30.6.07

Lula é culpado pelo que acontece no RJ?

O título acima ocorre em razão do texto de Clóvis Rossi na Folha de S.Paulo de hoje (clique aqui para lê-lo, mas só se for assinante da Folha ou do UOL).
O mote é a violência no RJ e a exposição do Brasil na mídia mundial, negativa, em razão da invasão do Complexo do Alemão pela polícia estadual.
Lá pelas tantas, Clóvis Rossi afirma o seguinte: “Seria mais proveitoso que, em vez de resmungar, Lula jogasse o governo na guerra da segurança pública – e não apenas no Rio. Mas é pedir demais.”.
Só para entender: ele está defendendo uma intervenção do governo federal numa unidade – ou em várias – da federação?
Sim, pois segurança pública está na alçada dos governos estaduais e, até que se mudem as leis e a Constituição, o governo federal só poderá agir se chamado para tanto pelas autoridades estaduais ou se decretar a intervenção federal na unidade federativa.
É claro que a questão da segurança pública pede muito mais do que se está fazendo, nas três esferas de governo, mas se vivemos no estado de direito isso não depende da vontade de um homem, mesmo que ele seja o presidente da República!
Muito mais justo seria criticar a política de segurança do governo federal em razão da saída, logo no início do primeiro mandato, do Luiz Eduardo Soares (clique aqui para conhecer suas propostas para Segurança Pública), possivelmente uma das maiores autoridades no assunto no país.
É evidente que falta planejamento estratégico nesta área – Ah! Se fosse só nessa... – além de investimentos qualificados.
A crise na segurança pública, na saúde, na educação e em vários outros setores é fruto do desmonte do Estado e do sistema de compadrio da administração pública – em voga desde o ano de 1500 aproximadamente – além da corrupção congênita que assola o Estado brasileiro, de fio a pavio!

Jornalista tem lado

Do blog Fazendo Media:
Jornalista tem lado
27.06.2007

Como jornalista, você tem de estar do lado da justiça, do equilíbrio, da decência, tem de se posicionar. O Oriente Médio não é um jogo, onde você dá tempo equivalente para cada time. Não é um julgamento público, é uma imensa tragédia humana. Se estivéssemos cobrindo o tráfico de escravos no Brasil, daríamos o mesmo espaço ao escravo e ao traficante?

- Robert Fisk, correspondente de guerra britânico do jornal The Independent, em entrevista concedida a Sérgio Dávila, da Folha de S. Paulo (25/06/07).

A opinião de Fisk traz de volta a eterna discussão sobre a imparcialidade jornalística. Há pelo menos quatro anos venho defendendo, aqui no Fazendo Media, uma posição muito clara: o texto jornalístico só poderá ser imparcial quando escrito por robôs. Pedir que um jornalista seja imparcial é o mesmo que exigir que ele deixe de amar, que abandone seus sentimentos, que se desumanize. O ser humano, enquanto humano, possui uma subjetividade, um histórico de vida que lhe confere um determinado vocabulário, este já repleto de significações e pontos de vista. No fundo, por mais que o jornalista ouça os dois ou mais lados de uma questão, ele tenderá a escrever "isso aconteceu, segundo fulano" quando acreditar no tal fulano, ou "isso teria acontecido, segundo beltrano", quando desconfiar do tal beltrano.
Há um outro aspecto extremamente relevante, porém nunca discutido com profundidade. Trata-se do modo como a estrutura da reportagem é construída. Muitas vezes, o contraponto apresentado não é o único ou o mais representativo. É preciso enfatizar que toda construção jornalística é pautada por subjetividades. E é justamente nesse ponto que a compreensão da história se faz notar, na mesma proporção em que a ignorância do jornalista se faz lamentar. De modo que é possível construir uma reportagem sobre um homem-bomba em Bagdá registrando apenas o número de mortos e ressaltando o fanatismo daquele sujeito que se matou, ou então esquadrinhar a questão de outra forma, perguntando, por exemplo, quais as razões que levam alguém a se explodir ou criticando a invasão do Iraque pelos EUA. A partir daí, tudo muda. As fontes ouvidas serão outras, título e subtítulo serão completamente diferentes e até o conjunto de palavras utilizado deverá variar. Por que o termo "terrorista" é usado para designar alguém que pega em armas para resistir à invasão estrangeira e não para intitular aqueles que invadem?
O triste nisso tudo é que essa falácia da imparcialidade jornalística vem sendo utilizada para a legitimação de toda sorte de crime contra a humanidade, cujo exemplo mais chocante tem sido a cobertura do massacre estadunidense no Iraque a partir de jornalistas embutidos na tropa invasora. As corporações de mídia brasileiras exibem esse material - devidamente monitorado pelo Departamento de Defesa dos EUA - ao mesmo tempo em que seus editores concedem entrevistas sobre os valores nobres da imparcialidade jornalística e criticam a não renovação da concessão da RCTV em nome da liberdade de imprensa.
Por fim, cabe comentar a pergunta que Robert Fisk devolve a Sérgio Dávila. "Se estivéssemos cobrindo o tráfico de escravos no Brasil, daríamos o mesmo espaço ao escravo e ao traficante?". Fisk, como se sabe, vive no Oriente Médio há 40 anos e só esteve no Brasil em duas oportunidades. Porque se vivesse aqui certamente saberia que a resposta para sua pergunta é "claro que não". No Brasil, as corporações de mídia dariam muito mais espaço para os traficantes de escravos, do mesmo modo que deram para os torturadores de outrora e assim como dão para os assassinos de hoje.


