As mazelas da educação no Brasil são conhecidas por todos. Elas guardam correspondência com o gigantismo do nosso território e das nossas potencialidades.
O desarranjo é de tal dimensão que aquele que conseguir colocar o sistema educacional nos trilhos passará para a história como herói nacional!
Isso explica a visibilidade que o Enem – Exame Nacional do Ensino Médio – alcançou, para o bem e para o mal.
Infelizmente as duas últimas edições deste exame trouxeram inúmeros dissabores para os estudantes, familiares, educadores e sociedade em geral.
Em 2009 ocorreu o roubo da prova e seu posterior vazamento para a mídia – um ato criminoso ainda não esclarecido. O desgaste foi imenso e os prejuízos – financeiros, pedagógicos e políticos – idem.
Já neste ano, os erros formais ganharam destaque. Cabeçalhos dos gabaritos invertidos, cadernos misturados, numeração das questões fora de ordem, dentre outros problemas, destacaram-se.
A mídia superdimensionou tais problemas e o poder Judiciário intercedeu de maneira estabanada, gerando um clima de intranqüilidade desnecessário por todo o país.
Neste momento, tudo indica que a solução encaminha-se para o bom senso, dando aos alunos e alunas prejudicados o direito de realizarem a prova novamente. Dos 3,3 milhões de candidatos que prestaram a prova, algo próximo de 2.000 deverão refazê-la.
É preciso aproveitar este momento para desencadear uma discussão acerca do Enem que envolva professores e pensadores da Educação. Não se trata, em absoluto, de negar a validade do exame ou querer extingui-lo, como desejam alguns, movidos por puro oportunismo político.
No entanto, não podemos nos negar a refletir sobre ele e buscar o seu aperfeiçoamento.
No nosso contexto – grande dimensão territorial, diversidade cultural e regional, convém perguntar: cabe um exame de caráter nacional? Não seria mais interessante sua regionalização?
E ainda, pode o mesmo instrumento ser usado para vários propósitos de avaliação?
Na forma como está o Enem, ele serve para o ingresso na universidade, assemelhando-se a um imenso vestibular nacional ou certificação do Ensino Médio, substituindo os exames de suplência e ainda para balizar os projetos pedagógicos das escolas.
Os professores precisam ser ouvidos. Cabe ao MEC criar instrumentos para que aqueles que estão na sala de aula, vivenciando o cotidiano da educação, possam manifestar-se.
É necessário explicar como a prova é elaborada, a maneira como é corrigida e deixar claro todos os critérios de avaliação.
Afinal não se pode avaliar os alunos e as alunas sem explicar-lhes o que se quer saber!
Texto publicado na Revista Weekend - nº 57 - 26/11/2010.
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