18.12.10

Ciclos que se encerram

Jaime Ernesto acaba de completar 11 anos. Ele é meu filho e tenho muito orgulho disso.
Primeiro explicando o nome. Jaime é uma singela homenagem ao irmão de minha esposa que nos deixou prematuramente, num trágico acidente. Ernesto é uma homenagem ao revolucionário mais coerente que a história conheceu: Ernesto Guevara de La Serna!
Jaiminho acaba de completar o 5º ano do ensino fundamental, na escola Pueri Domus da Rua Verbo Divino. Foi também seu último ano nesta escola, na qual fui professor por mais de quatro anos e que tantas boas recordações deixou.
Nossa alegria foi imensa por tudo que foi proporcionado a ele, tanto no campo do conhecimento quanto no da cidadania, além dos excelentes amigos que aqui deixa.
Não podemos deixar de mencionar suas professoras: Priscila, Márcia, Vera e Vânia, que acompanharam o desenvolvimento escolar do Jaime desde 2007 e também outras pessoas maravilhosas como Mirna, Heloíse, Bia, Bruno, Sílvia, Olga, Cristina e Lela, além de todos os outros trabalhadores do Pueri, que estiveram presentes no dia a dia do Jaiminho nestes anos todos.
Como esquecer Elisa, que foi diretora geral da Unidade, por quem o Jaime nutre especial carinho até hoje, embora ela tenha se afastado da Verbo na metade de 2008.
Foram muitos os momentos felizes e de sentimento de etapas cumpridas. Os trabalhos especiais, o crescimento intelectual e o ajustamento de condutas, grandes vitórias para ele e para nós.
Não esqueceremos das festas juninas, das jornadas esportivas, das preparações das tribunas livres, da Replago e principalmente do estudo do meio em Santos.
Apostamos sempre na educação que alimentasse a autonomia, o respeito ao outro e o hábito de estudar. Encontramos isso nas séries iniciais do Pueri quando fomos muito bem acolhidos pela Fernanda Zocchio, na época diretora e uma das mantenedoras.
Temos a certeza de que o caminho percorrido até aqui, em se tratando da escolarização de nosso filho, foi correto.
Nossa alegria vem misturada com uma dose de tristeza em razão da necessidade de ir embora.
Estamos de partida para outra cidade, aqui bem pertinho e ele para outra escola. Esperamos que sejam anos tão felizes como foram estes no Pueri Domus.

Na Rep Lago, cobertos de lama.


Agora é sério! Ao trabalho grupo!

Da esquerda para a direita: Pedro, Vânia e Jaime.


Da esquerda para a direita: Lela, Jaime, Mirna e Heloíse.


14.12.10

Sobre a emoção de ser professor

Sempre insisto que essa profissão que escolhi é espetacular. Considero-me um profissional da educação. Não sou pai, psicólogo, irmão ou amigo dos meus alunos. Sou professor. E como tal interesso-me pelo que aprendem, não só no tocante à Geografia, mas, sobretudo, aquilo que diz respeito às suas vidas.
Em 2008 trabalhei num projeto interessante, dentro da favela de Paraisópolis. Ali a instituição para a qual eu trabalhava, um colégio renomado, que atende a classe média alta da cidade, recebeu a incumbência de “montar” um curso de Ensino Médio.
Não era um trabalho voluntário, antes pelo contrário, éramos remunerados como no colégio e este, por sua vez, recebia pelo serviço prestado.
A condição para ser aluno era ser morador da favela de Paraisópolis.
O choque inicial foi grande. A quase totalidade dos alunos eram egressos da escola pública, com inúmeras dificuldades.
Também era perceptível que alguns eram brilhantes, apenas ofuscados pelos maus tratos do sistema público.
Os professores redobraram sua dedicação.
No fim daquele ano fui obrigado, por contingências da vida, a me retirar do projeto, mas nunca distanciei meu coração daqueles meninos e meninas.
Ontem recebi uma notícia que me deixou emocionado: três deles superaram a nota de corte da temida FUVEST.
Terminaram o ensino médio, uma vitória, e alguns irão para a Universidade, vitória maior ainda!
Imagino que a maioria deles nem se lembra de mim, mas aquela 1ª Série do Ensino Médio da Crescer Sempre será para sempre inesquecível!
Quero registrar aqui meus parabéns aos colegas que levaram a cabo essa primeira parte da missão.
Também ao mantenedor do projeto, que de maneira silenciosa oferece uma contribuição inestimável para a melhoria de vida destas pessoas.
Principalmente quero parabenizar aqui aqueles meninos e aquelas meninas, que com muita dedicação, sacrifício e abnegação venceram essa etapa da vida acadêmica!
Gostaria que não parassem, que dessem continuidade aos seus estudos e que pudessem oferecer à comunidade oportunidades de melhorar de vida!
Parabéns alunos e alunas da 3ª Série do Ensino Médio da Crescer Sempre de 2010!

Alunos da Crescer Sempre em 2009

9.12.10

Sobre as UPPs e a polícia comunitária

Bem aqui estamos com a postagem de número 1001! Ultrapassar a barreira dos 1.000 é muito bacana, me sinto quase um Pelé!
Feito o registro vamos ao que interessa: excelente a entrevista do Fazendo Média com o deputado estadual do RJ Marcelo Freixo (PSOL)!
Olhar lúcido, de quem conhece do riscado ele nos dá uma grande aula sobre a violência no RJ, o respeito aos moradores das favelas e um alerta vigoroso: só a polícia não basta! O Estado tem que ocupar de fato os morros com saneamento, educação, saúde, lazer, moradia etc.
Vejam um trecho da entrevista:

“Esse é o debate que está em jogo: a quem servirá o projeto das UPPs?”
Por Raquel Júnia /EPSJV-Fiocruz, 09.12.2010
O mandato de Marcelo Freixo, deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, tem acompanhado todo o processo de ocupação do Complexo do Alemão. Referência internacional na discussão sobre violência e direitos humanos, nesta entrevista ele analisa os episódios recentes e propõe um debate que questiona o modelo bélico de segurança pública, mas sem deixar de levar em conta o desejo da população das favelas de se ver livre da violência das armas. Essa população, explica, é vítima do tráfico e da ausência e truculência do Estado.

Para ler o restante da entrevista basta clicar aqui.