O jornal Folha de S.Paulo resolveu acompanhar a revista Veja na prática do jornalismo de esgoto.
Não bastassem as suspeitas de jogar o jogo do banqueiro Daniel Dantas, agora mudou o qualificativo da ditadura brasileira: para a Folha foi apenas uma “ditabranda”.
Era de se esperar, afinal a Folha apoiou o golpe no seu início e ainda ofereceu infra-estrutura para as prisões arbitrárias e a prática de tortura.
Sua edição vespertina, Folha da Tarde, tinha o carinhoso apelido de Boletim do SNI, tanto que lhe serviu, dócil e amigavelmente.
Para quem ainda tem dúvidas é só conferir:
Do EDITORIAL DA FOLHA DE S.PAULO de 17.02.2009 contra Chávez
Outra diferença em relação ao referendo de 2007 é que Chávez, agora vitorioso, não está disposto a reapresentar a consulta popular. Agiria desse modo apenas em caso de nova derrota. Tamanha margem de arbítrio para manipular as regras do jogo é típica de regimes autoritários compelidos a satisfazer o público doméstico, e o externo, com certo nível de competição eleitoral.
Mas, se as chamadas "ditabrandas" – caso do Brasil entre 1964 e 1985 – partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça –, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente.
CARTAS DE PROTESTO E RESPOSTAS DA REDAÇÃO
EM 19 e 20.02.2009
"Golpe de Estado dado por militares derrubando um governo eleito democraticamente, cassação de representantes eleitos pelo povo, fechamento do Congresso, cancelamento de eleições, cassação e exílio de professores universitários, suspensão do instituto do habeas corpus, tortura e morte de dezenas, quiçá de centenas, de opositores que não se opunham ao regime pelas armas (Vladimir Herzog, Manuel Fiel Filho, por exemplo) e tantos outros muitos desmandos e violações do Estado de Direito.
Li no editorial da Folha de hoje que isso consta entre "as chamadas ditabrandas – caso do Brasil entre 1964 e 1985" (sic). Termo este que jamais havia visto ser usado.
A partir de que ponto uma "ditabranda", um neologismo detestável e inverídico, vira o que de fato é? Quantos mortos, quantos desaparecidos e quantos expatriados são necessários para uma "ditabranda" ser chamada de ditadura? O que acontece com este jornal?
É a "novilíngua"?
Lamentável, mas profundamente lamentável mesmo, especialmente para quem viveu e enterrou seus mortos naqueles anos de chumbo.
É um tapa na cara da história da nação e uma vergonha para este diário."
SERGIO PINHEIRO LOPES (São Paulo, SP)
Nota da Redação - Na comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional.
"Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de "ditabranda'? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar "importâncias" e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi "doce" se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala – que horror!"
MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES, professora da Faculdade de Educação da USP (São Paulo, SP)
"O leitor Sérgio Pinheiro Lopes tem carradas de razão. O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana."
FÁBIO KONDER COMPARATO, professor universitário aposentado e advogado (São Paulo, SP)
Nota da Redação
Não bastassem as suspeitas de jogar o jogo do banqueiro Daniel Dantas, agora mudou o qualificativo da ditadura brasileira: para a Folha foi apenas uma “ditabranda”.
Era de se esperar, afinal a Folha apoiou o golpe no seu início e ainda ofereceu infra-estrutura para as prisões arbitrárias e a prática de tortura.
Sua edição vespertina, Folha da Tarde, tinha o carinhoso apelido de Boletim do SNI, tanto que lhe serviu, dócil e amigavelmente.
Para quem ainda tem dúvidas é só conferir:
Do EDITORIAL DA FOLHA DE S.PAULO de 17.02.2009 contra Chávez
Outra diferença em relação ao referendo de 2007 é que Chávez, agora vitorioso, não está disposto a reapresentar a consulta popular. Agiria desse modo apenas em caso de nova derrota. Tamanha margem de arbítrio para manipular as regras do jogo é típica de regimes autoritários compelidos a satisfazer o público doméstico, e o externo, com certo nível de competição eleitoral.
Mas, se as chamadas "ditabrandas" – caso do Brasil entre 1964 e 1985 – partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça –, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente.
CARTAS DE PROTESTO E RESPOSTAS DA REDAÇÃO
EM 19 e 20.02.2009
"Golpe de Estado dado por militares derrubando um governo eleito democraticamente, cassação de representantes eleitos pelo povo, fechamento do Congresso, cancelamento de eleições, cassação e exílio de professores universitários, suspensão do instituto do habeas corpus, tortura e morte de dezenas, quiçá de centenas, de opositores que não se opunham ao regime pelas armas (Vladimir Herzog, Manuel Fiel Filho, por exemplo) e tantos outros muitos desmandos e violações do Estado de Direito.
Li no editorial da Folha de hoje que isso consta entre "as chamadas ditabrandas – caso do Brasil entre 1964 e 1985" (sic). Termo este que jamais havia visto ser usado.
A partir de que ponto uma "ditabranda", um neologismo detestável e inverídico, vira o que de fato é? Quantos mortos, quantos desaparecidos e quantos expatriados são necessários para uma "ditabranda" ser chamada de ditadura? O que acontece com este jornal?
É a "novilíngua"?
Lamentável, mas profundamente lamentável mesmo, especialmente para quem viveu e enterrou seus mortos naqueles anos de chumbo.
É um tapa na cara da história da nação e uma vergonha para este diário."
SERGIO PINHEIRO LOPES (São Paulo, SP)
Nota da Redação - Na comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional.
"Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de "ditabranda'? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar "importâncias" e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi "doce" se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala – que horror!"
MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES, professora da Faculdade de Educação da USP (São Paulo, SP)
"O leitor Sérgio Pinheiro Lopes tem carradas de razão. O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana."
FÁBIO KONDER COMPARATO, professor universitário aposentado e advogado (São Paulo, SP)
Nota da Redação
A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações acima. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua "indignação" é obviamente cínica e mentirosa.
Eu já assinei a petição abaixo e convido-os a fazer o mesmo:
Repudio e Solidariedade
http://www.ipetitions.com/petition/solidariedadeabenevidesecomparat
obs: depois de assinar abre-se um página pedindo doações para manutenção do sistema, mas não é obrigatório, é só fechar a página.
Eu já assinei a petição abaixo e convido-os a fazer o mesmo:
Repudio e Solidariedade
http://www.ipetitions.com/petition/solidariedadeabenevidesecomparat
obs: depois de assinar abre-se um página pedindo doações para manutenção do sistema, mas não é obrigatório, é só fechar a página.
3 comentários:
Não houve nenhuma surpresa de minha parte, mas horror: ainda não tinha lembrança de ter ouvido algo sobre a utilização da C-14 na Operação Bandeirante! Sou ou estou mal informada OU esse "fato" foi escancarado só agora, assim...em ampla divulgação na internet (já são 4.000 assinaturas!)??...
Ditabranda porque o torturado não foi o pai deles.
QUAL É A SURPRESA??
O QUE ESPERAR DA FOLHA, UM VEICULO DA DIREITA REACIONÁRIA.
O QUE FAZ A DIFERENÇA AGORA É QUE O MOMENTO É OPORTUNO PARA ESSES INFELIZES GOLPISTAS QUE ASSOLAM O P.I.G DECLAMAREM SUAS VERDADEIRAS OPNIÕES, O QUE ANTES NÃO ERA FEITO APENAS PELA CONJUNTURA.
OU ALGUEM AINDA LEMBRA DA CAPA DA VEJA DURANTA AS ELEIÇOES EM 2006, COM UMA MOÇA NEGRA E NORDESTINA NA CAPA??
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