31.7.07

Cadê o ex-senador Roriz?

A nossa grande imprensa é mesmo uma meleca!
Para refrescar a memória: Joaquim Roriz renunciou ao seu mandato de senador por Brasília para evitar a cassação por corrupção, ou seja, é réu confesso!
Foi apanhado com a chamada “boca na botija”, com direito a grampo e tudo mais.
Estava num escritório, de um importante empresário, fazendo recebimentos.
Como fazem meus ótimos colegas professores de português, convém perguntar: quem recebe, recebe alguma coisa, o quê? Propina, responde a sala em coro!
Pois bem, continuam os colegas, na tentativa lógica de “entender o texto”: se alguém recebe propina, alguém paga essa propina, certo?
A sala responde de novo: certo!
Então meninos e meninas, a partir da leitura da notícia do jornal, quem pagou a propina para o ex-senador Joaquim Roriz?
Nesse momento o farfalhar do jornal pela sala é intenso.
Os artigos tratando de corrupção são esmiuçados pelos jovens presentes. Aqueles mais aplicados relêem os grifos e nada.
Conclusão: quem paga propina no Brasil é sujeito indeterminado ou oculto! Depende dos contatos que ele possui junto à mídia nativa, de quanto pode pagar por um advogado ou ainda de quantos políticos ele tem capacidade de controlar.
Volto então à pergunta-título.
Cadê o ex-senador Roriz?Vejam uma notícia sobre o tema clicando aqui. Aqui também.

Os atletas cubanos "fugiram" para Cuba

Causou surpresa, além de e certo mal estar em alguns setores, a ausência dos jogadores de vôlei cubanos no pódio para que recebessem as medalhas de bronze.
A imprensa nativa, Rede Globo à frente, disparou: Fidel mandou que todos cubanos voltassem antes da hora, pois haveria uma deserção em massa da delegação cubana!
A ESPN Brasil teve o cuidado de procurar o chefe de imprensa da delegação cubana.
Ele explicou, calmamente, que o retorno dos atletas cubanos obedecia a uma programação feita anteriormente ao PAN e estava condicionada pela disponibilidade de vôos.
Portais de notícias, Rádio e TVs continuaram martelando a tecla da fuga durante todo o domingo.
Na cerimônia de encerramento dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro (mas pago por todo brasileiro) aproximadamente 200 atletas cubanos estiveram presentes.
Uai! Eles não tinham - TODOS - “fugido” para o seu país?
Ao ler a Nova-e hoje me deparei com um belo artigo: “A Globo enfiou o rabo entre as pernas e fugiu do Maracá!”. Clique no título para ler a íntegra da matéria.
Veja um trecho abaixo:

Pega cubano!
No sábado, 28/07/2007, véspera da festa de encerramento dos Jogos Pan-Americanos do Brasil, na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, a Rede Globo de Televisão colocou repórteres nos calcanhares da delegação cubana, acompanhando-a até o Aeroporto do Galeão, informando ao público que eles estavam abandonando o evento, voltando a Cuba às pressas por ordem do “ditador” Fidel Castro, que temia uma fuga de atletas cubanos em massa!
Alardearam para os quatro cantos do mundo:
Cubanos voltam às pressas para casa por ordem do governo
O governo cubano mandou que voltassem às pressas os atletas que disputaram o PAN.
Motivo oficial: alguns deles estariam sendo assediados por emissários de clubes da Europa.
Motivo não oficial: haveria o risco de uma deserção em massa.
(Blog do Noblat blablá!)
Motivo oficial e motivo não oficial! Essa foi demais!
Agora tomamos conhecimento de que nada disso é verdade. O administrador da Vila do Pan informou que, desde a chegada da delegação cubana, ficou informado e registrado que os cubanos retornariam ao seu país daquela forma, em grupos e dias determinados, tudo ocorreria conforme a disponibilidade de vôos dos cubanos.
O grupo de cubanos que viajou na véspera da festa de encerramento do Pan saiu de Cuba com aquela programação, tudo estabelecido para acontecer conforme aconteceu.
A Rede Globo, como sempre, deu mais uma rasteira no público: informou que os cubanos estavam fugindo, estavam sendo conduzidos às pressas por ordem de Fidel.
Que vergonha, a Globo, sim, fugiu do Maracanã para não mostrar os 200 cubanos que ficaram, conforme programado, de acordo com sua a organização, para a festa de enceramento. Tentaram humilhar o povo cubano, informando, do aeroporto, ao vivo, que os atletas cubanos estavam sendo levados às pressas. Fugindo, ou tangidos como gado!


Pois é, assim caminha a mídia nativa!

30.7.07

Projetos "mamãe eu também quero mamar"

O Estado de S.Paulo apresenta uma notícia on-line (clique aqui para ler a íntegra) deveras preocupante: perambulam pelas comissões do Congresso projetos para a criação de 6 novos estados!
Segundo a matéria os novos estados são os seguintes: Carajás e Tapajós no Pará; Mato Grosso do Norte em Mato Grosso; Rio São Francisco na Bahia; Maranhão do Sul no Maranhão e Gurguéia no Piauí.
Um despropósito!
Imagine que cada unidade federativa terá um executivo, um legislativo e um judiciário, além de aumentar o número de senadores (três por unidade) e de deputados federais.
Além disso, os argumentos são toscos e escondem pressões de grupos oligárquicos, afastados temporariamente da estrutura de poder estadual, sequiosos de manter as mamatas adquiridas ao longo do tempo.
Dentre os principais argumentos separatistas está o do tamanho da unidade federativa atual. Como são estados grandes, isso dificultaria a administração equilibrada.
O Estado foi ouvir uma autoridade no assunto, o professor da Geografia/USP, André Roberto Martin, que afirmou: "O argumento de que o tamanho do Estado dificulta a administração está equivocado. Se assim fosse, teríamos de dividir o Brasil em vários países”, diz. "Basta olhar para a Europa, que está caminhando no sentido de união total."
Quer ler um pouco mais sobre o tema? Clique aqui.

O "Cansei" na visão do Angeli

Folha de S.Paulo - 30/7/07.

28.7.07

A lei e a ética não foi feita para todos

Pelo menos é assim que Roberto Civita, boss do Grupo Abril entende.
Segue abaixo reprodução do texto publicado no Observatório da Imprensa.
A leitura atenta, reproduzindo a voz do dono, é esclarecedora da qualidade editorial das publicações do Grupo Abril.
Boa leitura.

Do blog Verbo Solto
Isso é coisa que se pergunte!

Postado por Luiz Weis em 28/7/2007 às 6:15:59 AM

A newsletter eletrônica Jornalistas&Cia entrevistou na semana passada o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, no 9º trabalho do gênero com o que denomina “Protagonistas da Imprensa Brasileira” – os barões da mídia nacional.

