14.2.10

Ainda sobre educação...

Faz tempo linquei ao lado, na indicação de leituras, o blog Cremilda Dentro da Escola.

Embora discordando da maioria dos escritos da citada Cremilda, imaginei que o blog apresentasse, de modo coerente, a visão de alguns pais e mães sobre os problemas da escola pública.

Acompanhei-o por um tempo e depois me desencantei. A visão sobre a educação é bastante rústica e os textos tratam de atacar os professores, acusando-os, quase sempre, de responsáveis por tudo de errado que acontece na educação e, principalmente na educação em São Paulo.

O meu principal desapontamento foi com o texto Como educar meu professor. Uma obra de péssimo gosto.

De autoria de Mauro A. Silva é apresentada assim:

“A cartilha “Como educar meu professor” foi idealizada por termos identificado que a maior parte dos professores são mal educados, mal formados e muito “folgados”…

As faculdades e universidades parecem meras vendedoras de diplomas… vendem diplomas em 36 prestações mensais sem juros…”

Onde estão os dados que comprovam tal afirmação? Quem é este Mauro A. Silva que parece conhecer todos os professores deste país? Sim, pois somente conhecendo-os poderia afirmar que a “maior parte” é assim ou assado.

Em dado momento chega a afirmar que o salário do professor, R$ 1.500,00 por uma jornada de 40 horas/semanais, segundo o autor, é bom.

Note que nos textos as responsabilidades do poder público são sempre arranhadas e há uma permanente luta do bem (alunos, pais, Cremilda etc.) contra o mal (professores, dirigentes, políticos etc.).

Essa forma de pensar é muito tosca e inaceitável.

Tenho amigos e familiares no magistério público, tanto municipal quanto estadual, honrando a profissão e nem de longe fazendo as barbaridades que o blog relata.

Existem professores indignos de estarem na sala de aula? Claro que sim, mas profissionais ruins e infelizes existem em todas as áreas: médicos, motoristas, pedreiros, engenheiros, secretárias, jornalistas etc.

Também existem ótimos profissionais, que adoram sua profissão em todas essas áreas.

Cremilda ganharia muito mais se estimulasse a participação nos Conselhos de Escola, se oferecesse instrumentos para que tais participações fossem reais, com amplo exercício de cidadania.

Recuperar a escola pública não pode equivaler à destruição do papel do professor como condutor do processo em sala de aula.

A escola não é a única “produtora” da educação, ela ocupa um pequeno espaço desse processo. A educação começa em casa, na família e prossegue no grupo social, nas práticas cotidianas; a escola responsabiliza-se pelo saber escolar e por parte da socialização dos indivíduos. O professor é um profissional, de fato ele não é pai, mãe, irmão ou amigo. Também não é terapeuta.

Vamos exigir do poder público, equipes multidisciplinares nas escolas, com psicólogos, fonoaudiólogos, oftalmologistas, dentistas, enfim, toda a gama de profissionais que possam orientar e dar suporte às famílias e aos alunos.

Como diria meu sábio avô: cada macaco no seu galho!

2 comentários:

Roy Frenkiel disse...

Fala, Profe,

Esse eh um dos pequenos problemas do excesso de liberdade de expressao na blogoesfera: As pessoas querem escrever, querem produzir algo que seja lido na Internet aberta, e quase sempre encontram bodes expiatorios simplificando situacoes complexas para facilitar a "solucao".

Uma pena, mesmo.

Abrax

RF

Anônimo disse...

É BASTENTE COMPLICADA ESSA VISÃO DO SENHOR MAURO ALVES DA SILVA. NÃO SE DEVE COLOCAR TODOS OS EDUCADORES NA MESMA PANELA, POR QUE NÃO SE VALORIZA OS PROFESSORES QUE SOBREVIVEM COM SEU "BOM SALÁRIO DE 1.500" E AJUDAMOS A ESCOLA PÚBLICA SE TONAR UM LOCAL DE APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO.