das mães adolescentes acaba desistindo da escola.
Segundo informações do Ministério da Educação, um terço das jovens nessa faixa etária que estão fora da escola já é mãe.
Aos 19 anos, Juliana Rocha da Silva, é mãe de duas crianças. Ela parou de estudar aos 15 anos, quando ficou grávida pela primeira vez. Casou-se, mas acabou perdendo o bebê. Aos 16 anos, engravidou novamente, e nasceu Hugo. Logo depois, veio Danielle, hoje com um ano. De lá para cá, Juliana tentou voltar a estudar quatro vezes, mas acabou desistindo.
“Quando engravidei, eu enjoava. Depois, a barriga começou a aumentar e a ficar pesada e, para mim, era muito difícil ir à escola. Hoje quando eu penso em voltar, vêm outras dificuldades, porque não tem quem fique com as crianças”, conta Juliana.
Desde 1999, um projeto do Hospital Universitário de Brasília (HUB) oferece acompanhamento especial às adolescentes que já são mães. A coordenadora do programa, professora Marilúcia Picanço, que já atendeu mais de 800 meninas, destaca a vergonha e o cansaço como principais motivos apontados pelas jovens para abandonar a escola. Segundo a professora, 30% das adolescentes já estavam fora da escola antes de engravidar.
“Das que ainda estudavam, um percentual de 30% a 50% abandona os estudos. Elas dizem que sentem vergonha e cansaço. Algumas continuam a estudar, mas, quando chega mais perto do nascimento do bebê, param de ir à escola”, afirma a pesquisadora. E, quando já são mães, os cuidados com o bebê dificultam seu retorno à sala de aula.
De acordo com Marilúcia, as mães que conseguem retomar os estudos são aquelas que recebem apoio da família. Mas um colégio que seja adequado às necessidades da aluna também é importante para garantir o sucesso escolar.
“Eu já sinto que as escolas estão mudando, apoiando mais e discriminando menos, mas a família é essencial. Se a menina mora perto da escola, a mãe ou a sogra leva o bebê para ela amamentar. Mas, se estuda longe de casa, não tem como ficar com a criança dentro da sala de aula por quatro ou seis horas”, compara.
Juliana espera um dia conseguir terminar o ensino médio. Ela pretende voltar este ano para a escola. Como ela, 40% das jovens atendidas pelo projeto do HUB engravidam pela segunda vez nos dois anos seguinte após o parto.
“Sem estudo não dá para fazer nada na vida. Eu penso em chegar à faculdade, mas, se conseguir concluir pelo menos o ensino médio, para mim já é uma vitória”, afirma.
Fonte: Agência Brasil – disponível em http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/03/06/materia.2009-03-06.1966497764/view

5.3.09

Aborto e excomunhão

Vejam a notícia abaixo, publicada no JC Online de Pernambuco.
É de dar raiva e causar pena.
Mas a igreja católica se colocou contra o aborto. O arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, nos trouxe à memória a Santa Inquisição. Excomungou a mãe, médicos e todos os demais que participaram do aborto.
Como se a decisão fosse algo satânico e não para o bem da saúde física e mental da criança estuprada pelo padrasto.
Some-se ainda a pressão realizada pelo tal arcebispo, que tentou falar com o governador para evitar o aborto. Em boa hora o governador não se deixou intimidar pela ação conservadora.
Venceu a lógica! Pelo menos desta vez!


Menina de 9 anos aborta gêmeos
Do JC OnLine
Com informações de Verônica Almeida

A menina de 9 anos que engravidou de gêmeos depois de ser estuprada pelo padrasto de 23 anos abortou os dois fetos na manhã desta quarta-feira (4).
O aborto, realizado no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), na Encruzilhada, Zona Norte do Recife, foi induzido por medicamentos. O primeiro feto foi expelido por volta das 9h. O segundo, às 11h30.
A menina, que teve alta do Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip) no final da tarde desta terça-feira (3), deve passar ainda por uma curetagem - procedimento médico para retirar material placentário da cavidade uterina.
De acordo com os médicos, o estado de saúde da garota - que tem 33 quilos e 1,36 m de altura - é estável e ela deve continuar internada na unidade de saúde até esta sexta-feira.
PAIS - O aborto aconteceu em meio à polêmica envolvendo o pai da garota, que, evangélico, demonstrou ser contrário ao procedimento. No entanto, a mãe decidiu tirar a criança do Imip, onde estava internada, e levá-la ao Cisam para a realização do aborto.
No último dia 3, a polícia prendeu o trabalhador rural José Amâncio Vieira Filho, acusado de ter estuprado a enteada. A prisão ocorreu um dia depois de a história vir à tona no município de Alagoinha, no Agreste de Pernambuco. Em depoimento à polícia, José Amâncio confessou também ter violentado a irmã da menina, hoje com 14 anos e portadora de deficiência.

Fonte: JC Online – disponível em http://jc.uol.com.br/2009/03/04/not_193248.php