2.6.07

RCTV: emissora porta-voz do golpe de estado!

Leio a fabricação de mais um consenso da mídia: o ditador Chavez cassou a RCTV!
Como diria Noam Chomsky, mais um consenso fabricado (clique aqui para ler mais sobre esse tema).
A grande mídia nativa adora manipular, ainda bem que podemos nos socorrer nos blogs e nesta hora nada melhor do que recorrer aos amigos sivuqueiros.
Vejam que trabalho maravilhoso fez Eduardo Guimarães, do blog Cidadania.com, no ótimo texto Desmascarando a Mídia (é só clicar no título para ler a matéria).
Numa busca exaustiva nos arquivos da Folha de S.Paulo, ele demonstra de forma inequívoca os recursos de manipulação usados contra Hugo Chavez.
No blog Abaixo e à Esquerda aparece outro levantamento mostrando que teve mais gente cassando rádios e TVs por aí nos últimos anos, vejam:
27 de maio de 2007: Venezuela, Radio Caracas Televisión; Peru, 5 canais comerciais de televisão; Inglaterra, Look 4 - Love2 TV. 2006:Uruguai, 2 canais de televisão (Multicanal, del Grupo Clarín) e 3 radioemissoras ( FM 94,5 y Concierto); Inglaterra, Stara+Date TV24 - ONE TV – ActionWord. 2005:Espanha, 1 Radioemissora y 1 TV de sinal aberta TV católica; França, TFI, por emitir programa que pôs em dúvida o holocausto judeu na II Guerra. 2004: Espanha, TV Luciana; França, Al Ahmar. 2003: El Salvador, Salvador Network. 2002: Bangladesh, Ekushes TV; Rússia, TV 6. 2000: Rússia, Canal de TV aberta. 1999: EUA., FCC Yanks; Inglaterra, MED TV 22. 1998: EUA., Daily Digest. 1991: Canadá, Country Music TV. 1990: Irlanda, TV3. 1987: França, TV6. 1981: EUA, WLNS-TV. 1969:EUA, WLBT-TVda.
Também não pode faltar o excelente comentário do blog Terceiro Mandato.
Ainda sobre o tema, elucidativo é o blog do Luis Nassif Online. Ótimo artigo analisando argumentos, tomando por base matéria do Le Monde. Clique no título da matéria para lê-la na íntegra: Chavez e a RCTV.
Claro que todos vocês já leram o outro lado: Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, Veja, Organizações Globo...

2 comentários:

Unknown disse...

Folha de S. Paulo
Sonho adiado
R Ricupero

As intermináveis desventuras da Petrobras na Bolívia e a pretensão paraguaia de reabrir o preço da energia da usina de Itaipu são os dois últimos pregos no caixão da integração energética sul-americana.
Era um belo sonho. O Brasil, ávido de energia, abriria o mercado para o petróleo da Venezuela, o gás da Bolívia, a eletricidade do Paraguai, talvez o carvão da Colômbia.
Os gasodutos e oleodutos, as linhas de transmissão e rodovias fiariam a teia que integraria o miolo vazio da América do Sul. A energia daria densidade ao comércio, forneceria o dinheiro para financiar o crescimento dos vizinhos e a força motriz para a indústria brasileira. Usinas hidrelétricas gigantes como Itaipu e gasodutos custosos como o boliviano exigiam recursos fora do alcance desses dois pequenos países, o que significava, na prática, que o Brasil teria de arcar sozinho com os ônus. Por isso é que as obras tinham de ser amparadas em tratados entre governos, não em contratos entre companhias privadas.
É irônico que a Petrobras não queria explorar o gás boliviano e foi obrigada a isso pelo governo brasileiro, dentro de um projeto político-diplomático.
Mais impressionante foi o caso do Paraguai, que só entrou com a metade da água do Paraná. Todo o resto -financiamentos, dívidas no exterior, garantias, construção- ficou por conta do Brasil. Desafio a que me apresentem algum exemplo de país rico que, diante de tal desproporção, tenha concedido ao sócio menor, como fizemos, a co-propriedade do empreendimento em condições de igualdade.
Como esses projetos criariam ou aumentariam a interdependência, gerando riscos de longo prazo, seu pressuposto era um nível quase absoluto de segurança jurídica que apenas os tratados podem garantir.
No momento em que bolivianos e agora paraguaios questionam os tratados e tratam o Brasil não como parceiro de um comum projeto de integração sul-americano mas como se fôssemos a ExxonMobil a explorá-los, desaparece o pressuposto do interesse mútuo, que cede lugar a uma perigosa insegurança.
É preciso dizer que a confusão de sinais do governo brasileiro, em especial a complacência do presidente, desmoralizaram a Petrobras e açularam a escalada dos vizinhos. Esqueceu-se a lição de Rio Branco: o direito é nossa melhor garantia e a firmeza em defendê-lo jamais deve ser confundida com intransigência ou agressividade.
A necessária chegada ao poder das massas excluídas, processo desestabilizador e delicado em si mesmo, acabará em fiasco se não for conduzida com realismo e competência. O modo de agir de Chávez, imitado por governos mais vulneráveis, fez retroceder o Estado de Direito em toda a região, única onde impera a mais completa insegurança dos contratos num mundo em que a China, o Vietnã, a Ásia, a África, todos se esmeram em afastar temores de violências e bravatas de desapropriação.
Pondo de lado o bom-mocismo e fantasias sobre afinidades ideológicas, não deve o Brasil ceder a chantagens e ameaças nas obras comuns já construídas, diversificando o quanto antes as fontes de suprimento.
Enquanto não passar a fase de infantilismo radical que fez abortar o sonho da integração, melhor é agir em base estritamente comercial, como se faz com os árabes. Se a doença sarar e a mudança climática deixar, talvez sobre ainda algum sonho para o futuro, quem sabe?

Rubens Ricupero, 70, diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco). Escreve quinzenalmente, aos domingos, nesta coluna.

Prof Toni disse...

Sei não... talvez existam alguns dados que faltam nessa análise. Não gosto do Chavez, pelo personalismo, mas qual a alternativa, Washington?