17.1.14

O politicamente correto e o avesso dele



Passamos recentemente por uma onda do politicamente correto. As palavras deveriam ser medidas e cuidadas com máxima atenção.
Houve uma reação a essa onda, compreensível, pois tudo estava ficando muito chato, muita patrulha. O politicamente incorreto começou a dar audiência, ficou engraçado. Publicaram até livros com esse adjetivo no título. Claro que podemos questionar a qualidade e seriedade desses livros, mas eles venderam um bocado.
Algumas celebridades e outras subcelebridades aderiram à onda. Alguns idiotas, que se dizem humoristas, mas, dependendo da conveniência travestem-se de jornalistas, exageraram na prática do politicamente incorreto e deram a esse exagero o nome de liberdade de expressão.
Vivemos um momento em que algumas pessoas acham que podem dizer qualquer coisa, sobre qualquer pessoa em nome da liberdade de expressão. Ignoram os limites da lei, da decência, da privacidade e da honra do outro.
A grande mídia ataca indivíduos impunemente, acusa sem provas, lança suspeitas e depois fica tudo por isso mesmo.
Os jovens vociferam pelas redes sociais seus preconceitos, plantando mais ódio nessa nossa terra fertilizada por tanta desigualdade.
Bradam contra os nordestinos, depois contra os pobres e, o ápice da canalhice, contra os negros.
Parece que vivemos uma onda conservadora que não tem limites! É adolescente anunciando venda de negros pelo Mercado Livre por R$ 1,00 (clique aqui para saber sobre isso), mais um jovem gay assassinado brutalmente (aqui você saberá do que estou falando), terras de índios invadidas como no velho oeste (leia aqui sobre esta barbaridade). Poderíamos gastar muitos parágrafos descrevendo atos estúpidos e desumanos. Estes bastam.
Será isso fruto da vitória do individualismo? Não temos mais práticas solidárias e colaborativas na vida? Tudo parece resumido à competição desenfreada, sem ética, com a regra única do “se dar bem”.
Qual a saída? Eu como professor batalho nas aulas para mostrar valores humanistas, solidários, cooperativos. Combato o preconceito em todos os momentos e cuido para que as coisas ocorram dentro de limites éticos. Mas em casa, qual é o balizamento que esses garotos e garotas recebem? Do Big Brother? Do Datena, Marcelo Rezende?
Estamos vendo crescer uma juventude reacionária e, talvez, fascista. Às vezes sinto neles o desencanto dos cínicos.

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