Blog Fazendo Media

25.6.07

Vitória da imprensa alternativa

O portal da Agência Carta Maior anuncia, com muito orgulho, a vitória da própria, da CartaCapital e do blog do Luis Nassif no Troféu Dia da Imprensa. Tal troféu é concedido pela Revista Imprensa a partir de uma eleição bastante criteriosa e aberta.
Veja parte da matéria:

Vitória da imprensa alternativa
Carta Maior, Carta Capital e Luís Nassif foram indicados por um júri altamente qualificado e depois votados nas respectivas categorias, como a melhor imprensa do Brasil. A eleição, de livre acesso, foi conduzida na página do Portal da Imprensa, e teve quase 20 mil votantes.


Para ler o restante do texto clique aqui.

21.6.07

Cuba, hora de mudanças

A era Fidel está se esgotando. O projeto natural para a transição é combinar controle político nas mãos do PC com reformas capitalistas, ao estilo chinês. Mas há uma alternativa, que se apóia nos ricos processos de mobilização social da América Latina

Carlos Gabetta

(Da edição argentina do Le Monde Diplomatique):

Todo o mundo se pergunta se haverá “transição” em Cuba e se acontecerá antes ou depois da morte de Fidel Castro. Os adversários da Revolução Cubana estão certos de que haverá. Acontecerá segundo as premissas capitalistas e, ao terminar, terá reconstruído o sistema, com todas as suas características clássicas.
Há também os que, como nós, entendem que o capitalismo já deu tudo de bom que poderia e agora só pode oferecer desigualdade, conflitos, destruição e opressão. Para esses, o problema continua sendo propor uma alternativa geral. Afinal, depois da experiência soviética, temos que rever tudo que entendemos por socialismo.
Durante anos, temos insistido em denunciar as agressões exteriores de todo o tipo a que a revolução cubana é submetida. Só a má-fé pode ignorar o papel que ataque e o bloqueio norte-americanos exercem sobre a evolução e o caráter do regime político, os problemas da economia e as recorrentes dificuldades de abastecimento da população.

Este texto está publicado no Le Monde Diplomatique, clique aqui e leia-o na íntegra.

