2.6.08

Evo Morales reafirma ilegalidade de referendos autonomistas

Embora ignorada pela mídia a Bolívia continua conturbada por um grupo de golpistas sedentos de sangue nativo.
Enquanto exploraram todo o povo, refestelaram-se, agora querem "cada um por si". Nossa mídia cala-se, como bem queria "el rey". Só conseguem confrontar-se com os pobres e despossuídos, aos poderosos oferecem o lombo.
Leiam o excelente texto da Agência Carta Maior:
Evo Morales reafirma ilegalidade de referendos autonomistas

Governo boliviano considerou ilegal referendos realizados nos departamentos de Beni e Pando, neste domingo. Proposta de autonomia teve apoio de 86% e 85% dos votantes, respectivamente, mas índice de abstenção foi elevado. OEA considera que crise no país é muito preocupante.

Redação - Carta Maior

Os departamentos (estados) de Beni e Pando, na Bolívia, realizaram neste domingo (1º) referendo sobre o estatuto de autonomia em relação ao governo boliviano. O apoio foi de 86% e 85% dos votantes, respectivamente. O índice de abstenção, porém, foi alto, assim como ocorreu no referendo realizado no departamento de Santa Cruz. Somando a abstenção e os votos pelo “Não”, 56,23% dos eleitores de Pando rechaçaram o estatuto autonômico proposto pelo governo do departamento. No departamento de Beni, esse índice chegou a 47,19%.
A consulta foi declarada ilegal pelo presidente Evo Morales. Durante o referendo, ocorreram conflitos em ambos os departamentos, que provocaram uma morte. Além disso, dezenas de urnas foram queimadas e houve denúncias de fraude durante as votações.
A Constituição boliviana – aprovada em dezembro – vem sendo questionada por algumas províncias que não vêem seus interesses representados no texto e propuseram a realização dos referendos de autonomia. As classes mais ricas da Bolívia também se opõem à proposta de Reforma Agrária apresentada pelo governo Evo Morales.
Beni e Pando ocupam um quarto do território da Bolívia, mas tem apenas 5% da população do país, apresentando elevados índices de pobreza (entre 70 e 75%). Sua atividade econômica é baseada na exploração dos recursos florestais (a maior parte dos dois territórios está localizada na região amazônica) e na criação de gado.
Já o outro departamento que realizou referendo pela autonomia, Santa Cruz, é a região mais rica da Bolívia e seus governantes defendem a autonomia, entre outras razões, por não querer sua riqueza distribuída pelas regiões pobres do oeste do país, onde a maioria da população é de origem indígena. No dia 22 de junho, será a vez do departamento de Tarija, que tem importantes reservas de gás do país, realizar um referendo autonomista.
Ainda na tarde de domingo, o governo da Bolívia destacou que houve uma ''ausência arrasadora'' nos referendos de Beni e Pando. O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, afirmou que o governo constatou ''muito pouca participação da população'' nos referendos de Beni e Pando, convocados pela oposição separatista e pela elite boliviana.
Quintana qualificou a falta de participação de “rejeição explícita” aos estatutos autônomos referendados, classificados por ele como uma “impostura democrática”. Já o porta-voz do Palácio de Governo, Ivan Canelas, reafirmou que o Executivo não reconheceria as consultas populares. “É uma perda de tempo, de recursos econômicos, de desgaste da população (...) esses estatutos foram redigidos sem a participação da população”. Canelas disse ainda que o melhor caminho para a oposição nestes departamentos é dialogar, ao invés de seguir o que chamou de “caminho da ilegalidade”.
O prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, afirmou que os referendos sobre o estatuto autônomo na Bolívia são uma ''tentativa de golpe de Estado disfarçado''. Pérez Esquivel, que esteve na Bolívia no início de maio, disse em entrevista coletiva que o primeiro plebiscito, o de Santa Cruz, foi organizado por ''fazendeiros'' cuja intenção é ''desestabilizar o Governo e gerar uma situação de confronto''. Além disso, chamou a atenção para ''o alto índice de racismo'' das classes dirigentes em Santa Cruz e também alertou que os veículos de comunicação bolivianos ''assumiram uma opção clara pelo estatuto e por privilegiar o capital financeiro sobre a vida do povo''.
A Organização dos Estados Americanos (OEA), que mantém atualmente uma missão mediadora para tentar resolver a crise na Bolívia, classificou a situação no país como muito preocupante. Em sua última resolução sobre a situação boliviana, aprovada no dia 3 de maio, a OEA expressou sua "solidariedade e apoio ao povo da Bolívia, ao governo constitucional, à institucionalidade democrática e às autoridades eleitas pelo povo boliviano". O Conselho Permanente da organização condenou na ocasião "qualquer tentativa de ruptura" da ordem constitucional e da integridade territorial do país.

Fonte: Agência Carta Maior – 02/06/08

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