Recentemente,
os jornais e a TV apresentaram ao Brasil a pequena Cocal dos Alves, cidade do
norte do Piauí, com aproximadamente 7 mil habitantes, que ostenta um dos piores
Índices de Desenvolvimento Humano do país. A localidade é muito carente de
recursos, os salários são baixos e a renda média da comunidade é próxima de 1
salário mínimo.
O
sonho da maioria de seus habitantes era migrar para o Rio de Janeiro e lá
conseguir um emprego que possibilitasse sua sobrevivência. Para aqueles que
permanecessem na cidade, os empregos estavam no campo, no pequeno comércio ou
na prefeitura.
Esse
sonho tem mudado. Hoje, muitos jovens estão em Teresina, capital do estado,
cursando a universidade; alguns já alcançaram o mestrado. O destino do sonho da
maioria desses jovens foi invertido: desejam voltar para sua comunidade e
ajudar a transformá-la.
Em
Cocal dos Alves, floresceu uma experiência educacional que está dando o que
falar: uma escola pública que consegue obter resultados expressivos no Enem,
nos vestibulares das universidades públicas e nas olimpíadas de Matemática, seu
grande, mas não único caso de sucesso no cenário educacional. Estamos falando
da Escola de Ensino Médio Augustinho Brandão.
Como
explicar tamanho sucesso se tudo conspirava contra a escola? Segundo a diretora
Aurilene Vieira Brito, esse trabalho frutificou por meio de dedicação e
comprometimento do corpo docente, que, com sua garra e vontade, conseguiu
envolver o corpo discente na tarefa do aprendizado.
Ainda
segundo ela, a intensificação do trabalho em sala de aula e o acompanhamento
focado no aprendizado do aluno fez com que os resultados aparecessem. Com esses
resultados em mãos, a comunidade começou a pressionar o Estado para melhorar a
infraestrutura. Isso explica o prédio novo e em boas condições, os novos
laboratórios, o acesso à internet e a implantação do ensino em período
integral.
O
professor de Matemática Antonio Amaral, responsável pelo sucesso na Olimpíada
Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), divide com a equipe
pedagógica – composta por 10 professores, a diretora e um coordenador
pedagógico – as vitórias obtidas.
A
escola soma 153 medalhas na Obmep, além de várias menções honrosas, tem
premiação também nas Olimpíadas de Química, Astronomia, de Foguetes, além de
desempenho excelente em redações, como as do Concurso Jovem Senador e a redação
do Enem.
Em
sua página do Facebook, a escola noticia com indisfarçável orgulho que sua
aluna Maria Isadora, do 6º ano, está entre os 38 finalistas da Olimpíada
Brasileira de Língua Portuguesa.
O
sucesso acadêmico dessa escola põe por terra as teses daqueles que defendem o
“determinismo social” e, ao mesmo tempo, reafirma que uma boa gestão e pessoas
comprometidas podem sim fazer uma educação de boa qualidade.
Tal constatação não isenta o Estado,
pelo contrário, de investir em melhor estrutura das unidades educacionais, na
formação do corpo docente e em sua boa remuneração.
É
notório, em comunidades como a de Cocal dos Alves, que as famílias depositam as
fichas de um futuro melhor para seus filhos na escola, enquanto que nas
localidades com mais oportunidades, a escola implora por maior participação e
apoio das famílias dos educandos no processo de ensino-aprendizagem.
Claro
que não se trata de querer que a escola de Ensino Médio Augustinho Brandão seja
copiada Brasil afora, mas é um caso que merece ser estudado pelos pesquisadores
da Educação, tanto pelo sucesso pedagógico, obtido nas avaliações externas,
como pelo processo de gestão, pois aparentemente os recursos, que são poucos,
são muito bem aplicados e geridos. Outro fator interessante é a forma como os
docentes estimulam a ligação dos educandos com a comunidade, a ponto destes
desejarem a ela retornar para aplicar os conhecimentos obtidos na capital.
Um dos exemplos desse vínculo é o
jovem Izael de Brito Araújo, que alcançou fama nacional há alguns anos, quando
ganhou um prêmio de R$ 100 mil num programa de TV. Ele foi convidado a cursar o
Ensino Médio como bolsista no melhor colégio particular de Teresina, mas
preferiu ficar em Cocal dos Alves, na Escola de Ensino Médio Augustinho
Brandão.
Em
2013, Izael, que cursava o 2º ano do Ensino Médio, voltou a ser destaque na
mídia: foi aprovado para o curso de medicina na Universidade Estadual do Piauí.
Os
educadores dessa escola, na pequena e pobre cidade do norte do Piauí, fazem
valer um ensinamento do mestre Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo.
Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”.
Fonte:
Edições SM – Canal Somos Mestres – Notícias da Educação. Disponível em: www.edicoessm.com.br/#!/somosmestres/noticia-detalhes?news=37
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