Mapa Social:
uma outra referência sobre a realidade
Mapas
são úteis não apenas diante do desconhecido, mas também revelam novas e
distintas facetas mesmo em contextos aparentemente familiares. Como ferramentas
de orientação, não precisam, no nosso entender, se limitar à descrição das
características físicas e materiais de uma área determinada. Podem, portanto,
assumir um significado muito mais amplo, abarcando componentes sociais
relacionados aos seres humanos que fazem parte das cartografias.
Abundam
os exemplos de “guias” feitos a partir do ponto de vista dos “vencedores”, os
quais encontram facilidade para disseminar a sua versão sobre os fatos. As
reportagens que se seguem – e o conjunto de dados, estatísticas e infográficos
que as acompanham – procuram levar em conta aquelas e aqueles que enfrentam um
cotidiano de restrições e permanecem às margens dos processos do sistema
desigual e excludente. São pessoas e grupos desfavorecidos, tidos como
“empecilhos” ou como “efeitos colaterais” do “progresso” da gigante nação
adormecida.
Esta
edição inaugural, que está sendo apresentada em maio de 2012, pretende ser a
primeira de muitas. Enquanto outros panoramas e balanços sobre o cenário
nacional se esmeram em enfatizar as benesses do capital por meio do louvor a
empreendimentos econômico-financeiro-empresariais –, este Mapa Social assume
modestamente o intento de ampliar a perspectiva da sociedade acerca dos
impactos do badalado “crescimento” na vida dos “perdedores”.
Segue-se
aqui a linhagem de jornalismo e pesquisa que já se tornou marca dos trabalhos
da Repórter Brasil, apresentando grandes reportagens – uma por cada região –
baseadas em incursões e apurações de campo, complementadas e repercutidas junto
às instituições, companhias e personagens envolvidos.
Ancorada
na presença in loco da nossa equipe em todas as regiões brasileiras, o conteúdo
é composto de textos, vídeos e fotos, em depoimentos e registros obtidos a
partir das vivências e das trocas com as pessoas que encontramos nas
respectivas localidades.
São
enfocadas as temáticas trabalhista, agrária, socioambiental e dos direitos
humanos – com especial destaque para as abordagens relacionadas ao trabalho
escravo e a outras formas ilegais de exploração da mão de obra – sempre tendo
como referência a problematização do modelo de desenvolvimento dominante no
Brasil.
O
projeto traz ainda infográficos produzidos a partir da colaboração de parceiros
e apoiadores. São instituições que desenvolvem trabalhos de excelência em suas
respectivas áreas de atuação e que acreditaram e colaboraram com a iniciativa
do início ao fim.
As
parcerias são uma prova da relevância de iniciativas de caráter compartilhado,
mas também consistem em um reconhecimento de que o Brasil não deve ser “medido”
apenas pelo tamanho e crescimento da sua economia, mas também pelo investimento
na produção de conhecimento livre e crítico e, principalmente, na valorização
de sua gente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário