A mídia continua a de sempre. Um grande escândalo ronda o governo! Ético, político ou econômico, basta escolher o ponto de vista, mas as semanais fazem vista grossa, com exceção da CartaCapital, como sempre. Depois ainda me perguntam por que sempre recomendo a leitura desta ótima semanal!
A história é bem simples. O governo resolveu patrocinar alguns empresários do ramo de telefonia. Dois deles transformar-se-ão em donos de uma nova empresa, fruto da compra da Brasil Telecom pela Oi. Detalhe interessante: eles não desembolsarão um único centavo na operação!
Leia abaixo um trecho de matéria que está na edição n° 479, nas bancas nesta semana.
Edição 479
Os novos barões
por Sergio Lirio
O governo não poupa esforços para transformar Carlos Jereissati e Sérgio Andrade nos donos de uma “supertele”
Sempre que um governo tenta explicar algo por si só inexplicável acaba por recorrer aos surrados bordões da “razão de Estado” e dos “interesses nacionais”. Tem sido assim ao longo da formação do moderno capitalismo brasileiro, ou à brasileira, que pode ser resumida na história dos (poucos) eleitos pelo poder público para administrar as maiores empresas. Não é diferente agora. A compra da Brasil Telecom pela Oi, que resultará em uma companhia telefônica com faturamento superior a 20 bilhões de reais por ano, antes mesmo de sair do papel, tem tudo para se tornar um clássico do modelo em que as demandas privadas se misturam perigosamente às iniciativas políticas. Nem o potencial de escândalo que inúmeros aspectos da transação suscitam parece abalar o apoio do Palácio do Planalto, artífice da associação entre as concessionárias de telefonia.
Por ironia, as principais resistências, ou no mínimo dúvidas, a respeito da conveniência da operação partem da ministra Dilma Rousseff, freqüentemente apontada pela imprensa como madrinha do negócio. Interlocutores recentes da titular da Casa Civil relataram a CartaCapital quais pontos têm incomodado a ministra:
1. Dilma, não é de agora, defende a criação de uma empresa nacional forte nas telecomunicações, para barrar os avanços da espanhola Telefónica e do mexicano Carlos Slim, que dominam o setor na América Latina. Em meados de 2007, a ministra encomendou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um estudo sobre a melhor forma de estimular a formação de uma tele brasileira. Ela rejeita, porém, os termos da atual operação, pelo fato de os principais compradores, os empresários Sérgio Andrade e Carlos Jereissati, não estarem dispostos a colocar nem 1 centavo do próprio bolso na transação. Para Dilma, seria ideal que os interessados buscassem outra forma de financiamento que não as arcas do BNDES.
2. A ministra preocupa-se com a provável exploração política do fato de a Oi ter investido 10 milhões de reais na Gamecorp, que tem entre seus sócios Fábio Lula da Silva, filho do presidente da República.
A história é bem simples. O governo resolveu patrocinar alguns empresários do ramo de telefonia. Dois deles transformar-se-ão em donos de uma nova empresa, fruto da compra da Brasil Telecom pela Oi. Detalhe interessante: eles não desembolsarão um único centavo na operação!
Leia abaixo um trecho de matéria que está na edição n° 479, nas bancas nesta semana.
Edição 479
Os novos barões
por Sergio Lirio
O governo não poupa esforços para transformar Carlos Jereissati e Sérgio Andrade nos donos de uma “supertele”
Sempre que um governo tenta explicar algo por si só inexplicável acaba por recorrer aos surrados bordões da “razão de Estado” e dos “interesses nacionais”. Tem sido assim ao longo da formação do moderno capitalismo brasileiro, ou à brasileira, que pode ser resumida na história dos (poucos) eleitos pelo poder público para administrar as maiores empresas. Não é diferente agora. A compra da Brasil Telecom pela Oi, que resultará em uma companhia telefônica com faturamento superior a 20 bilhões de reais por ano, antes mesmo de sair do papel, tem tudo para se tornar um clássico do modelo em que as demandas privadas se misturam perigosamente às iniciativas políticas. Nem o potencial de escândalo que inúmeros aspectos da transação suscitam parece abalar o apoio do Palácio do Planalto, artífice da associação entre as concessionárias de telefonia.
Por ironia, as principais resistências, ou no mínimo dúvidas, a respeito da conveniência da operação partem da ministra Dilma Rousseff, freqüentemente apontada pela imprensa como madrinha do negócio. Interlocutores recentes da titular da Casa Civil relataram a CartaCapital quais pontos têm incomodado a ministra:
1. Dilma, não é de agora, defende a criação de uma empresa nacional forte nas telecomunicações, para barrar os avanços da espanhola Telefónica e do mexicano Carlos Slim, que dominam o setor na América Latina. Em meados de 2007, a ministra encomendou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um estudo sobre a melhor forma de estimular a formação de uma tele brasileira. Ela rejeita, porém, os termos da atual operação, pelo fato de os principais compradores, os empresários Sérgio Andrade e Carlos Jereissati, não estarem dispostos a colocar nem 1 centavo do próprio bolso na transação. Para Dilma, seria ideal que os interessados buscassem outra forma de financiamento que não as arcas do BNDES.
2. A ministra preocupa-se com a provável exploração política do fato de a Oi ter investido 10 milhões de reais na Gamecorp, que tem entre seus sócios Fábio Lula da Silva, filho do presidente da República.
Fonte: CartaCapital
Nenhum comentário:
Postar um comentário