Gostaria de retomar um tema que tratei na Revista Galileu
Vestibular de 2007? A corrupção.
Embora publicado na primeira década do século XXI o texto
pode ser atualizado para os dias atuais com muita facilidade, basta somar os
episódios do Cunha, do Petrolão e do governo Bolsonaro.
Imagino que hoje poderíamos colocar, sem medo de errar, que
o presidencialismo de coalizão, coisa só existente no Brasil, é um dos motores
das ações atuais.
O que há de pior no Congresso chantageia o presidente da
República por meio do orçamento secreto. Foi assim na segunda metade do governo
Bolsonaro e continuou no início do governo Lula.
Culpa do eleitor que votou pessimamente nos seus
representantes? Talvez. Prefiro culpar o campo progressista pela incapacidade
de angariar votos para os bons representantes do povo.
Isso não pode fazer com que criminalizemos a política.
Existem políticos ruins, assim como profissionais de todas as áreas, a grande
diferença é que esses políticos definem a vida de todas as outras pessoas.
O falecido Plínio de Arruda Sampaio defendia que o PT
centrasse suas energias no legislativo, compondo quando possível, chapas para o
Executivo. Hoje penso que ele tinha razão.
Mas a questão da qualidade do voto fica para outro texto.
Texto publicado na revista Galileu Vestibular 2007
PROBLEMA HISTÓRICO
E GENERALIZADO
Prática da corrupção foi disseminada em praticamente todos os governos do país
A corrupção no País é sistêmica, atingindo todos os setores da sociedade, pautando-se quase sempre pela oportunidade.
Temos o jovem rico
pagando ao segurança para furar a fila da balada, o moço pobre furando a fila
na bilheteria do estádio, o bancário subornando o guarda para que ele ignore o
desrespeito à lei, o deputado ou qualquer outra autoridade do poder público visando
engordar seus lucros.
Não podemos ignorar
que a corrupção não é uma via de mão única: se tem um corrupto tem também um
corruptor, ambos criminosos.
Entra governo e sai
governo, os escândalos se multiplicam e se renovam.
Às vezes
disfarçados de "megaobra", às vezes camuflados de caixa 2 — ou
dinheiro não contabilizado. Definitivamente, a corrupção não foi inventada pelo
governo Lula e muito menos é este o governo mais corrupto da história.
Num rápido passeio
por um desses sites de busca, como o Google, encontraremos referências à
corrupção nos governos de Getúlio, JK, Jango, nos presidentes da ditadura
militar, Sarney, Collor, FHC e Lula. Em todas as crises, a imprensa trombeteia
tratar-se da maior da História.
A sucessão de
escândalos neste governo, no entanto, foi impressionante. Já a incapacidade do
seu principal partido, o PT, em responder a eles de forma convincente, optando
pela estratégia do silêncio e apostando no esquecimento do eleitor, parece ter
sido bem-sucedida.
A Polícia Federal
está muito mais atuante do que em governos anteriores, é claro.
Independentemente
dessa atuação, podemos lembrar o mensalão, a quebra ilegal do sigilo bancário
do caseiro de Brasília e agora a compra do dossiê contra o candidato ao governo
de São Paulo José Serra.
Divulgar documentos
comprobatórios ou indicativos de atos de corrupção não é crime. O crime está no
método usado e principalmente na origem do dinheiro para comprá-lo, quase R$ 2
milhões.
Quando pensamos que
o governo e o PT encontraram fácil o caminho da reeleição do presidente Lula,
eles mesmos atiram contra si.
Aqui a publicação original
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