14.12.08

AI - 5: quando a ditadura transformou em lei o que já praticava

Ontem o Ato Institucional nº 5 fez 40 anos.
Em 13 de dezembro de 1968 os bandidos que derrubaram o governo legítimo de João Goulart, puseram no papel aquilo que já praticavam desde o fatídico 1º de abril de 1964: terror de estado, tortura, censura e tudo o mais que os fardados e os civis boquirrotos ousaram fazer, com apoio de uma parcela da classe média insossa e ignorante e de uma mídia alinhada com os EUA.
Nossa elite de merda temia perder uns poucos anéis com as Reformas de Base propostas pelo governo de João Goulart.
A mídia nativa, tão cretina quanto hoje, com Carlos Lacerda e os Mesquita à frente, compunham editoriais alertando para o perigo “vermelho”, brandindo contra o presidente “comunista” – como se um latifundiário, da estirpe de Jango, pudesse ser comunista!
O Estado de S. Paulo produziu caderno especial sobre o AI-5. Clique aqui para ouvir, ver e ler. O material é excelente do ponto vista técnico, pena omitir o papel do próprio jornal no golpe de 64 e, ainda por cima, nos dá a impressão, em muitos momentos, que tudo eram flores entre 64 e 68. Faz parecer que somente depois do AI-5 a liberdade foi cerceada. Não foi assim. Veja, por exemplo, o texto do AI nº 1 clicando aqui, ele data de 9/4/64.
Clique aqui e leia especial na Agência Brasil. Preste atenção aos links indicados, particularmente neste, que comenta sobre o papel da OAB neste episódio de tão amarga lembrança para os brasileiros.
O melhor texto, que nos dá a exata dimensão desse crime hediondo cometido pelos bandidos, de farda e também pelos sem farda, é o editorial de CartaCapital desta semana assinado por Mino Carta.
Lá pelas tantas Mino diz o seguinte:
“Diz o Estadão no seu suplemento que a sociedade brasileira apoiou o golpe. Que sociedade, caras-pálidas? Agrada-me, entre parênteses, usar o lugar-comum, tão apropriado, no entanto, para acentuar a palidez dos rostos privilegiados. Sim, a sociedade dos clubes faustosos, dos bairros elegantes, das redações abastadas, e do seu time aspirante, sequioso de ascensão. Enfim, dos democratas da democracia sem povo.”
Clique aqui para ler na íntegra, texto imperdível.
O Rodrigo Vianna fez ótima matéria na TV Record sobre o tema, clique aqui para vê-la.
O que mais me deixa triste é notar que tais episódios, essenciais para compreendermos nosso país, estão banidos dos programas de História da escola básica. Parece que não existiram. Costumo brincar com os amigos professores que a História do Brasil termina em Getúlio Vargas. Espero que a ousadia de algumas instituições universitárias, que têm cobrado o período mais recente da nossa história nos seus exames de ingresso, contribua para uma melhor reflexão sobre esses temas.


Para entender um pouco mais sobre o tema ou personalidade, basta clicar no título:
Atos Institucionais
Reformas de Base
Ditadura Militar no Brasil
Carlos Lacerda
João Goulart

No Youtube
Comício da Central do Brasil
Ditadura Militar no Brasil
Discurso de Márcio Moreira Alves

3 comentários:

Luis Gustavo Frauendorf disse...

Muito já li e estudei sobre o AI-5. Foi uma atrocidade e retentora da liberdade, seja qual for sua vertente. O governo militar desimou muitos setores de nosso país, entretanto foi uma influência de forças externas para a contenção dos movimentos oposicionistas à elite e ao capitalismo. O governo puniu da pior forma, principalmente com o AI-5, aqueles que queriam a mudança do sistema e isso perpetuou até 1985, quando a abertura política permitiu a volta das eleições diretas à presidente.
Nós brasileiros, temos que lutar pela liberdade sempre e fazer este país uma democracia autentica. Onde haja sim a participação do povo, não somente com a eleição de representantes na câmara ou no congresso. Esta é a maior forma de garantirmos o que é nosso e de nossos interesses sem utilizar de maneiras sórdidas, como a aplicação de Atos Intitucionais.

Renato Couto disse...

No Jornal do Brasil da semana passada, não lembro o dia, havia uma crônica do Jarbas Passarinho, onde por pouco ele não disse que não houve ditadura no Brasil.

Prof Toni disse...

Luis: um governo que entrou pela porta dos fundos, arrombando-a de armas em punho, portanto ilegítimo, ladrão de sonhos e de vidas.
Renato: esse não conta mais, felizmente, chega a ser motivo de riso suas patranhas.