8.7.22

Dos tempos do Reação Cultural

Houve um tempo em que colaborei com outros blogs, como o Reação Cultural, importante iniciativa de discussão, levada a cabo pelo Roy Frankiel, é só clicar aqui para acessar.

Naqueles tempos brotavam blogs, muitos excelentes, principalmente no campo da reflexão política, ação cultural e temas sociais relevantes.

Ainda não existiam os tais influenciadores que vivem correndo atrás de curtidas e cliques, e a turma da direita ainda tinha vergonha de expor sua ignorância publicamente. Eles existiam, verdade seja dita, mas eram poucos e muito insignificantes.

Eram ainda tempos de Orkut e MySpace. Foram dois anos de ricas discussões e muita diversão, com conversas muito sérias. Deleitem-se!

 

1º de Maio - quando o sonho desaparece

Por Prof. Toni

Sinto-me traído pelo movimento sindical que hoje adormece nos braços do governo. Não reconheço a CentralÚnica dos Trabalhadores que faz um 1º de Maio com Bruno e Marrone, embora também suba ao palco este ano Leci Brandão e Chico César, bem melhor que o KLB e outros dos anos anteriores. Que a Globo faça dessas figuras suas atrações principais. A CUT é que não pode reproduzi-las, faça-me o favor!
Seguindo esse caminho, logo a CUT irá sortear carros e apartamentos, como faz a ForçaSindical, central comandada pelos pelegos históricos que se apossaram do Sindicato dos Metalúrgicos tendo à frente os famosos Joaquinzão, já falecido, e o neo-Lulista, Luiz Antonio de Medeiros.
E pensar naqueles abnegados que sempre subiram aos palcos da Central em troca de poucos miúdos, mas que se identificavam com o povo trabalhador, que traziam mensagens que poucos tinham oportunidade de ouvir... Quanta saudade! Seria nostalgia da "quase terceira idade"?
Mas nem sempre foi assim. Vejam o artigo escrito em 2001, por um dirigente da CUT 

“No Brasil, a CUT, neste ano de 2001, como sempre fez, chamou os trabalhadores para um 1º de Maio de luta. Ou seja, a continuar a tradição dos trabalhadores do mundo inteiro. Um 1º de Maio comemorado sem governo e sem patrões. Um dia de reafirmação das nossas reivindicações. De defesa do que já conquistamos. Dia de reforçar a união dos trabalhadores enquanto classe explorada que luta para acabar com toda forma de exploração e opressão. Dia de gritar bem alto que o socialismo é a única alternativa à barbárie própria do capitalismo. Esse é o sentido histórico do 1º de Maio.”

As críticas que ele faz às outras centrais podem ser repassadas à CUT, com exceção dos sorteios de carros e apartamentos (não sei por quanto tempo).
Hoje o movimento sindical, outrora chamado de combativo caminha lado a lado com o governo, tendo transformado um dos seus líderes, Luiz Marinho, em ministro de estado.
Parece que a história se repete e assim como foi no governo João Goulart, derrubado pelos golpistas de 64, os movimentos populares tornam-se parte do Estado, deixando-se enredar pela administração e abandonando as lutas à sua própria sorte.
Como se ser governo fosse a eternidade!
Resta-me chorar os mártires do 1º de Maio.

(escrito em 29/4/05 – adaptado anualmente.)

 

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