20.6.07

VEJA x COC

A revista Veja, secundada pelos saites Mídia Sem Máscara e EscolasemPartido.org, resolveu atacar o material de História do Sistema COC.
Não tenho aqui o citado material para comentá-lo, além do que sou professor de Geografia, portanto minha especialidade é outra.
Mas trabalhei no COC aqui em São Paulo por quase 5 anos.
Encontrei no material de Geografia do Sistema COC alguns equívocos, assim como encontrei nos materiais de outros sistemas de ensino: Positivo, CPV, Objetivo... Além de algumas visões que não combinavam com as minhas sobre determinados temas.
Nada que atentasse contra meus princípios, diga-se de passagem, ou que não pudesse ser contornado em sala com a minha estrutura de aula.
Claro que os sistemas de ensino têm grandes limitações do ponto de vista pedagógico. Eles resumem, sintetizam, muito em razão dos vestibulares, ou seja, do “mercado” e por isso estão sujeitos às superficialidades ou mesmo ausência de análises. Isso fica por conta do professor, aí está a vantagem de materiais mais enxutos na minha área, como os do COC e do CPV.
O blog do Luis Nassif tem levado esse embate adiante, fazendo o que o jornalismo de Veja não faz: ouvindo todos os envolvidos, inclusive o COC e dando voz a todas as opiniões. Sugiro uma visita, é só clicar aqui e garimpar os textos e postagens dos leitores.
Aliás aponta uma contradição tremenda desse órgão de desinformação: num mês faz uma matéria extremamente elogiosa ao Sistema COC, logo depois o desanca. Por "coincidência" o grupo Abril tornar-se-á um concorrente do Sistema COC.
Na leitura dos comentários dos freqüentadores do Blog do Nassif surge de forma clara, por parte de alguns, a reivindicação de que o professor seja “neutro” do ponto de vista ideológico.
Só me faltava essa!
Quer dizer que quem escolhe o magistério está proibido de pensar, de ver e interpretar o mundo com as ferramentas adquiridas ao longo de sua vida?
Um leitor afirma que devemos ter posições de “centro”.
Quer dizer que opinião só vale se for de centro?
A Veja pode ser de direita, mas eu não posso discordar dela?
Se discordar dizem que estou sendo doutrinador. E se concordar? Tudo bem?
Penso que o professor não deve usar o seu “poder”, bastante restrito se comparado às outras instâncias sociais, diga-se de passagem, para fazer lavagem cerebral nos alunos e me esforço para assim proceder na prática.
Se num determinado assunto existem dois aspectos para serem considerados, eles devem ser descortinados para os alunos e as alunas, acompanhados de provocações para que eles formem suas opiniões.
Acontece que parte considerável dos alunos chega até nós, no ensino médio, contaminados pelo PUM, pensamento único da mídia, como diz o Luis Carlos Azenha do blog Vi o Mundo.
Nós, professores “acusados” de esquerdistas, temos que nos ocupar em mostrar o outro lado, aquele que a mídia e a sociedade esconderam dos moços e das moças.
Eles lêem a Veja, o Estadão e a Folha de São Paulo em casa, no dentista, no consultório do médico...
Por isso temos que oferecer a eles a Caros Amigos, CartaCapital, ComCiência, Le Monde Diplomatique e os blogs do naipe dos já citados, além do SIVUCA, Reação Cultural, Marconi Leal, dentre tantos outros de ótima qualidade.
Além da leitura integral de livros de boa qualidade.

Deu no The New York Times

Embora eu não pertença ao time do picolé de chuchu, que segundo Luís Inácio aceita tudo que deu no NYT, uma notícia na matéria traduzida hoje pelo UOL Mídia Global surpreendeu-me: Índios do Amazonas enfurecidos com a venda de amostras de sangue colhidas anos atrás (clique no título para ler a matéria, mas só para assinantes do UOL).
A matéria apresenta a indignação da tribo amazônica Karitiana ao ter conhecimento da comercialização de seu sangue pela Internet, bem como de outras tribos como a dos Ianomâmis.
Tal “empreendimento” é levado a cabo pela Coriell Cell Repositories, uma entidade sem fins lucrativos em Camden, Nova Jersey, por módicos US$ 85,00.
Os nativos dizem que foram enganados por pesquisadores estrangeiros e brasileiros, enquanto a empresa os cientistas alegam ter feito tudo dentro do rigor da lei.
Os karitiana querem indenizações, já os ianomâmis querem a devolução das amostras.
A FUNAI, órgão responsável pelos indígenas brasileiros, afirma que jamais autorizaria a obtenção de amostras de sangue nestas condições.
Sabe-se que para a ciência – leia-se indústria químico-farmacêutica – tais amostras são valiosas em razão destes grupos estarem à época relativamente isolados, portanto “puros” das doenças disseminadas em nossa sociedade.
Só falta alguma empresa aparecer com a patente do DNA de algum grupo nativo...

18.6.07

Viúva de Lamarca consegue conquistar pensão

A nossa grande mídia, que prefere a manipulação aos fatos, colocou nas manchetes a concessão de indenização e pensão à viúva do capitão, agora Coronel, Carlos Lamarca, com as providenciais declarações dos militares “ofendidos” com tal ato.
Quem apurou a informação pela grande mídia foi levado a acreditar que tal empreitada foi do governo Lula.
Não foi!
No Conversa Afiada tem uma entrevista esclarecedora sobre o tema, além de abordar um gesto de grandeza da ministra Dilma Rousseff, mas que a grande mídia não noticiou, clique aqui para acessá-la.