Às tantas, um dos entrevistadores, o professor Carlos Chaparro, da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, a ECA/USP, convidado a participar do pingue-ponge pelos editores de Jornalistas&Cia, Eduardo Ribeiro e Wilson Baroncelli, iniciou o seguinte memorável diálogo com o protagonista – uma verdadeira aula de jornalismo inquisitivo:
­
O senhor disse que a lei deve ser cumprida, pois sem lei não há democracia. A lei deve ser para todos.
Sim, a lei deve estar acima dos governantes.
­E acima da imprensa também.
Sim.
Pois a lei diz o seguinte: gravações, mesmo autorizadas pela Justiça, não podem ser divulgadas se não servirem como prova em processo. A regulamentação de um preceito constitucional estabelece isso. No entanto, vulgarizou-se a transcrição de declarações de gravações, o que é uma transgressão à lei. Há aí um conflito jurídico, talvez, com a Lei de Imprensa, mas a lei estabelece isso. Inclusive, a gravação que não puder ser usada como prova tem que ser destruída. A imprensa está desrespeitando a lei, talvez para o bem da Nação, talvez para que a lei mude, não sei. Eu gostaria de saber, por exemplo, se as redações aceitariam ter gravadas e divulgadas as suas conversas, os seus acertos com as fontes etc. O que seria muito agradável para o público. A lei também diz que é um direito constitucional a inviolabilidade de uma porção de coisas, inclusive da honra etc. Quando se divulgam coisas sem ter a certeza de que são verdades, corre-se o grave risco de desrespeitar a lei. Por causa disso há uma grande quantidade de processos em cima das publicações.Depois da Constituição de 1988, quando, em vez de usar a Lei de Imprensa para processar os jornais, passou-se a usar a Lei de Responsabilidade Social, a quantidade de processos aumentou tremendamente, inclusive já com algumas sentenças pesadas. Isto levou as empresas jornalísticas a tomar cuidado com as imprudências, porque o jornalismo é por si um clima de impulsos para as imprudências. Hoje, o chamado Direito Preventivo entrou nas redações e eu gostaria de saber como isso se dá na Abril. Que cuidados a Abril tem para cumprir a lei e que cuidados tem para que as imprudências jornalísticas não terminem em processo?
Na resposta, Civita diz que os diretores de redação e os redatores-chefes são obrigados a fazer cursos internos sobre a Lei de Imprensa. E que a Veja tem uma advogada de plantão que examina os textos a serem publicados para que a revista não seja processada - “e para cumprir a lei, claro”. E, depois de uma pausa para meditação, completa: “Deveríamos fazer um debate aqui dentro sobre o uso de gravações, porque nunca fizemos. Tenho que pensar nisso, vou promover. Normalmente, nessa hora, um entrevistador comum se daria por satisfeito e iria em frente. Mas não o professor Chaparro. Ele insiste:
Porque por trás dessas gravações há sempre um interesse. Elas não chegam de graça às redações. Então é uma coisa que, a mim, como cidadão, preocupa. Outra coisa que me preocupa como leitor da Veja é a mistura, na minha opinião pouco inteligente e perigosa, que Veja faz de argumentação com narração. É comum a gente começar a ler uma reportagem com um adjetivo chamando o sujeito de ladrão, e xingando. Às vezes a gente não sabe se está lendo um editorial ou uma reportagem. Isto rouba eficácia ao texto, rouba eficácia à credibilidade da revista. Essa mistura de argumentação com narração é inevitável, mas me parece que no caso de Veja o que se sobrepõe a uma reportagem é a perspectiva argumentativa e não a narrativa. É um grande perigo para a revista. A mim, como leitor, é uma coisa que desagrada profundamente, porque o ajuizamento do repórter se coloca acima dos fatos. Sou assinante de Veja há 20 e poucos anos e não sei se isso preocupa o senhor ou não. A mim incomoda como assinante.
Nas cordas, o entrevistado tenta se defender com a lisonja e a anuência.
O senhor é muito crítico, experiente, bem informado e inteligente. E tem uma visão muito objetiva disso, vista de fora. Primeiro: a objetividade no ser humano é virtualmente impossível de alcançar, inclusive no jornalista. A gente deveria se esforçar para ser objetivo, acho que tem a obrigação de ser. Eu fico incomodado quando leio, não só em Veja como em qualquer lugar, em outras revistas e jornais, uma coisa que começa parecendo uma reportagem e acaba parecendo um editorial. Aí eu digo “Não pode fazer isso. Não deveria”. Eu concordo plenamente.
Só que o entrevistador, rigorosamente fiel ao gênero “Isso é coisa que se pergunte”, que a imprensa brasileira raramente cultiva, não deixa barato:
A questão não é moral, é técnica. É de comunicação.
Vem então essa antológica resposta:
Mas não deveria. Não pode começar contando uma história e terminar xingando a mãe de seja lá quem for. Por definição, não deve. Mas, por outro lado, os leitores clamam, não são como o senhor, querem que a sua revista se indigne. Eles querem. Os brasileiros, hoje, não posso falar de outras partes do planeta, mas os leitores de Veja querem a indignação de Veja. Eles ficam irritados conosco quando não nos indignamos. Estou tentando explicar, não justificar. Acho que Veja se encontra toda semana na difícil posição, de um lado, de saber que reportagem é reportagem e opinião é opinião, sendo que não tem editoriais além daquele da frente; e, de outro, sabendo que os leitores... É só ler as cartas, duas mil por semana, nós publicamos uma enorme quantidade de cartas justamente para que se possa sentir o cheiro do enxofre e da pólvora. E acho que quem está escrevendo ou editando se encontra em posição difícil de decidir o quanto deve deixar entrar a emoção e a indignação e o quanto não. É difícil. Eu reconheço que esta talvez seja a nossa maior questão, não a das gravações. Veja tem uma posição clara, ninguém duvida de como ela se situa. Tem gente que não a suporta e não a tolera, não quer ver nem pintada. A esquerda acha que somos de direita, a direita acha que somos de esquerda [comentário meu: mas nem a TFP acha a Veja de esquerda!]
, os liberais acham que somos contra, e deve ter as mães carolas que acham que somos anti-religião. Deve haver de tudo, entre os que não querem saber da revista. Mas a torcida é de cinco, seis, sete, oito milhões de pessoas por semana. Eles gostam, e a gente faz para eles (risos). Mas reconheço a sua posição...
Enfim, o golpe de misericórdia:
Acho que há outras maneiras de se fazer a mesma coisa, é um problema técnico, de linguagem, de que o jornalismo não se divide em opinião e informação, mas em argumentação e narração. Elas estão sempre inevitavelmente misturadas, mas quando se está lidando com narração a informação é que tem que ser colocada em evidência e não a opinião.
E o fecho em desespero-de-causa:
Vou convidar o senhor para um debate com os editores de Veja sobre isso. Vamos promover esse debate e eu quero ouvir.
A torcida do Flamengo também.
Fonte:
Observatório da Imprensa

27.7.07

Já vi esse filme antes...

Hoje no Terra Magazine tem uma série de textos sobre o movimento “Cansei”.
Clique aqui e leia uma das matérias, não deixe de clicar nos outros links.
Se somarmos esses textos de hoje com as especulações dos últimos dias o quadro é tenebroso.
Reproduzi editorial da Agência Carta Maior (clique aqui para ler) por estes dias que alertava para uma série de coincidências: editoriais dos jornalões e um pronunciamento de um ministro do STM, todos contra o governo, surfando na tragédia de Congonhas.
Que este governo merece críticas não tenho dúvidas, faço-as as pencas, o problema é o tipo de reclamação que os golpistas fazem.
Dentre as notícias de hoje podemos ver o envolvimento de empresários, “institutos", OAB, editora Abril e, segundo um diretor desta, agências de publicidades, empresas de rádio e TV que, inclusive, já se comprometeram a ceder espaços para divulgar o movimento.
Só está faltando a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”!

