Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos
e outros quase brancos, tratados como pretos
Haiti
Canção de Caetano Veloso e Gilberto Gil
Nesta segunda -feira a polícia paulista mais uma vez ocupou as manchetes pela
quantidade de assassinatos e desmandos cometidos nos últimos dias, para
surpresa de zero pessoas.
Isso não é novidade. A PM de São Paulo, e, a bem da verdade,
a da BA, RJ, PE e demais unidades da federação, continuam matando sem maiores
consequências, a não ser o julgamento dos parceiros.
É difícil escolher o episódio mais chocante.
O secretário de Segurança Pública e o Governador são
diretamente responsáveis pela letalidade policial. O primeiro por estimular,
por suas falas e seu (péssimo exemplo) e o segundo por sinalizar com a
impunidade para os policiais/bandidos.
Um jovem foi atirado do alto de uma ponte porque a moto
estava sem placa. Casal foi agredido a cacetadas por não parar numa blitz.
Policial a paisana mata jovem negro (dependente químico) com 11 tiros – pelas
costas.
Se voltarmos um pouco no tempo teremos casos chocantes em
outros períodos de governo, mas no governo atual essa política de extermínio
tem recebido elogios e aplausos das autoridades, só falta pagar bônus pelos
assassinatos.
O Secretário de Segurança Pública de São Paulo, o ex-capitão
da ROTA (Rotas Ostensivas Tobias de Aguiar – batalhão de elevada letalidade)
foi expulso do seu batalhão por excesso de mortes na sua conta.
O governador disse recentemente que os familiares das vítimas da “Operação Verão” – uma operação de vingança da polícia em razão da morte de um policial – poderiam reclamar na ONU ou na liga da justiça que ele “não está nem aí”. Um atestado de impunidade pelas 56 mortes na famigerada operação.
Por isso a Polícia Militar tem que acabar!Preste atenção: ninguém está falando que a polícia deve
acabar, mas que a polícia militar tem que acabar.
A política de (in) segurança pública precisa ser revista em
todas as unidades da federação.
Os policiais não podem ter ao seu dispor um tribunal de
exceção, no qual são julgados por seus pares, precisam ser submetidos ao
julgamento como qualquer outro cidadão ou cidadã.