Mais uma eleição municipal chega ao fim e a principal pergunta que emerge, diz respeito ao fracasso de algumas candidaturas aos cargos de prefeitos e de vereadores do campo democrático e progressista.
No primeiro turno, tivemos uma vitória significativa das
candidaturas de direita e extrema-direita, a meu ver essa vitória está alinhada
com o sequestro do Orçamento da União feito pelo Congresso, no período do
governo Bolsonaro, por meio do Orçamento
Secreto.
As emendas pix não são as únicas responsáveis pelas derrotas
das candidaturas progressistas. Ainda não aprendemos a linguagem das redes
sociais e não conseguimos uma comunicação eficiente com a maior parte da
população.
Some-se a isso a disseminação de fake news temos um quadro
tenebroso.
Mas, sempre o “mas”, temos outras questões que devem ser
consideradas. Nesse sentido tenho mais perguntas do que respostas.
Vamos lá:
Voto obrigatório
Isso enfraquece por demais a educação política e os partidos
políticos. Deveríamos ter os partidos políticos se fortalecendo, buscando
adeptos e filiados, com alguma semelhança de pensamento e ação.
O fim do voto obrigatório (veja esse artigo do Politize!) reforçaria
o protagonismo dos partidos políticos
Profusão de partidos políticos
Nesse item o problema maior não está na quantidade, mas em determinar
o objetivo de cada um deles.
Parece que os partidos atuais miram apenas o acesso aos
fundos eleitorais.
Dos partidos existentes poucos são de fato representativos.
Vemos o PSD ocupando ministério no governo Lula e uma
secretaria no governo Tarcísio, sendo que apresentam propostas políticas
antagonistas.
Em Curitiba o candidato “oficial” do bolsonarismo foi “rifado”
pelo próprio Bolsonaro que gravou vídeo de apoio ao candidato de outro grupo
político. Tais eventos trazem inúmeras dificuldades para a compreensão política
dos eleitores.
Aqui a lista oficial dos partidos políticos existentes no
Brasil.
Financiamento de campanha
Embora considere correto o financiamento público de campanha,
falta clareza e agilidade na prestação de contas.
Outra coisa são os valores! Deveriam ser fixados em lei, ligado
ao orçamento federal. Hoje os valores são exagerados e a prestação de contas
ineficientes.
Veja como funciona o financiamento público de campanha.
Justiça eleitoral pouco severa
Apesar de termos uma legislação considerada de forma geral,
bastante eficiente, a aplicação da lei mostra-se ineficaz.
O caso da cidade de São Paulo é emblemático. Um dos
candidatos praticamente gabaritou os delitos previstos pela lei eleitoral, tais
como: compra de votos, disseminação de mentiras, falsificação de documentos, calúnias
ao vivo nos debates etc.
Nada aconteceu até o momento.
Regulação das redes sociais
A ausência de regulação das redes sociais é um grande
problema. Primeiro por ser uma arma de divulgação de mentiras, as chamadas
fakes News, além do uso indiscriminado dessas redes.
Os candidatos que são jornalistas, por exemplo, devem se
afastar dos seus meios, mas aqueles que usam as redes sociais não têm a mesma
obrigação. Na eleição de São Paulo isso ficou bastante claro. O apresentador de
TV José Luiz Datena teve que se afastar da TV, mas o coach Pablo Marçal continuou
usando as redes sociais a todo vapor.
Quem representa quem nessa democracia?
Entre a população brasileira aptas a votar a maioria é de
mulheres e de pretos.
Mas quando olhamos a composição do Congresso eleito em 2022 não temos o reflexo
dessa maioria.
Quando olhamos a representação por ocupação o quadro é pior ainda. Temos muitos
empresários e produtores rurais, além de uma infinidade de advogados, que não
se sabe a quem representam.
Cabe ressaltar que todos foram eleitos, portanto têm mandato
e representação popular, mas precisamos perguntar o papel da mídia e do poder
do dinheiro nessas votações.
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