29.10.12

Algumas constatações pós-eleitorais



A estratégia do PSDB e dos demais conservadores, mídia inclusive, de arrastar todos os nomes do PT para a mesma lama, deu com os burros n’água!
Por quê? Não sei responder. Tenho algumas pistas, e a mais consistente dela faz-me pensar que os mais pobres associaram a sua inclusão no “mercado consumidor” com o Lula e aqueles a quem ele defende.
Penso que essa vitória não é do PT – ou dos partidos da base aliada que conquistaram muitas prefeituras – mas é uma vitória do personalismo, beirando a mitificação, do ex-presidente Lula. Óbvio que os menos favorecidos de sempre têm razões concretas para essa mitificação, ela não é obra midiática ou construída apenas em cima de sonhos e utopias.
No caso de São Paulo o mais significativo do resultado da eleição majoritária é o enterro do funesto José Serra. Sua biografia de socialdemocrata foi sepultada com a guinada a direita durante as presidenciais de 2010. Nela associou-se aos grupos ultraconservadores cristãos, que lutam para manter a criminalização do aborto e sonegam direitos às minorias, particularmente aos homossexuais.
Fez uma campanha desnorteada, baseada apenas em denúncias e desqualificação do opositor, sem apresentar propostas concretas para a cidade. Isso para um homem que já foi meio prefeito e meio governador não caiu bem perante o povo.
Martelou o mensalão dia e noite, quando mensalão não houve, permitam-me discordar dos homens de preto que fazem a justiça desse país. O crime ali cometido chama-se "caixa 2", com sobras de campanhas eleitorais e contribuições clandestinas. É um crime menor? Para nós, cidadãos decentes, não! Para a justiça sempre foi, até semana passada.
Eu não sou defensor do caixa 2 de campanha eleitoral, seja ele do PT ou do PSDB, mas não sou a favor da condenação de um e o completo silêncio cúmplice – da mídia, da direita conservadora e dos chamados partidos de extrema esquerda – e abonador para o outro.
Devemos caminhar rapidamente para o financiamento público de campanha, assim poderemos colocar algum cabresto no poder econômico, caso contrário adeus representatividade.
Aliás, no meu entendimento a tal democracia representativa está com os dias contados. Ela precisa se reinventar. Talvez aperfeiçoarmos os instrumentos da democracia direta, ou reconhecermos outras formas de representação, como fizeram recentemente os equatorianos e bolivianos.

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