A primeira:
destruiu a educação pública! Sim e fez com esmero, de maneira a dificultar ao
extremo sua recuperação. Contribuiu ainda para que as pessoas deixassem de ler.
Temos como resultado um exército de analfabetos funcionais.
Só por isso
deveriam ser condenados para sempre e lembrados como vendilhões da pátria!
Mas eles
assassinaram também! E torturaram! Costumo dizer aos meus alunos que este é o
pior dos crimes. Entendo a coisa da seguinte maneira: se eu me armar e resolver
combater o governo de plantão, sei que posso matar e também morrer. Digamos que
há certa legitimidade morrer na ação, no confronto com o inimigo. Mas quando a
pessoa está presa, dominada e encarcerada não pode haver assassinato – é esse
nome – ou mesmo violência física.
O crime é considerado
imprescritível perante os tribunais da ONU. Para ele não cabe perdão, apenas
julgamento, com amplo direito de defesa, e punição quando for o caso. Só isso!
E a Ditadura
matou e torturou. Pessoas desapareceram, temos mães que não tem os corpos dos
filhos e filhas para pranteá-los. Filhos e filhas que mal conheceram seus pais
e mães por que foram assassinados por dementes de farda, a serviço do Estado.
Não podemos
esquecer que os militares tiveram grande contribuição de civis: políticos,
empresários, jornalistas e até empresas, isso mesmo, pessoas jurídicas – Grupo Folha,
Rede Globo, Grupo Estado, isso para mencionar apenas os grupos midiáticos.
Dentre os
políticos alguns nasceram, cresceram e se fizeram na Ditadura. Um dos maiores
símbolos desses canalhas é o Sr. Paulo Salim Maluf.
Quando no
poder aqui em São Paulo, Maluf foi um dos articuladores da Operação
Bandeirantes – OBAN – que matou, torturou, financiou grupos de extermínio, que
premiava os agentes da repressão pelas prisões e mortes efetuadas.
Inúmeros
foram os desmandos nos vários cargos que ele ocupou, sempre protegido pelos
militares de plantão.
Por isso ele
encarnou como poucos a Ditadura Militar, até por não ser militar.
Quando da redemocratização
do país continuou sua caminhada política. Desmandos, acusações de roubo, superfaturamento,
cenas de autoritarismo explícito foram sempre sua marca.
Virou verbo:
malufar, no sentido de aderir a roubalheira. Manteve sempre um eleitorado
cativo na capital e no estado de São Paulo, tal qual o PSDB dos dias de hoje.
Voltei para
São Paulo em 1981. Comecei minha militância política no Partidão, então atuando
no MDB. No início de 1982 me filiei ao PT, permanecendo filiado até 1995.
Participei de todas as campanhas subsequentes, sempre apoiando a coligação
liderada pelo Partido dos Trabalhadores.
Convivi com
pessoas que reputo íntegras, como Florestan Fernandes e Luiza Erundina e
conheci outros que não ouso aproximar minha mão da mais tênue chama. Neste
segundo grupo existem os desonestos, que buscam auferir vantagens para si e
seus apaniguados e existem aqueles que buscam vantagem para o Partido, o chamado
“caixa 2”, praga maior do nosso sistema político.
Há outra turma
que pensa que os fins justificam os meios, quaisquer que sejam esses meios.
Algumas
coligações do governo Lula, feitas em nome da governabilidade, foram engolidas
de maneira muito amarga. O pragmatismo político e a necessidade do apoio do
Congresso justificaram tais coligações. Eram feitas no plano institucional,
partido com partido, com compromissos formais entre eles e – podemos intuir – outros
compromissos inconfessáveis, como acontece com todos na política.
Lula
conseguiu conduzir dois mandatos, com algumas atribulações sérias causadas por
alguns dos aliados e conseguiu – talvez sua maior façanha – eleger sua
sucessora a presidenta Dilma.
No plano
federal os acordos continuam da mesma maneira, apenas a presidenta parece ser
menos tolerante com desgastes e acusações públicas.
Estamos às
portas de uma eleição municipal. São Paulo sempre foi o calcanhar de Aquiles do
PT. Desta vez o presidente Lula ungiu – assim mesmo, como se fosse o sumo
sacerdote – Fernando Haddad, aparentemente o melhor nome do Partido para
concorrer ao cargo de prefeito da maior cidade do país.
As coisas
caminhavam até bem, com exceção da deserção da Marta Suplicy da campanha do
Haddad. Aprovado na convenção do Partido começam as articulações das alianças
políticas. Mais do que plano de governo e afinidade de projeto – se é que algum
Partido o possui – valem os preciosos minutos televisivos. Neste segmento duas
coisas importam: somar tempo ao seu candidato e subtrair do principal opositor.
Nesta
operação o PT tentou reproduzir parte da aliança que se tem no plano nacional.
Com algumas defecções como o PMDB que tem candidato próprio na capital
paulista.
Ao buscar
somar os partidos que apoiam o governo da presidenta Dilma o PP é somado. Na
base de sustentação política da presidenta ele é tido como um dos que dá menos
trabalho e não cria dificuldades para ela, como fazem o PMDB, PDT e outros.
O problema
está na sua principal liderança, praticamente o dono do partido, em São Paulo:
Paulo Salim Maluf. O mesmo que virou verbo, sinônimo de roubalheira, pouco caso
com a população, político que só se preocupa em sair-se bem e o povo, ora o
povo que se exploda, como diria o personagem do humorístico da TV.
Tal
dificuldade poderia ser razoavelmente contornada se tal aliança fosse
institucional, se os partidos se reunissem e selassem tal anomalia lá entre
eles, trocando um ou outro cargo pelos preciosos 1 minuto e 40 segundos do
tempo de TV. Seria de embrulhar o estômago, de dar nojo, causar repugnância,
mas, se essa é a regra do jogo e o objetivo maior é derrotar os tucanos na
capital...
O problema
não parou por aí. O Maluf, aquele que virou verbo, exigiu a presença de Lula e
Haddad em sua casa para um autêntico beija mão à moda antiga.
Fotos nas
primeiras páginas de sites, jornais e revistas!
Discussão
entre a militância petista, escárnio dos antipetistas.
A imagem é
muito forte e carregada de significados. O homem procurado pela Interpol, premiado
com uma citação no hall da corrupção recentemente anunciado pelo Banco Mundial,
apertando a mão do operário-presidente, do líder das greves do ABC no final dos
anos de 1970. Um aperto de mão entre desafetos políticos que nunca imaginaríamos
partilhando um encontro político.
O líder dos
operários do ABC, o operário-presidente, odiado pelas elites nativas, repudiado
pela mídia comercial apertando a mão do articulador da OBAN, do serviçal da
ditadura, do representante maior de todos os males causados por um grupo de
assassinos fardados e financiados por empresários inescrupulosos.
De um lado o
líder que inspirou sonhos de um Brasil mais justo e igualitário, do outro um
procurado pela polícia, acusado de corrupção!
O aperto de
mão foi ruim, mas a foto doeu na alma!
2 comentários:
Ótimo texto que mostra exatamente que o brasileiro, além de analfabeto, tem memória fraca. E mais triste é ver que todos são farinha do mesmo saco, que por interesses pseudo políticos se juntam sem pensar nas conseqüências.
O aclamado Lula, aplaudido de pé por diversas vezes, mostra que para se manter no "jogo" se alia até ao Diabo.
E essa foto resume bem o que é política no Brasil. Enquanto muitos tentam, a grande maioria apenas se aproveita.
Para resolver, só passando o rodo nesse pessoal e começando do zero...
Mas quem irá começar?
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