15.5.11

Curta a norma culta, mas com parcimônia!

Neste final de semana estive com alguns amigos, comemorando o aniversário de duas belas mocinhas: Letícia e Mariana.
Mas, como acontece com todos aqueles que abraçam o magistério com paixão, lá pelas tantas embarcamos, alguns dos convivas, numa animada discussão sobre tema educacional. O ponto de partida foi uma matéria que saiu no Jornal Nacional sobre um livro didático de Português.
Segundo uma das convivas do animado churrasco, o JN mostrou que o MEC aprovou um livro que ensina nossas crianças a falar errado.
Como não havia assistido a dita matéria, manifestei-me da seguinte forma: “prefiro ler a obra, não acredito nas notícias veiculadas pela grande mídia e muito menos acho possível formar juízo sobre as coisas a partir de textos de alguns minutos”.
Aproveitei este final de domingo para pesquisar sobre o tema.
O vídeo da matéria está aqui.
O portal IG tem algumas notícias sobre o tema. Leia aqui uma matéria com uma das autoras, aqui outra acompanhada pela nota oficial do MEC e aqui um blog hospedado no IG, mas com viés condenatório à obra.

Meu entendimento do que li até agora: um livro dedicado ao ensino de jovens e adultos (e não crianças) dedica um capítulo a língua falada nas ruas, fábricas, lojas, escolas etc. Tem como objetivo acolher os alunos que perderam o passo da escolarização formal, mostrando que a maneira de se fazer é válida no ambiente escolar, mas não naqueles de exames formais, busca de emprego etc. Não se trata, portanto de ensinar crianças a falar errado, mas sim de dizer a jovens e adultos que eles não precisam se envergonhar da forma como se expressam, isso não lhes pode cassar a cidadania e o direito à livre expressão das suas opiniões.
A edição do Jornal Nacional é de má fé, não diz claramente que o livro destina-se a educação de jovens e adultos. Também não diz que o tema é tratado em um único capítulo do livro e que tem por objetivo acolher os jovens e adultos que perderam o “tempo certo” de escolaridade.
Os autores do livro recomendem que não sejam usados os termos “certo” ou “errado” para qualificar o texto dos alunos, mas sim “adequado” ou “inadequado”. Qual o problema?
Para não ser acusado de estar jogando fora da minha posição – afinal sou professor de Geografia e não de Língua Portuguesa – recomendo a leitura dos textos do Sírio Possenti, particularmente Implicâncias, no Terra Magazine.
Da minha parte fico incomodado quando leio um texto jornalístico – ou ouço um profissional com formação universitária – escrevendo com erros grosseiros. Defendo ainda o ensino da Língua Portuguesa até o último ano da Universidade.
Mas não podemos transformar o domínio da norma culta em mais um instrumento de dominação e opressão!

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