29.2.24

Refletir sobre o passado para construir um futuro melhor




Não podemos aceitar que fato como esse da imagem se repita. Para além da imagem foi uma vida que se foi, vitimada por assassinos fardados em nome do Estado.

Por isso Lula errou feio ao dizer, numa entrevista para a Rede TV, que não quer remoer o passado, ao falar sobre os mortos e desaparecidos na ditadura cívico-militar.

Não se trata de remoer nada, mas sim entender o passado e como foi possível permitir tal violência por parte do Estado e, em seguida, com a redemocratização, por quais razões esses crimes não foram devidamente punidos.

Quando olhamos para nossos vizinhos, que tiveram experiências tão, ou mais dolorosas como a nossa, conseguimos ver punições exemplares, como foi feito no Chile, Argentina e Uruguai, por exemplo.

Por que não fizemos o mesmo? Os militares brasileiros “controlaram” o processo de redemocratização, chegando ao absurdo de anistiar a si próprios, até mesmo com relação a crimes praticados após a promulgação da Lei da Anistia.

Não podemos anistiar crimes de sangue, sob pena de vê-los repetidos em outros momentos. Os agentes do Estado, sejam soldados ou generais, devem ser severamente punidos.

A coalizaomemoria.org.br publicou uma nota sobre a declaração do Lula na Rede TV, citada a seguir, copiada da página do iclnoticiais.com.br:

“Entendemos que a fala do presidente é equivocada, e gostaríamos de convidar o governo e a sociedade civil a refletir sobre a questão. Queremos começar destacando que falar sobre os 60 anos do golpe de Estado não se trata de remoer o passado. Pelo contrário, trata-se de colocar em debate o que queremos para o futuro do Brasil”, informa a Coalizão que reúne mais de 100 coletivos e entidades de todo o país, entre elas o Instituto Vladimir Herzog.

“Localizar os desaparecidos deve ser parte de uma agenda mais ampla, que passa inclusive por uma discussão sobre o quanto inúmeros setores da sociedade foram atingidos pela ditadura e até hoje nem foram reconhecidos como vítimas do regime. Indígenas, camponeses, moradores de favelas e periferias, a população negra, os LGBTQIA+, os trabalhadores”, aponta a Coalizão.

Não podemos compactuar ou aceitar pacificamente as declarações do presidente da República. Dentre os muitos acertos de Lula devemos registrar esse episódio lamentável!

Muito provavelmente se os envolvidos no golpe de 1964, militares ou não, tivessem sido exemplarmente punidos, o 8/01/23 não teria acontecido.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Justamente!!

Anônimo disse...

Muito bom seu texto! O que aconteceu no passado não pode ser esquecido e nem jogar para debaixo do tapete.Bel