17.6.07

Tempo

Às vezes o tempo me intriga, nem tanto como situação atmosférica, mas muito mais aquele senhor das mudanças e transformações no sentido cronológico.
Ele opera mudanças impensáveis!
Vejamos no campo da política, por exemplo. Lembro-me de alguns discursos de Lula e outros companheiros ao longo dos últimos 20 e poucos anos.
Vibrantes! Utópicos! Lindos!
Uma dura e longa caminhada para chegar ao governo, mas no meio desse caminho, por obra do tempo, guinadas para um lado e para outro, abandono da utopia, dos sonhos e da beleza de sonhar.
Quantas coisas que combatemos juntos e hoje vemos nossos ex-companheiros de partido repetir tais coisas, antes abomináveis, agora toleradas por vezes em nome da governabilidade, na maioria das vezes por motivos inomináveis.
Na vida pessoal então, nem se fala!
Eu nunca havia me imaginado com 45 anos e agora os tenho completos e rumando para os 46.
Quantos amigos perderam-se pelo tempo e pelas distâncias!
Alguns deles reencontrei virtualmente por estes dias de intensa revolução tecnológica, graças ao Orkut e outros milagres da internet, essa rede que nos arrebata, para o bem e para o mal.
Sinto saudades dos tempos de colégio, do Cine Rio Branco nas tardes de domingo em Varginha.
O encontro da turma na Praça da Fonte, o bate-papo até tarde.
Os amores realizados e aqueles apenas sonhados, platônicos.
Ensaios de teatro até tarde da noite com pessoas de uma grandeza nos sonhos imensa, depois o bar, a música e a poesia.
A Resistência, Muro de Arrimo, O noviço, Pluft o Fantasminha, De como revisar um marido Oscar... Tantos textos ótimos! E os laboratórios, os estudos em grupo, as longas leituras. Grotowski, Boal, Stanislavski, Brecht...
Chego a pensar que não deveria ter deixado de fazer teatro. Faz-me muita falta.

10.6.07

Até o próximo final de semana!

Amigos e amigas, estarei ausente deste espaço na próxima semana. Acompanharei os alunos da 2ª Série do Ensino Médio num estudo do meio no Vale do Paraíba.
O roteiro incluí INPE, Usina do Funil, CSN, Volta Redonda e Bananal.
Voltarei a importuná-los somente no próximo sábado.
Até lá!
Caso alguém queira acompanhar o desenrolar do trabalho visite:
Boa semana para todo mundo!

Ser de Esquerda

Algumas indagações estavam me inquietando agora pela manhã.
Sou de esquerda? Afinal o que é isso? Como anda minha “responsabilidade social”? Qual a razão do aumento exagerado do meu ceticismo?
Lembrei-me então da edição da Caros Amigos de abril, que ainda repousa sobre a escrivaninha, de leitura ainda incompleta. Na capa a sugestiva pergunta: O que é ser de esquerda?
A matéria apresenta 36 depoimentos de bispos, padres, políticos, sindicalistas, professores universitários, publicitários, empresários, jornalistas, juízes, artistas e líderes dos movimentos sociais.
Em primeiro lugar uma aula de bom jornalismo: todos se manifestam, à esquerda e à direita!
Por conta destes pensamentos lembrei-me de algumas postagens na comunidade orkutiana “Geografia-USP”.
Alguns jovens estudantes questionavam a ausência, nas assembléias, dos contrários a greve e ocupação da reitoria da USP. Outros vociferavam contra a impotência dos conservadores em manifestarem-se. Outros ainda discutiam a tal “maioria silenciosa”, dizendo que aqueles que estavam contra a greve permaneciam em silêncio, mas atentos.
Reclamavam ainda do fracasso de uma passeata contra a greve e contra a ocupação da reitoria, sem compreender a razão do seu fracasso.
Juntando esse episódio com algumas definições encontradas na matéria da Caros Amigos, fica fácil concluir a razão do fracasso destes alunos e professores: na mente dos conservadores triunfou o individualismo! Essa é a cara do neoliberalismo! Cada um por si e salve-se quem puder!
Já outras pessoas valorizam, ainda que pareça utópico, o coletivismo, por isso guiam suas ações pelas decisões coletivas e por isso pensam nas questões que dizem respeito à Universidade Pública, autônoma, livre e que deve atender à sociedade e não apenas as premissas do mercado, do lucro e do triunfo individual.
Ora se os conservadores acreditam na vitória do indivíduo sobre o coletivo qual a razão para participar de decisões coletivas? No máximo irão respaldar um ou outro indivíduo mais atirado, corajoso, que se proponha a enfrentar o “coletivo”, não importando a dimensão desse coletivo, um grande líder, que faça "por eles".
Infelizmente a edição de abril ainda não está no site, mas creio que ainda esteja nas bancas! Boa leitura!

