No mês de março algumas pessoas e instituições comemorarão o golpe de 1964, que instituiu uma ditadura militar, com forte apoio do empresariado nacional, com raras exceções.
Leonardo Silva de Recife, Pernambuco, Brasil , CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons
Prefiro lembrar a data, com muita raiva, de 01 de abril,
quando, de fato, os tanques foram às ruas e deram início a um longo período de
terror, que matou e “desapareceu” muitos brasileiros e brasileiras valorosos.
Infelizmente o governo Lula opta por ignorar a data, assim como está ignorando os mortos e desaparecidos políticos em nome de uma pacificação, que mais se assemelha e uma rendição aos milicos.
Ao contrário de países vizinhos, que passaram por ditaduras
semelhantes, não punimos os militares e os civis que mataram e desapareceram
com pessoas, deixando muitas famílias com a dor da perda e de não poder
plantear seus mortos
Lançar luzes sobre esse passado recente é fundamental para
que ele não se repita e seria muito pedagógico para construção do nosso futuro.
Penso que a tentativa de golpe de 8/1/23 e toda a
movimentação da extrema direita, com protagonismo de alguns oficiais das Forças
Armadas, tem uma relação óbvia com a impunidade do que aconteceu a partir de
1964.
Esse acerto de contas é muito necessário, tanto o acerto com
o 8/1//23, quanto o acerto de contas com a ditadura cívico-militar de 1964. Sem
isso nunca teremos um país de verdade.
Não entendo que as Forças Armadas sejam pacificadas deixando
esses indivíduos, que cometeram crimes, livres, leves e soltos.
Precisam ser punidos de acordo com os regulamentos das
Forças Armadas e de acordo com a justiça criminal também. Na sua maioria esses
oficiais são pessoas perversas, que tem um senso muito próprio de democracia e
verdade.
A partir de 1964 deram início a uma guerra interna, contra
comunistas que, segundo eles, estariam prontos para tomar o país. Em nome dessa
guerra torturaram, mataram, despareceram com operários, estudantes, políticos e
pessoas anônimas.
Forjaram fugas, atropelamentos e suicídios. A impunidade faz
parecer que os agentes do Estado que possuem armas possuem também o poder sobre
a vida e a morte das pessoas não armadas.
Enquanto não houver julgamentos e reparações históricas,
principalmente a localização dos corpos daqueles que foram assassinados, não
haverá paz.
Precisamos seguir o exemplo da Argentina, Chile e Uruguai,
nossos vizinhos que viveram ditaduras semelhantes e mostrar para os jovens do
que eles foram capazes.
Assim terminaremos de vez com a escola sem partido e
deixaremos os adeptos das ditaduras sem coragem de colocar a cara a mostra.
Um comentário:
Crueldade
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