As semanais e o acidente em Congonhas

Abaixo as capas das principais revistas semanais noticiando a tragédia de Congonhas:






26.7.07

Falta projeto político para o país

Luis Nassif, mais uma vez, mata a pau no seu blog, vejam o texto abaixo:

Os vetos cruzados
Saí de uma longa conversa com o professor Jorge Tápias, da Unicamp, colaborador estreito do Projeto Brasil. Ele usou um termo interessante para caracterizar o momento político atual: os vetos cruzados.
A definição vale para a agenda negativa que tomou conta do país. Há uma perda de rumo ampla e irrestrita, de grupos que se movem exclusivamente em cima dos vetos aos contrários.
Os estudantes da USP, assim como os da Unicamp, invadiram as respectivas reitorias. A agenda de reivindicações era mero álibi. Não havia uma proposta clara, mas um descontentamento difuso. Os empresários decidem se manifestar. Nesse caso não há vetos, mas não há propostas.
Na mídia, todo movimento é contra Lula. Em vários ambientes – aqui, inclusive – grande parte das manifestações é contra a mídia, a favor de Lula, mas a favor de quê especificamente? Não há um projeto claro, seja do governo seja da oposição.
Mais que isso. Nos últimos anos mudou completamente o conceito de elite. A idéia de um grupo de letrados, ou grupos econômicos, ou lideranças políticos cedeu espaço a algo muito mais amplo, que inclui movimentos sociais, o sindicalismo.
Mas ninguém se assume como tal. Há enorme vácuo de idéias e propostas. Sem as idéias, fica-se nesse jogo do veto aos contrários. A política, hoje em dia, se chama lulismo e anti-lulismo. Lulismo é a defesa de Lula. Antilulismo é o ataque a Lula.
Não existe nada de programático, de projeto de país, de manifestação de idéias.
Como em política não existe vácuo, há um espaço a ser ocupado. Quem vai tirar a Excalibur da pedra?
http://z001.ig.com.br/ig/04/39/946471/blig/luisnassif/2007_07.html#post_18910376

A grande questão é que eles, governo e oposição, nunca tiveram projeto para o país.
Aliás, o professor Milton Santos, numa entrevista para a CartaCapital em 1999 assinalou que só dois atores da política nacional tinham projeto político de verdade: a CNBB e o MST!
Infelizmente nossos partidos políticos têm projeto para ganhar eleição e desde 1989 sempre capitaneados por um marqueteiro, mas não para construir uma nação de fato.

25.7.07

"Eu não anistio os torturadores do Vlado"

Este é o título de um ótimo depoimento de Clarice Herzog, viúva de Vladimir Herzog – assassinado nos porões da ditadura militar que tomou conta deste país em 1964 – dado a Cylene Dworzak Dalbon da Nova-e!

Leia um trecho:

25 de outubro de 1975, Rua Tutóia, cidade de São Paulo. Nas dependências do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna), um homem é torturado com pancadas e choques elétricos. Seus companheiros, na sala ao lado ouvem seus gritos.
O homem recusa-se a assinar um suposto depoimento por não admitir que as informações constantes naquele pedaço de papel sejam verdadeiras. Ele não escrevera nenhuma palavra daquilo. Em um ato de indignação, rasga o papel. E num ato de maior indignação ainda, mesclado a ira, seu torturador o esbofeteia. Os amigos, na outra sala, não ouvem mais seus gritos.
Algumas horas mais tarde, dentro de uma cela no mesmo departamento, uma foto do homem morto, amarrado por uma tira de pano em um pequeno pedaço de ferro no alto da cela. O Inquérito Policial Militar, IPM dá como causa da morte suicídio por enforcamento. Esta era a versão oficial sustentada pelos militares e ignorada pela família. Vladimir Herzog havia sido assassinado e seus torturadores haviam montado uma farsa grotesca para encobrir a barbaridade que haviam feito.

Para ler o texto na íntegra clique aqui.

24.7.07

As críticas que devem ser feitas ao governo Lula

São inúmeras as críticas que devem ser dirigidas ao atual governo.
Fisiologismo continua sinônimo de governabilidade.
Os praticantes da “democracia de resultados”, aquela que fornece cargos e acesso as negociatas com o dinheiro público, apossaram-se de boa parte da máquina pública.
O executivo mostra-se indeciso para enfrentar o poder da mídia golpista, dos monopólios e do sistema financeiro.
A distribuição da renda e melhoria do acesso aos bens públicos, como educação e saúde, são de uma timidez brutal ante as necessidades do país.
Ainda assim devemos tomar cuidado ao tecer essas críticas, pois corremos o risco de engrossar o caldo da direita raivosa.
Tenho consciência de equívocos cometidos pelo governo e pelo principal partido da base aliada, o PT, mas não consigo perder o temor do GOLPE!
Se é verdade que a conjuntura internacional não oferece espaço para o golpe, é verdade também que a direita golpista tem quadros melhores do que em 1964, basta olharmos aquilo que se autodenomina “nova direita”, no dizer de um de seus próceres, Reinaldo Azevedo, aquele empresário que levou uma revista à falência recentemente, mesmo sendo ela a porta-voz do PSDB, um partido que detém governos – e verbas publicitárias – de importantes unidades da federação.
Reproduzo abaixo artigo da Agência Carta Maior:

ANÁLISE DA NOTÍCIA - CRISE AÉREA
Mídia eleva tom contra Lula. Ministro do STM sugere golpe

Editoriais e colunistas falam em “colapso do lulismo”, “corriola governamental” e incapacidade de governar o país. Ministro do Superior Tribunal Militar diz que “pessoas de bem vão se pronunciar como já fizeram em um passado não muito distante”.

Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior

PORTO ALEGRE – O tom das críticas ao governo Lula, em função da crise no setor aéreo, vem subindo crescentemente na mídia. O editorial do jornal O Estado de S. Paulo, nesta terça-feira (24), fala em “governo desacreditado” e “colapso do lulismo em matéria de permitir, em última análise, que o país funcione”. O Estadão refere-se ao Presidente da República como “o inexperiente Lula, o qual na irrefutável constatação de Orestes Quércia, em 1994, nunca dirigiu nem um carrinho de pipoca, antes de ambicionar o Planalto”. Na mesma direção, o colunista Clóvis Rossi, pergunta hoje, na Folha de S. Paulo: “se o país é incapaz de segurar um avião na pista, vai segurar o quê?”.
O jornal O Globo, também em editorial, diz que “a crise é mais profunda do que se quer fazer crer”. Também no Globo, Dora Kramer diz que “à corriola governamental tudo é permitido: agredir o público com grosseria, com leviandade, com futilidades, com fugas patéticas ao cumprimento dos deveres, com indiferença, vale qualquer coisa se a anarquia tem origem nas hostes governistas”. “Corriola”, em seu uso informal, significa “grupo de pessoas que agem desonestamente ou de forma inescrupulosa; quadrilha”.

