23.10.08

O sujeito do conhecimento

O amigo Guilherme Santinho Jacobik manda para o blog uma reflexão sobre tema amplamente discutido na atualidade: educação.
Mestre em educação pela Universidade de São Paulo e professor da UNIBAN, com grande atuação na escola básica, Guilherme não fala apenas de questões teóricas.
Suas reflexões resultam da sua convivência cotidiana, como pesquisador e profissional, com a educação e com a formação de professores.
Abaixo segue a parte introdutória do artigo:


Que grande dilema vive a escola contemporânea, campo de nossa atuação como educadores, imersa na chamada “sociedade da informação” e perdida nas inúmeras rotulações que lhe são impostas: tradicionalista, atrasada, arcaica, chata etc.
Um grande número de “especialistas” e articulistas de jornais, revistas, rádios e canais de televisão, enfim, da mídia, apontam seus dedos críticos à instituição Escola e, por conseguinte, ao seu maior representante, o professor. Acusam tanto os que atuam quanto os em formação inicial pelo estado precário em que se encontra o ensino no país. De tempos em tempos listas e dados estatísticos, ora do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ora da UNESCO (Órgão da Organização das Nações Unidas ligado às questões educacionais), entre outros, alimentam as críticas e, sem analisar a macro-conjuntura política, econômica e social, encontram facilmente o “bode expiatório” ideal: o professor. E surgem expressões que, de tão repetidas, já ecoam entre nossos próprios pares, entre os próprios educadores: “Os professores pararam no tempo”; “Os professores não querem inovar”; “Sua formação é péssima”; “O professor perdeu sua vocação”, entre tantas outras.
Este é um registro sintomático, não da condição da Escola e de seus Educadores, mas de uma histórica falta de reflexão conjuntural daqueles que analisam o ensino formalizado.
É fato que em termos quantitativos de informação e tecnologia, muito se mudou socialmente. A quantidade de meios de exposição à informação é imensa: internet, T.V., rádio, periódicos, livros etc. Mas será que todo esse contato permitiu a formação de sujeitos com opiniões críticas sustentadas? Terão estes estímulos tornado-se conhecimento a serviço da melhoria social, seja ela individual ou coletiva? Obviamente que não, é o que a realidade nos mostra e a culpa não é somente da Escola
Hoje é lugar comum apontar a defasagem tecnológica de nossas escolas como ponto forte do fracasso da formação do aluno. Pergunto: abastecer a escola (essa mesma criticada) de computadores resolverá essa defasagem? A mudança necessária às escolas, para que estas formem alunos capacitados à vida social, passa apenas pela substituição material?
Não pretendo neste artigo defender ou refutar as inovações materiais na escola, mas sim, levantar mais questões do que as pretensiosas certezas daqueles que criticam o professor, entre elas, duas iniciais: A formação do aluno, tão duramente questionada, deve servir a quê e a quem? Em que outro espaço social há a possibilidade de reflexão sobre o papel dos sujeitos na sociedade, do que a escola?
(...)
Gostaria de finalizar registrando, talvez até de forma defensiva, pois sou também educador, que a Escola tem sido responsabilizada por uma série de absurdos, no entanto, estou convicto ainda, apesar dos tantos anos de luta, que é dela que partem as idéias mais avançadas de mudança social. A rede de relações possíveis numa escola não deve refletir a selvagem relação do mercado, a instituição escola é ainda o campo fértil da reflexão e da ação para a mudança, para o melhor que há na natureza humana. Num momento em que a sociedade não crê mais na Educação como possibilidade de ascensão social, o que se tratava de mais um dos mitos em torno da escola, é ainda nela que se proporciona o convívio da diferença em níveis saudáveis, as trocas de pontos de vistas e a instrumentalização necessária para enfrentar a realidade.

Para ler a íntegra do texto O sujeito do conhecimento, clique aqui.

2 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro prof Toni
apesar de 1 semana de atraso(a campanha ta no fim, graças a Deus)
queria deixar registrado através de vc meus parabens e minha gratidao aos professores do país e em especial aqueles wue me ajudaram a abrir os olhos(vc incluso)

agora, os prof. em nosso pais parecem que servem de bode expiatorio para as mazelas do ensino, toda falta de estrutura da SOCIEDADE é creditada ao ensino e em especial ao professor, isso quando ele não é tendencioso politicamente.....
Por esse tipo de visão mesquinha e saída da ediçao da Abril,
eu parabenizo a vcs,que lutam contra a força do sistema para poder exercer sua vocação

Prof Toni disse...

Esse texto merece ser amplamente divulgado!