Escolhi essa profissão já maduro, comecei a lecionar aos 30 anos, mas sinto como se nunca tivesse feito outra coisa.
Tenho orgulho dela, quem deve sentir vergonha são os responsáveis pelas condições do sistema educacional do país, a mídia inclusive que, a cada dia que passa, assassina mais os textos e o pensamento crítico.
A cada instante estou pensando no que fazer na sala, novos projetos, trabalhos, textos...
Sempre trabalhei na rede privada, apenas num curto período na rede pública, mas adorei o tempo da Educação de Adultos na USP e o trabalho junto aos professores do Nordeste nos projetos da FE/USP.
Fiz grandes amigos, colegas de trabalho e também ex-alunos.
Alegra-me quando um dos ex-alunos me acha no Orkut ou no blog, é como se as ligações com o passado fossem retomadas.
No entanto tenho minhas tristezas. Quando perdemos algum colega valioso, ou, pior, quando vemos um projeto afundar, isso dói demais.
Por outro lado revolta-me como a grande mídia tem tratado a educação, no atacado e o professor no varejo.
Parece campanha orquestrada contra a autoridade do professor, base para a condução de uma sala de aula.
Claro que essa autoridade só pode ser legitimada pelo conhecimento e pela ética, mas o que faz a imprensa, principalmente a revista Veja e a Folha de S.Paulo, é um enorme desserviço à educação.
Hoje me encontrei, acidentalmente, com um ex-colega de faculdade e colega de profissão.
Ele começou a falar das agruras da profissão. Disse-lhe que isso não pode ser feito. Quando nos tornamos infelizes no nosso trabalho temos que mudar de trabalho.
Quando o desânimo se abate sobre mim, por causa de uma ou outra derrota, tenho um “arquivo” que me faz voltar à vida e a vibração com a profissão, seguem dois trechos de e-mails que recebi de alunas que concluíram o ensino médio ano passado. Claro que o texto deve ser repartido entre todos os professores da escola. Mantive o padrão do e-mail e excluí uma ou outra coisa:
“... esse email deve ser uma total surpresa para os dois, mas terminando agora o ensino médio queria dizer algumas coisas pra vcs...
Crescendo sempre fui uma pessoa de exatas, era apaixonada por minhas aulas de matemática e passava batida totalmente por história, geografia e, claro, português.
Mas vcs dois conseguiram no meu colegial mudar esse cenário totalmente. Gostava das aulas de vocês, me interessava pelos assuntos, vira e mexe quanto fugia da minha preguiça ia atrás de mais informação, e é claro, enchia o saco de vcs depois da aula...
Tá, claro, nunca fui aplicada ou excepcional, o Toni conseguiu me deixar mais de uma vez de recuperação – minhas notas não eram excelentes e nesse último ano meu desempenho em classe ficou longe de ser bom. Mas mesmo assim, me mudaram os gostos.
Meu segundo colegial com vcs foi incrível, comecei a me interessar por humanas e desisti, depois de 10 anos de certeza, de fazer engenharia, não que eu tenha conseguido escolher outra carreira agora, mas ainda vou descobrir, quero algo que me leve mais longe, que eu tenha que pensar, relacionar, refletir e não calcular.
O fórum FAAP me mostrou um caminho que nunca imaginava, tudo bem que me senti a pessoa mais burra da história naquele comitê, porém AMEI. Ainda mais os meses de preparação foram incríveis! como falei depois do fórum, pela primeira vez na minha vida aprendi porque queria, não porque precisava...
Ficava a tarde pros esportes e ADORAVA ficar no colegial depois das aulas, conversar das coisas mais diversas com vcs, em especial nesse final sabendo que o tempo era limitado antes de começar os treinos.
To indo agora passar seis meses fora, não é o momento de vestibular tenho muito que crescer pra entrar numa faculdade. Vou estudar ... e história da arte (tenho certeza que esse ultima curso eu nunca teria escolhido sem as aulas de vcs.).”
“... Aliás, conversei muito com amigos meus que também acabaram agora a escola, e só assim percebi a sorte que eu tive de ter professores como os que eu tive... Percebi a base enorme que eu tenho, como nesses últimos anos eu aprendi a pensar, aprendi a questionar (e como!), aprendi a desenvolver conhecimento! Hoje sou muito grata por ter escolhido ficar aí e ter tido uma educação livre e sensata, sem aquela preocupação sem sentido de escolas do tipo “vestibulantes”. Posso não saber tudo, mas tenho a capacidade de aprender o q. eu quiser.”
A cada instante estou pensando no que fazer na sala, novos projetos, trabalhos, textos...
Sempre trabalhei na rede privada, apenas num curto período na rede pública, mas adorei o tempo da Educação de Adultos na USP e o trabalho junto aos professores do Nordeste nos projetos da FE/USP.
Fiz grandes amigos, colegas de trabalho e também ex-alunos.
Alegra-me quando um dos ex-alunos me acha no Orkut ou no blog, é como se as ligações com o passado fossem retomadas.
No entanto tenho minhas tristezas. Quando perdemos algum colega valioso, ou, pior, quando vemos um projeto afundar, isso dói demais.
