19.7.11

Votei na Dilma, tenho o direito de criticar o governo?

Para alguns companheiros e companheiras de esquerda não! Votar significa passar um cheque em branco e assinar embaixo tudo que o eleito fizer.
Noção tosca essa de democracia representativa, seria por falta de práticas democráticas?
Votei no Lula em 2002 e 2006. Reconheço em seu governo vários avanços, principalmente com relação aos mais pobres, mas muito ficou por fazer, principalmente para quem teve o apoio popular que Lula teve, inigualável na história republicana.
A reforma agrária parece ter virado letra morta. Estranho, pois passamos décadas repetindo que faltava apenas vontade política para fazê-la.
A educação titubeia, embora medidas paliativas valiosas tenham sido tomadas – como o ProUni – por exemplo, ainda estamos rumando para o abismo.
O excesso de conciliação pode levar ao fracasso no médio prazo.
Basta olharmos para o caso chileno. Aumentou a desigualdade, a educação está um caco, embora os indicadores da economia, do ponto de vista neoliberal, continuem bons. Além disso, a direita assumiu a presidência nas últimas eleições, depois de sucessivos governos de centro-esquerda.
O primeiro semestre do governo Dilma assemelha-se aos 8 anos de Lula: muita conciliação e uma pauta predominantemente “empresarial”.
A capacidade do governo de comunicar-se com o público continua uma lástima! Vimos Lula encerrar seu mandato numa grande entrevista para os blogs e a campanha vitoriosa de Dilma apoiar-se na capacidade de mobilização das redes sociais.
Imaginei que começaria aí uma nova era na difusão das informações do governo. Mas que nada, foi só acabar o período eleitoral e os perfis de muitos candidatos foram desativados. Continuam na rede, principalmente no Twitter, alguns poucos, a grande maioria preferiu recolher-se ao gabinete.
A questão é: podemos criticar e discordar das ações de governo, sem que sejamos nomeados quinta coluna, desonestos ou ingênuos?

2 comentários:

Jean Scharlau disse...

Caro Prof, acho que o direito de criticar é o mesmo de quem não votou nela, mas a obrigação moral é maior.

Prof Toni disse...

Também creio nisso, o problema é que alguns companheiros e companheiras igualam aqueles que criticam ao PIG ou aos oportunistas de plantão. Precisamos criar um fórum para as críticas que contribuam para o avanço do campo progressista, fazendo valer, pelo menos um pouco, a tal democracia representativa.