Ainda na década passada, quando estava dando aulas no ensino médio, topei um desafio chamado Geografia Literária e propus a obra de Carolina Maria de Jesus chamada Quarto de Despejo – diário de uma favelada.
Essa obra me emocionou muito, confesso que era única que eu
conhecia dela, mas, junto com meus alunos e alunas, mergulhamos no mundo dessa
brilhante escritora.
Conheci as outras obras dela, um disco de samba e toda a
teia que ela teceu partindo da sua imensa cultura, apesar do letramento básico
para os padrões da literatura brasileira.
Lemos o livro por inteiro, discutindo trechos dele e
buscando compreender o que ela tentou nos dizer. Foram descobertas maravilhosas
para mim e parte importante das alunas e alunos.
Terminamos com uma caminhada pelo bairro – Canindé – onde ela
foi “descoberta” pelo jornalista Audálio Dantas. Percorremos trechos, a pé e de
ônibus, por ruas que ela descreve e nomina no livro.
Foi um projeto maravilhoso, pena que o universo por onde
enveredamos a partir de 2018, impossibilitou a continuidade dele. Logo vieram os itinerários formativos, no bojo da reforma do ensino médio e, o pior de tudo, o tal Escola Sem Partido, um grande movimento da direita visando a censura dentro da sala de aula.
Tenho certeza de que os professores e professoras que me
antecederam têm ótimas recordações das obras estudadas, assim como me recordo
com muito carinho da primeira obra da qual participei Hora da Estrela, de Clarice
Lispector, que estava sendo estudada quando cheguei na escola.
Logo na sequência desse estudo – salvo engano em 2017 – Quarto
de Despejo foi incluído nas obras obrigatórias da Unicamp e da URFGS, o que me
deixou muito feliz pelo acerto na escolha desse livro e dessa escritora.
Vejam que matéria bacana, de autoria de Eliana Alves Cruz, publicado no ICl Notícias, sobre os 110 anos do nascimento de Carolina Maria de Jesus clicando aqui.
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