O estopim das manifestações em São
Paulo foi o aumento da passagem de ônibus. Não que o valor do aumento seja
exorbitante, mas a qualidade do transporte e o seu preço são coisas de
arrepiar, verdadeiro desrespeito com os seres humanos.
A reação violenta da Polícia
Militar de São Paulo só fez aumentar as manifestações. Nos dois primeiros dias,
quando o “poder” de fogo se voltava apenas contra os manifestantes, a mídia os
deplorava, mas quando as balas de borracha começaram a atingir jornalistas, aí
a coisa ficou séria.
Em apenas um dia a Folha de S.
Paulo contou 15 jornalistas atingidos. Outros foram presos. A prisão mais
absurda foi a do repórter da CartaCapital, que portava um perigoso frasco com
vinagre!
Isso mesmo, os imbecis que
comandam a “puliça” transformaram vinagre em arma letal!
Nós, os militantes de outras
gerações, passamos a perguntar: quem são esses jovens e o que querem realmente?
Parece-me que nem eles mesmos têm
a resposta. É como se a gente vivesse um momento de explosão de
descontentamento. Faltam representatividade e expressão política para tanto
descontentamento.
O PT, que esteve à frente de
tantas manifestações importantes desde o seu nascedouro, está muito ocupado com
a administração e com a governabilidade. Não representa mais essa juventude
sedenta por um país melhor e mais justo.
Hoje, durante a gigantesca e linda
manifestação, muitos se revoltavam com as bandeiras dos partidos de esquerda,
como o PSTU e PSOL, deixando claro que o movimento não tem dono e nem é
representado por nenhum partido.
As causas parecem difusas e, às
vezes, confusa. No andar da carruagem todos querem carona e muitos se
aproveitam, mas quando descobertos são rejeitados.
Quem dará direção política a esse
movimento? Até onde pode chegar o poder dessa mobilização? E os oportunistas da
direita raivosa, já começaram a chamar pelos milicos?
De tudo que vi até agora:
1 – “a praça é do povo”, o direito
à livre manifestação tem que ser garantido a qualquer custo!
2 – a violência da PM paulistana
foi desproporcional. Claro está que o serviço reservado atuou, os nossos
deputados estaduais devem ter vergonha na cara e chamar os servidores públicos –
seja coronel ou secretário de governo – para dar explicações e investigar mais
esse desmando.
3 – a mídia também tem que pagar o
preço do seu comportamento raivoso dos primeiros dias. A partidarização do
Marcelo Rezende (Rede Record) e Datena (Rede Bandeirantes) não pode ficar
impune.
4 – a participação dos partidos
políticos é legítima, a manipulação dos eventos não! “Precisamos estar atentos
para ver emergir a qualquer momento o monstro do fundo da lagoa”.
5 – é papel dos ativistas e
militantes da blogosfera esclarecer, numa batalha constante com a mídia
convencional, todos os eventos que brotam em cada manifestação.
6 – é urgente que políticos
progressistas, como o prefeito Fernando Haddad e a presidenta Dilma, se
manifestem com veemência, defendendo as manifestações, até por uma atitude de
coerência com o passado e a história deles.
7 – por fim deixo para vocês um
link que recebi no facebook e que diz muito desse momento histórico que estamos
vivendo:
Um comentário:
"Nós não somos sonhadores. Estamos acordando de um sonho se transformando em um pesadelo. Nós não estamos destruindo nada. Estamos observando o sistema se destruir a si mesmo."
(Slavoj Zizek)
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