Por outro lado revolta-me como a grande mídia tem tratado a educação, no atacado e o professor no varejo.
Parece campanha orquestrada contra a autoridade do professor, base para a condução de uma sala de aula.
Claro que essa autoridade só pode ser legitimada pelo conhecimento e pela ética, mas o que faz a imprensa, principalmente a revista Veja e a Folha de S.Paulo, é um enorme desserviço à educação.
Hoje me encontrei, acidentalmente, com um ex-colega de faculdade e colega de profissão.
Ele começou a falar das agruras da profissão. Disse-lhe que isso não pode ser feito. Quando nos tornamos infelizes no nosso trabalho temos que mudar de trabalho.
Quando o desânimo se abate sobre mim, por causa de uma ou outra derrota, tenho um “arquivo” que me faz voltar à vida e a vibração com a profissão, seguem dois trechos de e-mails que recebi de alunas que concluíram o ensino médio ano passado. Claro que o texto deve ser repartido entre todos os professores da escola. Mantive o padrão do e-mail e excluí uma ou outra coisa:
“... esse email deve ser uma total surpresa para os dois, mas terminando agora o ensino médio queria dizer algumas coisas pra vcs...
Crescendo sempre fui uma pessoa de exatas, era apaixonada por minhas aulas de matemática e passava batida totalmente por história, geografia e, claro, português.
Mas vcs dois conseguiram no meu colegial mudar esse cenário totalmente. Gostava das aulas de vocês, me interessava pelos assuntos, vira e mexe quanto fugia da minha preguiça ia atrás de mais informação, e é claro, enchia o saco de vcs depois da aula...
Tá, claro, nunca fui aplicada ou excepcional, o Toni conseguiu me deixar mais de uma vez de recuperação – minhas notas não eram excelentes e nesse último ano meu desempenho em classe ficou longe de ser bom. Mas mesmo assim, me mudaram os gostos.
Meu segundo colegial com vcs foi incrível, comecei a me interessar por humanas e desisti, depois de 10 anos de certeza, de fazer engenharia, não que eu tenha conseguido escolher outra carreira agora, mas ainda vou descobrir, quero algo que me leve mais longe, que eu tenha que pensar, relacionar, refletir e não calcular.
O fórum FAAP me mostrou um caminho que nunca imaginava, tudo bem que me senti a pessoa mais burra da história naquele comitê, porém AMEI. Ainda mais os meses de preparação foram incríveis! como falei depois do fórum, pela primeira vez na minha vida aprendi porque queria, não porque precisava...
Ficava a tarde pros esportes e ADORAVA ficar no colegial depois das aulas, conversar das coisas mais diversas com vcs, em especial nesse final sabendo que o tempo era limitado antes de começar os treinos.
To indo agora passar seis meses fora, não é o momento de vestibular tenho muito que crescer pra entrar numa faculdade. Vou estudar ... e história da arte (tenho certeza que esse ultima curso eu nunca teria escolhido sem as aulas de vcs.).”
“... Aliás, conversei muito com amigos meus que também acabaram agora a escola, e só assim percebi a sorte que eu tive de ter professores como os que eu tive... Percebi a base enorme que eu tenho, como nesses últimos anos eu aprendi a pensar, aprendi a questionar (e como!), aprendi a desenvolver conhecimento! Hoje sou muito grata por ter escolhido ficar aí e ter tido uma educação livre e sensata, sem aquela preocupação sem sentido de escolas do tipo “vestibulantes”. Posso não saber tudo, mas tenho a capacidade de aprender o q. eu quiser.”
Embora não tenha revelado os autores dos textos acima, basta solicitar que eu apago, se assim o desejarem.
5 comentários:
bonito Tonão!
Querido Toni,
Tú bens sabe. Da admiração que é possível se ter por sua pessoa.
A picanha que você faz é quase tão boa quanto a minha.
Além é claro, do brilho que você, competente, faz aparecer no rosto das crianças e dos adultos que tem o privilégio de aprender um pouquinho de alguma coisa com você.
Um abraço e muito obrigado.
Ps. Quanto à Folha, queridos leitores...
A Veja é uma revista que quebrou e foi vendida.
Quem comprou usa os ensinamentos da história e da vida ao contrário.
Bem , quanto à Folha, vai lá, leia.
Mas muito cuidado com o que vai repetir por aí, alguém pode perceber que você não sabe o que está dizendo.
Nem me recordo dos maus professores que tive. Eles foram muitos, sem dúvida, mas vão sendo apagados da memória com o passar dos anos. Os bons professores são recordados sempre. Servem de exemplo, de inspiração. É por isso que não se pode perder o ânimo diante das dificuldades. Desistir é uma palavra que deve ser riscada do dicionário da educação.
Por isso também que a gente não pode abaixar a cabeça. Temos sempre que dizer que nos orgulhamos da profissão. Eu ficarei muito feliz seu filho escolher essa profissão também!
Escolhi a profissão de professor depois de já ter concluído o curso superior em Direito... fui fazer história e agora... com 26 anos... estou lecionando e amando!!!
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