Amar o Brasil não é ser
ufanista ou exageradamente otimista. Não! Amar o país traduz-se na nossa
capacidade de lutar por um país melhor, mais justo e igualitário.
Também significa
construir estruturas de acordo com nossa cultura e tradição. É reconhecer o
poder e a beleza da miscigenação do nosso povo, para isso precisamos combater
com todas as nossas forças o racismo e o preconceito.
Não precisamos negar ou
ignorar os processos bem sucedidos em outros países, mas não podemos e nem
devemos copiá-los, sejam eles originários em Cuba, EUA, Japão, França ou Alemanha.
Devemos estudar e
pesquisar, devemos prestar atenção às experiências internacionais, sejam elas
asiáticas, africanas ou americanas. Também as europeias é claro. Mas, repito,
nunca copiar.
Temos qualidades imensas.
Produzimos cultura, ciência, tecnologia e entretenimento de muita qualidade.
Nosso povo é criativo, trabalhador e alegre.
Na economia estamos
entre as maiores do mundo, mas o nosso índice de desenvolvimento humano é muito
ruim, se comparado ao desempenho econômico.
Então o que está
errado?
Respondo sem
pestanejar: a elite. Essa elite que tem o país nas mãos desde 1500! Produziu
uma desigualdade imensa, uma concentração da renda e das riquezas sem igual.
Herdou da economia escravagista o senso de superioridade que muito nos
atrapalha.
Os dissabores
produzidos por essa elite tacanha e medíocre fez com que ela se voltasse para a
Europa como modelo e padrão. A partir daí disseminou-se a ideia de que tudo que
é feito aqui não presta, para ser bom tem que ser europeu ou estadunidense, dependendo
do contexto histórico que se examina.
Nos dias que correm a
facilidade das comunicações, promovida pelos modernos meios de comunicação, nos
aproximaram ainda mais desses modelos. Assim as TVs mostram os modelos de
organização esportiva da Europa, mas não dão destaque às formas como esses
modelos foram criados. Custou a exploração e expropriação de nossas riquezas e,
ainda que sejam belos espetáculos, como os campeonatos de futebol, também tem
corrupção, lavagem de dinheiro, manipulação de resultados e muito racismo.
Digo isso em razão do
sentimento exageradamente pessimista que toma conta de parte do país as vésperas
da realização da Copa do Mundo.
Quando o Brasil candidatou-se
e foi escolhido para sediar, poucas vozes foram contrárias. Era um momento de
grande popularidade do Lula – apesar do “mensalão” – e muitos queriam seus 15
minutos de fama.
A grande mídia viu a
possibilidade melhorar seu faturamento, principalmente as TVs (abertas e a
cabo).
Alguns críticos fizeram
ponderações corretas, a meu juízo, como afirmar que o país tinha outras
prioridades para se dedicar como melhorar a saúde, educação, moradia,
infraestrutura de comunicação e transporte, por exemplo, mas alguns recorreram
ao velho lema da elite, dizendo que “nós não seríamos capazes de realizar um
evento de tal envergadura”.
É desse segundo grupo
que eu gostaria de falar agora, que estamos a 14 dias do início das
competições. Essa visão de incapacidade geral foi absorvida e reverberada pelo
que temos de pior na nossa mídia, que, estranhamente, aliou-se aos grupos de
extrema esquerda e tentam, de qualquer maneira, inviabilizar o governo socialdemocrata
encabeçado pelo PT.
Essa onda de
pessimismo, que esconde os progressos realizados pelo Brasil nos últimos anos,
tais como maior acesso dos pobres e pretos ao sistema educacional, avanços
significativos no campo da saúde pública, redução do desemprego, acesso a
moradia para o povo mais pobre, melhoria no desempenho econômico de forma
geral, preocupou-se apenas em ressaltas os dados negativos ou, pior ainda,
potencialmente negativos.
A mídia contribuiu
sobremaneira para a desinformação, alimentando o que Nelson Rodrigues – grande
intelectual e cronista brasileiro, de matiz conservadora – chamou um dia de
complexo de vira-latas.
Não vou entrar no
mérito dos dados, mas existem inúmeros sites que contemplam os gastos
governamentais e privados com a Copa, assim como eventuais expectativas de
retorno com incremento da economia em razão do evento.
Recorre-se então ao
lugar comum: todos roubam, tudo é superfaturado, tudo é mal feito...
Com base em experiências
recentes é de se esperar muitos problemas na construção dos estádios para a
Copa, mas a maioria deles é privado. Então é caso de se perguntar: todos quem
cara-pálida? Eu, você que me lê? Claro que não. Todos os políticos... Então dê
os nomes, os fatos, chame a polícia, conte o que você sabe sobre a roubalheira,
pois caso contrário o seu silêncio será cúmplice dos desmandos.
Eu fui contra a
realização da Copa no Brasil. Era daqueles que pensava que outras prioridades
deveriam ser atendidas antes disso. Agora o fato está consumado, os estádios
estão prontos, ou quase, parte das obras de mobilidade será entregue, outras só
serão concluídas após a Copa, mas VAI TER COPA. Para que não tenhamos prejuízo
é importante que ela transcorra da melhor maneira possível.
Quando acabarem os
festejos vamos as investigações e denúncias! Quem roubou, quanto roubou, onde
está o dinheiro?
Mais ainda, vamos
continuar a luta por educação decente, com professores valorizados socialmente
e bem pagos. Melhorar a estrutura de saúde, ampliar o “Minha casa, minha vida”, etc. e tal.
Mas eu não quero
educação e saúde padrão FIFA. A FIFA não nos serve como modelo. É uma estrutura
corrupta, antidemocrática e, que acima de qualquer outra coisa, busca o lucro
desenfreado. Quero saúde e educação padrão Brasil, o Brasil da gente honesta e
trabalhadora que dá um duro danado para sobreviver, gente que faz valer a
dignidade acima de qualquer outro valor!
Clicando aqui veja o documentário "O Complexo de Vira-latas", muito bom para ajudar a entender o momento pelo qual passamos.
Para obter dados oficiais sobre os gastos com a Copa do Mundo clique aqui para ter acesso ao portal Copa Transparente do Senado Federal.
Aqui você acessa o Portal da Transparência da Controladoria Geral da União.
Vários problemas ocorreram nesse período, dentre eles reputo como o mais chocante a remoção da população que estava "atrapalhando as obras". Clique aqui para ler um texto sobre o que ocorreu com a "Aldeia Maracanã".
E aqui, para finalizar, você acessa o Portal Popular da Copa, um site bastante crítico quanto a realização da Copa do Mundo no Brasil.
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