27.10.24

Que democracia é essa?

                                    Será que representa a realidade do nosso país?

Mais uma eleição municipal chega ao fim e a principal pergunta que emerge, diz respeito ao fracasso de algumas candidaturas aos cargos de prefeitos e de vereadores do campo democrático e progressista.

No primeiro turno, tivemos uma vitória significativa das candidaturas de direita e extrema-direita, a meu ver essa vitória está alinhada com o sequestro do Orçamento da União feito pelo Congresso, no período do governo Bolsonaro, por meio do Orçamento Secreto.

As emendas pix não são as únicas responsáveis pelas derrotas das candidaturas progressistas. Ainda não aprendemos a linguagem das redes sociais e não conseguimos uma comunicação eficiente com a maior parte da população.

Some-se a isso a disseminação de fake news temos um quadro tenebroso.

Mas, sempre o “mas”, temos outras questões que devem ser consideradas. Nesse sentido tenho mais perguntas do que respostas.

Vamos lá:

Voto obrigatório

Isso enfraquece por demais a educação política e os partidos políticos. Deveríamos ter os partidos políticos se fortalecendo, buscando adeptos e filiados, com alguma semelhança de pensamento e ação.

O fim do voto obrigatório (veja esse artigo do Politize!) reforçaria o protagonismo dos partidos políticos

Profusão de partidos políticos

Nesse item o problema maior não está na quantidade, mas em determinar o objetivo de cada um deles.

Parece que os partidos atuais miram apenas o acesso aos fundos eleitorais.

Dos partidos existentes poucos são de fato representativos.

Vemos o PSD ocupando ministério no governo Lula e uma secretaria no governo Tarcísio, sendo que apresentam propostas políticas antagonistas.

Em Curitiba o candidato “oficial” do bolsonarismo foi “rifado” pelo próprio Bolsonaro que gravou vídeo de apoio ao candidato de outro grupo político. Tais eventos trazem inúmeras dificuldades para a compreensão política dos eleitores.

Aqui a lista oficial dos partidos políticos existentes no Brasil.

Financiamento de campanha

Embora considere correto o financiamento público de campanha, falta clareza e agilidade na prestação de contas.

Outra coisa são os valores! Deveriam ser fixados em lei, ligado ao orçamento federal. Hoje os valores são exagerados e a prestação de contas ineficientes.

Veja como funciona o financiamento público de campanha.

Justiça eleitoral pouco severa

Apesar de termos uma legislação considerada de forma geral, bastante eficiente, a aplicação da lei mostra-se ineficaz.

O caso da cidade de São Paulo é emblemático. Um dos candidatos praticamente gabaritou os delitos previstos pela lei eleitoral, tais como: compra de votos, disseminação de mentiras, falsificação de documentos, calúnias ao vivo nos debates etc.

Nada aconteceu até o momento.

Regulação das redes sociais

A ausência de regulação das redes sociais é um grande problema. Primeiro por ser uma arma de divulgação de mentiras, as chamadas fakes News, além do uso indiscriminado dessas redes.

Os candidatos que são jornalistas, por exemplo, devem se afastar dos seus meios, mas aqueles que usam as redes sociais não têm a mesma obrigação. Na eleição de São Paulo isso ficou bastante claro. O apresentador de TV José Luiz Datena teve que se afastar da TV, mas o coach Pablo Marçal continuou usando as redes sociais a todo vapor.

Quem representa quem nessa democracia?

Entre a população brasileira aptas a votar a maioria é de mulheres e de pretos.

Mas quando olhamos a composição do Congresso eleito em 2022 não temos o reflexo dessa maioria.

Quando olhamos a representação por ocupação o quadro é pior ainda. Temos muitos empresários e produtores rurais, além de uma infinidade de advogados, que não se sabe a quem representam.

Cabe ressaltar que todos foram eleitos, portanto têm mandato e representação popular, mas precisamos perguntar o papel da mídia e do poder do dinheiro nessas votações.


Nenhum comentário: