17.1.12

Posso ser do contra?

Saiu um artigo no site da CartaCapital – leia aqui – criticando aqueles que criticam o BBB. É uma peça um tanto quanto sacripanta, pois embola e empacota coisas diferentes na mesma embalagem.
A crítica ao clichê é correta, nisso o texto está coberto de razão.
Às vezes, a forma como a crítica ao BBB“n” é feita lembra-me o machismo dos anos 70, quando os homens desancavam as novelas, mas sempre davam uma boa espiada. Ou quando a classe média nutria grande desprezo - com certo verniz intelectual - pela programação da TV, mas estava sempre por dentro de tudo, alegando que via, de soslaio, na TV da empregada.
Eu também não gosto de clichês, mas não suporto modismos e pouco apreço tenho pelas peças da TV aberta. Quanto aos shows "realísticos", começados com a Casa dos Artistas no SBT do Sílvio Santos, meu desprezo é maior ainda.
Não consigo compreender de onde vem a satisfação das pessoas, algumas até com boas doses de inteligência, em apreciar a vida dos outros, ainda mais uma vida encenada, coreografada e bizarra na maioria das vezes. E ainda tem gente que paga por isso nos canais de TVs fechados.
Talvez a psicanálise explique. Ou não.
Podem me chamar de chato, mas passo ao largo das discussões sobre isso, uma vez que já me manifestei com veemência contra esta merda, pouco me importa se houve estupros, bebedeiras ou bacanais.
Não assisto. Meu filho, na minha casa, não assiste.
Outro dia, respondendo a uma onda de reclamações no tuiter e facebook sobre o tema, sugeri alguns sites para baixar filmes de excelente qualidade. Assim as pessoas podem ocupar melhor o seu tempo e, ao mesmo tempo, evitar importunar as pessoas adeptas de nova modalidade de voyeurismo.
Se levarmos o texto de autoria do Matheus Pichonelli ao pé da letra, deveremos, a partir de agora, seguir todas as ondas, guiarmo-nos pelo rumo da boiada. Gostar de MPB não é bacana, bacana mesmo é curtir Michel Teló ou Restart. Frida Kahlo deve ser renegada como o diabo, talvez trocada por uma popozuda da hora.
Para o meu gosto pessoal a TV deveria cumprir outro papel, principalmente num país tão grande como o nosso e tão desconhecido da maioria de nós. A minha TV ideal teria pouco espaço para enlatados, mesmo que produzidos aqui, teria muita educação, música e dramaturgia, espaços para manifestações regionais, além de estimular a participação política e auxiliar nos cuidados com a saúde da população.
Por outro lado, as pessoas têm o direito de assistir, ler, ouvir o que bem entenderem, mesmo que seja a coroação da futilidade e da imbecilidade, desde que preservem o direito dos outros a opção diversa, mesmo que essa opção seja um Chico Buarque, Tarsila do Amaral ou Hitchcock.

3 comentários:

Carlos Renato disse...

Caro Toni, apesar de não gostar de proibir nada, aqui em casa também não deixaria minha filha assistir o tal BBB. Mas sendo sincero, o caso do suposto abuso(enquanto não for condenado vou usar esse termo)acabou gerando uma especulação enorme sobre o programa. E isso é até benéfico, pois quem sabe podemos discutir melhor as concessões públicas de radio e televisão e a democratização da midia.
quanto ao bbb, não assisto (acompanhei o caso pela internet),
e alem do link que vc nos passou, vom bons filmes, tambem me deu uma boa ideia de assistir aqueles filmes mais antigos que acabei não vendo na época.
abração e bom ver seu blog de volta

Renato Couto disse...

Professor, assino em baixo. Atualmente não deixo os moleques (8 e 10 anos) assistirem nem novela das 8, que mais parece a antiga "sala especial" que passava no SBT às 23:00 de sexta, faz uns 30 anos, quando eu "olhava" uns peitinhos e bundas...Abraços.

Prof Toni disse...

A TV continua prestando grande desserviço ao povo...