10.2.09

Adão Pretto (1945-2009)




Estava pronto para publicar uma homenagem a este grande líder que veio lá do sul. Hoje, lendo os links aí do lado, encontrei essa maravilha de texto, publicado no Diário Gauche.
Brilhante!
Por isso reproduzo abaixo:
Um forte que fez forte os seus irmãos
Semana passada, quando morreu o lutador Adão Pretto eu não estava em Porto Alegre e não pude comparecer ao seu velório e enterro no cemitério Jardim da Paz. Sempre admirei o Adão à distância, votei nele sempre, acho que ele nem sabia disso, porque também não é muito importante, afinal.
Hoje à tarde, quando a Assembléia estadual fez uma homenagem à sua memória e não podendo comparecer, fiz um esforço para assistir na TV Assembléia a sessão especial dedicada ao eterno pequeno agricultor de Miraguaí e líder político de primeira grandeza.
Vários deputados de todas as bancadas com representação no legislativo estadual se manifestaram. Disseram aquelas coisas de praxe que se diz nestas ocasiões, o básico do básico que se pode dizer de alguém inatacável e que foi um bravo na luta pela emancipação do pequeno agricultor e pela dignidade cidadã dos sem-terras. Concluí que é fácil falar de Adão Pretto, o difícil é medir com a régua justa o tamanho da sua grandeza.
Finalmente, quero protestar contra alguns deputados, inclusive um do PT, vejam só, que referiu-se a ele como um “humilde”.
O senso comum acha que é bonito ser humilde, ter humildade. A ideologia criou e estimulou esse mito moral para assegurar a obediência passiva e o bom comportamento individual à ordem hegemônica.
O dicionário nos assegura, porém, que humilde é aquele que “manifesta sentimento de fraqueza”. Adão Pretto nunca foi um fraco, foi um forte e fez forte os seus irmãos de luta. O dicionário aponta, entretanto, que humilde é aquele que está “inferiormente situado em uma hierarquia ou escala”. Adão Pretto nunca esteve paralisado de maneira inferior ou submissa a nenhuma hierarquia. O dicionário ensina, contudo, que humilde é aquele indivíduo que “expressa ou reflete deferência ou submissão”. Adão Pretto nunca se submeteu a nada ou a ninguém, apenas e exclusivamente ao que ditava sua consciência cidadã sobre ideais de autonomia e liberdade.

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