A Revista Veja em sua edição 1938 de 11/1/06 traz uma verdadeira ode ao fascismo sob o título: A solução é derrubar. Na chamada da matéria explica: A prefeitura de São Paulo vai demolir a parte mais degradada do centro da cidade e oferecer os terrenos à iniciativa privada.
Como fecho de ouro para a matéria a repórter Camila Antunes desfere um ataque covarde a um dos sacerdotes mais dignos desta cidade: Padre Júlio Lancelotti, incansável batalhador ao lado do “povo da rua”.
Diversas personalidades têm manifestado seu repúdio a essa reportagem de encomenda de Veja.
Sim, de encomenda, uma vez que oferece total respaldo a atual gestão tucana, que se propõe limpar o centro. Limpar? Isso mesmo, eles consideram sujeira os pobres e miseráveis que por lá transitam e desvalorizam os imóveis do centro da cidade.
Como excelente contraponto convém uma leitura da matéria assinada por Natália Viana em Caros Amigos nº. 105 (dezembro/05): A “revitalização que degrada”. Trata do mesmo tema, mas preocupa-se em ouvir os principais interessados: os moradores de rua.
Interessante que não se ouve falar em operação para “revitalizar” o Jardim Ângela ou o Itaim Paulista.
Ainda com relação à matéria difamatória o Instituto Pólis publicou a seguinte nota:
“Repúdio à reportagem "A solução é derrubar", da revista Veja
O Instituto Pólis recorreu às associadas da Abong, no Estado de São Paulo, com a intenção de formar uma rede de repúdio à revista Veja. O motivo são os conteúdos anti-jornalísticos publicados nessa revista, como os trazidos pelo texto "A solução é derrubar", de Camila Antunes.
Julgamos o texto preconceituoso e violador dos Direitos Humanos, quando trata a população pobre como um "lixo a ser eliminado para o progresso do centro". Também concordamos que essa espécie de texto não pode ser considerado jornalístico, por fazer um ataque gratuito (pelo menos, sem fins jornalísticos) ao Padre Júlio Lancelotti e à população pobre do centro da cidade, além de violar uma série de itens do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros.
Enumeramos algumas das violações ao Código, como exemplo:
1)Desrespeito ao direito à vida dos moradores de rua do centro – por incitar a retirada dessas pessoas do local, sem dar importância ao destino que terão;
2)Deixar de tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações divulgadas, chegando a generalizar os pobres do centro como “prostitutas, traficantes e contrabandistas”;
3)Neste texto, também fica evidente a sobreposição de valores humanos e sociais pelos interesses econômicos - a pobreza é colocada como a causa do “atraso” da região central e sua expulsão como a solução para o desenvolvimento da região.
O Instituto Pólis propõe que os cidadãos preocupados com o respeito aos Direitos Humanos e com a qualidade do jornalismo praticado em nosso país encaminhem à revista Veja uma carta de repúdio ao desserviço prestado por esse veículo à sociedade brasileira. Para isso basta escrever um e-mail para veja@abril.com.br com referência à matéria “A solução é derrubar”.”
Passem adiante, divulguem, importunem os “donos” da opinião pública, ou seria melhor chamar de “opinião publicada”?
Texto publicado em 21/1/2006.
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Um comentário:
Gostei da foto! Quer dizer então que blog tem limite de espaço... nosso pensamento deve ser limitado à capacidade de armazenamento? Pois é... eis que tenho uma novidade, depois de quase dois meses cuspi um texto no meu blog, passa lá para rir, chorar ou atirar pedras.
beijo.
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