5.11.06

O papel do professor na educação

Gente, o texto abaixo é muito interessante e fiz a cópia na íntegra, se o site reclamar eu retiro.
Ele está no Aprendiz e trata de falta de preparo do professor para lidar com dois temas muito importantes: sexualidade e cidadania.
A pedagoga Tânia Zagury autora do trabalho que deu origem à matéria, não culpa o professor pelo despreparo, mas toca em pontos fundamentais da estrutura escolar para detectar o problema.
Não é possível a quantidade de “novidades”, “modismos”, invenções burocráticas e novas funções atribuídas aos professores no seu cotidiano.
Somos profissionais da educação e como tal devemos ser respeitados, não podem, escola, estado e sociedade, exigir que nós sejamos também doadores de nosso tempo e nossas vidas para o processo educacional.
Nunca é demais lembrar que a escola é um local e um tempo específico do processo educacional e que a sociedade e a família também participam do processo, com maior presença temporal e física.


Professores não estão preparados para tratar de cidadania
Alan Meguerditchian

Mais da metade dos professores - 59% - não se sente apta a trabalhar com educação sexual em suas turmas. E 53% avaliam que também não têm condições de falar sobre drogas com seus alunos. Os dados, apresentados pela pedagoga Tânia Zagury no 1º Encontro Internacional Pátio-ISME de Educação para a Cidadania, realizado na cidade de São Paulo, foram obtidos junto a dois mil professores dos ensinos fundamental e médio de todo o Brasil.
Diante desta realidade, Zagury avalia que é complicado cobrar de um professor resultados, se a maioria nem domina assuntos que surgiram em uma discussão em sala de aula. "Como exigir competências se não damos condições aos professores?", questiona.
Para a pedagoga, o despreparo dos educadores é resultado de um processo histórico que envolve diversos aspectos da sociedade. "Família e direção cobrando resultados, são dois dos elementos. Mas o principal é o professor ficar refém de um sistema educacional que muda sucessivamente, que delega mais tarefas do que ele tem tempo de fazer", explica.
Para Zagury, um dos exemplos da interferência maléfica das políticas educacionais é a progressão continuada. Na mesma pesquisa, a estudiosa identificou que 66% dos professores concordam que o método só poderia ser aplicado se o aluno tivesse alguma garantia de um ensino de qualidade. "Implantaram o sistema sem pedir a opinião daqueles que estão na frente de batalha. Assim, o professor enxerga-se apenas como executor de decisões de políticas partidárias", disse.
Mesmo assim, a pedagoga é otimista e acredita na ação dos professores como peça fundamental para a mudança. "Perguntados sobre a motivação para tratar de sexo e drogas, 67% e 76%, respectivamente, disseram que estavam com vontade de abordar os temas".
Sem discordar da difícil situação encontrada pelos professores, a diretora da Escola Brasileira de Professores (Ebrap), Guiomar de Mello, colocou que cidadania não se ensina diretamente e que basta os educadores exercerem sua função para que os estudantes formem-se como cidadãos. "Se o conhecimento do currículo for aproveitado pelos alunos como algo significativo para as suas ações no mundo, o professor já estará fazendo a sua parte", diz.
A partir dessa idéia, Mello coloca que a biologia pode influenciar os jovens nas decisões sobre os seus corpos, a história pode influenciar nos ideais políticos, assim por diante. "Com os conhecimentos contextualizados, os nossos alunos poderão agir mais ativamente e conscientemente na sociedade. O que é o esperado de um cidadão", acredita.

Fonte: http://aprendiz.uol.com.br/content.view.action?uuid=a4e09cea0af4701000f102d3f9e67716

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