29.9.14

PORQUE APOIAMOS DILMA ROUSSEFF


Professores com Dilma

Os professores que subscrevemos esta carta viemos a público com o propósito de declarar nosso apoio à campanha pela reeleição de Dilma Rousseff à Presidência da República. Para além desse motivo mais imediato, subscrevemos esta carta também em defesa da liberdade de informação, da liberdade de opinião e, por consequência, em defesa do acesso a uma educação crítica, madura e, evidentemente, politizada.

Se é verdade que o governo Dilma, dando continuidade ao governo Lula, não enfrentou o grande capital com a voracidade sonhada por outros grupos de esquerda, também não é honesto negar que, de modo inédito na História do Brasil, as gestões do PT conseguiram implementar avanços sociais inquestionáveis.

Nesse sentido, a própria resposta raivosa dos setores mais tacanhos de nosso pensamento conservador já é por si um indicador irrefutável do abalo nas estruturas de privilégio, tão arraigadas em nossa sociedade.

A visão mesquinha e repugnante daqueles que defendem vivermos hoje uma “Ditadura das Minorias”, avessos ao contato com “gente diferenciada”, demonstra de modo incontestável que o ódio irracional dos setores mais à vontade com a tradicional exclusão e o atraso resulta do aumento da igualdade e das conquistas sociais promovidas pelo governo. Num país desigual como o nosso, os que se consideram parte da elite, em sua maioria, não foram suficientemente educados para viver em um Brasil onde o outro também deve ter direitos.

Para quem quer o Brasil da desigualdade, é inadmissível que o aumento do poder de compra do salário mínimo tenha amenizado as distâncias no acesso a bens, serviços e espaços sociais – e os tão falados aeroportos tenham se transformado em ambientes muito mais democráticos e representativos de nossa população.

Para quem quer o Brasil do atraso, é inaceitável que o Poder Executivo esteja nas mãos de um grupo que busca reverter os efeitos do racismo institucional. Os abastados deste país, que muitas vezes fingem reconhecer a igualdade genética entre os povos, não se sentem representados por um grupo político que assume os séculos de omissão do Estado como única explicação para que pretos e pardos sejam maioria entre as vítimas da violência, mas minoria nas festas de formatura – compreensão que foi fundamental para o implemento da política de cotas em concursos públicos.

Para quem quer o Brasil da intolerância, é inconcebível que a Presidenta da República defenda abertamente a criminalização da homofobia. Em seu egoísmo, esse grupo não aceita que o poder público insista na retomada de projetos educacionais voltados para a formação de cidadãos e cidadãs com mais preparo para conviver com as diferenças, caso do projeto “Escola sem homofobia”. Os chamados “defensores da família”, que tratam os sentimentos de amor e fraternidade como inferiores aos dogmas cegamente defendidos por grupos fundamentalistas, chegam a levantar-se contra a candidatura de Dilma Rousseff justamente porque seu governo apresentou manifestações de respeito a outras crenças, a outros modos de viver, a outros modos de amar.

Nesta conjuntura de enfrentamento, devemos lembrar ainda que a frequente postura de recusa ao diálogo por parte dos grupos mais reacionários, bem como as manifestações de ódio a tudo que lembre a cor vermelha e seu significado político, não nasceu naturalmente em cada eleitor. Não bastasse nossa longa ditadura militar ter construído meticulosamente o estigma de “subversivo” e “desordeiro” a qualquer pensamento alinhado à democracia, temos hoje um forte aparato midiático voltado para reforçar o estereótipo negativo que se pretende atribuir aos que clamam por mais igualdade de condições e de direitos.

Em favor de seus interesses, a chamada “grande mídia” mostra-se assustadoramente distante do desempenho de seu papel republicano, que seria esclarecer a população sobre a importância do avanço no acesso a direitos. Além disso, escondidos sob uma aparente neutralidade, esses grandes grupos midiáticos não hesitam em divulgar apressadamente toda e qualquer notícia ou boato que possa ter impacto negativo sobre o atual governo federal e, ao mesmo tempo, mantêm-se estranhamente evasivos ou nulos na apuração de episódios que envolvem o Governo do Estado de São Paulo, ocupado há mais de 20 anos por um grupo que defende os interesses neoliberais da classe dominante.

Para a educação do povo brasileiro, o efeito dessa parcialidade é, obviamente, desastroso. Ou alguém duvida de que o resultado das eleições em São Paulo seria outro se houvesse um efetivo esforço para o esclarecimento sobre quem são os responsáveis pelo esquema de corrupção no metrô, pela crise de abastecimento de água ou pelo sucateamento da educação pública paulista?

Fica evidente que, submetidos aos apelos da grande mídia, mesmo entre aqueles que se beneficiam de políticas implementadas pelos governos Lula e Dilma, há os que vêm optando, muitas vezes sem perceber, por candidaturas que representam um retrocesso político e social no Brasil. Como explicar que vários beneficiários de programas como o PROUNI ou o PRONATEC prefiram os arautos da política que conduziu o país, na década de 90, ao desemprego? Como explicar que muitos dos pequenos e médios empresários, beneficiados pela política de fortalecimento do mercado interno, levantem-se com unhas e dentes contra o atual governo? Via de regra, esses eleitores ecoam o discurso das seis famílias que, no Brasil, comandam as grandes mídias jornalísticas e defendem os interesses do dito “mercado”, para quem o bem-estar social jamais será mais importante que o lucro das grandes corporações.

Por fim, não podemos nos esquecer de que, neste cenário de luta e transformação, um dos contragolpes desferidos pelo conservadorismo tem justamente os professores progressistas como alvo. Sob o lema “escola sem partido”, toma-se partido em favor da velha política, para a qual as veleidades do mercado financeiro estão acima do respeito à vida, do combate à miséria e de qualquer valor humanitário. Como se não bastasse a hegemonia que esse discurso encontra nos grandes meios de comunicação, tenta-se calar os pequenos focos que possam levantar a dúvida e a reflexão, condições necessárias para, independentemente da direção adotada, tomar-se uma posição madura e consciente. Dessa maneira, declarar nosso voto em

Dilma é ainda um modo de combater a despolitização da docência, o cerceamento da reflexão, a censura ao questionamento. Mas não só isso: declarar nosso voto e os motivos que nos levam a ele é ainda nossa pequena contribuição na luta por um Brasil mais justo, mais igualitário, mais democrático e com mais acesso à educação. A caminhada é longa, mas estamos trilhando os primeiros passos.

É por isso que votamos Dilma.

Fonte: Professores com Dilma 2014

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