Ministro do STM sugere golpe
O tom das palavras sobe também em alguns setores da sociedade. Além da desqualificação do governo federal, com o uso de adjetivos cada vez mais pesados, começam a aparecer também discursos de caráter golpista. Um exemplo:
“O que podemos dizer a esses ilustres jovens militares. Não desistam. Os certos não devem mudar e sim os errados. Podem ter certeza de que milhares de pessoas estão do lado de vocês. Um dia, não se sabe quando, mas com certeza esse dia já esteve mais longe, as pessoas de bem desse País vão se pronunciar, vão se apresentar, como já fizeram em um passado não muito longe, e aí sim, as coisas vão mudar, o sol da democracia e da Justiça brasileira vai voltar a brilhar”.
A declaração foi feita pelo ministro do Superior Tribunal Militar, Olympio Pereira da Silva Junior, durante a entrega de espadins a alunos que ingressaram nas academias militares do Exercito, Marinha e Aeronáutica, em julho deste ano. Ao saudar os novos alunos, Olympio Junior critica a situação política do país, faz uma apologia da honra, da moral e do patriotismo, lamentando que os jovens cadetes não poderão manusear os instrumentos militar que conhecerão no treinamento. Ele diz:
“Aqueles jovens, ainda puros, não sabem que vão estudar (e como vão estudar, durante toda a carreira) tudo sobre a arte da guerra e do combate e vão conhecer e aprender tudo sobre equipamentos e instrumentos militares, os mais modernos do mundo, mas que na realidade nunca irão manusear porque, no nosso País, não se acredita ser necessário a compra de armamento/equipamento militar para ficarmos em igualdade bélica a outras nações”. E critica a condição dos militares em relação aos demais funcionários públicos:
“Preparam-se, por toda a carreira, para dedicarem-se e ser fiel à Pátria, cuja honra, integridade e instituições deverão ser defendidas mesmo com o sacrifício da própria vida e têm, mesmo assim, seus vencimentos tão diferenciados de outros funcionários públicos que nunca deram nem vão dar nada ao País, pois dele só querem benesses, vantagens e lucros e o que é pior, porque ninguém faz nada a respeito e calam-se diante dessa imoralidade”.
O texto do ministro foi publicado em sites nacionalistas de direita como “A verdade sufocada” e “Terrorismo nunca mais”. Bacharel em Direito, Olympio Junior ingressou na carreira do Ministério Público Militar em 1976, tendo sido designado pelo então presidente, general Ernesto Geisel, para assumir a Procuradoria junto à Auditoria da Justiça Militar, em Juiz de Fora (MG). Desde 18 de novembro de 1994, é ministro do STM.
Qual é mesmo o papel da Justiça Militar no Brasil? Segundo o site do STM, é julgar “apenas e tão somente os crimes militares definidos em lei”. O texto de apresentação do órgão faz um elogio da “independência, altivez e serenidade do órgão”: “no período de regime militar de 1964 a 1984, levou juristas famosos na luta em defesa dos direitos humanos, como Heleno Fragoso, Sobral Pinto e Evaristo de Morais, a tecerem candentes elogios à independência, altivez e serenidade com que atuou o Superior Tribunal Militar na interpretação da Lei de Segurança Nacional e na aplicação dos vários Atos Institucionais”.
Há um caldo de cultura perigoso formando-se no ambiente político brasileiro.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14525

23.7.07

A imprensa "perdida"

Causa estranheza uma estrutura com tanto poder andar tão perdida no jogo político.
O desejo de derrubar o presidente Lula é tamanho que as bobagens são freqüentes, embora para determinado segmento da população, principalmente a classe média semi-letrada, as mentiras soem como verdades absolutas.
A elite, beneficiada desde sempre, continua mais firme ainda na defesa de seus interesses e o capital beneficiário nunca esteve tão bem aquinhoado neste país.
As críticas cabíveis são feitas por poucos órgãos da imprensa, em especial a revista CartaCapital, vide a penúltima edição (clique aqui para ter acesso a parte da revista disponível on-line).
O governo Lula mostra-se omisso em muitos assuntos, confundindo mediação, algo desejável de um governo social-democrata, com rendição ao grande capital.
Podemos listar vários episódios dessa rendição:
1 – Classificação indicativa dos programas de TV – vitória da Rede Globo e congêneres.
2 – Liberação de cultivos transgênicos de maneira pouco séria – vitória da Monsanto, Du Pont e demais.
3 – Embromação para intervir no caos aéreo, beneficiando o conjunto de grandes interesses, à frente TAM, GOL etc., além de ceder ao lobby da aeronáutica ao manter o controle aéreo militarizado.
Sem contar projetos que caem no esquecimento simplesmente, como por exemplo, o projeto de software livre e a TV digital com padrão nacional, só para mencionar dois.
Por isso que os órgãos da grande imprensa perderam a credibilidade!

20.7.07

Artigo da Marilene Felinto na Caros Amigos





A Caros Amigos de Julho está sensacional!
Destaco o artigo de Marilene Felinto (que pena que não está on-line), “desumanizando a empregada-puta”.
Um diagnóstico contundente da nossa sociedade tomando como ponto de partida a agressão sofrida por Sirlei Dias Carvalho Pinto.
Nas palavras de Marilene: “... Disseram ter confundido a moça com uma prostituta, para justificar a agressão covarde. Ou seja, no repertório ético dos jovens, quem é preta e pobre, como Sirlei, só pode ser puta. Daí que: como puta não é gente, pode, portanto, padecer de espancamento!”
Num outro trecho ela aborda a formação acadêmica dos jovens, numa crítica ácida a mercantilização do ensino.
Assim ela identifica que a instituições universitárias que esses moços estudam primam por oferecer serviços e bom gosto, como se fossem apenas lojas de conveniência, sem preocupação com os valores éticos e políticos, ressaltando em suas páginas na internet o supérfluo, como bem demonstra a Gama Filho, vejam: “Na Unidade Barra-Downton, os alunos podem usufruir de uma área ampla, com instalações supermodernas num dos endereços mais recomendados para quem tem bom gosto”.
O texto é imperdível, recomendo um pulinho à banca de jornal mais próxima para aquisição da revista.

19.7.07

Texto novo no Reação Cultural

Entendendo os Jogos Pan-Americanos

Grande exercício intelectual acompanhar os Jogos Pan-Americanos do Rio 2007, mas quem paga a conta somos todos nós!
A começar pela abertura. Linda! Ótimas músicas, ótimos cantores, conseguiram fazer até o Chico César cortar a cabeleira e o Arnaldo Antunes fingir que sambava/saltitava.
O discurso do Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB e do CO-Rio, foi ótimo, afinal eu precisava mesmo de um cochilo, pena que as TVs não tenham aproveitado o mesmo para os comerciais.
Já o presidente da ODEPA, Mario Vázquez Rama, fez um discurso excelente, principalmente naquela parte que ele dizia “Hoy...” e a galera prontamente respondia “ooiiiiiiiiiiiiiiiii”.

Quer ler o resto do texto? Então visite o Reação Cultural (basta clicar aqui)!

