20.2.24

O Gueto de Gaza

A entrevista de Lula, com palavras duras contra os crimes do estado de Israel, está gerando uma onda forte de debates na mídia, com posições favoráveis – a mídia hegemônica à frente – e contrárias – capitaneadas pela mídia alternativa.

A mídia empresarial brasileira preferiu criar um factoide com base na comparação da tragédia palestina com o Holocausto. Isso parece ser um consenso na grande mídia, mas, ao procurar o vídeo original não encontrei essa palavra nas falas de Lula. Não existe a menção ao termo HOLOCAUSTO. Lula fez uma analogia entre o que Israel faz hoje na Faixa de Gaza com a perseguição e morte de judeus feita pelo regime nazista.

E qual é o problema em se fazer analogias? Nenhum. É um recurso de retórica, muitas vezes excessivamente didático, para facilitar a compreensão de um determinado fenômeno. Nisso Lula foi perfeito.

A rede de TV CNN foi mais correta na chamada, analisando criticamente o conflito, embora tenha chamado de guerra o evento que na verdade é muito desigual. Tal rede comporta-se, quase sempre, como porta-voz do Estado sionista, mas dessa vez foi mais ou menos correta. De um lado um exército bem armado e treinado e de outro um grupo de terroristas, à margem de um estado organizado. 

Reparem que a matéria fala da importância da fala de Lula comparada à Irlanda, que disse mais ou menos a mesma coisa poucos dias antes e ninguém falou nada.

Ontem um médico francês, que estava em Gaza apoiando ações dos médicos palestinos, voltou para França falando poucas e boas contra Israel. (clique aqui para ler no UOL.

Lula não contou nenhuma novidade. Somente para a nossa mídia empresarial causou choque.

Caso queira ler sobre o “outro lado”, trate de procurar na mídia alternativa como o iclnotícias.com.br (aqui uma matéria interessante).

Por outro lado. muitos jornalistas seguem com a ladainha do risco da “fala de improviso”, fato que comprometeria o discurso do presidente do Brasil. Mas quem disse que a fala foi de improviso?

Não vejo equívocos naquilo que Lula falou. Ele foi certeiro e o estramento está na mídia brasileira, que só dá ouvidos às entidades sionistas e não ouve os palestinos, por exemplo.

Há um grande desvirtuamento do centro do verdadeiro debate: os assassinatos cometidos pelo sionismo no Gueto de Gaza (só para explicar: uma analogia com o Gueto de Varsóvia).

A mídia, inclusive aquela que defende Israel, fala em mais de 25.000 mortos, dentre os quais 45% de crianças.

Teriam essas 25.000 pessoas participado do sequestro de israelenses em nome do Hamas? E essas crianças, seriam jovens terroristas?

Após o ataque do Hamas os palestinos foram confinados em Gaza e, segundo os israelenses, deveriam rumar para o Sul, pois o Norte seria atacado para “combater” o Hamas.

A população se concentrou no Sul, próximo à fronteira com o Egito e então Israel passou a bombardear o Sul, onde a população palestina havia se concentrado.

Está armado o Gueto de Gaza, agora ficou mais fácil para Israel exterminar o povo palestino, já que estão concentrados numa pequena faixa de terra. Somente a comunidade internacional poderá evitar tal massacre.

Desde o início dos ataques israelenses foram bombardeados hospitais, escolas, templos religiosos, ou seja, tudo que as convenções que organizam as guerras e tentam dar tintas de civilização aos conflitos foram solenemente ignorados pelo exército sionista.

O portal Opera Mundi apresenta uma matéria (é só clicar aqui que para ler) repercutindo as denúncias de violência sexual e outros abusos cometidos contra mulheres e meninas palestinas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Os crimes cometidos por Israel se amontoam. Esse drama não é novo e data do início do século XX quando o sionismo começou a patrocinar a imigração de judeus para a Palestina. O que era convivência pacífica tornou-se conflituosa com a ação aramada de grupos armados.

Talvez a solução dos dois estados seja aplicável?

O que não podemos aceitar, de forma alguma, é que Israel continue a desrespeitar sistematicamente as deliberações da ONU, escudados por seu principal defensor – os EUA – e muito menos o extermínio de um povo.


Nenhum comentário: