26.7.07

Falta projeto político para o país

Luis Nassif, mais uma vez, mata a pau no seu blog, vejam o texto abaixo:

Os vetos cruzados
Saí de uma longa conversa com o professor Jorge Tápias, da Unicamp, colaborador estreito do Projeto Brasil. Ele usou um termo interessante para caracterizar o momento político atual: os vetos cruzados.
A definição vale para a agenda negativa que tomou conta do país. Há uma perda de rumo ampla e irrestrita, de grupos que se movem exclusivamente em cima dos vetos aos contrários.
Os estudantes da USP, assim como os da Unicamp, invadiram as respectivas reitorias. A agenda de reivindicações era mero álibi. Não havia uma proposta clara, mas um descontentamento difuso. Os empresários decidem se manifestar. Nesse caso não há vetos, mas não há propostas.
Na mídia, todo movimento é contra Lula. Em vários ambientes – aqui, inclusive – grande parte das manifestações é contra a mídia, a favor de Lula, mas a favor de quê especificamente? Não há um projeto claro, seja do governo seja da oposição.
Mais que isso. Nos últimos anos mudou completamente o conceito de elite. A idéia de um grupo de letrados, ou grupos econômicos, ou lideranças políticos cedeu espaço a algo muito mais amplo, que inclui movimentos sociais, o sindicalismo.
Mas ninguém se assume como tal. Há enorme vácuo de idéias e propostas. Sem as idéias, fica-se nesse jogo do veto aos contrários. A política, hoje em dia, se chama lulismo e anti-lulismo. Lulismo é a defesa de Lula. Antilulismo é o ataque a Lula.
Não existe nada de programático, de projeto de país, de manifestação de idéias.
Como em política não existe vácuo, há um espaço a ser ocupado. Quem vai tirar a Excalibur da pedra?
http://z001.ig.com.br/ig/04/39/946471/blig/luisnassif/2007_07.html#post_18910376

A grande questão é que eles, governo e oposição, nunca tiveram projeto para o país.
Aliás, o professor Milton Santos, numa entrevista para a CartaCapital em 1999 assinalou que só dois atores da política nacional tinham projeto político de verdade: a CNBB e o MST!
Infelizmente nossos partidos políticos têm projeto para ganhar eleição e desde 1989 sempre capitaneados por um marqueteiro, mas não para construir uma nação de fato.

3 comentários:

Sérgio de Moraes Paulo disse...

Toni,

no auge da crise do mensalão vi isso pessoalmente. EM agosto de 2005, houve um ensaio de manifestação de jovens de classe média contra Lula. Havia uns 100, talvez. Palavras de ordem com palavrões e nunhuma proposta. Foi constrangedor. A polícia, qua antes reprimia, naquele dia cuidava para que os "manifestantes" não fosse atropelados. A PM agiu como babá de jovens sem experiência em protestos...rs...

Sinto o peso de uma ditadura que acabou no papel mas não na vida cotidiana. Não teremos o que defender se não tivermos o exercício diário de saber oq ue de fato queremos defender.

Estou pensando nisso há tempos. Vou escrever um artigo sobre esse assunto para publicação em algum lugar, como uma das conclusões que tive ao fim da minha dissertação.

Nas minhas reflexões, a escola aparece muito mais como vilã do que como vítima. E nós, professores, mais como carrascos do que propriamente executores.

Grande abraço.

Prof Toni disse...

Então camarada, mas e o projeto que deveríamos defender? O outro lado parece ter desaparecido no ar, como um grito inútil e desesperado. Quem somos? Achas que dá pra defender os lacerdistas do PSOL? Dá pra ficar de braço dado com o DEM? Por outro lado penso ser impossível marchar ao lado da Marta Relaxa e Goza ou do Renan Boi no Brejo... Como diria aquele velho já falecido: o que fazer?

Sérgio de Moraes Paulo disse...

Tonhão,

não creio que nós é que mudamos...rs...

Os caminnhos são diversos. Dialéticamente, convergimos para aquilo que não aceitamos. A idéia dos vetos neste caso não é de todo ruim.

Segundo o dicionário do Bobbio, uma crise tem início, seu ápice e fim, ou seja, quando um impasse é superado com uma nova proposta.

Tivemos um momento durante a campanha pelas diretas. Essa configuração de forças, liderada pelo PMDB no aparelho do Estado se esgotou com o impecheament do Collor, aquele a quem não devemos nomear.

Acredito sinceramente que jogamos fora uma grande oportunidade em 1994. PT e PSDB não souberam se entender nos pós-Collor. FHC deu marcha à ré e se aliou com os Demo.

Ficamos nós, tocando o bumbo da oposição. Isso com pelo menos uns vinte anos de experiência com mobilização: estudantes, Igreja progressista, intelectuais, sindicatos.

Uma vez no governo, e não no Poder, a máquina, os esquemas e o deslumbramento engoliu muita gente.

A cena simbólica desse período para mim é o Zé Dirceu de óculos, posando como um Ministro Holiwwodiano da Casa Civil.

Houve a reeleição, apesar da mobilização da mírdia em contrário.

Defendo um país mais republicano, no sentido mais literal do termo. Defendo um país que tenha a produção como fator de melhoria do bem-estar de todos. Well-faior state? Sei lá o que é isso por aqui...

Sei não. Estamos diante de uma outra encruzilhada. Como em 1992, mas com outros desenhos.

Nossa sorte é que a direita não gerou quadros. O nome mais novo e renovado da política conservadora em SP é o Kassab...rs...Uma piada.

Dá tempo para fazer muita coisa ainda. Nem tudo está perdido. Mas o tempo está passando...