18.7.07

Tragédia em São Paulo

Diante de tragédias como a que aconteceu ontem em São Paulo, ficamos desnorteados, buscando entender e explicar o fato e suas dimensões.
Meus pensamentos fixam-se nos familiares dos mortos, sua dor, desespero e esperança de que a pessoa querida, por algum motivo, não tenha partido de Porto Alegre naquele vôo ou que, se funcionário da TAM em São Paulo, tenha saído do prédio antes do acidente.
Os jornais, TVs, rádios e portais apresentam suas manchetes, especulações e análises.
Alguns órgãos da imprensa já investigaram, julgaram e condenaram: o culpado é o governo federal, na pessoa do Lula.
Outros políticos já cuidaram de tirar seus dividendos, como o governador José Serra (PSDB), ao declarar que a responsabilidade é federal.
Neste momento não consigo nem pensar nas diversas hipóteses para o acidente.
Abaixo uma seleção de leituras que podem ajudar na formação de opinião sobre o fato:
Pista molhada, reforma incompleta e falha humana são possíveis causas do acidente
Avião da TAM estaria muito acima da velocidade, diz técnico
Presidente da TAM: grooving não interferiu. Veja o vídeo!
A cronologia de acidentes em Congonhas
Especialistas têm duas hipóteses para explicar acidente da TAM
Tragédia anunciada por quem?
(Áudio CBN) Avaliação preliminar do acidente
A apropriação da ANAC
O inventário do desastre

17.7.07

Pequena Jade, grande Jade

Ontem a decepção da atleta Jade Barbosa me deixou sorumbático.
Aquele choro de criança triste, aquele sorriso lindo que teima em pouco aparecer, saltaram aos olhos dos telespectadores dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 (os jogos são do Rio, mas quem paga a conta somos todos nós).
A postura da torcida brasileira foi assombrosamente horrorosa! Qual a razão das vaias para as atletas estadunidenses?
Por que vaiá-las? Por que estavam perfeitas, com poucos erros e assim eram grandes candidatas às medalhas, fato confirmado após as apresentações.
Lembro-me de Daiane dos Santos despontando neste mundo de concorrência acirrada e de perfeccionismo extremado.
Competindo em outros países lembro-me da TV mostrar a platéia aplaudindo em pé os movimentos dessa linda estrela negra. (Clique aqui para ver um estudo biomecânico do salto duplo twist carpado).
Que contraste miserável quando lembramos das vaias de ontem dadas às atletas norte-americanas.
Assim mesmo Jade Barbosa brilha! Mas erra, como todos os seres humanos, super-atletas ou não.
Uma menina de 16 anos perante uma platéia mal educada, querendo ver o Brasil somar medalhas a todo custo!
Bem diz o Sócrates, grande jogador de futebol do século passado, que falta-nos o esporte como prática escolar obrigatória, assim seríamos educados porque então poderíamos compreender as dores, físicas e psicológicas dos grandes atletas.
Algo me diz que Jade, com toda a sua timidez, com aquele lindo sorriso contido ainda subirá mais uma vez no pódio, de preferência no ponto mais alto. Ela merece e a ginástica brasileira também merece.

Exposição de fotos conta história da ditadura

O portal G1 anuncia uma exposição de fotos sobre a ditadura militar.
Leia abaixo trecho da notícia:

Algumas das mais marcantes cenas dos 21 anos de repressão que dominaram o país entre a promulgação do primeiro Ato Institucional até a primeira eleição direta para presidente podem ser revistas na exposição "Direito à Memória e à Verdade – A ditadura no Brasil: 1964 a 1985", que fica em cartaz em São Paulo de 14 a 23 de julho, na Caixa Cultura (Praça da Sé, 111), com entrada franca.
Concebida originalmente pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) para comemorar os 27 anos de promulgação da lei, completados no ano passado, a exposição recupera a memória do golpe que mergulhou o país numa ditadura de 21 anos com imagens que vão do culto ecumênico realizado na Catedral da Sé pela morte do jornalista Wladimir Herzog (considerado a primeira mobilização pública contra o AI-5) ao comício da campanha "Diretas Já" na mesma praça.

Para ler a notícia na íntegra clique aqui.

16.7.07

Manifestoon

Que tal o Manifesto Comunista com o apoio visual do Gaguinho, Zé Colméia, Gato Félix e vários outros personagens do desenho animado?
O autor da animação é Jessé Drew, cineasta de San Francisco.
A obra tem por base o Manifesto Comunista.
Veja-a clicando aqui.
Leia o texto completo da narração no Animação – BlogIsso (clique no nome do blog para acessá-lo).

15.7.07

Aparência e essência

O que muito me irrita é o descompasso entre a aparência e o que somos de verdade.
Isso pode ser notado pelo luxo dos gabinetes dos parlamentares e a ostentação da pequena parcela de ricos do país.
É constrangedor!
Estava lendo o site Contas Abertas (clique no título, é uma excelente leitura) e fiquei indignado com algumas informações de uma matéria:
- O Senado adquiriu 13 TVs de plasma: CR$ 96.000,00
- Vigilância armada nos apartamentos dos senadores: R$ 1.000.000,00
- Serviço de jardinagem (Senado e residência oficial): R$ 487,9 mil (junho a dezembro)Parece que o país nada em dinheiro

14.7.07

Por isso sou fã da ESPN Brasil

Ontem enviei um e-mail para o João Palomino, relatando minhas críticas e dizendo da minha decepção inicial com a abertura narrada por ele – não lembro o nome do jornalista que fez dobradinha com ele.
Para minha surpresa hoje recebi um e-mail de resposta.
Reproduzo abaixo o meu e-mail:

Nome: Antonio Carlos da Silva
Assunto: Abertura dos Pan-Americanos
Cidade: São Paulo
Estado: SP
Palomino, fiz críticas duras ao seu desempenho no meu humilde blog. Quanto à questão da "Amazônia pulmão do mundo", não retiro o que escrevi, agora devo-lhe desculpas pelas críticas à cobertura, coisa que você esclareceu na sua entrada ao vivo durante o Bate-Bola. Posso perguntar-lhe: por que não escancarar logo ao final da transmissão? Por não saber o que acontecia tive vontade de desligar a TV. Abraços e estou na torcida para que a ESPN faça a melhor cobertura dos Jogos, assim algo se salvará!
Quando você tiver tempo dê uma olhada em: www.proftoni.blogspot.com

A resposta recebida do João Palomino:
Oi Prof Toni
Fui ao seu Blog.
Agradeço o esclarecimento.
E disse, ao final da transmissão, de todas as dificuldades pelas quais passamos. A denúncia sobre as condições técnicas que nos foram entregues foi feita sim no ar. Os medalhistas que carregavam as bandeiras do COI e da ODEPA não foram identificados porque não conseguíamos enxergá-los.
Sobre a utilização da expressão citada, não precisa me reprovar não, não me lembro de tê-la utilizado.
Se o fiz, foi de forma equivocada, tem toda razão.
Agradeço o envio da mensagem.
Coloquei o Blog entre os favoritos e pode ter certeza que manteremos o olhar crítico em cima do PAN.
abs
João Palomino

Realmente estes jornalistas da ESPN Brasil fazem um jornalismo esportivo diferente, sem patriotadas, com informação e transparência.

Problemas de iluminação cancelam jogos noturnos

Do jornal Gazeta Esportiva:
O chefe da delegação brasileira de beisebol, Ricardo Iguchi, confirmou neste sábado que os problemas de iluminação do local de competições, na Cidade do Rock, não serão solucionados até o final dos Jogos Pan-americanos. Desta forma, a nova tabela, que ainda será divulgada, não terá partidas noturnas.
“Ficou decidido que todos os jogos serão de manhã e à tarde, nem que a programação tenha que começar às 8 horas”, afirmou Iguchi, que reclamou da organização da competição. “São detalhes que poderiam ser resolvidos antes, mas deixaram tudo para última hora”.
Iguchi acredita que o adiamento da partida contra a Nicarágua complica a preparação do Brasil. “Toda alteração na tabela é ruim, nós fazemos um planejamento e temos de nos adaptar”, lamentou.
A estréia do beisebol brasileiro contra a Nicarágua, prevista para ocorrer às 14h30 deste sábado, foi transferida para domingo, em data a ser divulgada, devido aos problemas de iluminação do campo 1 da Cidade do Rock. O confronto entre Estados Unidos e República Dominicana, marcado para as 19h30 deste sábado, também foi postergado para o domingo.

13.7.07

Cobertura da ESPN

Agora entendi! No programa Bate-Bola da ESPN, o João Palomino e o José Trajano explicaram as dificuldades técnicas da transmissão, coisas simples, como imagem e som não funcionaram!
E ainda tem gente que sonha em organizar uma Copa do Mundo de Futebol ou uma Olimpíada!

Abertura dos Jogos Pan-Americanos do Rio 2007

Mas quem a paga a conta somos todos nós, brasileiros!
Escolhi assistir à abertura na ESPN Brasil, acreditando numa abertura mais sóbria e comedida.
Ledo engano! Embora sem o ufanismo da TV aberta, faltou narração e sobrou emoção.
Na entrada das bandeiras olimípica e da Odepa, quase no final do espetáculo, fiquei sem saber quais os atletas que as traziam, os narradores citaram só os mais conhecidos ou facilmente identificados.
Durante a apresentação das músicas e danças, belíssimas, diga-se de passagem, o João Palomino, salvo engano, disse que a AMAZÔNIA É O PULMÃO DO MUNDO! Fosse meu aluno no ensino médio levaria um ZERO por tamanha bobagem!
A quebra do protocolo será assunto nos jornais de amanhã, creio que em toda a América.
O presidente Lula não fez a abertura solene, de forma acidentada ela foi feita por Carlos Artur Nuzman, presidente do COB e do Comitê Organizador dos Jogos. Não se sabe se por excesso de estrelismo ou para poupar o presidente das seguidas vaias que este recebia.
Por falar em vaias surpreendeu-me os aplausos dedicados ao César Maia.
Aliás, as vaias podem servir para algumas interpretações sociológicas, como por exemplo, aquelas dedicadas à Bolívia e Venezuela. Seria a presença massiva dos formadores de opinião, formados pela Veja, Globo e outros que tais, dentre os telespectadores explicação suficiente para o fenômeno?
Continuo acompanhando a ESPN Brasil.
Trajano e Soninha estão salvando a má impressão que tive durante a abertura.
Vamos ver quem mais vai ter a coragem de mostrar as falhas técnicas e de organização desse desperdício de dinheiro público, que atende pelo nome de Pan Rio 2007!

Começa o Pan



Latuff continua implacável!

Publicado em Nova-e.

12.7.07

Corinthians no noticiário policial

Muito jornalista, daqueles com “J” grande, avisou que ia acabar assim essa história da “parceria” entre o Timão e a MSI. E não é que tinham razão?
Clique aqui (cadestre-se antes, é simples e de graça) para ler o noticiário do Lance sobre o pedido de prisão dos homens da MSI e a acusações da justiça contra os tais, além de diretores do Timão, inclusive o presidente Dualib.
O futebol há muito tempo não proporciona mais prazer.
Os jogadores permanecem meses nos clubes, não firmam identidade com a torcida.
Ninguém mais consegue escalar o seu time de um campeonato para o outro.
Da seleção então nem se fala.
Cartolas que depenam seus clubes, protegidos por esta estrutura administrativa arcaica, estamos carecas de ver, agora denunciados e com risco de prisão é novidade!
Leiam aqui o excelente texto do jornalista João de Barros, publicado pela Caros Amigos de abril de 2005.
No texto ele apresenta uma série de indícios que levariam pessoas honestas e decentes a guardar léguas de distância desses homens da MSI.
Mas antes, em fevereiro a mesma revista dedicou páginas e páginas a desvendar alguns mistérios desses investidores de araque. Clique na figura abaixo e veja uma amostra dos textos.

Lula x Chávez: o confronto noticiado no Terra Magazine

Postagem fresquinha do Bob Fernandes no Terra Magazine.
A troca de “gentilezas” entre os líderes do Brasil e da Venezuela se arrasta faz algum tempo e agora chegou, no dizer do texto, ao que pesa de fato: dinheiro! A Venezuela suspendeu os pagamentos por obras e serviços que empresas brasileiras realizam no país.
Vejam o texto na íntegra, e fiquem atentos ao Terra Magazine (clique no título) para mais desdobramentos.



12/07/2007 09:02

Lula e Chávez brigam, não se falam, e Venezuela suspende pagamentos

Bob Fernandes, direto da Venezuela

O presidente do Brasil, Lula, e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, brigaram e não estão se falando. Por meia dúzia de vezes, nas últimas semanas, Chávez buscou Lula por telefone. O presidente do Brasil não devolveu as ligações.
As conseqüências são várias, e só uma conversa entre ambos pode deter a escalada.
Desde janeiro, fruto do descontentamento de Chávez, a Venezuela atrasa pagamentos de obras e serviços de empresas privadas brasileiras que operam no país. Com os ruídos num crescendo, Chávez radicalizou mais um pouco. Estão congelados esses pagamentos.
Na quarta, 11 de julho, por telefone, este blogueiro de Terra Magazine manteve conversas também com o Palácio do Planalto. Resposta ao congelamento: se ele se consolidar, "as coisas só vão piorar".
As contas entre Lula e Chávez já não são poucas, e algumas são antigas.
Lula, há dias, depois de se recusar outra vez a atender a um telefonema do presidente, disse a um amigo, em tom de desabafo, que a qualquer hora iria "ter uma conversa" com Chávez.
Lembrará, se esta conversa se der, que quando Chávez vivia a greve petroleira em 2002 o então recém-eleito presidente do Brasil fez chegar à Venezuela um navio carregado de petróleo.
Lembrará também a criação do grupo de "países amigos", sugestão brasileira para ajudar a dirimir a crise política no país vizinho. No entender de Lula essa sugestão foi, a princípio, mal compreendida por Chávez, que desejava um grupo só de países totalmente aliados.
Queixa-se ainda Lula dos últimos petardos orais do presidente da Venezuela.
Para quem depende do Congresso brasileiro para ter aprovado o ingresso no Mercosul, considera Lula, Chávez fez subir desnecessariamente a temperatura ao detonar o Senado -"a direita brasileira"- após críticas à não renovação da concessão da RCTV.
E mais. Irritou-se Lula com a fieira de declarações do líder venezuelano contra "um Mercosul velho". Entende Lula que Chávez tem que decidir se quer ou não embarcar no projeto e deixar de torpedeá-lo.
Por fim, recorda que, quando passava por momentos difíceis, Chávez vinha ao Brasil a toda hora. Disse o presidente a um amigo que não vai agora ficar ligando e batendo na porta de Hugo Chávez.
O presidente da Venezuela, por outro lado, tem suas razões. Entende, para começar, ser absolutamente visível que o executor da política externa brasileira, o chanceler Celso Amorim, não simpatiza com ele e não respeita suas posições.
Por essas – e outras – , quando da troca de embaixadores do Brasil em Caracas, há três anos, por muitos meses Chávez evitou receber o atual embaixador, Souza-Gomes. Situação, enfim, superada.
Naquele mesmo ano, a apenas três dias do referendo que por voto popular decidiria pela permanência ou não de Chávez no poder, uma exígua delegação do PT, com nem meia dúzia de parlamentares, chegou a Caracas e ao Palácio Miraflores.
Comunicado da presença dos deputados na ante-sala, Hugo Chávez, sentado em sua cadeira na Sala de Despachos, ao fundo um óleo com a imagem de Simon Bolívar, desdenhou:
-Enfim, antes tarde do que nunca.
Se Lula cobra gestos de solidariedade que já teve, Chávez também. Recorda que, nos momentos mais difíceis da crise política do lado de cá da fronteira, jamais faltou a Lula, seja com discurso ou com presença física.
Mais até. Em 2003, no Recife, pré-lançamento de um projeto comum, a Refinaria Abreu e Lima, orçada em alguns US$ bilhões, ele, Chávez, em cerimônia para 300 empresários num hotel da Boa Viagem, chegou a bater continência para Lula e dizer:
-Sou um soldado à disposição do Brasil e de um projeto comum.
Disso, as testemunhas são muitas.
Posto tanto, um palpite, este do blogueiro, quanto ao pano de fundo para os desentendimentos, à parte sentimentos humanos. De um lado a realidade do petróleo venezuelano. De outro, o sonho brasileiro do etanol, do biocombustível. No meio, o mercado mundial consumidor de energia.

11.7.07

Professor de "ler jornal"

O site Observatório da Imprensa apresenta uma entrevista com Mário Vitor Santos*, ombudsman do portal IG.
Lá pelas tantas, ao responder a uma pergunta do jornalista Carlos Castilho, do OI, ele diz:


“... acho que isso deveria ser feito em relação a todos os meios de comunicação. Acho que uma disciplina deveria ser obrigatória nas escolas, desde o primeiro grau: Os Meios de Comunicação. O aluno deveria aprender crítica da mídia desde cedo. Deveria saber identificar agendas, interesses por trás das notícias e manipulação. Muitas vezes, os leitores não estão nem conscientes do valor da informação e de que faz parte das obrigações de um portal sério produzir e divulgar informação de qualidade, ou seja, relevante, confirmada, dando voz a todos os envolvidos.”

Muito bom!
Já imaginaram se mais jornalistas começarem a expressar essa vontade? Se a imprensa estabelecer relações institucionais com as escolas, como faz CartaCapital por meio da excelente CartaNaEscola?
Em breve teríamos milhares de ótimos leitores, ótimos escritores e grandes observadores do mundo!

*Perfil de Mario Vitor: 52 anos, jornalista, formado em Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (1979), mestre em Letras Clássicas pela Universidade de Exeter (Inglaterra), doutorando pela Universidade de São Paulo. Foi jornalista da Folha de S.Paulo de 1984 a 1999, onde exerceu as funções de redator, editor, diretor da Sucursal de Brasília, secretário de Redação, ombudsman, repórter especial, editor da Revista da Folha, entre outras. Professor, crítico de teatro e diretor da Casa do Saber.

Resposta recebida do ombusdman da Folha de S. Paulo

Resposta do ombudsman da Folha:


Caro Antonio Carlos (sou eu, Toni!),

muito obrigado pela mensagem.
Encaminhei-a à Redação.
Alguns aspectos citados por você eu comentei na minha crítica diária de hoje.
A crítica pode ser lida em www.folha.com.br/ombudsman
Escreva sempre.
Cordialmente,


Mário Magalhães
Ombudsman - Folha de S.Paulo
Al. Barão de Limeira, 425 - 8o. andar
01202-900 - São Paulo - SP
Telefone: 0800 159000
Fax: (11) 3224-3895
ombudsma@uol.com.br
http://www.folha.com.br/ombudsman/

Até que esse negócio funciona, mas será que resolve? Os SACs deveriam copiá-lo!

Carta ao ombudsman da Folha de S. Paulo

Como sou um crédulo e as vezes ingênuo, no dizer de alguns amigos, por isso resolvi escrever para o ombudsman da Folha.
A motivação: matéria publicada na Folha de S.Paulo, tratando de uma operação da PF, na qual foram presos funcionários da Petrobras, empresários, funcionários da FEEMA – órgão de fiscalização ambiental do estado do Rio – além de outras ramificações (clique aqui e veja textos sobre o tema no Folha Online).
A matéria é interessante e apresenta muitas informações, mas a impressão é de que se trata de jornalismo declaratório, embasado em fontes e declarações oficiais apenas.
Leiam a carta:

Prezado,

Tenho desanimado quanto ao jornalismo investigativo e mais uma vez vejo nas páginas desta Folha uma série de reproduções: da PF, do Ministério Público, da Petrobrás, além de algumas declarações das empresas envolvidas na última operação da PF, no caso uma série de prisões envolvendo fraudadores de licitações da Petrobrás, amplamente noticiado hoje.
Algumas perguntas que este inocente leitor faz, de primeira: os funcionários da Petrobrás presos ou citados pelo Ministério Público, são de carreira, ou seja, concursados e promovidos por mérito, ou são nomeados ou promovidos por critérios políticos, ou ainda pertencem ao famigerado quadro de "comissionados"?
Achei horrorosa a chamada de um dos textos (desconheço o nome jornalístico), veja: "Empresa sabia da apuração da polícia, mas não tomou nenhuma medida para não impedir que a investigação chegasse a outros acusados", não entendi!
Embora a reportagem mostre esforços relevantes ao noticiar "o outro lado", faltou análise, nem que fosse de um contador. Numa das frases de um dos investigadores ele diz que não sabe de quanto foi o prejuízo, mas que houve prejuízo. Então, pergunto-me: qual a razão para a Folha deixar de lado opiniões sobre os preços, mesmo que fosse de concorrentes diretos das empresas citadas? Será a pressa da denúncia? Ausência de jornalistas competentes para tal empreitada? Confiança cega na PF e no MP?
São questões como estas que me afastam das leituras dos jornais diários: reproduzem qualquer coisa que lhes seja útil. Análise mesmo só Jânio de Freitas e Clóvis Rossi, este quando não está babando contra o governo.

Grato.

O brilhante Tostão

O tal jornalismo esportivo costuma me irritar bastante. Quase sempre falta objetividade, sobra paixão e outros interesses menos nobres, quando não o excesso de propaganda, principalmente a testemunhal, que agora chamam de “merchan” (merchandising, clique no termo para saber o que é).
Claro que existem exceções: José Trajano, Juca Kfouri, Tostão e alguns poucos mais.
A propósito, Tostão nos oferece uma preciosidade hoje na Folha de S.Paulo (infelizmente só para assinantes: clique aqui).
Segue um aperitivo do texto:

Mil possibilidades
O pragmático Dunga gosta de dizer que time bom é só o que vence. O técnico parece gostar somente de vitória, não de futebol. Para Dunga e as pessoas ortodoxas, pouco flexíveis, é isso ou aquilo, ganhar ou perder, time bom ou ruim, jogar bonito ou feio e outras dualidades. Não percebem que a maior parte da vida se passa nas entrelinhas, na subjetividade, no que não está claro, no que pode ter sido e não foi.
Temos o hábito de tentar explicar todos os resultados com análises técnicas e táticas. Isso é uma parte da história. A outra, a mais importante, é que existe, com freqüência, uma grande falta de sintonia entre o que acontece durante o jogo e o resultado. Uma bola que bate em um jogador, desvia e muda tudo. Há mil possibilidades.
Todos os grandes times da história do futebol entram em campo para vencer. Para isso é preciso tentar jogar bem, com técnica, organização tática e criatividade. Se for também com fantasia, fica mais bonito, muito melhor e mais prazeroso.

