30.11.06

Computador para todos


Foto: New York Times - 30/11/06.

Tem causado furor o aparecimento do laptop de U$ 100, destinado aos estudantes dos países pobres.
Como sempre, no aparecimento de novidades deste tipo, surgem os que defendem radicalmente a idéia e aqueles que também radicalmente a contestam.
Nem tanto ao mar nem tanto a terra, como diriam os velhos sábios.
É claro que como projeto de inclusão digital o projeto é válido para os países pobres, principalmente se estimular o uso de softwares livres e estimular o manuseio dessas novas tecnologias, como a Internet.
Para aqueles que conhecem a informática educacional sabem que é um ótimo instrumento na melhoria do aprendizado.
Por outro lado o laptop não pode ser encarado como a panacéia da inclusão digital. Por si só nenhum equipamento ou tecnologia resolverá os imensos problemas da nossa educação sem antes debruçar-se sobre problemas bem menos espetaculares: estruturas curriculares, condições de trabalho do professor, salários, laboratórios, limite de alunos por turma etc.
Quando discussões como estas tomam os jornais lembro-me de uma palestra que dei em 1998, em São Miguel Paulista, bairro da periferia de São Paulo, para professores que trabalhavam com educação de jovens e adultos.
Apresentei a eles, com muito entusiasmo, o trabalho que fazíamos no NEA-USP (Núcleo de Educação de Adultos da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo). Transparências, fichas coloridas, revistas para apoio e pesquisa etc.
Lá pelas tantas um mocinha levanta a mão no fundo da sala e pergunta:
- Professor, seria possível adaptar esse projeto para a minha escola? Lá nós não temos ainda retroprojetor, nem máquina copiadora, na verdade não temos nem mesmo giz...

2 comentários:

Anônimo disse...

"- Professor, seria possível adaptar esse projeto para a minha escola? Lá nós não temos ainda retroprojetor, nem máquina copiadora, na verdade não temos nem mesmo giz..."

Também enxergo um perigo em tratar o OLPC como a panacéia na inclusão digital. Mas, não me sinto confortável com esse argumento contra ao laptop de US$ 140: não temos nem o básico, então pra quê dar-lhes essa ferramenta?

Ligeiramente me passa a impressaõ de uma coisa como "já que não há biblioteca na escola, então pra que fornecer acesso à internet às crianças?"

Sobre a cobertura jornalística: os repórteres da mídia impressa -- principalmente jornais -- demonstram, majoritariamente, estar despreparados para entender os impactos. Sites especializados e blogs trazem um debate mais consistente.

Prof Toni disse...

Concordo inteiramente com seu ponto de vista.