Corrupção no Brasil - para este caso a mídia não deu atenção

Acabo de percorrer os sites de Veja, Época, Istoé e CartaCapital. Todas as revistas abordam, com mais ou menos destaque, o escândalo do momento envolvendo empreiteiras, políticos, empresários, policiais, irmão de presidente, presidente do Senado etc. e tal.
Mas, pelo menos nos sites, nenhuma escassa linha sobre matéria com ampla repercussão na semana que passou: professores que pagam “comissão” para obtenção do cargo.
Pelas poucas leituras que fiz não dá para ter juízo mais claro sobre o fato, mas não seria o caso de colocar os repórteres nas ruas? Ampla investigação? Cobrar das autoridades, políticas e policiais, explicações sobre o caso?
Parece que isso não dá show, não é espetáculo, portanto não interessa à grande mídia!
Vejam matéria na BBC sobre o tema:
Professores no Nordeste pagam comissão para manter emprego, diz Unesco
E também na capa do Terra de hoje:
Unesco: corrupção atinge educação do mundo inteiro

5.6.07

Deu no Terra Magazine

Abaixo segue um trecho do texto do jornalista Bob Fernandes, do portal Terra Magazine, um dos textos mais envolventes da imprensa brasileira. Quando o leio, desde os tempos da CartaCapital é que percebo como foi acertado ter desistido do curso de jornalismo!
Como sempre ele dá show de “letras”. Caso queiram conferir a matéria na íntegra é só clicar aqui.


Venezuela: mídia e RCTV, hoje e no golpe de 2002
Terça, 5 de junho de 2007, 14h03
Bob Fernandes

No domingo, 10 de abril de 2002, a dupla de irlandeses estava no Forte Guaicapuro, a uma hora de Caracas, onde Chávez foi gravar o programa dominical de televisão, estatal, "Alô Presidente".
No início da madrugada da segunda-feira 11 de março, exatamente um mês antes do golpe de estado, tive as primeiras de mais de 30 horas de conversas gravadas com Hugo Chávez ao longo dos últimos 6 anos. Estas primeiras, na Sala de Despachos, Palácio Miraflores, de onde o presidente governa.
No total, incluindo-se entrevistas com seus mais próximos, são mais de 50 horas gravadas, além de ter à disposição mais de 180 horas com depoimentos de todos os grandes envolvidos no golpe e no contragolpe, figuras do governo e da oposição: generais, ministros, coronéis, almirantes, jornalistas, empresários...
Nestes dias de junho de 2007 (veja aqui), em que tantos se esforçam para alimentar uma batalha midiática, política e diplomática entre Chávez e Lula, Brasil e Venezuela, vale recordar o papel de alguns dos mais importantes personagens do golpe de estado e do contragolpe.
Dramático o enredo, com fatos e diálogos que já são, ou virão a ser, parte da história.
Para que se entenda a Venezuela um pouco mais é inescapável recordar o que narram ao menos alguns dos seus livros de história: algo como um terço da população teria morrido na Guerra de Libertação - contra a Espanha - no ínício do século XIX. Portanto, de raízes profundas a virulência política generalizada.
No brevíssimo, embora interminável, espaço de 47 horas entre 11 e 13 de abril de 2002, o presidente eleito foi deposto e preso, em seu lugar assumiu o presidente da Federação das Indústrias, Pedro Carmona Estanga, para em seguida assistir-se ao retorno de Chávez - depois de Pedro tomar posse e imediatamente fechar o Congresso.
Antes, durante e depois do golpe e do contragolpe, uma instituição e seus personagens ocupou a ribalta, à frente dos eventos: a mídia, a imprensa. E seus proprietários.
A mídia, a imprensa, instituição que lá, como cá ou alhures, se faz de quarto poder quando tantas vezes é o primeiro, primeiríssimo.
Na Venezuela, naqueles dias, eram quatro os principais canais abertos do país: Venevision, de Gustavo Cisneros, Globovision, de Alberto Federico Ravel, Televen, de Victor Ferrer, e a agora célebre RCTV, de Marcel Granier.

