5.4.24

Aventuras e desventuras tecnológicas

 

Quando ainda lecionava era um entusiasta das inovações tecnológicas. Isso desde o final do século passado.

Usava aplicativos em sala de aula com alguma maestria, auxiliava meus “parças” de trabalho em algumas aventuras por esse maravilhoso mundo tecnológico.

Fonte: Ensino – Guia de Educação. Disponível em https://canaldoensino.com.br/blog/305-aplicativos-educacionais-para-utilizar-em-sala-de-aula. Acesso em 02/04/24.

Existiam limitações, não tínhamos a quantidade de aplicativos que temos hoje e as escolas pouco investiam em tecnologia.

Certa vez ouvi de um colega, após ajudá-la a encontrar uma informação para a aula de Biologia, que ele só encontrava lixo no mundo virtual. Era o tempo dos inúmeros mecanismos de busca, o Google não havia monopolizado esse segmento ainda.

Era o tempo do Orkut, das listas de e-mails e dos blogs. Estimulei o uso das comunidades do Orkut para dicas de estudo e trocas acadêmicas entre os alunos.


Na primeira década do século XXI dei início a esse blog, em plena ebulição do “mensalão. Tinha por hábito comentar as capas das principais revistas semanais.

Costumava reproduzir matérias de autores que considerava interessantes e trabalhava bastante com hiperlinks, era o momento que pensávamos em um ambiente de colaborações, não havia competição entre os blogs e a maioria dos conteúdos estava aberto.

Era um bom espaço de discussão, tanto para meus alunos como para pessoas progressistas, embora eu tenha recebido muitas críticas, principalmente pela defesa da causa palestina e do governo Lula.

Usei Orkut, blog, lousa digital, gravação de aulas e demais traquitanas digitais em diferentes épocas.

Em 2010 tem início a Primavera Àrabe, que eclodiu na Tunísia e rapidamente se espalhou, primeiro nos países árabes do norte da África e depois atingiu o Oriente Médio.

O movimento foi difundido por meio do uso do celular e das chamadas redes sociais e rapidamente o Orkut, Twitter, MSN, Blogger etc., foram tomados pelas cenas que representavam o descontentamento da população com o nível de vida, corrupção e outros desmandos naqueles países.

O papel das redes sociais foi fundamental no processo, mobilizando as pessoas e fazendo pressão sobre as autoridades.

Eu não conseguia compreender direito o alcance daquilo tudo e, tempos depois conseguimos ver o resultado daquelas revoltas

Mas, de fato, ficou marcado em minha memória o ano de 2013 e o tal “Não são só 20 centavos”. Não era mesmo.

O Brasil foi sacudido por protestos, que começaram pequenos e foram crescendo e tomando conta do país.

A direita, espertamente, se apropriou da bandeira inicial e depois começou a protestar contra “tudo isso que está aí”.

No início eram tratados pela mídia como pequenos grupos de baderneiros, mas, de repente essa mesma mídia se colocou ao lado dos  manifestantes.

Nesse contesto aparecem inúmeros movimentos, como o MBL e O vem pra rua, que mobilizam inúmeras pessoas, visando o afastamento da presidenta Dilma e, ao mesmo tempo, tem início uma perseguição aos professores, chamados de “doutrinadores e esquerdistas”.

A presidenta Dilma sofreu impeachment e os “movimentos” elegeram deputados e vereadores, para combater os “doutrinadores”.

Nas redes sociais cresceram perfis de extrema-direita, como o Brasil Paralelo e a Revista Oeste, especialistas em espalhar fake news.                    

Esse processo avança para as campanhas contra vacinas, a ciência, e as artes.

Tais movimentos elegeram Jair Bolsonaro, claro, com o apoio da mídia, que depois se arrependeu e da maioria da população.

Foram quatro anos de inferno promovido pela extrema-direita e com muita mentira e boçalidade, mas conseguiram eleger vários expoentes do negacionismo e com poucos neurônios como o Bolsonaro.

Resta esperar que a justiça cumpra o seu papel e coloque esses bandidos na cadeia o mais rápido possível,

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom texto!