Melhor time do mundo
A tradicional revista inglesa "World Soccer", elegeu a seleção brasileira da Copa de 70 o melhor time do mundo de todos os tempos. Se não foi o melhor, certamente foi um dos melhores. Entre os dez times escolhidos, falta o Santos de Pelé, mas estão presentes a seleção húngara de 54, a holandesa de 74 e a brasileira de 82, que não foram campeãs. Dunga não deve ter gostado.
As pessoas que assistem pela primeira vez à seleção de 70 pela televisão, sem a emoção do momento, ficam um pouco decepcionadas ao ver que até o Pelé, de vez em quando, errava passes e chutes, e que não era um time perfeito. Ainda bem.

10.7.07

Faltam 3 dias para os Jogos Pan-Americanos do Rio

Depois de muita discussão resolveu-se a questão central: os jogos são do Rio de Janeiro, mas a conta quem paga é o Brasil inteiro.
Na próxima sexta-feira seremos tomados pelo ufanismo idiota dos jornalistas e comentaristas que ocupam as TVs. Claro que o rádio, jornal, revistas e sites não ficarão de fora, espero que com mais jornalismo e menos patriotada.
Para quem tiver acesso recomendo a ESPN Brasil. A presença de José Trajano é garantia de equilíbrio e informação na cobertura do evento.
Aliás, a Revista CarosAmigos do mês de junho trouxe excelente entrevista com Juca Kfouri e José Trajano. Clique aqui para ler alguns trechos.
Eles criticam a estrutura dos jogos, a gastança formidável, os estouros de orçamento e o conluio dos interesses das figuras que comandam o COB – uma entidade privada, mas recheada de verbas públicas – com várias empresas que trabalham no Pan.
Outra estupidez dos dirigentes foi a proibição imposta aos atletas, impedindo-os de criticar os técnicos, dirigentes, estrutura etc.
Maior besteira que essa só a censura, pois os atletas, as estrelas do espetáculo, também foram proibidos de blogar!

9.7.07

Selvageria toma conta do país!

Estava pensando como comentar o episódio do espancamento da empregada doméstica no RJ por aqueles belos exemplares de bem-nascidos.
Lendo o blog Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha encontrei o texto que segue abaixo. É emblemático!


Show de horrores no You Tube: "serviçais" tratados como bichos de zoológico
Depois que cinco adolescentes espancam uma mulher, empregada doméstica "confundida" com prostituta, o Brasil fica chocado.
Não deveria.
[If you're here by mistake, let me introduce you to a different view of Brazil: skip the words and go directly to the links below. The videos show how some brazilians treat "their" domestic help. Looks like slavery to you?]
Basta acessar o You Tube para descobrir o desprezo pelo outro - em geral negro ou pobre -, o "andar de baixo", o "chulé", o "paraíba", a "baiana".
Presume-se que os internautas que usam o You Tube têm acesso à internet rápida, sejam razoavelmente sofisticados para filmar ou carregar um vídeo.
Podem ser estúpidos, não ignorantes.
É piada, é brincadeira, dirão alguns.
Mas eu fiz uma busca e não encontrei nenhuma brincadeira desse tipo tendo como protagonista o pai ou a mãe do internauta.
Os "serviçais" são "não-pessoas", ou seja, podem ser submetidos a "brincadeiras" como se fossem bichos.
Podem ter os direitos violados.
São de outro planeta.
É a expressão "benevolente" do ódio de classe, que pode explodir em outras "brincadeiras", como a do espancamento no Rio de Janeiro.
No caso do vídeo abaixo, o título poderia ser "Mulher doida" ou qualquer outro.
Mas é "empregada" doida.
Será que ela sabe que foi parar no You Tube para que os internautas possam se "divertir"?
http://br.youtube.com/watch?v=G0VzL4l07_g&NR=1

Aqui está um caso em que a empregada é acusada de ser "ladra".
O caso foi denunciado?
Ela foi condenada para ser exposta assim, em público?
http://br.youtube.com/watch?v=mjF7DsKh41k

Aqui, o internauta fez uma "produção" especial.
Leiam os comentários.
http://br.youtube.com/watch?v=AZaJghadsmw

Como elas não são consideradas gente, você pode ensinar sua empregada a falar feito um papagaio.
Este é o retrato mais acabado da relação do "andar de cima" com o "andar de baixo" no Brasil:
http://br.youtube.com/watch?v=z-JMDbUQYlc

Aqui a empregada é objeto de consumo sexual.
Feito no tempo da senzala.
http://br.youtube.com/watch?search=&mode=related&v=dFXl9vnVj98

E aqui a Maria é exibida feito um bicho.
Confesso que não vi graça.
É o Brasil do quartinho de empregada sem janela:
http://br.youtube.com/watch?v=dSqX0-li1K0

Depois fica todo mundo escandalizado com o espancamento de uma empregada doméstica.
Ué, mas se elas nem são tratadas como gente, o que esperar?

Para que serve o Senado da República?

Essa não é uma pergunta oportunista, reflexo dessa enorme exposição dos nossos senadores.
Meus alunos são testemunhas desse questionamento e já faz bastante tempo.
Vejam, esse sistema bicameral seria justificável se houvesse de uma correção das decisões legislativas, evitando que os estados com maior número de eleitores dessem as cartas, em detrimento daquelas unidades menos aquinhoadas.
Se houvesse uma proporcionalidade de fato, bastaria uma conjunção de interesses dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul – aproximadamente 55% dos eleitores – para que se aprovasse uma determinada lei, deixando à margem da decisão as outras 22 unidades da federação.
Supondo, é claro, que interesses regionais superassem todos os outros: ideológicos, culturais, econômicos etc.
Isso se cada eleitor do território brasileiro valesse exatamente a mesma coisa, mas não vale!
Numa conta bastante simples basta dividir o número de eleitores, algo próximo de 125.000.000 pelo número de cadeiras: 513. Assim cada 243.000 eleitores teriam direito a 1 deputado.
Claro que estou simplificando, não estou trabalhando aqui com as exigências próprias das eleições para se estabelecer o coeficiente eleitoral ou as particularidades de cada pleito. O pensamento aqui segue a lógica da representação proporcional, ou seja: cada cidadão tem direito a um voto, sem distinção de classe, cor, credo, sexo...
Pois bem, por esta conta simples o estado de SP deveria ter 115 representantes; MG, 56; RJ, 44; BA, 37 e RS, 31. Em razão de dispositivo Constitucional têm, respectivamente: 70, 53, 46, 39 e 31.
Já os estados de Roraima* (233.596 eleitores), Amapá* (360.614 eleitores), Acre* (412.840 eleitores), Tocantins* (882.728 eleitores) e Rondônia* (988.631 eleitores) possuem 8 deputados federais cada, quando na verdade deveriam possuir, respectivamente: 1, 1, 2, 4 e 4.
Quando somamos o Senado à representação federativa, temos uma grave distorção representativa.
No Senado a representação é majoritária, ou seja, 3 cadeiras para cada unidade da federação!
Portanto o dispositivo constitucional que limita o número máximo (70) e mínimo (8) de deputados por unidade da federação torna o Senado um instrumento legislativo desnecessário, inútil e dispendioso!

* Fonte: http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/07/07/materia.2006-07-07.2265431466