4.6.07

Os protestos do Senado

O Senado brasileiro fez um “pedido” ao presidente Hugo Chavez: que reconsiderasse a não renovação da concessão do canal golpista RCTV.
Refresquem minha memória: foi feito o mesmo pedido ao presidente Bush quando este, passando por cima dos debates da ONU, invadiu o Iraque?
Sinceramente, não me lembro!
A propósito desse embrulho todo, volto a sugerir fontes alternativas, como o blog Vi o Mundo, do Luiz Carlos Azenha, nele existe um link para o documentário A revolução não será televisionada.
Neste documentário fica demonstrada de forma clara e inequívoca a participação destacada desta rede de TV no golpe de estado de 2002.
Por falar nesse golpe não me lembro do posicionamento do Senado brasileiro quanto a este episódio também.
Em outro texto do mesmo blog o autor defende a saída das empresas brasileiras, públicas e privadas, dos negócios com a Venezuela, diz ele, ironicamente, que só criticar não vale, tem que tomar atitudes e a melhor seria então a retirada da Petrobras e da Braskem da Venezuela, para ficarmos com esses dois exemplos.
Leia a matéria clicando no título a seguir: Em defesa da RCTV, empresas brasileiras deveriam deixar a Venezuela.
O que estariam dizendo esses senhores do Senado se o presidente Hugo Chavez, ou qualquer outro, solicitasse mais empenho das autoridades brasileiras na apuração dos casos de corrupção? Ou que seria melhor que os senadores, deputados, prefeitos, ministros e etc. acusados se afastassem dos cargos até o fim das apurações?
O Senado da República tem muito com o que se preocupar para ficar tomando as dores de empresário estrangeiro.

2.6.07


RCTV: emissora porta-voz do golpe de estado!

Leio a fabricação de mais um consenso da mídia: o ditador Chavez cassou a RCTV!
Como diria Noam Chomsky, mais um consenso fabricado (clique aqui para ler mais sobre esse tema).
A grande mídia nativa adora manipular, ainda bem que podemos nos socorrer nos blogs e nesta hora nada melhor do que recorrer aos amigos sivuqueiros.
Vejam que trabalho maravilhoso fez Eduardo Guimarães, do blog Cidadania.com, no ótimo texto Desmascarando a Mídia (é só clicar no título para ler a matéria).
Numa busca exaustiva nos arquivos da Folha de S.Paulo, ele demonstra de forma inequívoca os recursos de manipulação usados contra Hugo Chavez.
No blog Abaixo e à Esquerda aparece outro levantamento mostrando que teve mais gente cassando rádios e TVs por aí nos últimos anos, vejam:
27 de maio de 2007: Venezuela, Radio Caracas Televisión; Peru, 5 canais comerciais de televisão; Inglaterra, Look 4 - Love2 TV. 2006:Uruguai, 2 canais de televisão (Multicanal, del Grupo Clarín) e 3 radioemissoras ( FM 94,5 y Concierto); Inglaterra, Stara+Date TV24 - ONE TV – ActionWord. 2005:Espanha, 1 Radioemissora y 1 TV de sinal aberta TV católica; França, TFI, por emitir programa que pôs em dúvida o holocausto judeu na II Guerra. 2004: Espanha, TV Luciana; França, Al Ahmar. 2003: El Salvador, Salvador Network. 2002: Bangladesh, Ekushes TV; Rússia, TV 6. 2000: Rússia, Canal de TV aberta. 1999: EUA., FCC Yanks; Inglaterra, MED TV 22. 1998: EUA., Daily Digest. 1991: Canadá, Country Music TV. 1990: Irlanda, TV3. 1987: França, TV6. 1981: EUA, WLNS-TV. 1969:EUA, WLBT-TVda.
Também não pode faltar o excelente comentário do blog Terceiro Mandato.
Ainda sobre o tema, elucidativo é o blog do Luis Nassif Online. Ótimo artigo analisando argumentos, tomando por base matéria do Le Monde. Clique no título da matéria para lê-la na íntegra: Chavez e a RCTV.
Claro que todos vocês já leram o outro lado: Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, Veja, Organizações Globo...