22.12.23

Sobre a corrupção

Gostaria de retomar um tema que tratei na Revista Galileu Vestibular de 2007? A corrupção.

Embora publicado na primeira década do século XXI o texto pode ser atualizado para os dias atuais com muita facilidade, basta somar os episódios do Cunha, do Petrolão e do governo Bolsonaro.

Imagino que hoje poderíamos colocar, sem medo de errar, que o presidencialismo de coalizão, coisa só existente no Brasil, é um dos motores das ações atuais.

O que há de pior no Congresso chantageia o presidente da República por meio do orçamento secreto. Foi assim na segunda metade do governo Bolsonaro e continuou no início do governo Lula.

Culpa do eleitor que votou pessimamente nos seus representantes? Talvez. Prefiro culpar o campo progressista pela incapacidade de angariar votos para os bons representantes do povo.

Isso não pode fazer com que criminalizemos a política. Existem políticos ruins, assim como profissionais de todas as áreas, a grande diferença é que esses políticos definem a vida de todas as outras pessoas.

O falecido Plínio de Arruda Sampaio defendia que o PT centrasse suas energias no legislativo, compondo quando possível, chapas para o Executivo. Hoje penso que ele tinha razão.

Mas a questão da qualidade do voto fica para outro texto.

 

                                                                                                                                                                                              Lula Marques/Agência Brasil

 

Texto publicado na revista Galileu Vestibular 2007

PROBLEMA HISTÓRICO E GENERALIZADO

Prática da corrupção foi disseminada em praticamente todos os governos do país

A corrupção no País é sistêmica, atingindo todos os setores da sociedade, pautando-se quase sempre pela oportunidade. 

Temos o jovem rico pagando ao segurança para furar a fila da balada, o moço pobre furando a fila na bilheteria do estádio, o bancário subornando o guarda para que ele ignore o desrespeito à lei, o deputado ou qualquer outra autoridade do poder público visando engordar seus lucros. 

Não podemos ignorar que a corrupção não é uma via de mão única: se tem um corrupto tem também um corruptor, ambos criminosos. 

Entra governo e sai governo, os escândalos se multiplicam e se renovam. 

Às vezes disfarçados de "megaobra", às vezes camuflados de caixa 2 — ou dinheiro não contabilizado. Definitivamente, a corrupção não foi inventada pelo governo Lula e muito menos é este o governo mais corrupto da história. 

Num rápido passeio por um desses sites de busca, como o Google, encontraremos referências à corrupção nos governos de Getúlio, JK, Jango, nos presidentes da ditadura militar, Sarney, Collor, FHC e Lula. Em todas as crises, a imprensa trombeteia tratar-se da maior da História. 

A sucessão de escândalos neste governo, no entanto, foi impressionante. Já a incapacidade do seu principal partido, o PT, em responder a eles de forma convincente, optando pela estratégia do silêncio e apostando no esquecimento do eleitor, parece ter sido bem-sucedida.

A Polícia Federal está muito mais atuante do que em governos anteriores, é claro. 

Independentemente dessa atuação, podemos lembrar o mensalão, a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro de Brasília e agora a compra do dossiê contra o candidato ao governo de São Paulo José Serra. 

Divulgar documentos comprobatórios ou indicativos de atos de corrupção não é crime. O crime está no método usado e principalmente na origem do dinheiro para comprá-lo, quase R$ 2 milhões.

Quando pensamos que o governo e o PT encontraram fácil o caminho da reeleição do presidente Lula, eles mesmos atiram contra si.

Aqui a publicação original





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